Estão enganados. Há peças que são muito melhores em plástico e apenas raramente são usadas para baratear. Se o intuito fosse baratear, não fariam apenas uma simples roda de arraste de calendário em plástico, mas inúmeras peças em plástico como é o caso dos ETA 284x dos Swatch e os ETA C01 que possuem peças chaves em plástico para redução de custo.
Antes de continuar, vale lembrar (como já foi dito ad nauseam) que plástico é um termo genérico, e que pode ser usado até para polímeros de alta tecnologia com o qual se faz fuzis, aviões, automóveis, etc. etc. etc.
Rodas de arraste de plástico são soluções inteligente em muitos projetos pois o acionamento desatroso do ajuste rápido do capendário na hora errada causa danos extensos a diversas peças, como acontecia com versões antigas dos 469xx que tinham todas as peças em metal. Com a roda de arraste de plástico, se esse desastre acontecer, só ela se danifica, ao invés de várias delas, inclusive o disco. E é um engano achar que uma peça como essa é mais barata em plástico. Há peças que para serem fabricadas com essa precisão são tão ou mais caras que em metal. E essas peças ainda são autolubrificantes.
A roda de arraste de plástico do Oriente não é uma bosta. Ela dura a vida inteira do mecanismo, e só quebra se um zé-ruela forçar. E a função dela é essa mesma: quebrar. Com as versões antigas de metal, o mesmo zé-ruela fodia com o revoir, com a roda canon, com a roda de arraste, e com o disco de calendário tudo de uma só vez. Os Seiko 6119 versão a partir do B ou C, não lembro, fizeram a mesma coisa com o revoir do calendário pelo mesmo motivo. Cansei de ver movimentos com mais de 40 anos de idade com esses revoir intactos. Ou seja, dispensa prova de durabilidade. E os que estão zicados, estão sempre iguais: dentes comidos só numa parte, porque um cabeção forçou o calendário.
Outras peças são feitas em plástico justamente porque são mais eficientes que as de metal. Vide freios de cronógrafos, como do Omega 861, em Delrin, que preserva os delicados dentes da roda central do crono. Desnecessário dizer que o uso de uma peça de um ou dois francos suíços num movimento de alguns milhares de francos suíços não se trata de barateamento.
Agora, que fique claro que isto é apenas mais uma de minhas tentativas de esclarecimento (e combate à anti-informação) geral aos leitores do fórum e não uma tentativa de convencer ninguém. Mas lembrem-se que a indústria usa isso há décadas em movimentos caros.
E para quem pensa que mecanismo de relógio jamais poderia ter peças em plástico, então risquem da lista em um dia ter um Speedmaster Professional, também conhecido como Moonwatch.
Abraços!
Adriano