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Vídeo. Montagem e desmontagem completa do ETA 2894

Iniciado por admin, 14 Março 2013 às 20:14:08

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flávio

Mas logo um 2894 Flávio? Onde arrumou isso? Fuçando na net... Este movimento foi um mistério para todos durante certo tempo, após seu lançamento, salvo engano em 1996. Depois, descobriram que possuía uma roda de colunas tosca, até mesmo porque a ETA não recomendava (não recomenda...) a desmontagem do módulo que, teoricamente, precisaria de um suporte especial para manter as molas sob tensão.

Não parece ser o caso, já que o japinha aí desmontou e montou tudo na moral e, sério, apesar de eu achar que ele falseia na lubrificação (mas pode ser apenas impressão, pela velocidade do vídeo), muito bem! Bem diferente daquele outro vídeo que mostraram da desmontagem de um Rolex que, diga-se, é MUITO mais fácil do que esse. Não precisa ser especialista para ver que é de fato difícil montar esse movimento. Notem que a ETA quis diminuir custos, pois todas as alavancas do crono são em aço estampado e, muitas vezes, onde haveria algum pivô, eles projetaram uma peça fazendo o trabalho de dois.

Funciona? Eh... Eu acho o 2892 muito ruim quando tem que movimentar módulos e esse não é exceção. Meu Longines Avigation nunca funcionou bem, não acredito que funcionará e, para dizer a verdade, constitui um mistério o projeto desse módulo (que inclusive é usado em marcas bem caras, como Chopard), ao invés de terem feito algo mais parecido com os Depraz.

Para quem curte...


Desmontagem:

http://www.youtube.com/watch?v=NZu8am4GVUw


Montagem:

http://www.youtube.com/watch?v=524bRChKbv4


O japinha tem um canal na net, mas não vi as outras montagens. Interessava-me a do 2894, Freud explica...

http://www.youtube.com/user/juhao6/videos


Flávio

Dorotheo

Todo ser humano é culpado do bem que não fez. Voltaire

FALCO

Bem legais os videos.
Sei que é um detalhe e também não é o motivo dos videos serem postados, mas sempre me chama a atenção as montagens com os dedos sem luvas.
Me dá uma impressão muito ruim sobre o capricho e comprometimento do relojoeiro.
FRM: contra argumentos, não há fatos !!!

flávio

Falco


Esse lance de usar luvas é recente... Eu não sou um prático, mas o que deve ser evitado é o contato com as peças, que podem oxidar. O uso das luvinhas, então, na verdade facilita o trabalho do relojoeiro, que pode apoiar em peças, permitindo maior controle e, se vacilar, está protegido. Mas pergunte ao George Daniels - se ele estivesse vivo - se usaria. Não, com certeza não. Afinal, se você consegue fazer tudo sem tocar no movimento, para que usar? O japinha no vídeo não tocou em nada, a não ser no final, quando ajustou rapidamente a posição de uma das alancas que colocaria no crono com os dedos. Mas para mim foi passável. E, claro, parece claramente que ele monta o relógio sem as contra-pedras, só com pedras, o que também não é anormal. Na verdade, os relojoeiros normalmente montam na platina, sem nada, para só no final colocar a peça lubrificada. Há pessoas que montam apenas um lado. E há outros que montam tudo de uma vez.

Como disse, sobretudo quanto à lubrificação, não sei se o cara pulou passos ou acelerou tudo por conta da filmagem, mas no geral, ele mostrou muito controle de pinças aí! Minha opinião não técnica, claro.

Flávio

Cigano

Muito bom, eu já vi alguns vídeos desse "japinha" caro Flávio, é bom para se sentir inspirado antes de algum desmonte!!

Valeu por compartilhar, já tinha me esquecido desses vídeos!! ;)
Abraços,
Cigano!

flávio

Se bem que dá para ver no próprio site, em velocidade normal, que ele de fato lubrifica tudo. Olhem só, o primeiro vídeo da série de remontagem:

http://www.youtube.com/watch?v=5OHxARGHSB4&list=UUJdsutF5AEJHxYZC8l2oRfA&index=5

Flávio

shun


FALCO

Citação de: flavio online 14 Março 2013 às 21:49:32...Mas pergunte ao George Daniels - se ele estivesse vivo - se usaria. Não, com certeza não...

Fala Flavio,
Eu entendo, mas como disse originalmente, é um detalhe, que mesmo sem influência prática (na maioria das vezes), me passa a impressão de desleixo.
Gosto das normas modernas...
FRM: contra argumentos, não há fatos !!!

Wilson

Gostei dos vídeos !  :D ;)

já cheguei a desmontar dois 2892-A2 com Módulo DD
um Hublot e um Maurice Lacroix

aqui nos Clássicos, o Hublot:

http://forum.relogiosmecanicos.com.br/index.php?topic=94.0

agora o Maurice Lacroix tenho que procurar...

abraços,


wilson

Alberto Ferreira

Citação de: shun online 14 Março 2013 às 22:01:04
Chinês!  >:(

;)


Apoiado!
Reivindicação válida.
:D

Sem qualquer conotação que não seja a da brincadeira, é claro.  ;)

China é china e japa e japa.
E vice versa.
:D


Muito interessantes, os vídeos.
8)

Alberto


Rafaexp

Citação de: flavio online 14 Março 2013 às 21:49:32
Falco


Esse lance de usar luvas é recente... Eu não sou um prático, mas o que deve ser evitado é o contato com as peças, que podem oxidar. O uso das luvinhas, então, na verdade facilita o trabalho do relojoeiro, que pode apoiar em peças, permitindo maior controle e, se vacilar, está protegido. Mas pergunte ao George Daniels - se ele estivesse vivo - se usaria. Não, com certeza não. Afinal, se você consegue fazer tudo sem tocar no movimento, para que usar? O japinha no vídeo não tocou em nada, a não ser no final, quando ajustou rapidamente a posição de uma das alancas que colocaria no crono com os dedos. Mas para mim foi passável. E, claro, parece claramente que ele monta o relógio sem as contra-pedras, só com pedras, o que também não é anormal. Na verdade, os relojoeiros normalmente montam na platina, sem nada, para só no final colocar a peça lubrificada. Há pessoas que montam apenas um lado. E há outros que montam tudo de uma vez.

Como disse, sobretudo quanto à lubrificação, não sei se o cara pulou passos ou acelerou tudo por conta da filmagem, mas no geral, ele mostrou muito controle de pinças aí! Minha opinião não técnica, claro.

Flávio

Meu, eu estou aqui, humildimente aprendendo a desmontar um orient, e derrepente comecei a ver esse vídeo e quase tive um infarte!!! hahaha meu que demais!!!!

Ah, e com relação a tocar nas peças e usar ou não usar luvas, eu concordo com o Flávio, ele praticamente não tocou em nada, mostrou uma habilidade muito avançada com o uso de seus instrumentos, principalmente com a pinça, em objetos tão pequenos, eu como cirurgião, e professor de cirurgia, vi pouquíssimas pessoas operarem uma pinça tão bem, em objetos, MUITOO maiores!!!! 8) 8) 8)

Grande abraço a todos!

Rafa

Richard


flávio

Desenterrei o tópico em virtude de questionamento na seção "qual relógio está usando hoje" feito pelo Thiago e explicação do Schutz.

O que leva uma fábrica a usar um módulo de crono é custo, simples assim. E flexibilidade. Quando se projeta um crono integrado, você tem que colocar todas os sistemas integrados numa só platina. A "tridimensionalidade" que isso causa é até bacana, com alavancas fazendo curvas para desviar de rodas, etc. Quem já se pegou admirando um movimento do Lange Datograph sabe o que estou dizendo.

Com o sistema de carga e relógio propriamente dito, a fábrica só precisa se preocupar com o módulo, o que já é meio caminho andado. E o módulo não precisa ser "bonito", nesses dias de tampas traseiras de cristal de safira, simplesmente porque não é visto, fica do lado do mostrador. E a fábrica pode projetar quantos módulos necessários para diversas disposições de subcontadores, ao contrário do integrado, que sempre terá aquele mesmo visual.

Ei, não estou dizendo que fazer módulos, para qualquer sistema, não seja normal. É, até mesmo por falta de espaço. Não há como colocar integrado em um movimento complexo, por exemplo, calendário perpétuo, crono, split, etc. Alguma ou algumas coisas deverão ser jogadas para módulos. Na foto do movimento do Destriero Scafusia na página inicial do site (a mesma página tosca de quase 20 anos atrás...), vê se claramente que há pelo menos 3 (ou 4?) níveis de módulos no movimento.

No entanto, para cronógrafos, a regra sempre foi a integração, o que apenas foi quebrado em 1969 pela Heuer/Buren para construir o primeiro crono automático, o calibre 11/12. E convenhamos, a colocação de um modulo da Depraz no movimento Buren fez o movimento ficar ultra estranho, praticamente uma gambiarra, com acionadores de um lado e corda do outro. Sim, hoje esses movimentos são muito cobiçados pela história, etc, mas em comparação aos El Primero e Seiko, seus concorrentes diretos (integrados), pareciam literalmente uma gambiarra.

Para o relojoeiro, o módulo tem uma SUPOSTA vantagem. E aqui peço que o Adriano complemente minhas visões com a da efetiva prática, já que sou teórico e apenas brinquei de desmontar relógios na minha vida.

A primeira coisa a "arregar" num relógio não é o sistema de crono, até mesmo porque não se usa o aparato a todo momento. O escapamento é a primeira coisa a arregar num relógio. Talvez por isso, muito mais por propaganda do que efetividade de revisão, a Moser tenha projetado seus escapamentos de modo a serem retirados de uma vez, para rápida troca numa "meia revisão". Normalmente, pois, o sistema de carga de um crono arrega primeiro do que o crono e, numa revisão, basta o relojoeiro arrumar apenas a carga, sem o crono (nem precisa tirar ponteiros!), e botar o troço para funcionar rapidamente de novo. Mais rapidez, menos custo. Ele revisa apenas a carga, devolve e encaixa tudo de novo.

A ETA, certamente pensando nisso, indica claramente em seus manuais que não é para revisar o módulo crono do 2894. Por quê? Porque normalmente este não precisará mesmo de ser revisado. O cliente, ao invés de pagar, digamos 700 reais numa revisão completa de crono, pagará apenas 350 na carga. Se e somente se precisar de revisão o módulo de crono, a ETA já tem em estoque um completo, revisado, lubrificado, pronto para colocar. Não sei quanto custa um módulo desses LÁ NO EXTERIOR, mas como módulos são um pé no saco para revisar, entedeu a ETA que ficaria mais barato colocar um módulo novo a cada necessária revisão deste (até mesmo porque o módulo 2894 é uma obra de engenharia, mas TOSQUÉRRIMO no acabamento).

Isso tudo é teoria, e dou um exemplo.

Certa feita meu Omega Speedmaster Reduced (2892 mais módulo Depraz que, diga-se, tem um acabamento infinitamente superior ao do 2894) parou. Foi feita a revisão na carga, não no crono. Porém, quando se encaixava a carga no módulo, a amplitude do balanço caia horrores! Por que isso acontecia? Mistério de Deus... Fato é que o relojoeiro precisou revisar o módulo de crono que, sabe-se-lá porque, estava influenciando na carga. Aí o troço voltou a funcionar.

Voltando ao 2894. Não é que ele não possa revisado ou desmontado, como já ouvi pessoas e relojoeiros (inclusive aqui em Brasiília) dizerem. Ele pode sim, e o japinha do vídeo demonstra que pode. A ETA e somente a ETA diz que é para pedir um novo módulo. Falo isso porque a recomendação da Chopard, notória por usar muito esse movimento, não é o descarte, mas revisão.

Resumindo. O ETA 2894 possui recomendação do fabricante para troca do módulo, porque isso é mais barato. Será mesmo? Mais barato talvez para as assistências do pool do SwatchGroup lá fora, que talvez tenha acesso ao módulo por preço inferior ao da mão de obra de revisão. Este, porém, pode ser revisado.


Flávio

ThiagoDF

Valeu pela explicação Flávio, grande abraço!
Membro do RedBarBrazil

Richard


flávio

Para quem boiou na explicação, nada melhor do que o esquema de montagem do Chronomatic da Heuer, com módulo de carga da Buren abaixo e módulo crono Depraz acima.

http://forums.watchuseek.com/attachments/f6/383784d1296912910-who-what-micro-motor-chronomatic-doc-01.jpg

E o notório visual gambiarra que hoje é tido como cool!

http://calibre11.wpengine.netdna-cdn.com/wp-content/uploads/2012/12/01JARAMA.jpg

Flávio

Adriano

Flávio, está correto.

- o tempo que um relojoeiro gasta em um país de primeiro mundo para revisar essa bomba custa mais que o módulo, que deve custar algo como CHF 200 a 300.

- sim, se não tiver havido entrada de água nem nenhum abuso, e o comportamento da máquina base permanecer o mesmo com o módulo, não precisa revisar o módulo, não faz sentido, nem preventivamente pois não existe risco de desgaste. Num relógio bem cuidado, contando desde novo, e não extendendo demais o intervalo de revisão, dá para deixar o módulo para revisar lá para a segunda revisão.

Abraços!

Adriano

TUZ40

Bom saber disso.

    Mas fico só imaginando o quanto custa este módulo por aqui.

"All your base are belong to us"