Pessoal,
Esse debate é realmente interminável, mas vou colocar aqui meus comentários após certo uso, irrisório para muitos, dos relógios automáticos.
Primeiro, concordo em tudo com o primeiro post, que iniciou essa discussão. Negá-lo é complicado.
Segundo, os contextos e as formas que as pessoas vivem são diferentes, gerando apreciações ou comportamentos, daí as inclinações.
Quando comprei meu primeiro automático, eu vivia de uma forma. Ali podia dar mais cuidado ao relógio e ter preocupações com ele, revisões e etc. Hoje não é mais assim. Pressão no trabalho, preocupações mil e chega uma hora que, no fundo, eu desejo simplicidade.
Não, de modo algum relógios automáticos são descartáveis ou ruins. Gosto do movimento, sim, e depois de tanto cuidado ali depositado, você termina se apegando ao relógio. Neste ponto, ao menos no meu caso, é verdade. Mas não dá mais.
Revisões? Óleo? Eu moro em Recife. Se com um quartzo eles já arranham a tampa, a caixa e às vezes nem sequer acertam na pilha, quem dirá com um automático? Não deixarei que isso aconteça. Certo, poderei sempre enviá-lo para São Paulo, pagando frete e uma série de outras despesas. Tudo isso para que? Para ter o gosto do movimento e o cuidado?
Sinceramente, meus amigos, esse discurso não é equivocado. Ele realmente funciona, mas definitivamente não para mim. Talvez amanhã eu venha, apague tudo e pronto. Mas no meu momento atual, com o ritimo que eu estou tendo? Sinceramente, o hobby tem se tornado caro demais para as prioridades em que ele é colocado (há outras coisas mais urgentes e importantes).
No futuro, daqui a 10 ou 15 anos, talvez eu tenha capital suficiente para não apenas comprar um Sinn U1, e tantos outros, como também mandar os relógios com frequência costumeira para o Carregalo, ou outro mestre de grande arte, o que acho muito legal e excelente prova de demonstração de carinho por algo, sobretudo hoje em que as coisas simplesmente não duram, depreciam, ou são feitas para durarem pouco. Sim, e nisso incluo as relações humanas também.
Em certo sentido, um dos paradoxos que talvez vocês tenham experimentado, é que neste forum, onde talvez nós não venhamos nunca a nos encontrar pessoalmente foram formados mais laços de amizade e companheirismo até mesmo bem superiores ao mundo ´não-virtual´. É uma mostra que no mundo "descartável", algumas coisas ainda persistem em durar. Creio que, neste ponto, o relógio automático atua, ao menos para mim, como um significante temporal, um sinal de algo que persiste, apesar de tudo.
Além da assistência, existem os casos de assalto, tão bem relatados pelo amigo Enéias. Prefiro não comentar, ou não pensar no fato de que, após meses e meses de economia, algo meu é roubado, e nada é feito. Não, diante dessa situação, eu penso que tenho que me subordinar às pressões do meio social em que vivo.
Hoje tenho optado por relógios mais simples e com tecnologias Tough Solar ou Eco-Drive, normalmente com safira e com bracelete. São relógios simples, básicos, mas que me encantam. Talvez não venham a durar 20 anos, nem se enquadre como algo "sofisticado", mas me alegram utilizar eles. Neste ponto, tenho namorado muito com a Citizen e a Casio, mas bem mais com a primeira.
Desisti dos automáticos? Não, apenas estou dando um pausa, reorganizando para seguir adiante com isso.
Nesta discussão, os dois lados estão certos, mas abordam aspectos distintos.
A funcionalidade dos quartz é inegável, assim como sua estrutura robusta, sua durabilidade, precisão e etc. Mas os quartz simplificam e automatizam tanto as coisas que, no fundo, para alguém que adora isso termina sendo insuportável diante da ausência de complicação no sentido de seu cuidado. Não que os quartz sejam simples, mas são mais simples de cuidar.
Contudo, os automáticos oferecem uma experiência de aprofundamento na cultura horológica muito maior e não, não podemos negar que isso é uma cultura, com toda a sua história.
Creio ser bem possível fazer ambos os caminhos: migrar do quartz para o automático como do automático para o quartz. Cada um tem sua história fantástica com suas preferências, mas cada pessoa também tem suas necessidades. Por hora, as minhas não se enquadram nas de um usuário de automáticos.
É isso.
Um grande abraço