O raciocínio está correto: o sistema de cronógrafo não é projetado para ser usado continuamente, nem é essa a sua função.
Por outro lado, levanto algumas considerações:
- O ponteiro parado causa estranheza no começo, mas é algo passível de virar costume. Digo porque já senti isso e hoje não tenho mais essa sensação, pelo contrário, acho até mais elegante e equilibrado o visual de um crono quando está zerado.
- O acionamento do cronógrafo tem influências sobre a precisão e a reserva de marcha. Um crono usado com mais freqüência naturalmente sofrerá mais desgaste que outro usado bem pouco.
- Por outro lado, a diferença só deverá ser notada se compararmos um relógio que foi usado por 20 anos direto com o crono ligado, diariamente, contra outro que nunca usou o crono em 20 anos. Logo, o efeito do desgaste é pequeno e só notável numa comparação dessa; não é nada muito notável ou que prejudicará gravemente o mecanismo.
- Ainda assim, não sou a favor de que isso seja um tormento ou uma preocupação: se tiver vontade de usar o crono ligado, use e ponto final. Esqueça esse negócio de desgaste. Só não recomendo que use diariamente o crono ligado de um Valjoux 22 com 50 anos de idade e que passou pela última revisão há 30 anos. Aí é meio suicídio.
- Outra consideração importante é que no caso do 6138 especificamente, o sistema de acoplamento por embreagem vertical é bem menos suscetível a desgaste, tanto pela sua própria concepção como também pelo fato de envolver poucas peças se comparado com o sistema de alavanca basculante. Além disso, uma vez que partes deslizam umas sobre aa outras, um crono de embreagem vertical em teoria pode sofrer mais desgaste ou um desgaste mais grave se estiver em más condições de lubrificação e fôr usado com o crono parado, além de prejudicar muito a amplitude. Embora eu nunca tenha notado uma folga ou desgaste entre a parte fixa e a móvel da roda de centro de um crono de embreagem vertical, em teoria o que eu falei é válido e faz todo sentido.
Abraços!
Adriano