É absolutamente impossível de dizer o nível de desgaste do mecanismo só por palpite. Isso depende de tantas, mas tantas variáveis, que é impossível dizer. Pode simplesmente não acontecer nada e estar tudo perfeito, precisando só de limpeza e lubrificação, ou pode estar a beira de parar de vez e ter uma situação semelhante à do relógio objeto do tópico.
Agora, pode-se dizer com certeza que a chance de ter um problema ou desgaste excessivo é exponencialmente maior usando o relógio nessa condição. É muito provável que ele esteja danificando o relógio ao usá-lo assim. Se isso vai acarretar em troca de peças, ou outro tipo de danos, e em quanto tempo, ou se já alcançou esse estágio, aí é impossível dizer.
Eu sempre gosto de fazer a analogia com carros, já que seu motor é uma máquina, como a de um relógio: você encontra um carro na garagem, que ficou parado por muitos anos. Apenas coloca um gole de gasolina, dá uma carguinha na bateria, dá na chave e ele pega. E aparentemente funciona normal. Você pegaria esse carro e sairia andando com ele numa boa, sem preocupações, já que, afinal de contas, aparentemente está normal?
Outra analogia: creio que todos nós aqui trocamos o óleo do carro regularmente, mesmo que não apresente defeito, certo? Ninguém espera o carro parar de vez, ou começar a demonstrar algo errado, para só aí trocar o óleo, certo? Mecanicamente, não há diferença nenhuma entre agir assim com um carro ou com um relógio. A única diferença aí está no nível de transtorno que um carro pifado causa e um relógio causa: fazemos isso com o carro pois esperar ele parar, para dar manutenção é arriscado, prejudica sua vida, seus compromissos, e pode colocar você em risco, até de vida. Com o relógio não, o risco é muito menor. Não nem para dizer de preço: revisar um relógio fuzilado pode ser facilmente mais caro do que retificar um motor que fundiu por problema de lubrificação.
Então, do ponto de vista prático, há uma diferença enorme em fazer manutenção preventiva em um carro e em um relógio. O prejuízo, como um todo, é bem maior quando se fala em um automóvel. Mas do ponto de vista técnico, não há diferença nenhuma: o prejuízo é o mesmo em se negligenciar a manutenção de uma máquina, como a de um relógio. Se você deixar a coisa estourar para dar manutenção, vai ser mais complicado, mais caro, e mais demorado.
Melhor frase do tópico, do mecânico do pai do nosso amigo Veiga: "o paralama cai não quando cai o último parafuso, mas o primeiro". Simplesmente perfeito.
Abraços!
Adriano