Gosto dos artigos do Jack Forster no Hodinkee.... Eles me lembram uma época mais "interessante" na relojoaria, pelo menos para mim, na qual a técnica e curiosidades envolvidas em torno da arte prevalecia ao invés do relógio por si próprio. Sei lá... Esses artigos mais históricos e técnicos me lembram uma época perdida, quando influenciado pelas pesquisas que realizava no site Timezone, resolvi criar no Word, pouco sabendo sobre relojoaria, o site Relógios Mecânicos (o original, sem o fórum). O fórum surgiu depois, mas mesmo assim lá se vão quase 20 anos. Havia mais camaradagem no meio, as empresas não pareciam tanto conglomerados gigantescos e, acreditem, havia sim um "quê" de amadorismo no meio, que nos levava a escrever e mails para as fábricas (com internet discada) e receber rápidas respostas escritas por algum figurão... Bons tempos, tendo a ser saudosista... Os fóruns perderam espaço, inclusive o FRM, para blogs como Hodinkee e ABTW que, para girar conteúdo, acabam apenas escrevendo sobre lançamentos e como uma "imparcialidade" nas analises no mínimo duvidosa. Pior: por não ser um profissional da área e ter reduzido, e muito, meu gosto pelo produto em si, acabo sendo obrigado a replicá-los para o público que não fala inglês, com meus comentários.
Mas enfim... Resolvi escrever isso porque esse artigo me lembrou, acreditem se quiser, de um livro Guiness dos Recordes, edição em português de Portugal, dos anos 80, que meu pai me deu. Repito: anos 80. Naquele livro, lembro-me de ter visto uma foto de página inteira de um relógio muito maluco de uma marca que nunca ouvida falar, chamada Ulysse Nardin. Era o Astrolábio Galileu, o primeiro relógio da trilogia criada pelo doidão e fodão Ludwig Oeschlin, numa época que a indústria patinava. Eu sequer sabia do que se tratava, mas juro que aquela foto me marcou, era um relógio muito maluco para passar batido. Mas não só: na época era o relógio em série MAIS CARO DO MUNDO! Criança nerd vocês já sabem né?
Quase uma década se passou até eu de fato saber do que se tratava aquilo, quando comecei a ler sobre relojoaria. Saber não é bem a palavra, pois até hoje não sei explicar muito bem o que ele faz, muito menos os demais. Vejam, o artigo do Forster é didático, mas acho que tenho que parar com calma, não correria, para compreender os conceitos por trás dos ciclos da Lua, inclinações, etc, para de fato compreender o trabalho feito.
Mas enfim... Fato é que esse relógio ainda está em série - num preço MUITO MAIS ABSURDO do que na época que seu irmão foi eleito o relógio mais caro do mundo - , mas o visual ainda me cativa. Sei lá... Puro saudosismo.
Vejam:
https://www.hodinkee.com/articles/a-ulysse-nardin-tellurium-johannes-kepler-one-of-the-three-original-trilogy-of-time-watches-from-thePs. Passaram-se mais dez anos depois que comecei a ler sobre relojoaria até que finalmente saí do meu conforto da poltrona e despenquei na Suíça para ver com meus próprios olhos muita coisa que só lia em livros. E por acaso, numa exposição em Chateu du Monts, um museu em Le Locle, deparei-me com uma coleção original da trilogia dos anos 90. Impressionou-me muito menos do que quando criança ao ver um modelo no livro Guinness. Mas me lembrou que o gosto pela relojoaria - ou pelo menos por coisas superlativas - , havia surgido muito antes em minha mente.