Menu principal

Reportagem Revista Dinheiro: Nicolas Hayek, pode fazer varias marcas sumirem...

Iniciado por automatic, 21 Janeiro 2010 às 10:34:09

tópico anterior - próximo tópico

automatic

Reportagem desta  semana na REVISTA DINHEIRO:

http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/641/ele-pode-para-o-tempo-uma-decisao-de-nicolas-hayek-160129-1.htm


Estilo 
 
Ele pode para o tempo
Uma decisão de Nicolas Hayek, o comandante do grupo Swatch, pode fazer várias marcas suíças de relógios sumir. Saiba como

Carlos Sambrana


O senhor das horas
Dono de uma fortuna estimada em US$ 2 bilhões, Hayek é o personagem mais influente da indústria relojoeira na Suíça


O suíço Nicolas Hayek, 80 anos, é uma lenda no mundo da relojoaria, uma espécie de salvador da "pátria dos relógios", por ter reerguido a indústria suíça em um tempo em que os japoneses inundavam o mercado mundial com seus modelos de quartzo baratos e precisos. Seu feito? Nos anos 80, uniu a Asuag e a SSIH, as duas maiores produtoras do país, e criou a Swatch, a descontraída marca de relógios de plástico para todos os gostos e todos os bolsos. Com isso, deu um "chega pra lá" nos nipônicos e consagrou a expressão "Made in Swiss". Três décadas depois de ter livrado as manufaturas suíças da morte, Hayek está novamente no centro de uma decisão que pode mudar os rumos das grandes grifes daquele país. Explica-se: no comando do Swatch Group, dono de 19 marcas, como Omega, Breguet, Tissot, Mido, entre outras, e de um faturamento anual de US$ 4,2 bilhões, ele anunciou que, até o fim do ano, a ETA, fabricante de componentes de relógio do grupo, vai parar de vender peças separadas para outras grifes que não sejam de seu conglomerado. "As perdas para o grupo seriam pequenas comparadas com todas as vantagens que teremos", disse Hayek em uma recente entrevista ao jornal suíço L'Agefi. Para o grupo Swatch, é verdade, o impacto será reduzido, já que as vendas de peças representam cerca de 8% de seu faturamento. Para a concorrência, porém, será mortal. "Várias marcas poderão desaparecer", diz César Rovel, especialista em relógios e dono do site Relógios e Relógios.


Pode parecer mero detalhe, mas o fornecimento de peças para os relógios é o que move todas as engrenagens da indústria suíça e a ETA detém o monopólio nesse segmento. De acordo com estudos de analistas do Citibank, 70% de todas as vendas de componentes na Suíça estão nas mãos da empresa do grupo Swatch. Ou seja, o impacto dessa decisão é profundo e pode pôr em xeque um dos grandes patrimônios nacionais do povo helvético. Se a promessa de Hayek se concretizar, ela aumentaria ainda mais a concentração das vendas do grupo, responsável por 60% de todos os relógios que saem da Suíça. "Não há empresa que consiga suprir a saída da ETA do mercado", diz Rovel. Hoje, com exceção da Rolex, da Vacheron Constantin, da Jaeger LeCoultre e de poucas marcas contadas nos dedos das mãos, quase todas as grandes grifes, como, por exemplo, Hublot, Baume & Mercier, Tag Heuer e outros ícones, dependem da ETA quando o assunto são os relógios produzidos em larga escala. "Eles não podem parar de vender de uma hora para outra", diz Philippe Alluard, responsável pela Tag Heuer na América Latina e Caribe. "Existem contratos firmados e também há a lei antitruste."

Para entender a magnitude de uma decisão como essa, é preciso compreender como a indústria suíça se movimenta. As grifes geralmente compram a base do relógio que, no fundo, seria como o seu chassi e "turbinam" o mecanismo acrescentando algumas peças. Pela estratégia de Hayek, a partir de 2011, as marcas teriam de comprar o mecanismo completo. É como se a Volkswagen fosse hegemônica no mundo do automobilismo e obrigasse a Ford, a GM, a Fiat e quase todos os seus rivais a comprar o motor fabricado por ela. Pior: sem peça de reposição. "Se quebrar, tem que comprar o motor inteiro. Este é um monopólio muito perigoso", diz David Szpiro, diretor da Breitling no Brasil.



O problema da concentração ficou evidente, em 2002, quando a ETA começou a reduzir o fornecimento de componentes para relógios mecânicos e, em 2006, resolveu parar de vender para terceiros. Foi necessária a intervenção dos órgãos reguladores suíços para que a decisão fosse revista e a data limite ficou estipulada para o fim de 2010. Ainda cabem novos recursos para brecar a decisão da ETA e ela está sob investigação da Comissão Suíça de Competição, a Comco, mas será uma longa briga. Enquanto isso não acontece, algumas marcas tentam minimizar os impactos da provável saída da ETA. A Breitling é uma delas. Na virada dos anos 2000, os executivos da empresa decidiram construir uma manufatura e, assim, diminuir a dependência da ETA. O resultado surtiu efeito, no ano passado, com o lançamento do Chronomat B01, o primeiro relógio da grife com todos os mecanismos próprios. "Mas para a fabricação de outros modelos ainda dependemos da ETA", diz Szpiro. E essa dependência não pode ser suprida da noite para o dia. Para se ter uma ideia, o investimento em uma nova fábrica para construir os próprios movimentos é de cerca de US$ 500 milhões. Trata-se de um negócio complexo que reside nos detalhes. Afinal, um relógio possui, em média, 350 peças.

Hayek, homem cuja fortuna pessoal alcança US$ 2 bilhões, sabe que tem nas mãos um diferencial competitivo extremamente valioso. Sabe, ainda, que diante dos últimos números de seu grupo e, sobretudo, do setor, ele precisa se mexer. Dados da Fédération de L'industrie Horlogère Suisse, instituição que representa o setor, mostram que, de janeiro a novembro de 2009, as exportações tiveram uma queda de 21% em comparação ao mesmo período de 2008. As vendas do grupo Swatch no primeiro semestre de 2009 (ainda não foi consolidado o balanço anual) também caíram muito em comparação com o mesmo período de 2008, atingindo uma queda de 15,3%. Seja para o grupo Swatch, seja para seus rivais, todos correm contra o tempo.

Será suíço?

Com 150 anos de história, a Tag Heuer passou por uma saia-justa. Em dezembro de 2009, ela apresentou ao mercado um novo mecanismo criado por seus relojoeiros batizado de Calibre 1887. A empresa, porém, foi desmascarada por blogueiros aficionados por relógios. Eles descobriram que o mecanismo era, na verdade, o mesmo criado pela japonesa Seiko há mais de dez anos. A Tag, no fundo, só havia aperfeiçoado a peça. "Era de uma empresa suíça que pertencia à Seiko. Hoje, essa fabricante de mecanismos não é mais da Seiko", defende Philippe Alluard, comandante da Tag Heuer na América Latina e Caribe. "Todo o restante foi desenvolvido por nossos profissionais." Apesar da explicação, na opinião de amantes da relojoaria, a marca perdeu o que faz dos relógios suíços os mais desejados do mundo: a aura de serem 100% suíços.






fabs77

Muito interessante, obrigado por compartilhar!

Agora só falta a Breitling, Hublot, Baume & Mercier e cia apelarem para a Seiko também! Hehe :-)

Abraços!

Fab´s
"Time is more valuable than money. You can get more money, but you cannot get more time."
Jim Rohn

automatic

Vai dar uma boa revolução neste mercado !!

Quem sabe algumas grifes equipadas com Japoneses... Realmente não seria má idéia.

Farias

Quem sabe isso não pode impulsionar algumas relojoarias a fabricar seus propprios movimentos. É esperar para ver

gilvvm

Acho mais fácil as autoridades Suiças barrarem essa atitude uma vez que seria muito prejudicial para a indústria como um todo e beneficiaria apenas a Swatch.
Abs
Gil!

www.log3d.com.br
https://www.facebook.com/Log3d

Desotti

Também não duvido que, levada à diante essa resolução sem interferência da justiça, o Sr. Nicolas Hayek infelizmente possa vir a ser acometido por algum "acidente", diante do imenso impacto negativo dessa atitude para as indústrias fora do Swatch Group.... :(

Abraços!

Marcelo.

Chris Galbraith

Só tenho uma coisa a dizer, meus amigos: 2 URRAS! Um para a SEIKO (SII) e outro para a CITIZEN (MIYOTA)!

Por isso que eu gosto dos japas!  :D
No need of swiss 2 B a WIS!

Jefferson

Olá para todos,

A questão é se as insituições regulatórias suíças poderão impedir a ETA (leia-se Swatch Group) de deixar de vender seus mecanismos. A regulação deveria ter ocorrido antes, no sentido de evitar a extrema concentração da atividade em torno de um único grupo econômico.

Deixado à suas próprias regras, a tendência no capitalismo é dos setores produtivos caminharem rumo à concentração. Tal comportamento se acentua em ocasiões de crise.

Abraços,

Jefferson

Arrais

Acho complicado isto acontecer...vai dar uma briga danada na justiça. :P
Easily satisfied with the Best

ACPavanato

Também acho que isso não irá acontecer, sem antes ocorrerem "brigas" e mais "brigas" nos tribunais.

Gostaria sim de ver calibres japoneses, diga-se Seiko, e talvez mais uma, ... a Orient quem sabe, brigando por esta "fatia", que poderá estar "sobrando" no mercado.      ...Sonho meu!

Olha mais uma vez o mercado relojoeiro, caindo no colo dos "japas".

Mas que este mercado seria radicalmente "sacudido", há isso seria!  ;D  ;D  ;D

Vamos aguardar!

Obrigado por compartilhar tal informação com todos!  ;)

Abraços!

ACPavanato

automatic


Adriano

Posso ser honesto? Seguem meus dois centavos:

Não apenas acho que está todo mundo (me refiro aos fabricantes) choramingando demais por causa disso, como acho que isso está sendo uma das coisas mais benéficas da indústria relojoeira dos últimos tempos, principalmente para o consumidor.

Meus pontos são:

- Os fabricantes começaram a largar a mão de se acomodarem com o fornecimento confortável de mecanismos da ETA;

- Isso estimulou a busca por projetos de mecanismos in-house, ou o aparecimento de novos fabricantes de ébauches. Ora, não é o que todo mundo queria? Não estamos todos de saco cheio da inundação de ETA's no mercado?

- Lembrem-se que mecanismos completos continuarão sendo vendidos. Ora, qual a diferença de preço entre um ébauche e um movimento completo? Ambos são baratíssimos e comprar um movimento completo, jogar as peças não necessárias no lixo e colocar suas próprias peças e fazer sua decoração sai tão caro assim? O relógio de US$ 500,00 não valerá mais a pena para o fabricante porque mecanismo de US$ 40,00 passará a custar-lhes US$ 80,00???

- E mais: o resto da indústria não depende da ETA, mas sim de 3 carinhas básicos: 2824, 2892 e 7750. Esses carinhas já estão sendo fabricados por um monte de gente, inclusive na própria Suíça, pela Selitta, com a mesma qualidade da ETA e totalmente livre para fornecer peças e ébauches para quem quiser comprar. Quem me dera eu hoje fosse um funcionário da Selitta... Está sendo um "negócio da China".

- Claro, a Selitta não consegue suprir hoje o volume de fornecimento da ETA, mas é só uma questão de tempo, e de pouco tempo, por sinal.

- Sim, o fornecimento de quase todo tipo de suprimento está 70% na mão so Swatch Group, mas estamos falando só de ETA. Aliás, repito, estamos falando só de 2824, 2892 e 7750. Pois esse negócio de ébauche nem existe para máquina a quartzo: é só máquina completa mesmo. Todo o resto, Frederic Piguet, Lemania podem continuar fornecendo mecanismos. Sem contar Nivarox e tantas outras empresas que fabricam componentes, rubis, ponteiros e por aí vai. Todos esses continuarão sendo fornecidos tranquilamente. Não se esqueçam: basicamente é necessário suprir o fornecimento de 2824, 2892 e 7750. É só isso que é usado como ébauche.

- A única parte "criminosa" aí é não fornecer mais peça de reposição. Até onde sei a política recai sobre os ébauches, ou seja, os movimentos incompletos. Mas em momento nenhum eu entendi que não serão mais fornecidas peças de reposição. Ora, se o movimento completo ainda poderá sem comprado por qualquer um, têm que continuar fornecendo peças de reposição para os mesmos quaisquer uns.

- Ainda assim, até onde sei, as peças de reposição da Sellita são totalmente compatíveis com ETA.

- O artigo refere-se ao relógio suíço como se todos eles fossem 100% suíços... mal sabem. Aliás, acertam quando dizem que possuem a aura de serem 100% suíços. Só a aura mesmo. Não sou eu quem estou dizendo, a lei sobre o "Swiss Made" está à disposição de todos. Isso é motivo de crítica por parte dos próprios suíços. Vide primeira edição da revita Watch Around.


Por fim, reafirmo que não apenas acho isso tudo benéfico para todos, principalmente para o conhecedor, como acho que está havendo choramingo demais. Os fabricantes que se mexam, como muitos já fizeram. Vide Breitling, para citar apenas um.

Ah, sobre movimentos japoneses, virem essas bocas para lá! Adoro movimentos japoneses.... em relógios japoneses. O dia que os relógios suíços forem equipados com mecanismos japoneses, mesmo que só haja valor intelectual japonês, eu compro logo os do Japão, que pelo menos saem mais barato...

Tá doido? É como se cuba começasse a fazer charuto com fumo mata fina... O dia que isso acontecer, eu mudo para a Bahia...

Abraços!

Adriano

Paulo Sergio

Olá...
Já mencionei isso, indiretamente, em outro tópico, falando sobre não encontrarmos peças nas Fornituras...
Creio que a manutenção de determinadas marcas/relógios ficará difícil, muito difícil... e cara!!!
Abraço
Paulo Sergio
Abraço
Paulo Sergio

EduBSB

                     Realmente, não acredito que este procedimento de cortar o fornecimento da máquina eta vá acontecer. Existem fortes interesses econômicos

e políticos do outro lado. Contudo, nada como uma ameaça para forçar a valorização de seu produto. Isto é uma pena, pois a relojoaria mundial ganharia muito

em matéria de evolução.


                                                                                    Edu.


Bruno Recchia

IIIIIh !!!!

Deu a volta no mundo !!!!

Achei engraçadissimo...

Na parte que fala da TAG, esses "blogueiros" dos quais fala o artigo, foram 2 colegas do meu site (Chronomania) e eu !! Mas o autor do artigo nem imagina que tinha um brasileiro no meio...

Inclusive, fui eu quem deu a primeira confirmaçao OFICIAL, diretamente vinda da TAG, que era sim um mecanismo Seiko... meu primeiro "furo" mundial no setor da relojoaria !! E que furo, até o Hayek reagiu...

Agora, eu tô organizando com eles uma visita ao atelier deles pra fazer um artigo, com uma condiçao : zero concessao, nao vou até la pra ficar puxando o saco nem ser arroz de festa.

Abraços,

Bruno

HumbertoReis

Eu estou no grupo dos que só vê o lado positivo nesse negócio todo.

Desotti

Vendo a situação pelo post do Adriano, realmente parece que a imprensa está fazendo muito mais alarde sobre a gravidade da situação do que seria condizente com a realidade, portanto retiro o que disse em meu post anterior. :)

Agora, que o Sr. Hayek também deve ter estrilado quando soube que a concorrete TAG iria fazer um cronógrafo com movimento base derivado de um projeto da SII para "se proteger" do embargo da ETA, isso deve! ;D

Abraços!

Marcelo.

FALCO

Tirando as bobagens escritas na reportagem, até com aval, todos os setores no mundo estão se consolidando.
A recente incorporação da Zenith pela Tag ou das Gerald Genta e Daniel Roth pela Bulgari são um prenúncio de 5 marcas virando 2 e nada tem à ver com falta de mecanismos.
FRM: contra argumentos, não há fatos !!!

Adriano

É verdade! Tem muita coisa acontecendo e que nada tem a ver com o caso dos ébauches. Aliás, existe muito mais coisa muito mais importante acontecendo, mas que não é do conhecimento do público. Esse negócio dos ébauches é uma "marolinha" (parodiando o "9 dedos"...) e só está sendo tanto falado porque o Sr. Hayek adora uma publicidadezinha...

Esse assunto chega a ser uma bobagem. Além disso, há que diga que todos os argumentos são apenas desculpas para mascarar o fato de que a ETA chegou no seu limite de produção, o que é uma coisa totalmente natural e não deveria ser motivo de "mascaragem". O problema do limite de produção, este sim, é um dos grandes problemas que vem tirando o sono da indústria relojoeira suíça. 

Digo mais: quanto mais penso no assunto, mais vejo vantagens. Entre outras coisas, essa política da ETA cortará pela raiz a onda de aproveitadores do título de "Swiss Made" fazendo relojinhos mequetrefes...

Abraços!

Adriano