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Preço superior determina qualidade?

Iniciado por admin, 05 Maio 2015 às 11:43:24

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flávio

Post rápido do Roland Gordon Murphy no seu blog:

http://www.rgmwatches.com/rgmblog/2015/5/5/does-price-determine-quality

E vejam, ele sabe o que está falando, atua na restauração de relógios há décadas e fabrica os seus. Há algo que ele ressalta no texto que venho dizendo há séculos: não adianta projetar relógios com mecanismos super delicados e bem acabados se estes não duram. E outra: de que adianta fazer relógios com técnicas modernas se estas não implicam em resistência do objeto?

A frase final é fatal:

Personally I do not see the point in making a mechanical watch using very high tech materials, or processes to make the parts, especially when it makes the watches less durable and shortens their lifespan.

Antigamente os projetos eram todos feitos na "munheca" e as fábricas, assim como os bons "mestres de obra", preferiam errar para mais.

Aí veio a moda dos relógios extra planos e suas diminutas tolerâncias e, na minha singela opinião, parece que até hoje as fábricas não encontraram um meio termo entre performance e durabilidade. Minha experiências com calibres finos é ruim, seja o 2892 ou um aparentemente "melhor" Zenith Elite.

Foi com bons olhos que vi as fábricas abandonarem os calibres extra planos e voltarem ao feijão com arroz, algo que a Rolex, para citar um exemplo, nunca abandonou.

Espero que calibres atuais cheios de tecnologia, com os novos 8500 da Omega, resistam ao teste do tempo. Digo isso porque os antigos série 500 da Omega funcionavam bem com areia dentro, não tinha tempo ruim. Um ETA 2892? Se soprar dentro da caixa ele para...

Flávio

Adriano

Concordo com tudo. Relógios andam cada vez menos duráveis, como um todo. Essa moda de cerâmica para cá e para lá então... Quero ver se vai ter luneta de cerâmica por aí sobrando daqui 40 anos...

Agora, ainda que o 2892A2 tenha lá aquela chatisse do automático, ele é um calibre robusto num geral, que dá pouco desgaste, e que funciona bem mesmo fuzilado.

Mas enfim, essa é outra discussão. Eu não tenho dúvidas de que fazer relógios cada vez menos duráveis como um todo. A indústria está vivendo demais do imediatismo.

Abraços!

Adriano

CSM

Adriano, eu acho que as fabricas descobriram também com esta mudança de materiais e menor durabilidade a mina de ouro que é dar mais manutenção nos relógios......

abraços
Membro do RedBarBrazil

luiz1978

A impressão que me passa é o capitalismo em primeiro lugar. Acho que as fábricas faziam calibres "melhores" com o tempo mas não se preocupavam tanto com a durabilidade porque precisam vender. De que adianta o cara comprar um puta relógio e não vai ter interesse em trocar ? Cada dia que passa, estamos comprando coisas mais caras e durando menos, seja eletrônicos, eletrodomésticos e assim vai. O fato de voltar ao "feijão com arroz" pode ter sido um entendimento de que não adianta olhar somente para um lado e esquecer o outro, afinal de contas, de que adianta o "bonitinho mas ordinário" ?

renato.rgf

Pessoal desculpem a minha singela ignorância quanto a isso, mas então, o que muitas pessoas dizem sobre relógios antigos serem mais duráveis é verdade? Se fizermos a comparação entre um modelo da marca X de 30 anos atrás, ele se sobressai em qualidade se pegar um modelo da mesma marca atual?

Com relação a este tipo de atitude é o que o mercado oferece hoje em dia.  Pegue qualquer segmento e temos eletrônicos, eletrodomésticos, automóveis que antigamente eram feitos para durar. O mercado viu a brecha de fazer algo com preço atual, com menos durabilidade e assim lucrar mais e de forma mais rápida, então acho que não é apenas o mercado de relógios em si, é o mercado de uma forma geral que por sua vez não define mais que preço maior seja sinônimo de maior qualidade.

Adriano

Eu já não acho que seja algo proposital, para lesar o consumidor, nem que seja generalizado, nem que dê para fazer uma comparação criteriosa entre um, digamos, Submariner de 1970 com um 2010 e chegar a alguma conclusão.

O que penso é que a indústria, na média, tem se preocupado mais em oferecer estética, por exemplo, do que durabilidade. Vide revestimentos PVD, preto ou dourado, vide caixas em alumínio colorido, vide cerâmica para todo canto. Todos sabemos que isso tudo é muito bonitinho, mas não é durável ou resistente à acidentes. Ou alguém bom da cabeça neste mundo acha que um Dark Side of The Moon aguenta mais porrada que um Moonwatch? Ou que um Submariner C aguenta mais porrada que um 1995 ou um 1975? Alguém acha mesmo?

Muitas coisas melhoraram muito nos relógios com o passar dos anos, tecnicamente. Juntas melhoraram e se tornaram muito, muito mais duráveis, por exemplo. E acho que mecanismos básicos (sem complicações e sem dimensões especiais) também se tornaram mais resistentes, tanto ao desgaste quanto à porradas, pois a indústria aprendeu muito sobre isso depois de 50 anos consertando seus modelos antigos em quantidades cada vez maiores...

Braceletes metálicos melhoraram MUITO nos últimos anos com relação à desgastes...

Mas como falei, como um todo, relógios tem apelado tanto para desenhos e modas, que os departamentos de design têm frequentemente superando os de engenharia em termos de prioridades de projeto. Muitos e muitos fabricantes têm cada vez mais optado por um detalhe bonitinho do que um detalhe durável, resistente. É o preço a se pagar quando os relógios mecânicos deixaram de ser instrumentos para serem luxo.

Abraços!

Adriano

GuilhermeLago

Citação de: Adriano online 05 Maio 2015 às 17:29:03

É o preço a se pagar quando os relógios mecânicos deixaram de ser instrumentos para serem luxo.

Abraços!

Adriano

Acho que esse é o ponto. Um relógio de pulso mecânico da década de 60 é um objeto totalmente diferente de um de hoje. Diferente no uso, no preço, no mercado, na tecnologia, no design, enfim, é quase que outro objeto.
O peão comprava um Orient verde-varejeira e ia operar sua britadeira com ele. No fim do expediente, tirava os tarecos de cimento que tinham ficado grudados nele e ia pro brega tomar umas. Hoje...

Abraços!



flávio

Eu lancei o tópico porque gera discussões, mas há algumas premissas levantadas que não são válidas ou sequer eu havia imaginado ao formular questionamentos.

A indústria hoje possui um maior número de marcas que fazem relógios de fato ultra super bem mega acabados. Se no passado as marcas que faziam isso se reduziam a pouquíssimas, como Patek, Audemars e Vacheron, para citar as mais conhecidas, hoje existem centenas. Mas tudo isso a um preço... O preço dos relógios atuais, até por política de vendas, é absurdo.

O que pode ser ressaltado, porém, é que as marcas "médias" do passado ofereciam o que nem as marcas de luxo oferecem hoje. Por exemplo, um Tissot do passado tinha qualidade perceptível de Omegas, Rolexes, etc. Não havia um "gap" tão grande assim nas marcas. Um movimento de cronógrafo Longines era foda para a época, e conseguem fazer um semelhante nos dias de hoje, mas você só o encontra em relógios de vinte mil dólares ou mais.

Em síntese, não é que a qualidade do passado seja melhor ou pior do que a de hoje, o fato é que a qualidade estava acessível a um número maior de consumidores, por assim dizer.

Mas o texto não aborda isso, mas tolerâncias em construção. Antigamente os projetos eram mais robustos, inicialmente, porque os relógios não precisavam ser tão finos (os movimentos em si), depois, porque não havia como construir tudo no limite da engenharia, com tolerâncias tão pequenas. As tolerâncias não eram tão pequenas e muito do bom desempenho do relógio advinha de bons ajustes. Na verdade, ouso dizer que no geral os movimentos atuais tem capacidade cronométrica melhor do que os do passado, tanto é que os critérios do COSC, se é que isso vale alguma coisa, estão mais restritos.

A comparação que posso fazer com o passado é a da indústria dos carros. Ninguém nega que um motor Porsche refrigerado a ar é a epítome de um tempo que já se foi e, apesar de algo de alta performance, totalmente tosco na sua concepção. Um motor de Porsche funciona até com óleo de cozinha queimado, benzina, piche, etc. Coloque hoje a gasolina tabajara de postos brasileiros num motor de Porsche a água para ver até onde ele anda...

Ou seja, a questão não é de frouxidão em qualidade, mas TOLERÂNCIAS com as quais os movimentos atuais são feitos. É por isso que ressaltei que vejo com bons olhos os movimentos crescendo novamente, porque PELA MINHA EXPERIÊNCIA, todo movimento pequeno ou plano demais dá pau. É por isso que um Rolex não dá pau e um Patek, que teoricamente é mil vezes mais relógio do que aquele, dá. TEORICAMENTE, porque esse o grande paradoxo da indústria, tanto atual quanto do passado: não adianta fazer movimentos ESTETICAMENTE agradáveis se não funcionam a contento. E falando especificamente de um Patek, um grão de areia, tal a delicadeza do movimento, é suficiente para pará-lo, enquanto uma colher de sopa de soda cáustica dentro de um Rolex nada faz.

O equilíbrio entre resistência e beleza, esse o caminho a seguir.

Flávio

edson rangel

Os relógios como tantos outros bens de consumo passam por essa mesma questão aqui discutida, ficam cada vez mais modernos e cada vez mais frágeis.



Citação de: flavio online 05 Maio 2015 às 17:45:19

O equilíbrio entre resistência e beleza, esse o caminho a seguir.

Flávio


Também acho que esse é o caminho, mas acredito não ser tarefa fácil no capitalismo.
FIQUEM  TODOS NA PAZ DE DEUS !!!!