Uma questão filosófica...

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Offline - STR -

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Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #20 Online: 21 Maio 2010 às 10:24:41 »
Amigos...

No quesito paixão, admiro desde os G-shocks até os Rolex, omegas e outros ainda...!

Acho maravilhoso os mecânicos... tenho um samurai.. um semaster 1969 que era do meu pai... um Speed automatic.. o RM2, o Orient 300 mts... tenho dois de bolso.. um que era o meu avô e outro que era do avô de um amigo meu... e por aí vai... mas estes com toda sinceridade... só saem da caixinha em algumas ocasiões.. ou então quando tenho tempo (coisa rara) de "colocá-los para trabalhar".... não é algo do tipo... abre a gaveta põe no pulso e pronto... a não ser que se tenha um watch winder... ou coisa do tipo... mas isso já é outra história...

No batidão do dia a dia... só de Citizen... e Casio....

Agora que essa discussão não está próxima do seu fim... isso eu "agarantio"...!

Grande abraço a todos...!

Rodrigo STR ;D

"O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, mas sim por àquelas que permitem a maldade." - Albert Einstein

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nilomis

Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #21 Online: 21 Maio 2010 às 11:01:34 »
Daqui a 5 anos, quantos ainda estarão trabalhando? Quem os substituirá?
Davi, Turma,

Estou estimulando o meu relojoeiro, embora ele seja relativamente jovem, a criar um plano de sucessão treinando aprendizes.

Ele já fez isso com sucesso, em algumas áreas, como a do polimento (o sobrinho dele é considerado por muitos como o melhor polidor de SP) além de outros.

O que temos que conscientizar todos é que, independente de ser mecânico ou quartzo, um relógio requer manutenção, caso se deseje que o mesmo continue a ser como era quando novo.

O Adriano pode explicar muito melhor os motivos.

Me causa estranheza que muitos dos grandes colecionadores que conheço não deem a mínima para a manutenção de suas peças.
É óbvio que elas irão se deteriorar com o passar do tempo.

Acho que uma das primeiras coisas que aprendi com o Mestre Gravina foi ... o endereço do meu relojoeiro. Serei eternamente grato por este gesto.

Abs,

Nilo

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Offline Adriano

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Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #22 Online: 21 Maio 2010 às 11:49:03 »
Humm...

Posso dar minha opinião, que aliás, costumo omitir sobre esses assuntos? É apenas um fato que aprendi e que convivo com ele todos os dias: é lenda esse negócio de que faltam relojoeiros. Há relojoeiros suficientes, e que são bons, muito bons, e jovens. O que está em falta são relojoeiros que cobram barato. Logo, na cabeça de quem procura o menor preço possível na hora de consertar suas preciosidades, aqueles que cobram "caro", e isso inclui assistências técnicas, simplesmente não "existem".

Não estou querendo justificar nada: sei que é caro, também acho complicadíssimo, praticamente inviável, revisar toda a coleção em assistências técnicas. Ou que seja revisar 3 relógios de uma vez só em uma assistência. Porém, ignorar sua existência e considerar que existem somente os relojoeiros do bairro que cobram R$ 35,00 a revisão, aí sim, concordo, que esses estão em extinção.

E não é só isso: outra lenda é achar que os relojoeiros "antigos" são melhores. Em sua maioria, não são. Nem para consertar relógios antigos, pior ainda para consertar relógios novos. São desatualizados tecnicamente, praticam métodos e abordagens totalmente extintas mesmo para antiguidades, e normalmente são teimosos, tecnicamente e pessoalmente.

Eu não confio nenhum dos meus relógios a quem ainda acha que o Vibrograph é uma maravilha, que não tem um aparelho de testes que meça a amplitude, que não sabe o que é um "epilame", e que ainda lubrifica corda com graxa e levée com óleo. Isso está ultrapassado há 40 anos, mas 80% dos relojoeiros que estão autônomos por aí ainda fazem assim. E tentam lubrificar um Frederic Piguet do modo que se lubrificava um 30T2.

Estamos cheios de jovens relojoeiros aí que são bons que são facilmente os melhores que há no Brasil. Treinados quase todo ano na Suíça. Nem preciso citar exemplos.

Meus 2 cents...

Abraços!

Adriano

« Última modificação: 21 Maio 2010 às 13:23:56 por Adriano »

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Alberto Ferreira

Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #23 Online: 21 Maio 2010 às 12:09:15 »
Salve, amigo Adriano!

Grato por não "omitir" a sua opinião, aliás, perfeitamente oportuna e clara, como sempre.

As suas considerações, nada "filosóficas", mas sim práticas, são as de quem sabe o que está falando, e são muito importantes.
Parabéns por nos trazer o enfoque.

Os chamados autônomos são uma opção ou a única "escolha"?
Como você bem colocou, depende.
Dos custos, da “acessibilidade” (eicha, palavrinha...  ;)), etc.

E, a meu ver, há uma outra questão, a das peças para os movimentos antigos (os chamados "vintages").
Salvo honrosas exceções, tais com a Omega, (um pouco) a Rolex e poucas outras (se é que há...  ::)) a fornitura de peças depende (quase que exclusivamente) dos autônomos, seus contatos e suas sucatas.

Eu estou errado?
Estou exagerando?
Pode ser...

Eu gostaria que os amigos refletissem e comentassem...  ::)

Abraços a todos,
Alberto

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betampex

Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #24 Online: 21 Maio 2010 às 12:17:33 »
Caramba voces todos sao muito estressados, eu nao vejo dificuldade em achar bons relojoeiros e sempre consegui mandar os meus relogios para revisoes etc, agora tem gente que compra um relogio de mais de 10.000,00 reais e depois nao quer pagar pela manutencao que o relogio merece, ou seja, todos querem galinha morta, se nao querem gastar com manutencao e nem com baterias entao que comprem os Citizen Eco Drive, este sim nao vai dar manutencao nunca

agora vamos curtir nossa paixao mas sem preocupações, relaxem

Paulo

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Offline automatic

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Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #25 Online: 21 Maio 2010 às 12:39:44 »
De uns tempos pra cá relaxei em relação aos meus mecãnicos.
Voltei a comprar uns quartz bem interessantes.

A questão é que estamos em um seleto nicho de mercado.
Assim como quem coleciona carros antigos sempre vai achar bons mecânicos, sempre acharemos bons relojoeiros.

Ainda mais com as questões ambientais, comprando um relógio mecãnico você estará contribuindo com o meio ambiente...
Boa desculpa para continuar comprando !!

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Offline - STR -

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Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #26 Online: 21 Maio 2010 às 12:45:45 »
Caramba voces todos sao muito estressados, eu nao vejo dificuldade em achar bons relojoeiros e sempre consegui mandar os meus relogios para revisoes etc, agora tem gente que compra um relogio de mais de 10.000,00 reais e depois nao quer pagar pela manutencao que o relogio merece, ou seja, todos querem galinha morta, se nao querem gastar com manutencao e nem com baterias entao que comprem os Citizen Eco Drive, este sim nao vai dar manutencao nunca

agora vamos curtir nossa paixao mas sem preocupações, relaxem

Paulo

Os tão citados Eco-Drives também tem seu calcanhar de aquiles...!

Tenho um Citizen Eco Drive desde 1997, comprei novo... por descuido deixei ele acabar a carga por várias vezes... e a pouco tempo atrás o danado acabou a carga e não foi fácil trazê-lo a velha forma... agora depois de uns cuidados especiais já se reestabeleceu (faz um ano que ele não fica mais de quinze dias sem tomar um "solzinho")...!

A vantagem é que para os Eco-Drives basta deixá-los em lugar claro, que digamos... "eles se viram sozinhos"...!

Um dia esse mesmo eco-drive pode precisar de uma revisão... aliás esse dia já está chegando...! e até já fiz uma cotação na assistência para tal...! E digamos o valor é bem mais "razoável", pelo menos para o meu bolso do que o orçamento para revisão do meu speed automatic....! Aliás... vou ser mais claro.. a chace de uma surpresa "pesada no bolso" é bem menor no citizen....!

Enfim... entre controvérsias... opiniões... e demais pontos de vista.... uma coisa que existe aqui é incontestável.... A Amizade

Acho que derivei um pouco do assunto...! Mas está valendo...!

Grande abraço

Rodrigo STR ;D

« Última modificação: 21 Maio 2010 às 12:48:21 por - STR - »

"O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, mas sim por àquelas que permitem a maldade." - Albert Einstein

Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #27 Online: 21 Maio 2010 às 13:09:16 »
Minha modesta opinião:
Adoro os mecânicos justamente por causa da manutenção; que eu mesmo faço e adoro fazer!  :D Verdadeira higiene mental  ;)
Pra usar no dia a dia: quartzo!
O bom e velho Casio que marca horas, dia do mes, semana e mes, tem despertador pra me lembrar dos compromissos, cronógrafo pra marcar tempo de jogo de futebol, regressivo pra marcar tempo de estacionamento, é a prova d'água e, mais importante de tudo, baratinho! ::) ::) ::)
Se roubar foda-se, compro outro! ;D ;D ;D
Sem preconceitos! ;) E sem celeumas ;D ;D ;D
Abração pra todo mundo,
Lourival

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betampex

Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #28 Online: 21 Maio 2010 às 14:23:54 »
Minha modesta opinião:
Adoro os mecânicos justamente por causa da manutenção; que eu mesmo faço e adoro fazer!  :D Verdadeira higiene mental  ;)
Pra usar no dia a dia: quartzo!
O bom e velho Casio que marca horas, dia do mes, semana e mes, tem despertador pra me lembrar dos compromissos, cronógrafo pra marcar tempo de jogo de futebol, regressivo pra marcar tempo de estacionamento, é a prova d'água e, mais importante de tudo, baratinho! ::) ::) ::)
Se roubar foda-se, compro outro! ;D ;D ;D
Sem preconceitos! ;) E sem celeumas ;D ;D ;D
Abração pra todo mundo,
Lourival

Aeee Lourival estou contigo é isso ai

Paulo

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Offline solano

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Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #29 Online: 21 Maio 2010 às 18:32:59 »
 Amigos

 Vou falar ! ;)

 Confesso perder cada dia mais meu encanto pelos mecânicos, eles são problemáticos e caros na compra e na vida útil, fora a fragilidade! :'( Os quartz ( com ponteiros ) são bonitos e seguros, os que tem vidro de safira são interessantes e duráveis. Minha última compra esbarrou entre 2 modelos semelhantes, um á quartz por U$ 247 e outro mecânico por U$ 498, e fiquei com o quartz, não pela grana e sim pela praticidade. Os mecânicos tem seu encanto mais os quartz estão cada dia mais atraentes, principalmente os eco-drive !

 Abs,
" Otempo é a insônia da eternidade "  Poeta Mário Quintana

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Offline Wadley

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Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #30 Online: 21 Maio 2010 às 21:52:21 »


Colegas,

Gosto das duas escolas.  Prefiro os relógios a quartzo. 

Meu atual sonho de consumo é um Seiko G757...... 
Wadley

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Offline Gravina

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Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #31 Online: 22 Maio 2010 às 16:27:40 »
Re: Uma questão filosófica...
Citação de: Adriano em Ontem às 11:49:03
.........: é lenda esse negócio de que faltam relojoeiros. Há relojoeiros suficientes, e que são bons, muito bons, e jovens. O que está em falta são relojoeiros que cobram barato.

E não é só isso: outra lenda é achar que os relojoeiros "antigos" são melhores. Em sua maioria, não são. Nem para consertar relógios antigos, pior ainda para consertar relógios novos. São desatualizados tecnicamente, praticam métodos e abordagens totalmente extintas mesmo para antiguidades, e normalmente são teimosos, tecnicamente e pessoalmente.
Selecionei esta parte da participação do Adriano para endossar o que ele disse!

Antigamente, só na Rua da Mooca (anos 70), existiam mais de 15 relojoeiros.........alguns com relojoarias, loja, outros somente oficina
Destes, apenas dois eram dos "bão"
Ainda nestes tempos todo mundo tinha em casa o mardito "despertador", e quase todas as pessoas tinham um cuco na parede (era moda dar este tipo relógio como presente de casamento), isso sem falar nos inúmeros "pin lever".........principalmente na Mooca, um bairro de operários..........
O Relojoeiro para consertar, revisar um despertador, pin-lever, Cuco, etc.................não precisava ter muita técnica..........aprendia-se na prática, tendo, não raras as vezes, como custo muitas mutilações..........naqueles tempos, trocador (cobrador) de bonde também podia ser relojoeiro nas horas vagas (um extra.......enfermeiros, funcionários públicos, escriturários, etc..).
Os relojoeiros, isso lá nos anos 40/50/60, aqui no Brasil, tinha um status um pouco acima de cobrador de bonde, mas abaixo de um alfaiate, para se traçar uma comparação, como exemplo,  podem ter certeza!!!!(PeloamordeDeus........existiam alguns relojoeiros excelentes................Ziller, Prof Milton Cestari, Ângel burg,Braga, Sakoha  e tantos outros que já se foram....mas eram minoria mesmo diante daquele rol!!!.............Tanto é verdade, que a Suíça preocupada com esta situação, por meio do Centro Relojoeiro Suíço, firmou um convênio com o SENAI, e aí nasceu  o curso de relojoeiros no final dos anos 60.............curso este que terminou com a crise da indústria relojoeira suíça!.....
(este assunto dá livro  )
Fiz um Curso de Técnico Relojoeiro do Prof. Dimas, e me formei em 1975 aos 14 anos de idade...........nesta minha turma estava: o Tião Mão de Raquete, o João Olho de Vidro, o Fernandinho Maneta, e o Lupércio Pé de Valsa (tentem imaginar o Lupércio ajustando uma platina de um carrilhão.......os eixos tendiam a dançar nelas.............nenhum mestre  ........depois de lá, fui ser aprendiz em uma relojoaria da Mooca, a do Sr. Antonio (excelente relojoeiro, um lusitano exigente, mas amigo pacas!!!.........aprendi muito com ele, não em relojoaria,pois eu não era capaz para o ofício, mas em regras de conduta).....fiquei um mês afiando eixo de despertador munido do mandril, e da pedra Arkansas   .................desisti depois de seis meses............fui para outro caminho mais fácil......... :-*
Voltando: A dureza é pagar pelos preços dos bons profissionais.....ainda mais para aqueles que têm vários relógios, mas que existem profissionais jovens, e bons, treinados, vibrantes(vibração é 50%) ........isso existe!!!.....é muito bom poder constatar isso!

Abs

Gravina

Ps. Creio que ao se referir à arcaica lubrificação de um 30T2, o Adriano quis dizer que com este movimento.......até óleo de cozinha serve, uma vez que é um trator......e bem simples de manusear...........criado por um gênio, que nunca foi a uma escola de relojoeiros!....

Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #32 Online: 23 Maio 2010 às 13:25:14 »
Amigo Gravina...
Por coincidência, ontem estava nessa labuta inglória de afiar as pontas de um eixo de despertador!
Estou restaurando um Westclox Big Ben, "Style 1a", com mecanismo datado de 1930!
Por sorte o mecanismo já estava com os furos das platinas remachados, de modo que não havia os grandes desgastes a reparar, o que é muito comum em um mecanismo como esse, de uso diário, por anos e anos! 
Vejam o modelo em tela:

http://clockhistory.com/westclox/products/ben/style1/index.html

Belíssima peça que, para os "amantes" dos despertadores, é como um bom Omega!  ;)  ;)  ;)
Mandei cromar a caixa, o mostrador está 80%, enfim, vai retornar a marcar o tempo, como nos velhos tempos!
Aliás, já montei todo o mecanismo, está funcionando bem... a caixa chega na quarta-feira!
Para quem gosta de despertadores, já indiquei esse sítio da rede mundial de computadores, mas vale a pena recordar:

http://clockhistory.com/

Abraço
Paulo Sergio
Abraço
Paulo Sergio

Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #33 Online: 23 Maio 2010 às 15:36:35 »
Olá a todos,
   
Interessante o tema deste tópico e os comentários do Gravina “aprendia-se na prática, tendo, não raras as vezes, como custo muitas mutilações” e o fato do Paulo Sérgio estar reformando um despertador:

Meu gosto por relógios mecânicos vem da infância, quando praticamente todo mês meu pai comprava um despertador novo, por que eu desmontava todos e a “arte” da aprendizagem me rendiam além dos carinhos paternos a base de puxões de orelha e outros de maior impacto, também alguns cortes nos dedos que ficavam presos nas rodas.
Minha fixação por despertadores era tanta que uma das primeiras coisas que meu pai fazia ao chegar à tarde em casa era conferir minhas mãos, se tivessem algum machucado ou marca de graxa já ia verificar o seu despertador que freqüentemente estava parado e faltando peças. 

O 1º relógio que tive foi aos 14 anos, um Seiko cal. 6119 que logo encostei por que comprei outro digital também Seiko, pois os quartz digitais eram a sensação do momento à época. A alegria acabou junto com a 1ª troca de bateria, pois na minha cidade um relojoeiro me disse que os números estavam piscando por defeito no modulo do relógio e a troca da peça ficaria em x $$. Resolvi o problema com a troca da bateria em SP, mas de lá para cá se foi o encanto e voltei para o bom e velho Seiko automático e assim vieram outros e outros...mas sempre automáticos.

Na minha opinião, relógio de pulso há muito tempo deixou de ser um instrumento para se ver as horas, pois para isto existe o celular e mesmo um relógio a quartz barato tem seu preço.

Na escolha por um relógio mecânico entra a vaidade?....sim, e a paixão também!, tem um custo maior, precisa de manutenção a cada 5 ou 6 anos, mas confesso e penso que a situação dos colegas não seja diferente: para quem tem até dezenas de relógios mecânicos e usa cada um as vezes uma semana por mês ou nem isto, quanto se gasta neste espaço de 5 a 6 anos em revisões? Eu particularmente até hoje gastei muito pouco em vista do prazer que tenho com meus relógios.

Na gaveta estão alguns remanescentes que usam pilhas, alguns de muito tempo sem uso por que a bateria acabou e tenho preguiça de levar para trocar.

Respeito os que gostam dos outros e suas opiniões, mas acima de tudo e talvez até da racionalidade pura e simples “o homem tem suas paixões que nem sempre são racionais”.

Abraços,

Edimar.
BMJr

Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #34 Online: 23 Maio 2010 às 23:51:18 »
A caneta tinteiro tem um negócio que só quem escreve pode sentir, eu acho que quando a tinta molha o papel, e tem aquela sensação do metal deslizando no papel é que me dá prazer!! Olhem esta foto, que eu acho que é a que melhor traduz a sensação em imagem, tirada do site da Montblanc


Já o relógio mecânico tem aquele tic tac que parece que entra no cérebro e vicia

SIMPLISMENTE PERFEITO, A FOTO TRANSMITE TUDO.

MOsca

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Offline Gravina

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Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #35 Online: 24 Maio 2010 às 06:03:30 »
Olá a todos,
   
Interessante o tema deste tópico e os comentários do Gravina “aprendia-se na prática, tendo, não raras as vezes, como custo muitas mutilações” e o fato do Paulo Sérgio estar reformando um despertador:

Meu gosto por relógios mecânicos vem da infância, quando praticamente todo mês meu pai comprava um despertador novo, por que eu desmontava todos e a “arte” da aprendizagem me rendiam além dos carinhos paternos a base de puxões de orelha e outros de maior impacto, também alguns cortes nos dedos que ficavam presos nas rodas.
Minha fixação por despertadores era tanta que uma das primeiras coisas que meu pai fazia ao chegar à tarde em casa era conferir minhas mãos, se tivessem algum machucado ou marca de graxa já ia verificar o seu despertador que freqüentemente estava parado e faltando peças. 

O 1º relógio que tive foi aos 14 anos, um Seiko cal. 6119 que logo encostei por que comprei outro digital também Seiko, pois os quartz digitais eram a sensação do momento à época. A alegria acabou junto com a 1ª troca de bateria, pois na minha cidade um relojoeiro me disse que os números estavam piscando por defeito no modulo do relógio e a troca da peça ficaria em x $$. Resolvi o problema com a troca da bateria em SP, mas de lá para cá se foi o encanto e voltei para o bom e velho Seiko automático e assim vieram outros e outros...mas sempre automáticos.

Na minha opinião, relógio de pulso há muito tempo deixou de ser um instrumento para se ver as horas, pois para isto existe o celular e mesmo um relógio a quartz barato tem seu preço.

Na escolha por um relógio mecânico entra a vaidade?....sim, e a paixão também!, tem um custo maior, precisa de manutenção a cada 5 ou 6 anos, mas confesso e penso que a situação dos colegas não seja diferente: para quem tem até dezenas de relógios mecânicos e usa cada um as vezes uma semana por mês ou nem isto, quanto se gasta neste espaço de 5 a 6 anos em revisões? Eu particularmente até hoje gastei muito pouco em vista do prazer que tenho com meus relógios.

Na gaveta estão alguns remanescentes que usam pilhas, alguns de muito tempo sem uso por que a bateria acabou e tenho preguiça de levar para trocar.

Respeito os que gostam dos outros e suas opiniões, mas acima de tudo e talvez até da racionalidade pura e simples “o homem tem suas paixões que nem sempre são racionais”.

Abraços,

Edimar.

Edimar,

Legal!!!!!!!!.........gostei de ler, agradeço-lhe por compartilhar!....................... ;)

Abs

Gravina

Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #36 Online: 24 Maio 2010 às 08:24:42 »
Oi pessoal,

Concordo em gênero, numero e grau com o Adriano e o Gravina... Relojoeiro, e bom, existe sim !

O problema é que muita gente nao procura uma revisao, e sim um preço... Relogio bom merece revisao boa.

Eu escolhi a dedo os relojoeiros que utilizo. Gente jovem, e REALMENTE competente. Gente que conhece e gosta de relogios, coleciona também... Caso vocês nao saibam, muito relojoeiro ta pouco se lixando pra relogios, e usa quartzos !

Aqui na França, uma revisao nunca me custa menos de 200/250 reais... e ja paguei perto de 2000 reais pra revisao de um relogio excepcional ! Isso sem passar por autorizada.

Revisao boa por cinquentinha ? Ah, me engana que eu gosto !!

Abraços,

Bruno

Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #37 Online: 07 Agosto 2010 às 03:33:32 »
Pessoal,


Esse debate é realmente interminável, mas vou colocar aqui meus comentários após certo uso, irrisório para muitos, dos relógios automáticos.

Primeiro, concordo em tudo com o primeiro post, que iniciou essa discussão. Negá-lo é complicado.

Segundo, os contextos e as formas que as pessoas vivem são diferentes, gerando apreciações ou comportamentos, daí as inclinações.

Quando comprei meu primeiro automático, eu vivia de uma forma. Ali podia dar mais cuidado ao relógio e ter preocupações com ele, revisões e etc. Hoje não é mais assim. Pressão no trabalho, preocupações mil e chega uma hora que, no fundo, eu desejo simplicidade.

Não, de modo algum relógios automáticos são descartáveis ou ruins. Gosto do movimento, sim, e depois de tanto cuidado ali depositado, você termina se apegando ao relógio. Neste ponto, ao menos no meu caso, é verdade. Mas não dá mais.

Revisões? Óleo? Eu moro em Recife. Se com um quartzo eles já arranham a tampa, a caixa e às vezes nem sequer acertam na pilha, quem dirá com um automático? Não deixarei que isso aconteça. Certo, poderei sempre enviá-lo para São Paulo, pagando frete e uma série de outras despesas. Tudo isso para que? Para ter o gosto do movimento e o cuidado?

Sinceramente, meus amigos, esse discurso não é equivocado. Ele realmente funciona, mas definitivamente não para mim. Talvez amanhã eu venha, apague tudo e pronto. Mas no meu momento atual, com o ritimo que eu estou tendo? Sinceramente, o hobby tem se tornado caro demais para as prioridades em que ele é colocado (há outras coisas mais urgentes e importantes).

No futuro, daqui a 10 ou 15 anos, talvez eu tenha capital suficiente para não apenas comprar um Sinn U1, e tantos outros, como também mandar os relógios com frequência costumeira para o Carregalo, ou outro mestre de grande arte, o que acho muito legal e excelente prova de demonstração de carinho por algo, sobretudo hoje em que as coisas simplesmente não duram, depreciam, ou são feitas para durarem pouco. Sim, e nisso incluo as relações humanas também.

Em certo sentido, um dos paradoxos que talvez vocês tenham experimentado, é que neste forum, onde talvez nós não venhamos nunca a nos encontrar pessoalmente foram formados mais laços de amizade e companheirismo até mesmo bem superiores ao mundo ´não-virtual´. É uma mostra que no mundo "descartável", algumas coisas ainda persistem em durar. Creio que, neste ponto, o relógio automático atua, ao menos para mim, como um significante temporal, um sinal de algo que persiste, apesar de tudo.

Além da assistência, existem os casos de assalto, tão bem relatados pelo amigo Enéias. Prefiro não comentar, ou não pensar no fato de que, após meses e meses de economia, algo meu é roubado, e nada é feito. Não, diante dessa situação, eu penso que tenho que me subordinar às pressões do meio social em que vivo.

Hoje tenho optado por relógios mais simples e com tecnologias Tough Solar ou Eco-Drive, normalmente com safira e com bracelete. São relógios simples, básicos, mas que me encantam. Talvez não venham a durar 20 anos, nem se enquadre como algo "sofisticado", mas me alegram utilizar eles. Neste ponto, tenho namorado muito com a Citizen e a Casio, mas bem mais com a primeira.

Desisti dos automáticos? Não, apenas estou dando um pausa, reorganizando para seguir adiante com isso.

Nesta discussão, os dois lados estão certos, mas abordam aspectos distintos.

A funcionalidade dos quartz é inegável, assim como sua estrutura robusta, sua durabilidade, precisão e etc. Mas os quartz simplificam e automatizam tanto as coisas que, no fundo, para alguém que adora isso termina sendo insuportável diante da ausência de complicação no sentido de seu cuidado. Não que os quartz sejam simples, mas são mais simples de cuidar.

Contudo, os automáticos oferecem uma experiência de aprofundamento na cultura horológica muito maior e não, não podemos negar que isso é uma cultura, com toda a sua história.

Creio ser bem possível fazer ambos os caminhos: migrar do quartz para o automático como do automático para o quartz. Cada um tem sua história fantástica com suas preferências, mas cada pessoa também tem suas necessidades. Por hora, as minhas não se enquadram nas de um usuário de automáticos.


É isso.


Um grande abraço

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Offline Arrais

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Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #38 Online: 07 Agosto 2010 às 13:01:26 »

  Cada um tem sua história fantástica com suas preferências, mas cada pessoa também tem suas necessidades. Por hora, as minhas não se enquadram nas de um usuário de automáticos.


Um grande abraço

Gostei do texto...equilibrado. E acredito que tudo é uma questão de momento mesmo...e que deve existir esta mobilidade entre mecanicos e quartz, sem pressão, dependendo do momento financeiro, pessoal, etc...
Easily satisfied with the Best

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Offline flávio

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Re: Uma questão filosófica...
« Resposta #39 Online: 07 Agosto 2010 às 16:50:30 »
Minha rápida opinião. O relógio mecânico tem mais espaço para discussões porque é algo com pelo menos 700 anos de história. O relógio a quartzo surgiu há 40. Simples assim. Mas eu acompanho tudo, não vejo problemas nas discussões sobre relógios a quartzo. O problema é que não conseguimos separar tantos modelos singulares assim a ponto de levar discussões por anos a fio, como temos feito aqui.

Mas claro, os estudo também!

Sobre os relógios mecânicos em si, não tenho nenhuma ilusão de que são fabricados por duendes em fábricas mágicas. Basta ver, por exemplo, um vídeo que mostra a fabricação dos calibres coaxiais da Omega, está no youtube. Tudo feito por robôs!

Sim, é um paradoxo, como já ressaltei aqui, algumas fábricas, por exemplo, usarem escapamentos de silício, um material da época do computador, para fabricação de escapamentos, coisas de mil anos atrás!

Mas o que me atrai no relógio mecânico é que esse representa, parafraseando um livro da Omega, os tais 700 anos de história de uma manufatura que, querendo ou não, consegue englobar em algo tão pequeno todos os ramos da ciência. O objeto é uma cápsula do tempo da história!

Quanto às revisões, fazem parte do "negócio". Preços? O Bruno falou que na França uma revisão gira em torno de 300 reais, algo como 150 euros, confere? Em comparação com o Brasil, está barato, pois o salário de um francês é umas 10 vezes maior do que o de um brasileiro!

Eu não vou dizer o preço que acho justo. Acho que o trabalho bem feito deve ser recompensado. Bem feito eu disse, pois, como também foi discutido no tópico, há relojoeiros e relojoeiros.

Sobre a evolução da técnica e lubrificantes, já expus minha opinião também por aqui. Não vou repeti-las.

Sobre calibres atuais, também tenho uma opinião: existem os ruins e os bons. Quando comecei a usar relógios de corda, achava os 2892 da ETA, por exemplo, o máximo em robustez e precisão pelo que custavam. Hoje, analisando friamente, percebo que o calibre, pelo menos na concepção que a ETA apresenta (os da Omega, acredito que pelo rotor diferente não pecam por esse problema) é uma porcaria. Se não lubrificado adequadamente, nos mínimos detalhes, ele simplesmente não funciona; se lubrificado adequadamente, funciona mal. Ora, o mínimo que se exige de um calibre é robustez, e o troço me parece muito pior do que o 2824 que, teoricamente, ele veio substituir. Com a desnecessidade de relógios extraplanos na atualidade, preferia ver mais 2824 em relógios do que o 2892.

Flávio
« Última modificação: 07 Agosto 2010 às 17:01:18 por flavio »