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Rubi na relojoaria

Iniciado por Lourival, 21 Julho 2010 às 15:54:55

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Lourival

Esta dúvida vai para o "historiadores" ...
Quando "surgiu" o Rubi na relojoaria? Tanto nas levées da âncora quanto para apoio dos pivots das engrenagens?
Outro dia li que, atualmente, os rubis são sintéticos.
Suponho então que na época em que foram utilizados pela primeira vez deveriam ser as pedras naturais mesmo. Aí vem outra dúvida: como é que os caras naquela época conseguiam fazer furos de décimos de milímetros em uma pedra dura como o rubi conforme texto da Wikipedia (O rubi tem dureza 9 na escala de Mohs, e entre as gemas naturais somente é ultrapassado pelo diamante em termos de dureza.)? ??? ??? ???

igorschutz

O uso dos rubis na relojoaria surgiu no Século XVII, e seu pioneiro foi Nicolas Fatio.

A princípio, a idéia de Fatio não foi bem recebida no continente, então ele levou-a para a Inglaterra, em busca de uma patente.
Não sei se por simples ignorância, ou então por pura sacanagem, não concederam a tal patente pro Fatio, e vários outros relojoeiros se aproveitaram da técnica.

O uso de rubi em relógios, por vários anos, foi uma característica exclusiva da Inglaterra, impulsionando a relojoaria local com larga vantagem sobre o restante do mundo (a relojoaria inglesa sempre foi foda, e ficou mais ainda!). No entanto, como todo segredo mal guardado, isto é, aquele segredo que um monte de gente sabe, a técnica acabou parando na mão dos franceses e daí para o resto do mundo.

Sobre o modo que eles conseguiam trabalhar com rubis naturais, isto é muito simples: basta você usar diamante...

Um abraço,

Igor
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

Lourival

#2
Citação de: igorschutz online 21 Julho 2010 às 16:11:37
Sobre o modo que eles conseguiam trabalhar com rubis naturais, isto é muito simples: basta você usar diamante...
Oi Igor,
foi o que pensei, diamante! Mas ainda assim os caras precisariam fazer "brocas de diamante" de 0,2 mm  :o :o :o Como faziam isto?

igorschutz

Uai, diamante quebra fácil. Você pega um daqueles cacos, gruda na ponta de um pauzinho e fica friccionando-o no rubi.

Um abraço,

Igor
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Lourival

Putz, ainda assim o cara teria que ter uma mão firme pra cacete para fazer um furo certinho, no centro de um disco de 2 mm, ainda por cima com um pauzinho de 0,2mm ... :o :o :o Haja saco  ;D ;D ;D

michelim

Eu lembro de uma pulso em que há um artigo muito interessante sobre este assunto, vou dar uma procurada em casa!
abraço

mich
"The Quality Remains Long After the Price is Forgotten."

igorschutz

Já existiam máquinas nessa época, o sujeito não tinha que fazer na mão.

Coloca-se o "palitinho" com diamante numa máquina e, por meio de engrenagens redutoras -- e aqui é só um exemplo -- uma volta que o camarada dá na primeira engranagem equivale a 50 voltas na última, onde está acoplado o "palitinho". Manjou?

O sujeito dá dez voltinha e o buraco está feito... é o mesmo princípio do torno.

Um abraço,

Igor
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Luminus


Mas o Rubi não é uma pedra preciosa, portanto "cara"?

flávio

Citação de: Luminus online 29 Julho 2010 às 09:31:28

Mas o Rubi não é uma pedra preciosa, portanto "cara"?



Não, são feitos de forma sintética. Aliás, o Adriano publicou um texto na Pulso sobre o assunto, não sei se está disponível na net.


Flávio

Gravina


Julio Celes

Aproveitando o assunto, gostaria de tirar algumas dúvidas.
Qual a diferença entre relógios que utilizam 17 rubis, 21, 27, etc na teoria quanto mais rubis melhor?
E outra também, o uso do rubi seria para qual finalidade? Pois como hoje o diamantes e rubis podem ser fabricados de forma sintética porque não se utiliza o diamante?
Desculpem a minha ignorância no assunto, um dia quem sabe eu aprendo. ;D

Abraços a todos
Julio Celes

shun

Pelo meu pouco conhecimento, eu suponho que o custo de produção de diamantes sintéticos é bem superior ao rubi, e as vantagens que trariam não seriam economicamente vantajosas..

Encontra-se as vezes alguns relógios com diamante no lugar do rubi, geralmente só no balanço.

igorschutz

O rubi, por ser um material bem liso e duro, é utilizado em áreas onde há bastante contato entre peças, isto é, onde há bastante fricção, como, por exemplo, mancais para pivôs e âncora do escapamento. Assim, aumenta-se a durabilidade do movimento.

A partir desta explicação é que vem o conceito de "rubi útil" e "rubi inútil", sendo os primeiros aqueles que realmente se prestam a aumentar a durabilidade do movimento, e os últimos aqueles que são só firula, ou seja, só pra fazer número.

A quantidade de rubis de forma alguma determina a qualidade do movimento. Aliás, se um movimento simples possui muito mais rubis do que outros movimentos da sua categoria, é um mau sinal...

Por outro lado, é óbvio que aqueles movimentos que possuem mais funções/complicações devem contar com mais rubis. Por exemplo: é natural que um movimento automático possua mais rubis que um movimento a corda manual; um movimento cronógrafo possui mais rubis que um movimento simples, sem cronógrafo; e por aí vai...

Sobre rubis vs. diamantes, há diversas razões para que se utilize o primeiro, entre elas: a) é mais fácil e barato fabricar rubis sintéticos que diamantes; b) não é necessário um material tão duro quanto o diamante, só o rubi já é mais que suficiente; c) o consumidor não está preparado para pagar mais pelo diamante que pelo rubi, para fazer a mesma coisa.

Um abraço,

Igor
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igorschutz

Citação de: shun online 29 Julho 2010 às 12:46:40
Encontra-se as vezes alguns relógios com diamante no lugar do rubi, geralmente só no balanço.

Quando isto acontece, geralmente em relógios alemães, é por mera cultura da indústria relojoeira local, sem qualquer vantagem sobre o rubi.

Um abraço,

Igor
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
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shun

Citação de: igorschutz online 29 Julho 2010 às 12:54:06
Citação de: shun online 29 Julho 2010 às 12:46:40
Encontra-se as vezes alguns relógios com diamante no lugar do rubi, geralmente só no balanço.

Quando isto acontece, geralmente em relógios alemães, é por mera cultura da indústria relojoeira local, sem qualquer vantagem sobre o rubi.

Um abraço,

Igor

Valeu pelos esclarecimentos Igor!

Abraços!

Julio Celes

Citação de: igorschutz online 29 Julho 2010 às 12:52:42
O rubi, por ser um material bem liso e duro, é utilizado em áreas onde há bastante contato entre peças, isto é, onde há bastante fricção, como, por exemplo, mancais para pivôs e âncora do escapamento. Assim, aumenta-se a durabilidade do movimento.

A partir desta explicação é que vem o conceito de "rubi útil" e "rubi inútil", sendo os primeiros aqueles que realmente se prestam a aumentar a durabilidade do movimento, e os últimos aqueles que são só firula, ou seja, só pra fazer número.

A quantidade de rubis de forma alguma determina a qualidade do movimento. Aliás, se um movimento simples possui muito mais rubis do que outros movimentos da sua categoria, é um mau sinal...

Por outro lado, é óbvio que aqueles movimentos que possuem mais funções/complicações devem contar com mais rubis. Por exemplo: é natural que um movimento automático possua mais rubis que um movimento a corda manual; um movimento cronógrafo possui mais rubis que um movimento simples, sem cronógrafo; e por aí vai...

Sobre rubis vs. diamantes, há diversas razões para que se utilize o primeiro, entre elas: a) é mais fácil e barato fabricar rubis sintéticos que diamantes; b) não é necessário um material tão duro quanto o diamante, só o rubi já é mais que suficiente; c) o consumidor não está preparado para pagar mais pelo diamante que pelo rubi, para fazer a mesma coisa.

Um abraço,

Igor

Obrigado por esclarecer minhas dúvidas Igor.

Abraço

Julio Celes

mestreaudi

Citação de: igorschutz online 29 Julho 2010 às 12:52:42
c) o consumidor não está preparado para pagar mais pelo diamante que pelo rubi, para fazer a mesma coisa.

Verdade!

Lembrando que nós aqui no FRM somos outra categoria de consumidores de relógios!!
O consumidor "normal" não tem o conhecimento do q são as jóias da máquina e mto menos pra q elas servem...

Abs!
Rafael.

Alberto Ferreira

Salve, amigos!

Plim-plim!  Momento Cultural FRM.  ;)  :D

O mineral natural chama-se coríndon, também conhecido como corundum, ele é basicamente constituído por óxido de alumínio.
Ele tem a dureza 9 na escala de Mohs.

Em sua constituição básica, ele é transparente, mas pode apresentar diferentes cores conforme o tipo de "impurezas" nele contidas, inseridas na sua matriz cristalina.
Os cristais mais belos e transparentes são logicamente usados na indústria de jóias, como gemas.

Uma "curiosidade", apenas os de coloração vermelha são chamados de rubis, mas o coríndon pode ter outras cores.
Podem ser verde, cinza, rosado, amarelo, roxo e azul.
Este último, o azul, a gema, é chamado de safira.

Os sintéticos também podem ter cores diferentes.
Na indústria relojoeira, por exemplo, há os cristais de safira transparentes usados em visores, e os usados nos mancais (em substituição aos rubis sintéticos - vermelhos), que são de coloração cinza.

Plim-plim.
;)

Abraços a todos!
Alberto

mestreaudi

Alberto, aulas como essa não tem preço!!!!!  :D :D :D
Rafael.