Transformar um quartz em automático.

Tem como fazer isso?? Alguém ja fez??

O Alberto Ferreira tem uma história interessante sobre isto.  Porém, em seu caso específico, o relógio quartz era uma variação de um mecanismo automático e foi possível substituir o módulo quartz pelo automático.  Dê uma olhada nos arquivos do fórum antigo.

Um abraço,
Leandro

E claro que nao da para transformar sao maquinas completamente diferentes

Paulo

O Alberto Ferreira tem uma história interessante sobre isto.  Porém, em seu caso específico, o relógio quartz era uma variação de um mecanismo automático e foi possível substituir o módulo quartz pelo automático.  Dê uma olhada nos arquivos do fórum antigo.

Um abraço,
Leandro

Me recordo bem do amigo Alberto o ter comentado  e descrito.

Salve, amigos!

O relógio é este.


Marca: Dubois. Movimento ETA a quartzo.

Ele foi presente do meu pai, logo que eu entrei na faculdade.
O movimento era dos primeiros a quartzo, eu lembro que ele era um "espanto" de precisão para a época. 
 


Mas,...
Anos depois, num "belo" dia (não tão belo assim) o movimento dele teve aquela chamada "morte súbita".

O meu pai já havia falecido, eu fiquei desolado. Eu não queria perder o relógio de jeito nenhum.

Procurei por algum relojoeiro que pudesse "dar um jeito" no movimento.
Ninguém se interessou. Olhavam por alto e logo diziam que não havia como consertar (verdade) e que não havia mais um movimento para reposição (era realmente dos primeiros  ).

Eu, embora relutante, passei então a considerar a única hipótese plausível, trocar o movimento (adaptar) por um Myiota que eventualmente coubesse na caixa, e pelo menos preservar a imagem do relógio... 


Um belo dia (muito melhor do que aquele lá encima) eu levei o relógio para o Paulinho (um ótimo relojoeiro, coreano, que deixou o negócio) dar uma olhada, na expectativa de que ele conseguisse adaptar algum movimento a quartzo, moderno, nele.

Ele olhou detidamente o relógio, sorriu e disse.
"Amigo, você tem muita sorte!"
- ?

Abriu uma gaveta tirou um movimento e disse.
"Veja..."
- O que?

"A base deste movimento aqui é a mesma deste seu."
- Tem certeza?

"Claro. Este aqui é automático, mas o seu usa a mesma base, apenas com um módulo a quartzo sobreposto."
- Puxa!...

"Eu vou trocar, espere só um pouco aí."
  

E, minutos depois,...

Voilá!





O movimento original era este,



E "happy end". O meu Dubois virou mecânico!
 

O movimento original foi guardado, embora inerte, pois faz parte da história!
 

Abraços!

Fantástico Alberto Ferreira!!!
Grande abraço.

Muito legal seu depoimento, Alberto !

isto mostra como os relógios são realmente parte da vida de uma pessoa,
afinal, qual é outro objeto de uso próprio que tenha tanta "intimidade" com
o usuário, dê a oportunidade de casos tão significativos e mesmo assim tenha
sua "vida" própria....seria um anel, pulseira ou corrente ?

Não, realmente é o relógio, ainda mais os mecânicos (automático ou a corda)
que devem ser cuidados para não parar. Por isso, cada dia fico mais apaixonado
por este assunto (e que bom que tenho ainda muito a aprender) !

abs a todos

Glauco

Esta coisa do relógio de quartz "morrer" ou ainda movimentos blindados que quando dão problema o conserto significa trocar toda a alma do relógio,..além disso o relógio pode parar de ser fabricodo etc.,..
Por estas e outras que hoje eu só compro relógios automáticos a única exceção foi um monitor cardiaco que comprei a pouco tempo,...
Vcvs consideram que um relógio a quartzo sempre será descartável?
E estes kinetic da seiko?? Também podem "morrer" de vez??

Dá para transformar sim, mas depende de algumas condições para que a transformação seja mais fácil ou mais difícil, ou até impossível.

Um dos problemas maiores é a altura da máquina, consideravelmente mais alta no mecânico. Por isso, a caixa precisa ter espaço para caber uma mecânica. É mais fácil usar máquinas à corda. Se a máquina tiver calendário, é muito difícil pois a posição das janelas não "casam". Outro problema é que os ponteiros fatalmente deverão ser trocados, pois o diâmetro da buchas é diferente.

O encaixe do mostrador não é um problema tão grande pois pode-se adaptar. A Sarica pode retirar os pézinhos e colocar novos na posição desejada, mesmo no mostrador original.

A coroa pode ser que tenha que ser trocada caso a rosca da tige original seja diferente da nova tige do mecânico.

Resta adaptar um aro espaçador ou bridas de fixação.

Dá para fazer, mas não é fácil e depende de caso para caso.

Abraços!

Adriano

Salve, amigos!

Para os que gostam dessas histórias,...
Apenas complementando a informação sobre o "transplante de coração" do meu Dubois.

O movimento original era um ESA, a quartzo ("ébauche" da parte mecânica, AS 536).

O movimento "doador", mecânico e automático, ETA 2873.


O mostrador continua dizendo que é QUARTZ, mas eu sei que é mentira!
    

Abraços!
 

Olá para todos.

Alberto, que história essa  . Fantástico.

Eu lembro desse tópico no outro Fórum.

Me diga uma coisa, você não acha que ao contrário do ditado popular, no seu caso "a emenda ficou melhor que o soneto" (será que eu acertei no contrário do ditado???  ).

Até mais.
César.

...
Vcvs consideram que um relógio a quartzo sempre será descartável?
E estes kinetic da seiko?? Também podem "morrer" de vez??
...

Salve, Abrantes!

Eu creio que não.
Não dá para ser tão "radical". Posto que há movimentos que são passíveis de manutenção, sim.
Neste particular, o fato de alguns serem "descartáveis", a coisa está é mesmo mais ligada a uma concepção do fabricante em si.

Digamos que duas coisas podem acontecer.
1) O fabricante, através de sua assistência técnica, troca diretamente o movimento, mesmo que eventualmente fosse tecnicamente possível efetuar um reparo.
Isso é feito estritamente por razões de custos - o movimento novo custa menos do que a mão de obra envolvida em um possível reparo.
Mas isso também pode ocorrer com alguns movimentos mecânicos.

2) Desde o início o módulo já foi concebido para não ser "aberto", são os chamados "blindados".
Aí a coisa já está definida.

Os "kinetic", "auto-quartz", etc,...
...,na verdade, são híbridos.
Há neles uma parte mecânica (basicamente o sistema de carga e o acionamento dos ponteiros) e uma parte eletrônica (a quartzo). A energia que alimentará o movimento é acumulada em uma bateria recarregável (ou "capacitor").

Considerando estes aspectos, a parte eletrônica não difere muito de um "quartz" qualquer. Estando, pois sujeita às mesmas "condições" e (eventuais) contratempos.

Abraços!

...
Me diga uma coisa, você não acha que ao contrário do ditado popular, no seu caso "a emenda ficou melhor que o soneto" (será que eu acertei no contrário do ditado???  ).
...

Salve, amigo César!

Pois é!... 

Olha,...
É mais ou menos como na vida (real). Eu acho,... 

Eu jamais faria o transplante, se não fosse o ocorrido.
    


Mas,...
Já que ocorreu, e houve uma segunda chance,...

Vida nova!
  

Um grande abraço!