Um dado histórico. As boutiques surgiram na crise de 2008 justamente porque, em Hong Kong, quando o mundo caiu, os dealers, muitos deles com décadas de vinculação às marcas, não quiseram nem saber e desovaram tudo pela metade do preço. Para quem não se lembra, havia Langes, sim, Langes sendo desovados no mercado por 6 mil dólares, zero, o que arruinou por um bom tempo a imagem de algumas marcas. Essas, então, decidiram que nunca mais correriam os riscos e teriam controle maior sobre as vendas. É paradoxal e bizarro que hoje, pouco tempo depois, o modelo das boutiques seja questionado.
Sobre vinhos, entrei no meio há 4 anos, mas certamente "vacinado" pelo nonsense que é o mercado de relojoaria. Sim, há 600 mil produtores de vinho no planeta e 99.999999 por cento daquilo que é vendido o é para consumo imediato e para pessoas com os bolsos não tão cheios assim. Afinal, na cultura europeia vinho é comida, apenas isso. Mas quando se chega aos vinhos "de luxo", creiam, o mercado soa me muito mais estúpido e sem sentido do que o troço mais sem sentido que possam imaginar em qualquer produto de luxo, e por dois motivos. Primeiro, porque por mais "luxuoso" que seja um vinho, ele ainda será, como de fato é, um produto de agricultura. Depois, porque ao "usa lo", sua essência vai através de sua uretra diretamente à privada.
Mas quem disse que é possível com alguma objetividade ponderar questões relacionadas ao custo disso ou daquilo no mercado de luxo? Temos uma tendência incontornável e inexplicável a sermos bem idiotas nesse quesito...
Flávio
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