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Teste com Seiko Samurai Ti

Iniciado por Adriano, 14 Dezembro 2008 às 21:43:19

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Paulo Sergio

Adriano...você falou sobre "padrões" de lubrificação nesse último post.
Poderia falar mais a respeito? Descrever algo sobre isso?
Abraço
Paulo Sergio
Abraço
Paulo Sergio

Alberto Ferreira

Salve!

Meu amigo Adriano!

Parabéns, pela iniciativa, pelo post em si, e principalmente por seus sempre elucidativos comentários!

Eu ando atrasado com a minha leitura das postagens, mas eu vou ler tudo com calma.
Mas eu não poderia deixar de fazer os comentários acima.

Parabéns, meu amigo, e grato por sempre compartilhar os seus conhecimentos conosco.

Abraços!

Adriano

Amigo Alberto, obrigado!

Caro Paulo Sérgio, não são muitas diferenças. A mais clara, como citei, é a lubrificação do eixo da âncora, prática execrada pela relojoaria suíça, mas comum nos manuais técnicos japoneses. Outro detalhe é que é comum haver um exagero de lubrificação de fábrica, fato notável nos 7Sxx. Não é raro encontrar óleo espalhado sob as platinas e uma lambuzeira preta debaixo da roda de transmissão secundária do automático (aquela que é engatada pela magic-lever). Meu Monster chegou a travar o automático por causa disso; a corda não carregava. Desmontei parte do automático, retirei a sujeira preta, revelando já um desgaste na platina, e relubrifiquei com óleo grosso (D5).
Não sei dizer como é nos calibres high-end, mas nos básicos e intermediários não aparentam ter algum tipo de antidispersante em elementos como a roda de escape, como por exemplo o "Lubrifar" usado pela Omega e outros, que é uma cobertura porosa nos dentes da roda de escape que absorve o lubrificante e o mantém mais tempo no lugar certo, prolongando o desempenho do escapamento entre revisões. Contra-pedras também recebem banho de antidispersante e eventualmente outros rubis, mesmo nos calibres de entrada.

Talvez tenha mais a ver com o volume de produção: relógios são lubrificados por máquinas e acontecem também com Suíços sofrerem de excesso de óleo quando saídos da fábrica, mas é muito raro, enquanto nos japoneses é quase uma prática.

Não sei informar sobre como é a lubrificação da corda, e pode ser também um vício de relojoeiros antigos, escolados em relógios japoneses. Mas é comum pegar relógios japoneses revisados com óleo e/ou grafite sobre a corda, enquanto nenhum suíço usa lubrificação na corda. Apenas as paredes do tambor de corda são lubrificados para promover efeito brecante da brida. Óleo sobre a corda apenas faz as espiras grudarem umas nas outras, roubando força e diminuindo a amplitude.

Além disso, as graxas grafitadas não são recomendadas nos manuais suíços que conheço (ETA, Omega, etc.).

São mais esses os pontos a serem considerados.

Abraços!

Adriano

Enéias

Excelente Adriano: primeiro pelo que postou e em seguida pelas respostas às perguntas da membresia.

Parabéns!

flávio

Adriano, aí estava uma boa oportunidade para aprofundar o tema, como naquele mark 12 que o Walt revisou há muito. Os parâmetros de fábrica foram desvendados por você, e se mostraram ruins. Mas a quantas andaria um relógio destes revisado pelas mãos humanas? Gostaria de ver este relógio revisado e ajustado, para ver se os problemas são de montagem em fábrica (com certeza algo não feito a mão, com na maior parte das boas fábricas suíças) ou projeto.

Outra coisa, pelo menos nos livros que tenho sobre ajustes, a lubrificação do eixo da levée sempre é considerada. Aliás, o rubi desta possui a concavidade, o que pressupõe ter sido projetado para colocar óleo. Mas relembro aos aspirantes de relojoeiros daqui que, por exemplo, no livro do De carle, a quantidade de óleo indicada é minima: é a quantidade retirada com o menor pica-óleo, gota colocada à parte num canto e, depois, picada mais uma vez só com a pontinha, ou seja, é um micro ponto de óleo no local. A não ser que não esteja falando do mesmo lugar que eu...



Flávio

Byron

Após os testes do Adriano no SKX e no Samy fico a imaginar se no Sumo, que é movimentado pelo 6r15, os resultados seriam também, de certa forma, decepcionantes...

Abraço, Byron
" J'ai plus de souvenirs que si j'avais mille ans."  C. Baudelaire

Malima

Adriano, obrigado por dividir conosco o teste realizado e, principalmente, suas análises/conclusões técnicas didáticamente claras ! :D

Interessante a divergência entre a técnica de lubrificação da escola suíça e da escola japonesa ! ;)

Interessante também importância do teste vácuo como melhor ferramenta para garantir a devida vedação do relógio !   ;)

Grande Abraço !!


Marcos Lima

Paulo Sergio

Adriano!
Pelo que vejo, as escolas são diferentes, correto?
Pela japonesa, óleo em tudo...pela suiça, óleo de forma comedida, sem lubrificar os eixos da âncora e a corda, certo?
Sei que o uso do óleo é controverso... mas o uso "abusivo" dele pela indústria japonesa, pelo menos nos modelos "mais comuns", não se deveria ao fato dos mecanismos terem um "certo grau" de qualidade inferior em polimentos e acabamentos, "necessitando de mais óleo" no sistema, para o bichinho "escorregar melhor"?  ;D  ;D  ;D
Abraço
Paulo Sergio
Abraço
Paulo Sergio

Adriano

É fato que as tolerâncias são maiores nos relógios japoneses básicos se comparados com os suíços básicos. Os eixos são normalmente mais robustos nos japoneses, maior área de contato, com maior interferência do lubrificante. Além disso, há de se considerar que as 7Sxx não são feitas para revisar; lá fora, deu defeito, jogam fora e botam uma nova. Isso pode ser uma justificativa para se exagerar um pouco no óleo, para que ele dure o máximo de tempo, até a máquina ser descartada.

Flávio, a lubrificação do eixo da âncora é prática antiga e usual em calibres de maior diâmetro, como os de bolso. Mas na relojoaria moderna suíça, nenhum manual aponta lubrificação desse item em calibres de pulso.
Ainda assim, vale lembrar que mesmo no caso da Seiko, a recomendação é bem cuidadosa: a âncora não deve ser lubrificada como o usual, ou seja, preechendo-se a cuba do rubi com ela montada, mas sim, um mínimo filme de óleo diretamente sobre os pivôs.

Sobre o formato do rubi, a observação está correta, mas a conclusão foi imprecisa: de fato ele possui o formato usual, com a cuba de óleo, porém essa forma dos rubis não serve apenas para isso, mas sim para que ele possua "parede" suficiente para cravação na platina com o furo central com menor parede possível. Logo, lubrificado ou não, a melhor forma para um rubi é essa. Se ele fosse todo fino, inteiro com a espessura da parede interna do furo por onde passa o pivô, ele seria apenas uma "casquinha" impossível de ser cravada. Porém, se fosse espesso e apenas furado, a parede interna do furo teria superfície demais de contato, gerando atrito. A "cuba" fica virada para fora para que o lado interno seja plano, permitindo o correto e uniforma apoio dos ombros do eixo.

Abraços!

Adriano

flávio

Adriano


Bem, a recomendação sobre lubrificação dos eixos é citada pelo De Carle. E, pesquisando na net, pois não estou em Brasóila, portanto não tenho meus manuais técnicos, encotrei este da Rolex:



http://www.horologist.com/images/RolexOilChart16.jpg




Veja que a fábrica indica a lubrificação do eixo da âncora com o 9010, que foi o que meu relojoeiro daqui de BH (pelo menos ele) sempre fez.

A única coisa não usual e que quando eu abrir meu relógio estou até com medo de ver o que aconteceu é a lubrificação do 2892 no sistema de carga (a roda reversa). Meus 2892, com exceção da Omega (mistério né...A Omega desenvolve um melhor sistema de carga, a fábrica pertence ao Swatch Group, porque não o adotam para toda linha?), não carregam bem. Lá pelas tantas, falei para meu relojoeiro: deixe essas rodas reversas sem lubrificação alguma. Feito. Já faz alguns anos que estão sem lubrificação e, sei lá, não achei que melhorou grandes coisas. Só fiz isso porque uso o relógio uma vez a cada 15 dias no máximo e imaginei que não faria nenhum mal. Mas abrirei-o em breve para ver como está e pedirei a lubrficação das mesmas. Vamos ver. Espero que nada tenha ocorrido! kkkk


Flávio




Adriano

Interessante, eu nunca havia visto manuais da Rolex. Não é pratica comum, então, entre a ETA e derivados, digamos assim.

Sobre o sistema de carga, o que funciona mais satisfatoriamente é a "gasosa" (epilame), mistura de benzina com lubrificante, normalmente 9010, na qual se mergulha a peça na solução, retira-se e espera-se a benzina evaporar. Restará uma camada fina de óleo sem o risco das rodas "colarem" umas nas outras e sem rodas totalmente a seco.

Abraços!

Adriano

Adriano

#31
Levanto uma hipótese aí: esse manual da Rolex parece antigo. E há uma semelhança entre Seiko e Rolex: pivôs que parecem um prego, com um baita diâmetro. Talvez, TALVEZ seja uma necessidade de pivôs de diâmetro generoso. E é fato que com um diâmetro bem pequeno, a influência do óleo é crítica pois a superfície de contato é muito pequena. Eu arriscaria dizer, para quem já viu "n" Seiko desmotado, alguns Rolex e outros "n" ETA e princiapalmente Omega antigos, que a superfície de contato entre o pivô e o rubi nos Seiko e Rolex tem o dobro da área convencional.

Importante dizer que a lubrificação é sempre bem vinda, mas ela não é só vantagens e gera resistência. Vide minha matéria técnica da Pulso Nº 58 de Set/Out 2008. Por quê a âncora é diferente de todo o resto da rodagem? Porque a superfície de atrito é muito pequena, a força é mínima e o principal, ela não dá uma volta completa, mas apenas um pequeno arco de uns 30º. Logo, a matemática aí gera uma linha tênue entre o alívio do atrito e a resistência causada pela viscosidade. Por fim, essa matemática deve revelar que seria necessário um lubrificante de baixíssima viscosidade. Ele existe, mas geraria o problema do deslocamento do lubrificante. A opção por fim é de não lubrificar, pois gera menos problemas.

A regra é sempre seguir a recomendação do fabricante: ele sabe o que faz e sempre existe uma razão para as coisas. E muitas vezes, essas razões são aprendidas em campo, com a assistência técnica, anos depois do lançamento do produto.

Abraços!

Adriano

ESTRELADEDAVI

Olá Adriano, como vai amigo?
Muito bom esse seu novo tópico, extremamente técnico e muito interessante.
Adriano eu mandei nesse exato momento uma Mensagem Privada para você, e estou aguardo seu retorno.
Abraços

Weber
"A felicidade de sua vida depende do caráter dos seus pensamentos." (Marco Aurélio)

Paulo Sergio

Rapaz.................
São tantas informações novas....... caramba, estamos produzindo muito!!!
Que siga assim!!!!
Abraço
Paulo Sergio
Abraço
Paulo Sergio