Sobre as reservas de marcha. Atualmente, os movimentos estão com reservas maiores, cito os novos Omega, com 65 horas, se não me falha a memória. O problema é de metalurgia e necessidade. Metalurgia, porque a corda, quanto menos tensionada, menor torque irá imprimir. Haverá variação de isocronismo. Entenda-se: um relógio com corda "cheia" funciona de um modo, com corda vazia de outro. Partindo do pressuposto que, num relógio automático, você o utilizaria diariamente, não faria muito sentido reservas superiores a pouco mais do que um dia. Citemos o ETA 2824, que nem dois dias tem de reserva, mas 38 horas (ou 36, nem lembro). Enfim, o fabricante pensa que o relógio funcionará teoricamente carregado, na primeira porção da corda, o resto é lambuja. A necessidade também aí se explica.
Nos relógios de corda manual, a história é outra mas...Sem um marcador de reserva de marcha, nada adianta. Alguém vai se lembrar de dar corda em algo com reserva de marcha de dias, como os antigos Hebdomas? Não, duvido. Melhor você criar o hábito de acordar e dar corda no relógio. E, mais uma vez, há a questão de fazer algo com uma metalurgia tal que, no primeiro dia, funcione com o mesmo torque do último. Isso não é fácil.
No final das contas, essas reservas longas me lembram o meu relógio de mesa da Hermle (novo), com corda para 16 dias. Dou corda nele todo domingo, não a cada dois domingos. Primeiro, porque sei que ele tem torque constante na primeira metade da corda. O resto foi colocado lá de lambuja. E, ademais, é mais fácil para eu lembrar que tenho que dar corda nele todo domingo a uma vez a cada dois domingos.
A título de curiosidade, porém, os reguladores astronômicos tinham corda para cerca de um mês. Porém, eles não usavam molas como fonte de energia, mas pesos! A história é outra...
Flávio