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O QUE É ANALÓGICO E O QUE É DIGITAL?

Iniciado por Alberto Ferreira, 23 Julho 2012 às 20:26:36

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Alberto Ferreira

Salve, amigos!

Eu fiz essa pergunta lá naquele tópico do escapamento dead-beat, do Rolex Trubeat, etc.
Mas, como eu agora percebo que esta questão em si, embora passível de discussão e esclarecimentos, lá estaria tirando o foco de um assunto ainda mais importante, eu decidi transferí-la para cá.

< QUOTE >

A questão é...
Ser, ou não, uma leitura "analógica".

Eu vou tentar me explicar.
Na "leitura" daqueles ponteiros (que "saltam", quase instantaneamente, de um ponto a outro) não é possível atribuir um decurso de tempo entre os pontos, certo?
Ou seja, nós "lemos" aqui... Aguardamos... E temos outra leitura, lá... Nada no "meio tempo"... ::)

Como, aliás, acontece nos displays "digitais", mesmo que sejam mecânicos,...


Foto da NET

E aí?
Alguém tem algo a declarar?

Ou será que eu confundi demais a barafunda?  ::)
;)

Abraços!
Alberto


< UNQUOTE >

Pois bem,...
O conceito que eu pretendo discutir, e que tem bastante a ver com relógios, é este aqui ---> http://pt.wikibooks.org/wiki/Eletr%C3%B4nica_Digital/Sistemas_anal%C3%B3gicos_e_digitais

Então...
O que é analógico e o que é digital?

Abraços,
Alberto

edulpj

Bem, professor... O pulinho de segundo em segundo, visa emprestar uma confiabilidade e precisão que alguns equipamentos têm e outros não. Pessoalmente, variação de mais ou menos 5 minutos tá de ótimo tamanho, pois o segredo da pontualidade, não está em chegar na hora. Está em chegar ANTES ao compromisso.

Um dos meus objetos de desejo horológicos, é um relógio SINGLE HAND, os famosos relógios de ponteiro único. Não pode haver nada mais analógico do que eles. O ponteiro único, é um ponteiro de horas e a escala tem graduação mínima de cinco em cinco minutos. Dessa forma, é possível ESTIMAR com precisão até dois minutos e meio (metade da menor escala).

Pra mim, já estaria de ÓTIMO TAMANHO.

Quanto à sua pergunta-colocação, realmente existe um "grande" vazio de acontecimentos entre uma parada e outra do ponteiro de segundos de 1 Hz. Esse salto, é alto TOTALMENTE DIGITAL dentro de um mundo analógico... Pra quem não liga pra precisão abaixo dos cinco minutos, isso é irrelevante.

Mesmo assim, continuo entendendo que ponteiro de segundos de 1 Hz, é CERVEJA EM COPO DE PLÁSTICO...

rpaoliello

Alberto;

Não sei se entendi muito bem o tema que pretende discutir.

Mas a conclusão pretendida é que todo relógio seria digital, ainda que um pouco.

Explico:

O pressuposto do digital não é a representação de uma "variável quantizada", ou seja se encaixa em determinados padrões, pulando entre estes e não admitindo meio padrão ou padrão e meio.

Já o analógio não é uma vaiável contínua que percorre em pontos infinitos a escala como um velocímetro com ponteiro.

Assim, voltando aos relógios. A roda de escape não libera apenas a movimentação do ponteiro em espaços prefixados, "pulando" o segundeiro. Em outras palavras, a roda de balanço apenas solta o mecanismo que anda em saltos.

Daí, surge o digital andando em padrões, em variáveis quantizadas.
Portando relógio com roda de escape é digital não se enganem!!!!  Não é isso Alberto?

Um abraço.

Renato     


Alberto Ferreira

Salve!

Pois é...
Mais ou menos isso.


"Representação Analógica – Analogicamente, uma quantidade é representada por outra que é proporcional à primeira. No velocímetro de um automóvel, a deflexão do ponteiro é proporcional à velocidade do veículo. A posição angular do ponteiro representa o valor da velocidade do veículo, e qualquer variação é imediatamente refletida por uma nova posição do ponteiro. Outro exemplo é o termômetro, em que a altura da faixa de mercúrio é proporcional à temperatura do ambiente. Quando ocorrem mudanças na temperatura, a altura da coluna de mercúrio também muda proporcionalmente.

Quantidades analógicas como as que acabamos de exemplificar têm uma característica importante: elas variam continuamente dentro de uma faixa de valores. A velocidade do automóvel pode assumir qualquer valor entre zero e, digamos, 100 km por hora.

Representação Digital – Na representação digital, as quantidades são representadas por símbolos chamados dígitos, e não por valores proporcionais. Um exemplo clássico é o relógio digital, que apresenta as horas, minutos e às vezes os segundos, na forma de dígitos decimais. Como se sabe, o tempo varia continuamente, mas o relógio digital não mostra as variações de maneira contínua; pelo contrário, o valor é apresentado em saltos de um em um segundo ou minuto.
"

O texto acima é um mero resumo e foi retirado daquele link que eu citei.

A minha pergunta é...
Naqueles relógios, com ponteiros, mas com saltos discretos, nós podemos dizer que a leitura é analógica ou digital?

Abraços,
Alberto

Adriano

Não sei se entendi tudo direito, mas na minha compreensão, a leitura digital dispensa interpretação, enquanto a leitura analógica requer interpretação.

É simples explicar: uma criança sabe ler horas em um relógio digital sem que ninguém precise ensinar. O relógio analógico, não, necessita que se ensine à criança a interpretar o que significa a posição do ponteiro em analogia à uma escala, que é o mostrador.

Isso não quer dizer que um é melhor que o outro. A leitura digital e a analógica de um certo dado depende de áreas totalmente diferentes no cérebro. E há coisas que são melhores indicadas de maneira digital, outras, de maneira analógica.

Exemplo: uma balança digital é a coisa mais prática do mundo. Você coloca o objeto lá e ela te dá o peso, com exatidão e sem necessidade de interpretação. O mesmo não funciona com o conta-giros de um carro de corrida. Não adianta você mostrar quantos rpm está o motor digitalmente e dizer ao piloto "troque de marcha aos 9.000 rpm". O piloto não pode tirar os olhos da pista e leitura digital só pode ser feita olhando-se diretamente para os números, para que os números sejam focados e lidos pelo cérebro. Quando se usa a visão periférica (como os olhos na pista), torna-se impossível essa leitura. Pela visão periférica, ou "de canto de olho", como queiram, 2.000, 3.000, 8.000, 9.000 vira tudo a mesma coisa. Logo, usa-se sinais analógicos, como o próprio conta-giros analógico e/ou um aviso luminoso. Monta-se o conta-giros de um modo que, por exemplo, o ponteiro esteja em riste aos 9.000 rpm. O piloto não precisa olhar para ele: quando o ponteiro estiver em riste, coisa que pode ser vista pela visão periférica, sabe que é hora de trocar de marcha.

Tenho umidores onde guardo meus charutos e eles possuem um higrômetro com o mostrador voltado para fora da caixa. Ali leio se a umidade está no nível desejado ou não, que é por volta de 70%. Porém percebi que, se eu deixasse os mostradores dos higrômetros do jeito que eles vêm montados, com a posição de 50% na posição de "12 horas", digamos assim, eu sempre tinha que chegar bem perto das caixas para fazer a leitura. Eu tinha que de fato comparar a posição do ponteiro contra o mostrador do higrômetro. Aí tive a idéia de girar todos eles para deixar o 70% na posição de 12 horas. Desse modo, o ponteiro fica em riste quando a umidade está 70%. Se estiver tombado para a direita, a umidade subiu, se estiver tombado para a esquerda, a umidade caiu. E posso fazer essa leitura de longe, não preciso chegar a 20cm do mostrador dos higrômetros para comparar o ponteiro contra o mostrador.

Bem, acho que falei falei e não disse nada, mas é isso aí. É só para exemplificar que uma leitura não é melhor que outra, necessariamente.

Abraços!

Adriano

edulpj

Aí vai muito também do COSTUME... Aprendi a ler horas em relógio de parede sem ponteiro de segundos... Aprendi a calcular com RÉGUA DE CÁLCULO (escala logarítmica). Aprendi a medir mecânica com PAQUÍMETRO e MICRÔMETRO (escala VERNIER). Como tinha muita medida no sistema imperial, ainda de quebra aprendi a ler escala Vernier com fração de polegada...

Calculadora eletrônica, relógio digital (tive um PULSAR a LED...), paquímetro e micrômetro digitais, são "muderrrrrnidades" que nunca me fizeram falta.

Leitura digital, EMBOTA o raciocínio...

Jmm

Vai aí o que entendo por analógico e digital:

Analógico: Um equipamento/instrumento é dito analógico quando, para compreensão da informação daquele aparelho, é necessário comparar a indicação com uma referência. A indicação normalmente é dada por um ponteiro ou cursor e a referência é uma escala (mostrador). Além disso a grandeza representada varia continuamente no tempo.

Digital: A informação é transmitida de forma direta e é uma amostra, coletada em intervalos regulares, da grandeza representada.

No caso dos relógios acredito que devemos considerar apenas o aspecto da forma de apresentação da grandeza para considerá-lo digital ou analógico. Se mostra com ponteiro é analógico, senão é digital. Dessa forma, aqueles relógios mecânicos de pulso, que mostram as horas em janelas através de discos rotativos podem ser considerados digitais.


Bernardo

Citação de: Alberto Ferreira online 23 Julho 2012 às 20:26:36

A questão é...
Ser, ou não, uma leitura "analógica".

Eu vou tentar me explicar.
Na "leitura" daqueles ponteiros (que "saltam", quase instantaneamente, de um ponto a outro) não é possível atribuir um decurso de tempo entre os pontos, certo?
Ou seja, nós "lemos" aqui... Aguardamos... E temos outra leitura, lá... Nada no "meio tempo"... ::)

Como, aliás, acontece nos displays "digitais", mesmo que sejam mecânicos,...



Entendo que, no nosso hobby, relógio digital é simplesmente aquele em que as informações são exibidas através de dígitos; no relógio analógico, as informações são exibidas através de ponteiros. Acho que, na discussão, deve se considerar se os dados são discretos ou contínuos. Se a informação aparece aos "saltos", os dados são discretos. No caso do ponteiro de segundos de um relógio com 36.000 bph, levando-se em consideração a nossa percepção, tal movimento poderia ser considerado contínuo (ou quase).

Assim sendo, acho que poderíamos falar em leitura "analógica discreta", leitura "analógica contínua" e leitura "digital discreta"... 

Abs,
Bernardo 

Alberto Ferreira

#8
Salve, amigos!

Sempre há diferentes maneiras de interpretarmos algo...

Mas,...
Pontos de vistas que podem ser filosóficos, prático/pragmáticos, "românticos", "tecnocráticos", "leigos", ou nada disso...
...ou tudo isso.   ::)

Não há certo ou errado, ou pode haver ambos.   ;)

Mas,...
Caindo na real, e lembrando da vertente "educativa" (não encontrei palavra melhor...  :-[) do FRM.

Do ponto de vista conceitual da pergunta título,...

Este...

Fonte da imagem: NET

... no segundeiro, apresenta uma leitura digital.


E este...

Fonte da imagem: NET

...apesar do que "diz" o mostrador...
...teria uma leitura analógica.


Ok... Ok!
Alguns certamente dirão,...
Mas eu chamo de outra forma...  E todos me entendem... ::)

Certo.
E esta é a razão do tópico.
Lembram de que eu falei em conceitual, não?

Alguém pensa diferente, ou tem algum argumento (contra ou a favor  :D)?

Abraços,
Alberto

Jmm

#9
Pra mim, conceitualmente, seria o contrário (e há quem me entenda  ;D). O primeiro apresenta leitura analógica e o segundo apresenta leitura digital.
As literaturas que já consultei sobre essa distinção levam a essa conclusão.

Se pensarmos em relógios eletrônicos, com display de LCD, a leitura não é digital? Então...

Tem outro aspecto que podemos observar para nos ajudar a chegar a uma conclusão. Nos aparelhos analógicos a leitura está muito mais propensa a erros de interpretação que nos digitais já que estes apresentam dígitos, ou seja, leitura direta. Dependendo da posição/ângulo que olhamos o primeiro relógio podemos interpretar de forma errada a indicação dos poteiros, sei lá, estar entre 6 e 7 e enchergarmos como se estivesse entre 7 e 8, principalmente se o mostrador utilizar dísticos em lugar de algarísmos. No segundo relógio não há esse risco, os números estão lá e são somente eles.

É apenas meu ponto de vista.

edulpj

Lá na universidade, cursei uma disciplina denominada ELEMENTOS DE LÓGICA DIGITAL.

A palavra DIGITAL, refere-se a GRANDEZAS BINÁRIAS, ou seja, grandezas que só podem assumir DOIS DIFERENTES ESTADOS. Zero ou Um, Verdadeiro ou Falso, Conduz ou Não-Conduz etc.

Toda uma nova vertente da Álgebra foi criada para tratar as grandezas binárias e seus respectivos operadores. É denominada ÁLGEBRA DE BOOLE ou ÁLGEBRA BOOLEANA.

Para nós humanos, é muito fácil raciocinar em termos decimais, pois NASCEMOS COM DEZ DEDOS NAS MÃOS. Se tivéssemos apenas um dedo em cada mão, seríamos seres de cérebro binário.

Um ponteiro de segundos que pula numa freqüência de 1 Hz num relógio cujo temporizador é um cristal de quartzo, o faz pois é movido por um "motor de passo de 60 pontos". Esse motor é controlado por um microcontrolador que a cada transição de 0 para 1, excita o motor para avançar um passo. Num relógio quartz, o avanço do ponteiro de segundos É UM FENÔMENO TOTALMENTE DIGITAL.

As históricas quatro rodas, se comportam como MEROS REDUTORES MECÂNICOS. O ponteiro dos minutos, gira sessenta vezes mais devagar que o ponteiro dos segundos. Se for possível ampliar a visão, observaremos que o avanço dele TAMBÉM É UM FENÔMENO DIGITAL. Apenas o VISUALIZAMOS como analógico por ILUSÃO DE ÓTICA. Raciocínio idêntico para o ponteiro das horas, que gira doze vezes mais devagar que o ponteiro dos minutos.

Sob esse aspecto, um mecanismo de escape, evolui TAMBÉM COMO UM FENÔMENO BINÁRIO, pois ele só assume dois estados: TRAVADO ou LIBERADO...