Considero uma evolução natural. O calibre 2500 serviu, por mais de uma década, como laboratório para aprimorar e consolidar o escapamento co-axial até que surgisse um calibre totalmente in-house com esse escapamento, o 8500. Uma vez presente o 8500, por que manter em linha o mesmo modelo equipado com calibre 2500? Não é como carro, onde escolhe-se a motorização. Você pode comprar o mesmo carro com motor, digamos, 1.4 ou com um 1.8. E essa opção só existe por uma única razão: preço. Não existe ninguém são da cabeça nesse mundo que prefira um motor 1.4 a um 1.8, digamos, que não seja pelo fator econômico. Ninguém pensa "nossa, como gosto aquela sensação de falta de potência, aquela sensação de que não vou conseguir subir a ladeira, e a sensação de que vou morrer batendo de frente numa carreta na ultrapassegem na estrada...". Ninguém prefere isso. O nego só compra o 1.4 por uma única razão: é duro, não tem grana para pagar mais caro pelo 1.8 nem para manter o tanque cheio e a manutenção do 1.8. Com relógio não é assim.
Uma opção que faz sentido sim, é o mesmo relógio ter opção de quartzo ou mecânico. E, como relógio, o quartzo é muito melhor. E de quebra é mais barato. Ele é apenas acidentalmente mais barato. Vide os antigos James Bond. O quartzo é muito melhor que o automático. Muito mais preciso, muito mais robusto, não pára se ficar sem uso. A manutenção é mais barata. É muito melhor. Só existia uma razão para querer o automático: gostar de relógios automáticos. De resto, beira a burrice pagar mais caro por um relógio, na prática, bem inferior. Sim, tem "alma", dizem, tem história, tem tradição, tem paixão, tem engenhosidade, mas no dia-a-dia, não faz diferença nenhuma. Então ter um quartz e um mecânico faz sentido, mas dois mecânicos, um mais barato e um mais caro? Com a mesma cara? Só serviria para o cara que não pode pagar pelo mais caro, para levar o "segunda linha". Isso sim, daria um sentimento lamentável para o usuário.
Agora, o PO 8500 não foi "repaginado" por causa do calibre. Foi repaginado porque tinha que ser. Se não existisse o calibre 8500, provavelmente ele receberia um "face-lift" do mesmo jeito. Ou seja, você ia ter um PO com a cara que tem o novo, e com um calibre 2500 dentro. Ou seja, uma coisa é a mudança de calibre. Outra, é o "face-lift" que o relógio recebeu. São duas coisas separadas e independentes, que apenas por coincidência e conveniência de marketing ocorreram juntas.
Do mesmo modo, o antigo PO poderia ter recebido o calibre 8500 e continuado com a mesma cara. E mesmo deixando-se de lado o calibre, o novo PO é bem mais bem elaborado que o antigo. Seria um relógio melhor mesmo se continuasse usando calibre 2500. E essa evolução apenas acompanha a ascenção (escrevi certo?) da marca.
E de resto, é assim mesmo. Sai um e entra outro. Uma parcela que gostava ou se apegou ao antigo, vai torcer o nariz. Isso vale para carro, relógio, smartphone, e tudo mais. E eu mesmo já cansei de torcer o nariz para evoluções principalmente de carros. Teve carro que evoluir para se tornar muito mais feio, e de qualidade pior. Se cada vez que um produto evoluir formos chamar de mancada porque gostávamos mais dos antigos, a lista não vai acabar nunca e a amargura será eterna.
Quer mais que a Rolex? Eu não topo nem um pouco nem com os novos Sub nem com os Daytona.
Abraços!
Adriano