Reportagem desta semana na REVISTA DINHEIRO:
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/641/ele-pode-para-o-tempo-uma-decisao-de-nicolas-hayek-160129-1.htm
Estilo
Ele pode para o tempo
Uma decisão de Nicolas Hayek, o comandante do grupo Swatch, pode fazer várias marcas suíças de relógios sumir. Saiba como
Carlos Sambrana
O senhor das horas
Dono de uma fortuna estimada em US$ 2 bilhões, Hayek é o personagem mais influente da indústria relojoeira na Suíça
(http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/641/imagens/i168188.jpg)
O suíço Nicolas Hayek, 80 anos, é uma lenda no mundo da relojoaria, uma espécie de salvador da "pátria dos relógios", por ter reerguido a indústria suíça em um tempo em que os japoneses inundavam o mercado mundial com seus modelos de quartzo baratos e precisos. Seu feito? Nos anos 80, uniu a Asuag e a SSIH, as duas maiores produtoras do país, e criou a Swatch, a descontraída marca de relógios de plástico para todos os gostos e todos os bolsos. Com isso, deu um "chega pra lá" nos nipônicos e consagrou a expressão "Made in Swiss". Três décadas depois de ter livrado as manufaturas suíças da morte, Hayek está novamente no centro de uma decisão que pode mudar os rumos das grandes grifes daquele país. Explica-se: no comando do Swatch Group, dono de 19 marcas, como Omega, Breguet, Tissot, Mido, entre outras, e de um faturamento anual de US$ 4,2 bilhões, ele anunciou que, até o fim do ano, a ETA, fabricante de componentes de relógio do grupo, vai parar de vender peças separadas para outras grifes que não sejam de seu conglomerado. "As perdas para o grupo seriam pequenas comparadas com todas as vantagens que teremos", disse Hayek em uma recente entrevista ao jornal suíço L'Agefi. Para o grupo Swatch, é verdade, o impacto será reduzido, já que as vendas de peças representam cerca de 8% de seu faturamento. Para a concorrência, porém, será mortal. "Várias marcas poderão desaparecer", diz César Rovel, especialista em relógios e dono do site Relógios e Relógios.
Pode parecer mero detalhe, mas o fornecimento de peças para os relógios é o que move todas as engrenagens da indústria suíça e a ETA detém o monopólio nesse segmento. De acordo com estudos de analistas do Citibank, 70% de todas as vendas de componentes na Suíça estão nas mãos da empresa do grupo Swatch. Ou seja, o impacto dessa decisão é profundo e pode pôr em xeque um dos grandes patrimônios nacionais do povo helvético. Se a promessa de Hayek se concretizar, ela aumentaria ainda mais a concentração das vendas do grupo, responsável por 60% de todos os relógios que saem da Suíça. "Não há empresa que consiga suprir a saída da ETA do mercado", diz Rovel. Hoje, com exceção da Rolex, da Vacheron Constantin, da Jaeger LeCoultre e de poucas marcas contadas nos dedos das mãos, quase todas as grandes grifes, como, por exemplo, Hublot, Baume & Mercier, Tag Heuer e outros ícones, dependem da ETA quando o assunto são os relógios produzidos em larga escala. "Eles não podem parar de vender de uma hora para outra", diz Philippe Alluard, responsável pela Tag Heuer na América Latina e Caribe. "Existem contratos firmados e também há a lei antitruste."
Para entender a magnitude de uma decisão como essa, é preciso compreender como a indústria suíça se movimenta. As grifes geralmente compram a base do relógio que, no fundo, seria como o seu chassi e "turbinam" o mecanismo acrescentando algumas peças. Pela estratégia de Hayek, a partir de 2011, as marcas teriam de comprar o mecanismo completo. É como se a Volkswagen fosse hegemônica no mundo do automobilismo e obrigasse a Ford, a GM, a Fiat e quase todos os seus rivais a comprar o motor fabricado por ela. Pior: sem peça de reposição. "Se quebrar, tem que comprar o motor inteiro. Este é um monopólio muito perigoso", diz David Szpiro, diretor da Breitling no Brasil.
O problema da concentração ficou evidente, em 2002, quando a ETA começou a reduzir o fornecimento de componentes para relógios mecânicos e, em 2006, resolveu parar de vender para terceiros. Foi necessária a intervenção dos órgãos reguladores suíços para que a decisão fosse revista e a data limite ficou estipulada para o fim de 2010. Ainda cabem novos recursos para brecar a decisão da ETA e ela está sob investigação da Comissão Suíça de Competição, a Comco, mas será uma longa briga. Enquanto isso não acontece, algumas marcas tentam minimizar os impactos da provável saída da ETA. A Breitling é uma delas. Na virada dos anos 2000, os executivos da empresa decidiram construir uma manufatura e, assim, diminuir a dependência da ETA. O resultado surtiu efeito, no ano passado, com o lançamento do Chronomat B01, o primeiro relógio da grife com todos os mecanismos próprios. "Mas para a fabricação de outros modelos ainda dependemos da ETA", diz Szpiro. E essa dependência não pode ser suprida da noite para o dia. Para se ter uma ideia, o investimento em uma nova fábrica para construir os próprios movimentos é de cerca de US$ 500 milhões. Trata-se de um negócio complexo que reside nos detalhes. Afinal, um relógio possui, em média, 350 peças.
Hayek, homem cuja fortuna pessoal alcança US$ 2 bilhões, sabe que tem nas mãos um diferencial competitivo extremamente valioso. Sabe, ainda, que diante dos últimos números de seu grupo e, sobretudo, do setor, ele precisa se mexer. Dados da Fédération de L'industrie Horlogère Suisse, instituição que representa o setor, mostram que, de janeiro a novembro de 2009, as exportações tiveram uma queda de 21% em comparação ao mesmo período de 2008. As vendas do grupo Swatch no primeiro semestre de 2009 (ainda não foi consolidado o balanço anual) também caíram muito em comparação com o mesmo período de 2008, atingindo uma queda de 15,3%. Seja para o grupo Swatch, seja para seus rivais, todos correm contra o tempo.
Será suíço?
(http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/641/imagens/i168190.jpg)
Com 150 anos de história, a Tag Heuer passou por uma saia-justa. Em dezembro de 2009, ela apresentou ao mercado um novo mecanismo criado por seus relojoeiros batizado de Calibre 1887. A empresa, porém, foi desmascarada por blogueiros aficionados por relógios. Eles descobriram que o mecanismo era, na verdade, o mesmo criado pela japonesa Seiko há mais de dez anos. A Tag, no fundo, só havia aperfeiçoado a peça. "Era de uma empresa suíça que pertencia à Seiko. Hoje, essa fabricante de mecanismos não é mais da Seiko", defende Philippe Alluard, comandante da Tag Heuer na América Latina e Caribe. "Todo o restante foi desenvolvido por nossos profissionais." Apesar da explicação, na opinião de amantes da relojoaria, a marca perdeu o que faz dos relógios suíços os mais desejados do mundo: a aura de serem 100% suíços.
(http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/641/imagens/i168189.jpg)
Muito interessante, obrigado por compartilhar!
Agora só falta a Breitling, Hublot, Baume & Mercier e cia apelarem para a Seiko também! Hehe :-)
Abraços!
Fab´s
Vai dar uma boa revolução neste mercado !!
Quem sabe algumas grifes equipadas com Japoneses... Realmente não seria má idéia.
Quem sabe isso não pode impulsionar algumas relojoarias a fabricar seus propprios movimentos. É esperar para ver
Acho mais fácil as autoridades Suiças barrarem essa atitude uma vez que seria muito prejudicial para a indústria como um todo e beneficiaria apenas a Swatch.
Também não duvido que, levada à diante essa resolução sem interferência da justiça, o Sr. Nicolas Hayek infelizmente possa vir a ser acometido por algum "acidente", diante do imenso impacto negativo dessa atitude para as indústrias fora do Swatch Group.... :(
Abraços!
Marcelo.
Só tenho uma coisa a dizer, meus amigos: 2 URRAS! Um para a SEIKO (SII) e outro para a CITIZEN (MIYOTA)!
Por isso que eu gosto dos japas! :D
Olá para todos,
A questão é se as insituições regulatórias suíças poderão impedir a ETA (leia-se Swatch Group) de deixar de vender seus mecanismos. A regulação deveria ter ocorrido antes, no sentido de evitar a extrema concentração da atividade em torno de um único grupo econômico.
Deixado à suas próprias regras, a tendência no capitalismo é dos setores produtivos caminharem rumo à concentração. Tal comportamento se acentua em ocasiões de crise.
Abraços,
Jefferson
Acho complicado isto acontecer...vai dar uma briga danada na justiça. :P
Também acho que isso não irá acontecer, sem antes ocorrerem "brigas" e mais "brigas" nos tribunais.
Gostaria sim de ver calibres japoneses, diga-se Seiko, e talvez mais uma, ... a Orient quem sabe, brigando por esta "fatia", que poderá estar "sobrando" no mercado. ...Sonho meu!
Olha mais uma vez o mercado relojoeiro, caindo no colo dos "japas".
Mas que este mercado seria radicalmente "sacudido", há isso seria! ;D ;D ;D
Vamos aguardar!
Obrigado por compartilhar tal informação com todos! ;)
Abraços!
ACPavanato
Eu realmente estou vendo uma brecha para japas e chineses.
Posso ser honesto? Seguem meus dois centavos:
Não apenas acho que está todo mundo (me refiro aos fabricantes) choramingando demais por causa disso, como acho que isso está sendo uma das coisas mais benéficas da indústria relojoeira dos últimos tempos, principalmente para o consumidor.
Meus pontos são:
- Os fabricantes começaram a largar a mão de se acomodarem com o fornecimento confortável de mecanismos da ETA;
- Isso estimulou a busca por projetos de mecanismos in-house, ou o aparecimento de novos fabricantes de ébauches. Ora, não é o que todo mundo queria? Não estamos todos de saco cheio da inundação de ETA's no mercado?
- Lembrem-se que mecanismos completos continuarão sendo vendidos. Ora, qual a diferença de preço entre um ébauche e um movimento completo? Ambos são baratíssimos e comprar um movimento completo, jogar as peças não necessárias no lixo e colocar suas próprias peças e fazer sua decoração sai tão caro assim? O relógio de US$ 500,00 não valerá mais a pena para o fabricante porque mecanismo de US$ 40,00 passará a custar-lhes US$ 80,00???
- E mais: o resto da indústria não depende da ETA, mas sim de 3 carinhas básicos: 2824, 2892 e 7750. Esses carinhas já estão sendo fabricados por um monte de gente, inclusive na própria Suíça, pela Selitta, com a mesma qualidade da ETA e totalmente livre para fornecer peças e ébauches para quem quiser comprar. Quem me dera eu hoje fosse um funcionário da Selitta... Está sendo um "negócio da China".
- Claro, a Selitta não consegue suprir hoje o volume de fornecimento da ETA, mas é só uma questão de tempo, e de pouco tempo, por sinal.
- Sim, o fornecimento de quase todo tipo de suprimento está 70% na mão so Swatch Group, mas estamos falando só de ETA. Aliás, repito, estamos falando só de 2824, 2892 e 7750. Pois esse negócio de ébauche nem existe para máquina a quartzo: é só máquina completa mesmo. Todo o resto, Frederic Piguet, Lemania podem continuar fornecendo mecanismos. Sem contar Nivarox e tantas outras empresas que fabricam componentes, rubis, ponteiros e por aí vai. Todos esses continuarão sendo fornecidos tranquilamente. Não se esqueçam: basicamente é necessário suprir o fornecimento de 2824, 2892 e 7750. É só isso que é usado como ébauche.
- A única parte "criminosa" aí é não fornecer mais peça de reposição. Até onde sei a política recai sobre os ébauches, ou seja, os movimentos incompletos. Mas em momento nenhum eu entendi que não serão mais fornecidas peças de reposição. Ora, se o movimento completo ainda poderá sem comprado por qualquer um, têm que continuar fornecendo peças de reposição para os mesmos quaisquer uns.
- Ainda assim, até onde sei, as peças de reposição da Sellita são totalmente compatíveis com ETA.
- O artigo refere-se ao relógio suíço como se todos eles fossem 100% suíços... mal sabem. Aliás, acertam quando dizem que possuem a aura de serem 100% suíços. Só a aura mesmo. Não sou eu quem estou dizendo, a lei sobre o "Swiss Made" está à disposição de todos. Isso é motivo de crítica por parte dos próprios suíços. Vide primeira edição da revita Watch Around.
Por fim, reafirmo que não apenas acho isso tudo benéfico para todos, principalmente para o conhecedor, como acho que está havendo choramingo demais. Os fabricantes que se mexam, como muitos já fizeram. Vide Breitling, para citar apenas um.
Ah, sobre movimentos japoneses, virem essas bocas para lá! Adoro movimentos japoneses.... em relógios japoneses. O dia que os relógios suíços forem equipados com mecanismos japoneses, mesmo que só haja valor intelectual japonês, eu compro logo os do Japão, que pelo menos saem mais barato...
Tá doido? É como se cuba começasse a fazer charuto com fumo mata fina... O dia que isso acontecer, eu mudo para a Bahia...
Abraços!
Adriano
Olá...
Já mencionei isso, indiretamente, em outro tópico, falando sobre não encontrarmos peças nas Fornituras...
Creio que a manutenção de determinadas marcas/relógios ficará difícil, muito difícil... e cara!!!
Abraço
Paulo Sergio
Realmente, não acredito que este procedimento de cortar o fornecimento da máquina eta vá acontecer. Existem fortes interesses econômicos
e políticos do outro lado. Contudo, nada como uma ameaça para forçar a valorização de seu produto. Isto é uma pena, pois a relojoaria mundial ganharia muito
em matéria de evolução.
Edu.
IIIIIh !!!!
Deu a volta no mundo !!!!
Achei engraçadissimo...
Na parte que fala da TAG, esses "blogueiros" dos quais fala o artigo, foram 2 colegas do meu site (Chronomania) e eu !! Mas o autor do artigo nem imagina que tinha um brasileiro no meio...
Inclusive, fui eu quem deu a primeira confirmaçao OFICIAL, diretamente vinda da TAG, que era sim um mecanismo Seiko... meu primeiro "furo" mundial no setor da relojoaria !! E que furo, até o Hayek reagiu...
Agora, eu tô organizando com eles uma visita ao atelier deles pra fazer um artigo, com uma condiçao : zero concessao, nao vou até la pra ficar puxando o saco nem ser arroz de festa.
Abraços,
Bruno
Eu estou no grupo dos que só vê o lado positivo nesse negócio todo.
Vendo a situação pelo post do Adriano, realmente parece que a imprensa está fazendo muito mais alarde sobre a gravidade da situação do que seria condizente com a realidade, portanto retiro o que disse em meu post anterior. :)
Agora, que o Sr. Hayek também deve ter estrilado quando soube que a concorrete TAG iria fazer um cronógrafo com movimento base derivado de um projeto da SII para "se proteger" do embargo da ETA, isso deve! ;D
Abraços!
Marcelo.
Tirando as bobagens escritas na reportagem, até com aval, todos os setores no mundo estão se consolidando.
A recente incorporação da Zenith pela Tag ou das Gerald Genta e Daniel Roth pela Bulgari são um prenúncio de 5 marcas virando 2 e nada tem à ver com falta de mecanismos.
É verdade! Tem muita coisa acontecendo e que nada tem a ver com o caso dos ébauches. Aliás, existe muito mais coisa muito mais importante acontecendo, mas que não é do conhecimento do público. Esse negócio dos ébauches é uma "marolinha" (parodiando o "9 dedos"...) e só está sendo tanto falado porque o Sr. Hayek adora uma publicidadezinha...
Esse assunto chega a ser uma bobagem. Além disso, há que diga que todos os argumentos são apenas desculpas para mascarar o fato de que a ETA chegou no seu limite de produção, o que é uma coisa totalmente natural e não deveria ser motivo de "mascaragem". O problema do limite de produção, este sim, é um dos grandes problemas que vem tirando o sono da indústria relojoeira suíça.
Digo mais: quanto mais penso no assunto, mais vejo vantagens. Entre outras coisas, essa política da ETA cortará pela raiz a onda de aproveitadores do título de "Swiss Made" fazendo relojinhos mequetrefes...
Abraços!
Adriano
salve pessoal,
PARABÉNS, excelente tópico para debate, TODOS TEM RAZÃO E TODOS ESTÃO ERRDOS.... nesse tipo de impasse não existe verdade absoluta... :D :D :D
PEDRAS QUE ROLAM , NÃO CRIAM MUSGO.... :D :D :D
vamos " puxar " uma cadeira e assistir o que acontece... ;) ;) ;)
sds,
marck
(http://i39.photobucket.com/albums/e184/broker1998/FRM/para.jpg)
Ele pode para o tempo
para ?
ou
parar ?
Citação de: broker online 23 Janeiro 2010 às 12:06:29
(http://i39.photobucket.com/albums/e184/broker1998/FRM/para.jpg)
Ele pode para o tempo
para ?
ou
parar ?
Salve!
É,...
Naquela frase, certamente falta um "r", sim... ::)
Mas será que ele pode mesmo? ::) :D
Bom,...
Se os amigos me perdoam o "sarcasmo"...
Eu acho que no caso dessas especulações, "hayekianas" ou não,... ::)
Talvez o que falte mesmo naquela frase seja algum "f"... :D
Mas, brincadeiras à parte, eu acho que, no fundo no fundo, a coisa, como bem disse o Adriano, pode ter mais "chiadeira" de "chaleira" do que de "panela de pressão". ;)
Será? ::)
Bom,...
Quem viver, verá!
Abraços a todos,
Alberto
QUE MICO para a TAG , mais uma vez aquele velho ditado NADA SE CRIA TUDO SE COPIA
OBS - existem singularidades.
AF :)
A dependência do Swatch Group não é tão poderosa como parece. Isso é uma impressão até mais verdadeira no mundinho dos relógios para mortais. Mas fora desse mundo, o nível de independência das manufaturas é grande. Há caras com oficininhas pequenas especializados em rodas de escape, âncoras e outros itens delicados, e que já fornecem para os grandes pistolões da relojoaria.
Uma das grandes preocupações, a Nivarox-Far, do Swatch Group, fabricante de espirais e creio eu, fornecedora de quase 100% delas, começará a perder esse monopólio. O grupo que hoje é dono da Generale Ressorts (fabricante de corda) é dono também da Kif-Parechoc e da Vardeco. Ambas são empresas especialistas muito parecidas com a Nivarox e não creio que seja muito difícil de começarem a produzir espirais.
Por outro lado, a Nivarox já está começando a produzir cordas, para concorrer com a Generale Ressorts e Schwab Feller. A concorrência é grande na produção desse itens primordiais e a coisa tende a não ficar tão monopolizada por muito mais tempo. Como falei, a demanda está sendo maior do que a capacidade de produção da maioria desse itens básicos e isso já está na agenda de todo mundo nesse ramo.
Abraços!
Adriano
A Rolex já produz suas próprias molas de balanço (Parachrom), mas não dá conta da demanda e ainda compra da Nivarox.
O mesmo para a Lange (e Grupo Richemont), que tem investido na produção de molas mas ainda não produz quantidade suficiente.
A Vaucher (da Parmigiani) já produz suas próprias molas há um tempo, mas só para seus movimentos, isto é, não vende pra fora.
Algumas outras marcas também possuem uma pequena produção.
A questão dá mola de balanço já está praticamente resolvida, é só questão de tempo até entrar um player grande no mercado e começar a concorrer com o Swatch Group. Esse player provavelmente será a Precision Engeneering AG, do Moser Group.
Um abraço,
Igor
Citação de: Adriano online 23 Janeiro 2010 às 21:50:43
A dependência do Swatch Group não é tão poderosa como parece. Isso é uma impressão até mais verdadeira no mundinho dos relógios para mortais. Mas fora desse mundo, o nível de independência das manufaturas é grande.
Olá pessoal,
A frase do colega Adriano me deixou intrigado. Aqui vai uma pergunta de alguém realmente leigo no assunto.
O que produz maiores rendimentos na industria relojoeira? Os relógios para os mortais, tomando a expressão de Adriano, ou os caríssimos relógios consumidos por poucos? Fiquei na dúvida mesmo.
Em outros setores, o que ocorre é a maior importância da produção em massa, de itens de menor complexidade e acabamento.
Abraços,
Jefferson
Os caríssimos, tanto é que é nesse sentido que várias empresas estão rumando, vide o tópico sobre a JeanRichard (http://forum.relogiosmecanicos.com.br/index.php/topic,2609.0.html) criado há pouco tempo pelo Humberto.
A margem de lucro é brutal! :o
Um abraço,
Igor
Igor, você sabe dizer se, quem produz espirais, como a Vaucher e Rolex, são 100% independentes, até na produção da liga, ou dependem de ligas da Nivarox ou de outra empresa?
Pergunto porque no caso de molas de corda, a Schwab Feller por exemplo as fabrica em aço inox ou em Nivaflex (inventada pela Nivarox), e a materia prima vem de terceiros. Outras empresas podem fabricar a liga Nivaflex, como o caso da alemã VAC que fornece a matéria prima para a Schwab. O mesmo ocorre com a matéria prima para as espirais?
Abraços!
Adriano
Citação de: broker online 23 Janeiro 2010 às 12:06:29
(http://i39.photobucket.com/albums/e184/broker1998/FRM/para.jpg)
Ele pode para o tempo
para ?
ou
parar ?
Eu reparei na pirmeira vez que bati o zóio !! Estranho não !!
Oi !
Esse ERA o sentido, Igor... Mas desde o inicio da crise, a marcas que mais resistiram foram as que se posicionam num setor "custo x beneficio" como a Omega, e a JlC. Alias, nao é por acaso se o Krone, da L&S, que so queria relogios carissimos e exclusivissimos, foi posto pra fora... A L&S tinha esquecido que é o setor dos relogios entre 15 e 30.000 € que garantia o cash flow... Resultado, a situaçao ficou preta por la.
A Genta e a Daniel Roth, que tinham também apostado no ultra-exclusivo, com as peças Genta extraordinarias, ja praticamente desapareceram. A Zenith, que aquele imbecil do Nataf quis transormar em marca "de moda" hiper exclusiva, resolveu abandonar completamente essa orientaçao, pra se reorientar no setor dos relogios em torno de 5.000 €, que era o posicionamento historico deles. E finalmente, a falência da BNB, especializada em produzir turbilhoes e complicaçoes carissimas pra um monte de gente do setor, é finalmente bem mais destrutor que a prosopopéia do Hayek, que adora uma polêmica. Nesse setor, quem fica com uma posiçao de quase monopolio, é o Christophe Claret... Mas ccomo o volume desse setor foi dividido por três ou quatro...
Quer dizer, agora o que tem o vento em popa é quem sabe fabricar relogios de qualidade, por um preço justo. Pra mim, os anos de ouro da ETA estao pra tras. E o que vamos ver dentro em breve, é uma integraçao da fabricaçao, pelo menos nas marcas mais conhecidas.
Quanto aos calibres ETA, nao vai haver problemas : a Sellita, por exemplo, ja produz copîas exatas do 2824, e marcas como a Oris ja passaram a se abastecer com eles. Na verdade, a ETA vai encontrar dentro embreve um outro problema... Ja faz uns 20 anos que eles nao criam um movimento novo ex-nihilo.O 2824 eo 2892 ja cairam no dominio publico. O 7750 ja ta chegando la. e quando a ETA rtesolveu lançar movimentos novos, tudo que eles acharam como novidade foi refazer o 5100 numa versao "pé de boi", e modificar o 7750 pra colocar uma roda de coluna. Quer dizer, desde o começo da era Swatch Group, ela nao criou NADA !!
No setor dos espirais, o verdadeeiro problema nao é saber produzir... é saber produzir por um preço baixo. A nivarox faz espirais excelentes, por um preço baixissimo. Pra poder produzir por um preço equivalente, é necessario investir uma fortuna, sem ter pra quem vender, ja que ta todo o mundo compando na Nivarox... E que ninguém quer comprar briga com o Hayek !! Afinal, ele ja avisou : Ele so vai vender movimentos pra queeml nunca foi comprar na concorrência, quer dizer, quem compra na Sellita nao vai mais ser bem-vindo na ETA... Dai que ele faça a mesma coisa na Nivarox...Nao esqueçam, o Hayek nao é papai noel, muito pelo contrario.
Abraços,
Bruno
Citação de: igorschutz online 23 Janeiro 2010 às 23:37:22
Os caríssimos, tanto é que é nesse sentido que várias empresas estão rumando, vide o tópico sobre a JeanRichard (http://forum.relogiosmecanicos.com.br/index.php/topic,2609.0.html) criado há pouco tempo pelo Humberto.
A margem de lucro é brutal! :o
Um abraço,
Igor
Citação de: Adriano online 24 Janeiro 2010 às 00:29:55
Igor, você sabe dizer se, quem produz espirais, como a Vaucher e Rolex, são 100% independentes, até na produção da liga, ou dependem de ligas da Nivarox ou de outra empresa?
Adriano,
As empresas que mencionei, Rolex, Lange e Vaucher, cada uma possui sua própria liga, todas diferentes entre si e diferentes da Nivarox, portanto a produção do material é independente.
Segundo li na edição n° 7 da Watch Around, que possui uma extensa matéria sobre este assunto, a própria Nivarox compra sua liga de terceiros (também da VAC, que você cita acima).
Se você quiser, posso te emprestar a revista. É só me dar um toque.
Um abraço,
Igor
Boa Tarde,
Não sou especialista em indústria relojoeira mas concordo com o Bruno e acrescento: se os caríssimos fossem mesmo o "pote de mel" as empresas ainda seriam independentes dos grandes grupos.
Tenho a impressão que o futuro estará nos grandes mercados de produtos médios, que surgirão do BRIC.
Lembrando quem em 2030 a economia mundial terá a seguinte ordem de PIB, segundo previsões: China, EUA, Russia, India, Brasil e Alemanha(não é PIB per capta). E nesses países o que crescerá mais serão as classe B e C(diminuindo a D e E). A classe A não terá grandes avanços em número de componentes. Assim se formos pensar em peças que custem mais de 100.000 dólares, hevará o mesmo número de possíveis compradores de hj(podendo até diminuir pela estagnação da Europa).
Eu penso que para ter uma peça de mais de 100.000 dólares o comprador tem que ter uma renda anual de pelo menos 1 ou 2 milhões de dólares, muito longe por exemplo dos americanos de hj da classe C, que ganham 60.000 dólares anuais ou da classe B, que ganham até 150.000 dólares anuais. Esse não são potenciais compradores de relógios de mais de 100.000 dólares.
Mesmo no setor automobilístico, as marcas que faziam os carros caríssimos hoje pertencem as mesmas marcas que fabricam os "populares" e vivem passando de mão em mão(vide a Jaguar e a Aston) e as tradicionalíssimas Ferrari, Bentley e Lamborghini, que tb pertencem a grupos que possuem carros de volume de vendas, para continuarem existindo.
Carina
Citação de: igorschutz online 23 Janeiro 2010 às 23:37:22
Os caríssimos, tanto é que é nesse sentido que várias empresas estão rumando, vide o tópico sobre a JeanRichard (http://forum.relogiosmecanicos.com.br/index.php/topic,2609.0.html) criado há pouco tempo pelo Humberto.
A margem de lucro é brutal! :o
Um abraço,
Igor
Eu acho que a manutenção de qualquer empresa se dá pelo volume do negócio todo. Nisso entram as produções mais baratas, para garantir o pagamento de contas da empresa.
O Swatch Group alavancou com relógios mais baratos e hoje vem investindo no luxo (como mostra a foto no post de abertura deste tópico).
(http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/641/imagens/i168188.jpg)
Pra ser franco, penso que o grande segredo é saber expandir-se no mercado sem inchar a empresa. Se vai atuar no segmento popular ou médio, seria indiferente num primeiro momento.
Muito bacana sua análise, Bruno, apesar de eu não concordar com tudo (bom, estamos apenas conjecturando, não é verdade?). :D
Agora tenho que passar no mercado, comprar as bebidas para o almoço, mas já já teço meus comentários.
Um abraço,
Igor
Bom, vamos lá:
1) Sobre rendimentos, relógios médios vs. relógios caros: Bruno, você está correto. Dei aquela resposta sem pensar. Realmente, o segmento que mais traz rendimentos para a indústria é o de relógios médios.
Quando falei em relógios caríssimos, eu quis dizer que eles é que dão mais lucro por dólar investido na sua produção ("lucro brutal", conforme mencionei), no entanto, enquanto determinada marca vende UM supercomplicado, ao mesmo tempo vende CEM relógios normais, e no fim das contas, os normais trouxeram mais dinheiro para o caixa.
Resumindo: os relógio médios trazem mais rendimentos para a indústria, mas também muito mais trabalho (exige grande investimento financeiro e humano). Os caríssimos trazem muito lucro, mas são difíceis de vender.
2) Sobre a BNB: Há pouco tempo, em outro fórum, mencionei que a vaca estava indo para o brejo. E não foi que acertei? E mais rápido do que pensava!
Os clientes da BNB não têm pedigree, e o sujeito que gasta US$ 100 mil num único relógio não é bobo.
Era óbvio que não seria fácil marcas "marromenos" como a Hublot, Concord, Bell & Ross, HD3, Romain Jerome sair vendendo do nada relógios supercomplicados sem ao menos conseguir produzir um simples movimento corda manual "in house". Ainda mais uns reloginhos feios pra diabo... Todo BNB parecia igual! :P
A BNB não quebrou sem motivo, isso é fato... E até um leigo (isto é, alguém de fora da Indústria) como eu era capaz de sentir que o fim estava próximo.
3) Sobre espirais: Enquanto o Swatch Group, por meio da Nivarox, continuar a fornecer as espirais sem fazer "cu doce", tá tudo beleza! Ninguém vai mesmo conseguir competir com eles, a não ser em nichos de mercado (por exemplo: algumas marcas estão investindo em relógio voltados para a precisão, como o Richard Lange), pois a produção em série exige alto investimento.
No entanto, já tem uma galera a postos, caso o Hayek continue com frescura e feche a torneira. Se ele decidir que não vai mais vender as molas de balanço em separado, alguém vai entrar com tudo, chutando a porta!
Um abraço,
Igor
é isso ai, Igor, estamos de acordo a 200 % !!
Realmente, essa "nova" relojoaria alimentada por 2 ou 3 fabricantes que faziam a mesma coisa pra todos, tinha ficado muito chata... O que eu acho engraçado, é esperar pra ver como a Hublot vai fazer pra garantir a manutençao dos turbilhoes deles... E a Concord, com os relogios que eles acabaram de lançar ?? Mal vao ter 4 ou 5 pra vender...
Vamos esperar pra ver se a relojjoaria pos-crise vai ser melhor que a pré-crise...
Abraços !
Bruno
Pois é, uma matéria da última Watch Around fala justamente sobre a resistência da faixa de mercado dos preços médios. Bem lembrando, contudo, que o "mid-range" deles é muito, muito acima que a nossa noção de "mid-range".
Igor, vou querer dar uma olhada nessa edição #7. Aliás, pirei totalmente nessa revista... bem que você falou... :P :P
Abraços!
Adriano
Citação de: Adriano online 24 Janeiro 2010 às 18:50:20
Pois é, uma matéria da última Watch Around fala justamente sobre a resistência da faixa de mercado dos preços médios. Bem lembrando, contudo, que o "mid-range" deles é muito, muito acima que a nossa noção de "mid-range".
É isso aí!
Nesta discussão toda, quando falamos em "relógio médio", estamos falando para os padrões suíços (~ US$ 5 mil), e não para o Brasil.
Na Europa, EUA e Asia, um Tissot é produto de entrada ("entry level"), um Longines é low-range e um Rolex é mid-range. Aqui no Brasil, Tissot é médio, Longines é luxo e Rolex é sonho...
Só porque nóis é pobre...
(http://rjaway.files.wordpress.com/2009/10/pobre1.jpg)
Um abraço,
Igor
Hahahaha, super-verdade isso que voce comentou Igor, meu primo morou na Suiça durante 1 ano e meio e me disse que lá Tissot é relógio 'de pobre', ai eu pensei: Caraca! Eu acho os Tissot bem salgadinhos e por lá é no mesmo nivel de uma Technos(atual) da vida?!?!
Mas oq me deu 'raiva' ( nao foi raiva, mas por falta de palavra... ) foi o fato de que meu primo voltou de lá sem comprar nenhum relógio mecânico!!!! QUE ABSURDOOOO! ;D, ele comprou uns cronos da Festina, Swatch e outros, tudo quartz! poxa, ele esteve na 'fonte' e nem pra trazer um "Omegazinho" "Longineszinho" da vida? poxa :P