Mas o Flávio deu uma exagerada aí também. Não estou falando que esteja errado, mas sempre se baseia nos piores casos e dá uma exagerada. Mesmo considerando que na Olimpíadas dos mãos-de-vaca, o Flávio ganharia medalha de ouro em todos os esportes, é exagero achar que um James Bond quartz vai lhe custar 2 mil contos a cada 5 anos.
Além disso, não reza o mantra do mercado de luxo que a compra é feita "com emoção"? Que o luxo vende a "experiência"? Se o cara for comprar relógio com a razão, o cara compra um Casio FW91.
Repito, não estou discordando - pelo contrário, dos "descabimentos" da indústria em geral, acho que vocês não sabem nem metade.
Mas faço outras considerações:
- um conserto custar x ou 2x ou 3x depende demais do uso que o cara faz. Mais da metade dos relógios que vão fazer manutenção na autorizada não estão simplesmente precisando de manutenção porque "deu a hora" da manutenção: vão porque o cara fodeu o relógio até virar um mingau. Se fosse comparar com carros, não são como carros que estão fazendo revisão periódica. São como carros que entraram em um poste a 180 km/h.
- a subida de preços dos relógios novos, e que, na visão dos fabricantes, baseia o preço da manutenção, é desproporcional com a média de idade dos relógios que chegam para manutenção. Chegam relógios de 10, 15, 20 anos. Que custavam 2 mil, 4 mil, 7 mil quando muito. E hoje, os equivalentes, ou os mesmos, custam 12 mil, 20 mil, 35 mil.
- somando isso com as diferenças de realidade econômica do país entre os anos, a coisa fica maluca. Relógios que há 15 anos atingiam uma classe social, hoje estão em um patamar de preço que o cara não pode nem sonhar. Quem comprou relógio de faixa de 2 a 5 mil reais há 15 anos, se sua situação financeira permaneceu a mesma, equivalente, hoje não pode nem sonhar em comprar os mesmos relógios.
- existem outros "n" exemplos de reparos que vale a pena. Tem cara que tem relógio antigo que, que usou até acabar, e nem lembra mais quanto pagou, e nem se importa mais, e de repente, manda na autorizada e recebe um relógio "novo", por 1000 ou 2000 mil reais. Até vintages.
- e preço do produto versus preço de manutenção é uma questão de ponto de vista: você pode ir ali na feirinha e comprar um Constellation 565 por 150 reais, digamos. A restauração vai custar digamos, 2000 mil. Há quem ache isso um disparate, já que o relógio custou 150 (e baseado nisso, quanto deveria custar a restauração? R$ 3,00?). Já há outros que acham que ter um relógio novinho, restaurado, pelo valor da manutenção mais o valor do relógio, é uma pechincha. E aí?
- Já vi nego pagar 2 mil no relógio vintage, restaurar por 3 mil na autorizada, o relógio ficar "0 km", e passar a valer 12 mil. E aí?
- Moonwatch: chega na autorizada Moonwatch de toda idade. Muitos da década de 1970 e 80, que o cara tem desde zero, e nem sabe mais quanto pagou. Manda revisar. Se estiver tudo certinho, gasta R$ 1.880,00. Mas normalmente está meio baleadinho e o cara gasta mais um pouco, mais uns 500 reais (uma peça de mecanismo, mostrador ou bezel, quem sabe...). O cara paga rindo, e sai com um sorriso de orelha a orelha de ter um Moonwatch "zero" por esse preço. E olha que o novo, na loja, ainda é uma pechincha inacreditável.
Então será que é sempre mau negócio mesmo? Tenho certeza de que todo cliente de autorizada sabe que tem alternativa. Devem ter um ponto de vista para ainda assim optar pela autorizada, certo? Então não é de todo ruim não.
Flávio dá uma exagerada na ranzinzice também...
Abraços!
Adriano