Menu principal

E não é que o nome contido no mostrador faz diferença? Minerva vs Montblanc

Iniciado por admin, 25 Outubro 2012 às 10:41:59

tópico anterior - próximo tópico

ogum777

flávio,

partilho com vc a sensação de que falta "legitimidade" à mont blanc enquanto marca nesses relógios. tb não sei pq, mas sim, parece que a MB "usurpou" a minerva...

Marcos David

Complementando o que foi falado anteriormente.

A aquisição da Montblanc pelo grupo Richemont em 1988, que tem investimentos em outros artigos de luxo, como charutos, vinhos, minérios de ouro, entre outros, foi seguida da adoção de uma estratégia de segmentação da marca para promovê-la ainda mais.

Apesar da caneta Montblanc ser o que é, só isso poderia não ser suficiente para tornar a marca mais valiosa e manter a tradição viva. A análise de mercado apontou um risco da marca ficar apenas na história, como várias outras marcas de tradição que não existem mais. Inclusive a Minerva.

Como o grupo Richemont também já adquirira a Minerva, decidiu "direcionar o know-how" da indústria, para a marca Montblanc. É claro, que esse direcionamento não condiz com o que a Minerva era, mas permitiu à marca Montblanc entrar nesse mercado de relógios que para o colecionador de canetas pode ser visto com outros olhos.

A estratégia de 'usar' a minerva para promover a Montblanc, fez o faturamento setuplicar (6x  :o) de lá pra cá.

Depois, outros tipos de produtos contribuíram para segmentar ainda mais a marca como Bolsas, perfumes, óculos e jóias.

Não digo que é certo ou não sacrificar uma marca em detrimento da outra, mas sabemos este tipo de decisão gerencial deve ter sido respaldada por levantamentos mais detalhados e focados no mercado ($$$)

Abraços.
"O mundo intriga-me. Não posso imaginar que este relógio exista e não haja relojoeiro." ― William Paley

mmmcosta

Nunca vi um Montlblanc sequer que chegasse perto da classe e beleza dos Minerva, mesmo os fabricados pela primeira. Este do post inicial é um grande exemplo.
Marcelo

MRL

Eu penso assim, aquele modelo novo Nicholas Rieussec, o Rising Hours, seria muito mais irresistível se fosse da Minerva, mas sendo da Montblanc não deixa de ser um baita relógio.

flávio

Citação de: MRL online 18 Outubro 2013 às 19:33:17
Eu penso assim, aquele modelo novo Nicholas Rieussec, o Rising Hours, seria muito mais irresistível se fosse da Minerva, mas sendo da Montblanc não deixa de ser um baita relógio.


MRL, é isso que quis dizer, por mais paradoxal que pareça. Os relógios dos caras têm preço bom bicho! O Riussec no exterior custa menos de 8 mil euros, o que é preço "razoável" dentro do mercado. Mas o nome Montblanc no mostrador não me remete a relojoaria... Esse o problema.


Flávio

Dicbetts

Citação de: flavio online 30 Outubro 2012 às 17:26:51
A proporção áurea busca uma beleza estética "natural" presente na natureza. Portanto, beleza, só.


Flávio

Ainda que seja somente beleza, vale registrar que construir um movimento em Proporção Áurea vai além da arte ou da engenharia. Diria que é um pouco aqueles esquemas que viravam tridimensionalidades dos quadros de Escher.

Dentre os 17 graus de tolerância dimensional, acima da relojoaria estão somente equipamentos espaciais (satélites, bases, foguetes, etc).

Os equipamentos de usinagem e de medição têm de ser mais precisos que a tolerância de fabricação.

Ou seja, quem constrói um movimento desses merece ser chamado de "pica das galáxias".


flávio

Dic, desenvolva mais esses "17 graus" aí, não conheço o tema...E o lance do Escher também.

Flávio

Dicbetts

Flavio,

Sobre o Escher: Maurits Escher, gravurista, xilogravurista e pintor holandês. Você reconhece fácil os desenhos/quadros dele. Começam numa forma/paisagem e terminam com outra. "Sky and water" talvez seja um dos mais famosos, com o cardume virando um bando de patos. Gosto muito também de "Impossible world", em que escadas ligam cenários diferentes, que se ligam formando um ciclo.

Sobre os "17 graus de tolerância": na verdade são 17 grupos de tolerâncias dimensionais. É uma escala que vai de 1 a 17 e serve de medição em usinagens, retificações etc. Falando muito grosseiramente, entre um grau e outro há uma imensa variação que deve ser sempre proporcional a uma certa medida.

É um ano estudando esse troço na Engenharia Mecânica.

O pessoal incumbido de fazer caixas e peças trabalha com esses grupos. E para aquelas pecinhas se encaixarem com perfeição, tudo começa na usinagem. Não dá para ganhar/compensar depois da peça pronta.

Não sei, francamente, qual o grau de automação na produção de elementos nas manufaturas - você, que já visitou várias, sabe este quantitativo de cor e salteado. Mas, para o desenvolvimento de uma peça nova ou mesmo edições limitadíssimas, creio que sejam feitas uma a uma, exemplar por exemplar.

E se o cara no projeto e na usinagem não for o "pica", dá, claro, merda.

Dic


flávio

Vou buscar mais conhecimento sobre os temas que ressaltou.

Sobre a fabricação, mesmo nas manufaturas pequenas que visitei, como a Glashutte Original, a usinagem hoje é totalmente feita por fresas computadorizadas. Na Glashutte Original é tudo usinado, não estampado. Mas eles produzem não mais do que 15 mil relógios ao ano, podem se dar ao luxo. A diferença nessa específica manufatura é que as peças realmente diminutas são feitas por erosão elétrica. Pelo que pude notar ao olhar os procedimentos, na erosão elétrica a peça já sai com um grau de "acabamento" (as aspas foram propositais, pois não há acabamento, mas a peça já sai muito boa da máquina) muito bom; nas fresas "normais", nem tanto. O acabamento para retirada de "fiapos" metálicos, polimento, decoração, etc, pelo menos na Glashutte Original, é completamente feito de forma manual. Mas é tudo produzido em divisão intensa de trabalho. Nesta fábrica, por exemplo, havia uma moça responsável apenas por azulamento e polimento de parafusos. Disse o relações públicas da empresa que é intenção da marca que o "ôreia" consiga galgar espaços dentro da marca e vá subindo degraus até se tornar master watchmaker de complicações, mas nem todos conseguem. E quando digo subir, o sentido e literal: a parte de usinagem na marca é no primeiro andar, acabamento no segundo, montagem no terceiro. E acredite, como ressaltei em alguns posts do passado sobre viagens: falta profissional. Na Glashutte Original, por exemplo, o "engraver" das pontes do balanço (aquilo é tudo feito a mão e com diferenças sutis entre um relógio e outro, ainda que usando o mesmo padrão. Nenhum relógio é igual ao outro, ainda que só se perceba na lupa) tinha pediido demissão e deixado a marca a ver navios. Segundo o relações públicas, fazia meses que haviam terceirizado a gravação das pontes do balanço para um artista de Dresden que, claro, estava cobrando caro por isso. Portanto, eles estavam contratando, mas não havia pessoa a ser contratada, acreditam?

Flávio

Dicbetts

Citação de: flavio online 21 Outubro 2013 às 15:41:45

E acredite, como ressaltei em alguns posts do passado sobre viagens: falta profissional.

Segundo o relações públicas, fazia meses que haviam terceirizado a gravação das pontes do balanço para um artista de Dresden que, claro, estava cobrando caro por isso. Portanto, eles estavam contratando, mas não havia pessoa a ser contratada, acreditam?

Flávio

Não estranha que falte profissional. Uma comparação grosseira: procure um torneiro mecânico; ou um ferramenteiro. Não precisa ser dos bons.

Tais funções, depois da automação, ficaram desvalorizadas. Como você escreveu: mesmo o orelha seca quer começar a carreira pelo setor de maior visibilidade, "mais nobre".

Para mexer num torno, ou numa fresa, tem que ter classe. Aquilo que nasce torno volta para o forno. Vira liga mais uma vez.

Não dá para ficar compensando o malfeito no acabamento. Perde-se material e tempo. O prejuízo é todo da linha de montagem.

Começa a correria, o capricho vai para o saco. E o cara do controle de qualidade começa a implicar. "Volta, tá uma merda". Crise; os acionistas reclamam, a diretoria balança.

Até que um gênio diz: "Os parâmetros estão desproporcionais..."

Ah, é aí que o carro pega?

É.


flávio

Dic, na verdade falei que o "orêia" começa fazendo tarefas repetitivas lá dentro, como polir parafusos. Mas a própria marca (e achei isso bacana, sobretudo considerando que a Glashutte Original não é fábrica independente, mas integrada no maior grupo de relojoaria do mundo, o Swatch) tem interesse em que os caras passem por várias áreas da fábrica até se tornarem master watchmakers, para uma visão "global" de como a banda toca. Aliás, a Escola de Relojoaria de lá é bancada pela Glashutte Original, que acaba absorvendo os estudantes (ou então o Swatch Group). O problema é que o curso dura 3 anos e ainda segue o currículo global do passado, com ênfase, também, em projetos. Em síntese, assim como no Wostep suíço, o curso de relojoaria na Escola Alfred Helwing capacita o estudante para projetar e fazer "do papel" um relógio do início ao final. São cerca de 3000 horas de curso, horário integral, sendo que se foram apenas 15 pessoas mais ou menos por ano. E no curso, claro, estão incluídas disciplinas relativas ao ferramental.


Flávio

Adriano

Boa discussão, novamente.

Flávio, dê uma busca sobre "IT Grades" ou International Tolerance Grades.

Abraços!

Adriano

Dicbetts

Citação de: Adriano online 21 Outubro 2013 às 20:16:32
Boa discussão, novamente.

Flávio, dê uma busca sobre "IT Grades" ou International Tolerance Grades.

Abraços!

Adriano

Serve pra mim também, Adriano.

Abs,