Isto não pretende ser um review, mesmo porque o Omega Speedmaster Professional permanece praticamente o mesmo a 50 anos, sua história e suas características, seus prós e contras (?) já estão exaltados e detalhadamente explorados em muitos lugares.
O amigo TiagoDF pediu pra contar a história da compra do meu Speed Pro, e achei legal contar, nao só a compra em si, mas a minha preparação, a pesquisa e a motivação, que pode ser interessante para outros foristas. A compra e preparação da compra de um relogio também é parte divertida do processo.
Todas as opiniões são pessoais, e cada um deve buscar, é claro, o modelo que mais lhe agrada.
A escolha do modelo.Eu queria um Speedmaster Professional, mas existem vários modelos. Queria que fosse o mais próximo possível do modelo usado pela NASA. Com alguma pesquisa, descobri o “meu numero”, o modelo 3570.50, que tem o cristal de hesalite e o case back de metal.
O modelo 3572.50 mantém o cristal de hesalite e tem case back de cristal, mas esta fora de linha, é mais caro, mais dificil de conseguir, e perde um tanto da originalidade do modelo. E o 3592.50, com cristal e case back de safira... bom, além de mais caro também... bem... não é visualmente, modelo que foi ao espaço.
Resultado: eu buscaria um 3570.50, era o relógio original (dentro das minhas perspectivas) e com o melhor custo/beneficio.
Novo x Usado x VintageEssa é uma questão bastante interessante de se analisar. Vai de encontro ao seu gosto, seu bolso e também sua paciência.
Em questão de valores do 3570.50, defini médias de mercado depois de muita pesquisa (valores aproximados, em junho de 2013):
- Novo no Brasil: R$12.000 em AD (com possibilidade de parcelamento ou desconto)
- Novo no Exterior: USD 4.500 é o valor de tabela (AD)
- Novo no Exterior: USD 3.500 é o menor valor no grey market americano.
- Usado no Exterior: USD 2300 a USD2700 em vendedores reconhecidos no Ebay
- Usado no Brasil: entre R$ 5.500 a R$ 7.500, em vários estados de conservação e idades.
Resultado: Optei por buscar um usado, no Brasil ou exterior. Depois de analisar varios vintages, decidi que queria um usado o mais novo posivel, porque: [1] o relogio nao perde valor, voce vai pagar praticamente a mesma coisa por um relogio com 5, 10, 20, 30 ou 40 anos. [2] a pulseira dos mais modernos é bem mais robusta e eu nao pagaria mais por isso, [3] o mais importante, o apelo dos velhinhos da era espacial nao me seduziu, alem do que [4] os calibres do Speedy Pro (321, 861 ou 1861) para meu atual estagio de colecionador, nao faz real diferença.
Os modelos mais novos tambem me dariam três outras chances adicionais [1] o relogio tem um lumen ainda funcional e [2] nao ter sido revisado/polido e [3] pegaria um modelos com 50m de estanqueidade (os mais antigos sao 30m).
Disponibildiade:- Novo no Brasil: a Omega abriu 02 AD recentemente, um em São Paulo e um no Rio de Janeiro, basta ir e comprar
- Usados no exterior: o mais interessante em termos de preço e confiabilidade são dois vendedores japoneses especializados em Omega, que vendem apenas modelos praticamente novos e com documentacao. Um vendedor do mesmo padrao, de Los Angeles tambem foi monitorado durante todo o processo, mas seus leilões acabavam sempre levemente mais caros. Para comprar um usado no exterior, o mais seguro é você ter um endereço nos USA e buscar em uma viagem, pois a alfândega brasileira pode taxar sua compra e você pagará então o preço de um novo em AD no Brasil (a alfândega considera para aplicação do imposto, o valor do modelo NOVO!)
- Usados no Brasil: Durante a minha procura (menos de um ano) encontrei muitos relógios vintage (mercado livre e amigos vendendo), principalmente fim da decada de 60 e inicio de 70, mas praticamente nenhum dos modelos mais novos (alguns que apareceram tinham o quase o mesmo preço dos novos, quase sempre sem garantia e documentação).
Resultado: acionei os amigos, coloquei engines de monitoramento em sites de leilão, e como plano B, acertei com primo que mora nos USA para mandar pra casa dele (mas compraria só quando tivesse uma viagem marcada e não tivesse comprado no Brasil)
Aparece uma pequena chanceEmail de site de leilão, anúncio da minha cidade (primeira vez em 01 ano). Um vendedor novo no site, vendendo por um preço muito interessante, mas com apenas estas duas fotos:
Dizia o vendedor apenas isso:
“Cronógrafo comprado em 22.03.2006 na Italia. Funciona perfeitamente, original em cada parte, único dono. Diâmetro da caixa: 42 mm. pulseira de Aco mod 849 (prod. depois do 2002). MOVIMENTO Calibre:Omega 1861 Famoso movimento de corda manual cronógrafo que foi usado na Lua. Acabamento a ródio. Reserva de marcha: 48 horas”Era o relogio que eu queria! Era ele, mas as condições (vendedor novo, fotos ruins, sem caixa ou documentação e aparentemente bastante usado) me fizeram ter pouca esperanca.
Fui pesquisar mais, analisar as fotos, ler reviews. Descobri que, ao contrario dos Rolex por exemplo, os Omega não perdem muito valor por não possuírem documentos (que é são bastante simples) nem caixa (que deteriora bastante com o tempo). Aprendi: nao pague mais que 10% do valor do relógio por estes itens.
Pesquisei e o Tiu Google me falou que o vendedor era um artista plastico de origem italiana que morava em Porto Alegre, entrei em contato dizendo que tinha interesse mas que precisava ver o relógio.
Marcamos de agendar um dia para eu ver o relógio num shopping center da cidade. E eu continuava bastante desanimado. No minimo teria que ver quanto custaria para mandar revisar e fazer um polimento geral. Duas semanas se passaram.
Então nesta sexta-feira, horário do almoço, num shopping perto de você, lá estava eu, sem relógio, no shopping. Aparece um loiro de boné, na faixa do quarenta, carregando uma mala, usando um crono quartz marca alguma coisa, olhando desconfiado para todos os lados. Cadê o senhor artista plástico elegante e idoso que eu esperava?? Ferrou.....
Pra comprar um relógio usado, você primeiro precisa comprar o vendedor. Enquanto eu almoçava, comecei o interrogatório. Um artista italiano, que conheceu uma gaúcha veio à 4 anos morar no Brasil. Precisava de dinheiro para construir, vendendo seu relógio que pouco tinha coragem de usar nesta selva. Mas apaixonado, que disse um dia iria comprar outro. Tirou do bolso com cuidado um saquinho de veludo e revela seu interior.
Lindo! Lindo! Deixa eu pegar!! Cristal com o logo Omega, fui buscar sinais de violação, nada. Conferir número de série, batia com o ano. Analisei o estado geral, estava perfeito, tirando uma certa sujidade, e pequenos arranhões normais do uso, mas que nao iriam exigir um polimento imediato. Pulseira com todos os elos, uau!
Pedi 10% de desconto, ganhei e fomos ao banco. Trato feito!
LimpezaPesquisei em vários lugares como limpar um relógio que não foi feito para mergulho, apesar dos 50m de resistência à água. Receita normal e simples:
Retirei a pulseira (estava imunda) e coloquei de molho em água quente e detergente de cozinha.
O relógio, lavei também com detergente, água quente e uma escovinha suave. Uma pasta de dente no hesalite tirou as marquinhas imperceptíveis e voilá, um Speedy praticamente novo.
Aproveitando que estava sem a pulseira, levei-o para passear pela primeira vez com uma nato bege.
Abraços
Renato155