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Revisão completa de um GMT Master calibre 3075

Iniciado por admin, 03 Junho 2016 às 17:38:11

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flávio

Confesso que só assisti ao primeiro vídeo, pois longo, com cerca de 25 minutos. Já foi divulgado o segundo, e o terceiro deve sair nesta semana.

O interessante é que o leigo e até mesmo o profissional pode acompanhar desde o início a revisão, passo a passo e bem explicada pelo fulano inglês aí, que já acompanho há algum tempo. Gosto do trabalho dele, normalmente "guided by the book", com exceção da desmontagem inicial (de mostrador), que ele insiste em fazer sem proteção, mas há inclusive pergunta no youtube sobre isso. Diz ele que limpa depois... Paciência.

Há algo a ter em mente aí, sobretudo quando analisamos acabamento de movimentos e peças com macros tão potentes: qualquer defeitinho aparece e o que era uma maravilha a olho nu, vira uma porcaria. Tenham em mente que até mesmo um Patek, com macros tão potentes, apresentará defeitinhos de acabamento.

Dito isso, o que posso ressaltar sobre o movimento da Rolex é que o acabamento é tosco, no sentido literal da palavra, algo cru, meio bruto. Por exemplo, percebam esse perolizado aplicado eventualmente sobre as platinas. Eu gostaria até de saber como isso é feito numa produção semi automatizada, porque não possui profundidade alguma e, mesmo aplicado, parece ficar com um "arranhado" uniforme sobre o padrão. Sei lá... Eu nunca olhei um Rolex na lupa, mas nessas imagens o acabamento é risível nessa parte.

Os chanfrados também, parecem não seguir toda borda da platina, mas nesse movimento analisado, a impressão que me deu é que o rotor começou a raspar na borda do seu apoio, pois parece que os chanfros ali foram "mastigados" a ponto de deixar à vista o latão. Parece que algum carniceiro anterior passou ali... Como não assisti aos outros vídeos, não sei.

Por outro lado, na parte de mecânica, que é o que interessa para boa performance, há algumas sacadas clássicas e outras nem tanto que anotei.


Há rubis em TODAS as partes móveis do relógio e que possuem contato, valendo a pena ressaltar numa alavanca que comanda a roda de data e no disco de data.

Há uma sacada que nem sabia que existia, um parafuso específico na platina do balanço para ajuste da altura desta.

O balanço, por sua vez, é gigantesco, indo da borda do movimento a quase a metade do relógio, o que me lembrou os fantásticos Zenith Cronômetro que ganharam várias competições de observatório no passado. Da ETA, talvez o 2824 se compare, mas na Rolex o balanço é free sprung. A soma de balanço gigante, alta frequência e escapamento free sprung certamente explicam as boas performances cronométricas da marca.

A roda de escape, de forma não usual, possui contra pedras para óleo, a exemplo dos japoneses: Seiko e Citizen costumam usar isso. Entre a maioria dos fabricantes, a regra é lubrificação mínima ou funcionamento a seco.

As rodas reversoras, ao contrário das usadas pela ETA, por exemplo, são gigantescas e, ao que eu saiba, não costumam apresentar problemas. Aliás, raramente Rolex dá problema de carga. Algo estranho, porém: engatam-se com dentes de perfil RETO, sabe-se-lá o motivo, porque é notório que o perfil cicloide é o de menor atrito matemático.

Enfim, é um relógio meio "patinho feio", às vezes superdimensionado, com cuidado para evitar desgastes em várias peças e com um escapamento tradicional, calcado nas competições de observatório do passado.

https://www.youtube.com/watch?v=ydJ-riJ7sjo

Flávio

FPiccinin

Flávio muito legal o vídeo, esse movimento foi utilizado se eu não me engano no 16750 entre 81 e 88...talvez ainda em uma época que a Rolex fabricava "toolwatches", e como toda boa ferramenta há sempre pontos superdimensionados.
O atual 3186 evoluiu tecnologicamente mas esteticamente, a pegada é mesma, mas sejamos honestos que compra um Rolex, ao menos os que conhecem um pouco o "espirito" da marca sabe que está adquirindo um produto com notória durabilidade.

3075


3085


3175


3185


3186


Qualquer semelhança é uma mera coincidência.... ;D ;D ;D ;D ;D

Adriano

Eles são definitivamente "over-engeneered", e isso é uma qualidade.

E sim, esse carinha sim, é pampa. Relojoeiro profissa, e muito habilidoso.

E sobre os dentes retos, existe uma razão para usá-los, porém meu alzheimer agora não me permite dar melhores explicações e prefiro não "chutar", mas a escolha entre dentes epicicloidais e retos é uma decisão entre eficiência de transmissão e durabilidade/desgaste. Apenas não estou totalmente seguro de qual é qual nessa relação (mas salvo engano, os retos são mais eficiente em transmissão de energia, desde que usados em pontos de pouco torque).

Abraços!

Adriano

Adriano

Ah, e sobre acabamento: esses dias tive em mãos um AP RO esqueleto, calibre 3129 (o mesmo do 3120).

Lindo lindo, a olho nú. E até com a lupa de 3x. Mas com a de 20x, o polimento dos chanfros das pontes é simplesmente medonho. Muito defeituoso. Vai falar "ah, mas você tá olhando com lupa 20x". Sim, mas com a mesma lupa 20x, o chanfro de um Patek é de cair o queixo.

E ok, ok, é a diferença entre chanfro feito e polido por máquina vs. manual. Sim, é. E o feito por máquinas cumpre seu papel incrivelmente bem. De verdade. Mas se você quer falar do "fino da bossa", vai ver os dos Patek, ainda mais mas peças em aço...

Abraços!

Adriano