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Uma rápida "review" do Órbita Sparta

Iniciado por admin, 15 Maio 2011 às 16:48:46

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flávio

Como já sabem, há alguns meses adquiri um Órbita Sparta do representante no Brasil, a CTR. O modelo era "new old stock". Como ressaltado no post anterior (http://forum.relogiosmecanicos.com.br/index.php/topic,5367.0.html), confesso que fiquei um pouco insatisfeito com o aparelho, que pareceu ser muito caro pelo que oferecia, muito embora eu tenha ressaltado as virtudes do mecanismo patenteado deles para giro do relógio.

Recebi há alguns dias, porém, um modelo novo, não "new old stock".

A questão sobre a necessidade de watch winders já foi discutida no fórum e, confesso, não cheguei a conclusão alguma. Mas como havia enviado vários relógios para revisão, resolvi adquirir um modelo para manter - ainda que eventualmente - todos os relógios que possuo em movimento. Se isso, como é divulgado pelas marcas, fará com que o lubrificante não se desloque por força da gravidade para locais inadequados ou não "seque" é questão a ser analisada no médio prazo.

Mas enfim. O aparelho novo seguramente trocou suas partes internas que, no antigo, era composto de um circuito fabricado na Alemanha com um motor elétrico suíço, muito embora tudo fosse montado nos Estados Unidos. O motor antigo era bastante silencioso, mas as engrenagens do sistema não. Era possível ouvir um pequeno barulho de engrenagens girando, o que não era irritante de modo algum mas, por exemplo, poderia incomodar uma pessoa que dormisse com o aparelho no seu quarto. Mas no geral, o aparelho era muito silencioso, até mesmo porque o ciclo de rotação, que durava menos de dois segundos, ocorria de 10 em 10 minutos. O novo motor e engrenagens parece mais silencioso. Na verdade, só consigo ouvir o aparelho funcionando quando ele está bem próximo de mim. Como podem observar pelas fotos, foi adicionada uma chave que possibilita a troca de ciclo, para algo mais longo, de 15 em 15 minutos.

Na minha experiência, o ciclo de 10 em 10 minutos consegue carregar do zero qualquer relógio que possuo em cerca de 15 a 24 horas. Portanto, para manutenção da carga do relógio já usado durante o dia, o ciclo de 15 em 15 minutos parece-me mais do que satisfatório. Segundo a Órbita (e eles garantem isso), o aparelho funciona pelo menos 5 anos sem qualquer troca de bateria. No ciclo mais lento, a durabilidade é ainda maior.

Parece-me que o sistema é ideal para pessoas que, por acaso, mantem relógios guardados em cofres de banco, pois não precisa de energia elétrica de tomada e sua bateria dura muito. O aparelho não é tão compacto, até mesmo porque precisa de espaço para colocar o relógio.

Não sou muito fã do sistema usual das fábricas de usar essas "espuminhas" para colocar os relógios. Há um concorrente da Órbita, cujo nome sinceramente esqueci, que utiliza um sistema de trava plástica. O problema das "espuminhas" é que nem sempre se adaptam ao tamanho do relógio. No modelo novo, a espuma permite que eu coloque meus relógios com pulseira metálica no aparelho, o que eu não conseguia no antigo. A espuma do antigo era muito grande! A nova também é espessa, mas pelo menos mais macia e flexível, o que permite a colocação dos relógios de pulseira metálica.

Aliás, a foto com o Ebel foi proposital. No modelo antigo eu só conseguia colocá-lo no aparelho na sua própria "espuminha" (a que vinha na caixa da Ebel). Fato é que, por ser muito leve, ela não possibilitava inércia suficiente no sistema após o giro inicial, razão pela qual o relógio, mesmo já bem carregado, não mantinha sua corda no aparelho. Utilizando a espuma original da Órbita, o problema parece ter sido solucionado, eis que o Ebel está no aparelho desde que o recebi e mantendo a carga (mas o Ebel precisa de ciclo de 10 em 10 minutos para manter a carga. De 15 em 15 ele para. Meus outros relógios não. Isso se deve ao sistema diferente de carregamento da Ebel, que utiliza magic lever).

O acabamento melhorou. É feito em couro sintético, não mais alumínio, o que conferiu ao aparelho um ar mais "luxuoso", coisa que o antigo não possuía. O antigo tinha um ar mais "técnico", se esse é o adjetivo.

O acionamento, agora, é feito através de um botão legal situado acima do aparelho, não mais na parte de baixo. Muito melhor.

O sistema da Órbita foi criado para imitar os movimentos do pulso. Eu sinceramente não sei se existe alguma vantagem em relação ao tradicional, que apenas gira o relógio. Uma coisa, porém, é fato: o consumo de energia é prolongado ao máximo pois, após o pivô central (mostrado na foto) dar meia volta no suporte do relógio, o circuito interno "corta" o motor e o relógio - auxiliado por um contrapeso localizado no sistema (mostrado na foto), simplesmente cai e balança para lá e para cá, como se fosse o movimento do pulso. Ou seja, no período de uma hora, o motor funciona seis vezes, mas o total de segundos funcionando não passa de 10!

A parte de baixo do aparelho possui "pezinhos" em borracha para impedir que ele deslize sobre as superfícies e, claro, um adesivo padrão "americano", que costumam ser orgulhosos do que fazem.

No fim das contas, o sistema é extreamamente inteligente, não consome praticamente NADA de energia, muito, mas muito silencioso, e eficaz.

Visualmente, a aplicação de couro sintético no aparelho lhe conferiu um ar mais luxuoso. Tecnicamente, a adoção de uma chave para mudança de ciclos permitiu que o usuário escolhesse a melhor opção para o seu relógio.

Não vou dizer que o acabamento do aparelho seja impressionante, pelo contrário, já que toda a caixa é feita de plástico, o que em tese não justificaria, nunca, o preço de aproximadamente 300 dólares nos EUA.

Porém, analisando o sistema, confesso que a utilização de circuitos e motores europeus, assim como mão de obra americana, com certeza contrbuíram para o preço um tanto quanto salgado. Porém, não estamos falando de porcarias chinesas aqui! Talvez por isso - e achei isso importante - a Órbita ofereça garantia de 5 anos no sistema, o que não é pouco.

Como ressaltado no texto anterior, os novos aparelhos da Órbita com baterias de lítio não permitem mais a utilização de pilhas alcalinas comuns. O custo do par de pilhas da órbita gira em torno de 70 dólares, o que não é pouco, mas, também, elas duram demais.

No final das contas, resumiria os prós do aparelho assim:

- Sistema extremamente inteligente e sem similar no mercado, que busca replicar o movimento do seu pulso ao girar o relógio. O conceito do sistema, também, permite que haja pouco consumo de energia;
- O motor é muito silencioso, praticamente inaudível;
- Opção de escolha de ciclo, o que permite adequar o aparelho ao seu uso e aos diferentes sistemas de carga que existem nos relógios;
- Visual adequado com a adição do couro sintético. Existem, de qualquer forma, outras opções no catálogo da Órbita, com caixas de madeira laqueadas, etc (tudo a um custo...).


Contras

- O sistema de colocar os relógios em "espuminhas", conquando "idiot proof", poderia ser aprimorado;
- Não é tão barato, apesar de o fabricante oferecer uma garantia muito extensa e não utilizar nada feito "no oriente";
- Não haver provas científicas e de campo sobre a real utilidade de um watch winder.


Mas no final das contas, fiquei satisfeito com o aparelho e o tenho usado bastante.


Fotos:






















Flávio

Paulo Sergio

Obrigado por essa descrição detalhada amigo Flávio!!!
Agora essa pergunta "sobre a real utilidade de um watch winder", vai dar bons comentários, espero!!!  ;) ;) ;)
Abraço
Paulo Sergio
Abraço
Paulo Sergio

FALCO

Flavio, muito bom o texto.
Pelas fotos fiquei com a impressão que o acabamento poderia ser melhor, entendo que o interior possa ser nobre, mas o exterior .
Eu quero muito comprar um WW, mas não consigo ter coragem de pagar us$ 300 neste aparelho, vou pesquisar mais, como diz o Nilo, tem vezes que a busca é a melhor parte.
FRM: contra argumentos, não há fatos !!!