Não é complicado, patrão. O que ocorre é que na prática, 220° é aproximadamente 1 1/4 de volta do balanço em seu funcionamento habitual (que nunca chega a 360°).
Se você pensar que convencionamos que as posições verticais são 4, separadas por 90°, um desbalanceamento a cada 1/4 de volta, por 4 vezes, vai se anular.
Outra coisa: o que você falou sobre a posição da virola, ela é o que mais influencia as diferenças posições verticais. Depende. Isso é verdade EM PROJETO. É algo intrínseco do sistema de balanço e espiral e que você não tem como fugir. Quiçá, driblar. Mas não foge. E por isso tem que decidir isso quando está projetando um mecanismo.
Uma vez projetado, você não muda mais isso. Isso é problema do mestre relojoeiro/engenheiro. Ou seja, para o reparador/ajustador, isso na verdade é irrelevante pois não há nada que possa ser feito a respeito.
Em contrapartida, para o reparador, entra aí a correção/compensação/drible dos "defeitos" intrínsecos das pequenas imprecisões de fabricação que TODOS os relógios tem. Nenhuma peça é perfeitamente idêntica às suas dimensões teóricas e é por isso que falamos em tolerâncias.
Mas igualmente, aí não é mais problema do projetista, mas do reparador. E aí entra um mundo de coisas que afetam o desempenho posicional entre as verticais e entre verticais e horizontais.
Mas voltando ao assunto, um desses defeitos é um balanço desequilibrado, por ter algum lado de seu aro ou seu conjunto com mais peso, deslocando o centro de gravidade para fora do seu centro geométrico (que é exatamente o centro do seu eixo).
Quando o peso extra está abaixo do centro geométrico, a tendência é acelerar a marca. Por que? Porque esse peso favorece a aceleração pela gravidade. Tal como um pêndulo. Imagine isso na sua cabeça. O balanço se torna um pêndulo. Conforme esse pêndulo começa a oscilar acima de seu eixo, ele começa a desacelerar, já que estará brigando contra a gravidade que o puxa para baixo enquanto ele quer subir.
Logo, então, o peso abaixo do centro geométrico acelera o balanço. Acima dele, desacelera. E exatamente no mesmo plano, à direita ou esquerda, não tem efeito.
Desse modo, em amplitudes baixas, abaixo de 180° principalmente, quando o peso extra não passa de meia volta, os erros se exarcebam, mas vão diminuindo até se neutralizarem a 220° e depois começarem a aparecer de novo. Mas com menos intensidade. Porque o momento elástico da espiral começa a entrar em jogo muito mais do que em baixas amplitudes.
Tanto que uma das técnicas (que eu prefiro) para encontrar o ponto pesado para meter broca nele (e fazer o famoso "equilíbrio dinâmico"), é procurar por ele com amplitude de 160° aproximadamente. As diferenças posicionais ficam muito evidentes e fica fácil achar o ponto pesado.
Abs.,
Adriano