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Indústria dos relógios tradicionais não teme invasão de aparelhos inteligentes

Iniciado por naio21, 05 Setembro 2013 às 19:05:56

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naio21

Abs,

Ivan B. Prado

bonzaki

Pois é, eu abri um tópico em outro fórum pra discutir esse assunto, e o Rovel postou esse link aí.

Só a nata dos fóruns!

MRL

Eu li um estudo da HEC da Suíça, que divide os relógios em 5 grupos, em função de luxo vs preço baixo, desenvolvimento mecânico vs quartzo e aspectos técnicos vs design.

Ele define os grupos em:

1. Conhecedores/Especialistas - aspectos técnicos e desenvolvimento mecânico

2. Relógios Esportivos - aspectos técnicos voltados para o esporte

3. Joalheria - alto luxo

4.Lifestyle -luxo Acessível

5. Fashion - design e preços acessíveis

Acho que os grupos 1, 2 e 3 não serão afetados pelos smart watches.

Não vejo ninguém trocando um JLC Mecânico por um SmartWatch, ou um Moon ou um Submariner, muito menos quem compra Cartier ou Bvlgari.

Já nos grupos 4 e 5 deve haver uma entrada dos Smart Watches até porque quem compra marcas tipo CK, Coach, Diesel não sabe o que está comprando, ou pessoas não educadas que compram um Tissot por exemplo poderiam experimentar.

Carbonieri

sic transit gloria mundi

ThiagoDF

Membro do RedBarBrazil

Adriano

Como disse, me promoveram erroneamente para relojoeiro. Falha de interpretação do entrevistador.

Abraços!

Adriano

CHICO

Assistindo o vídeo que o Filipe postou em tópico sobre a Frank Muller, acabei assistindo a esse outro, que complementa a opinião dos mestres, no artigo postado aqui (neste tópico); de que os "relógios tradicionais de luxo" são objetos de desejo, história e estilo.

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=ZYIC_9sAvJk&feature=fvwp[/youtube]

jungman

Olá meus caros foristas;
Na minha opinião, existem vários grupos de público, cada grupo deste publico, classificado pela sua idade, depois pelo seu poder aquisitivo, e por fim pelo conhecimento. Este ultimo, parece-me que é sempre o ultimo mesmo.
Dependendo de cada grupo, a idade, poder aquisitivo, e conhecimento, e das doses de cada destes ingredientes, acontece o consumo.
As empresas que fabricam as novidades, apostam na combinação de pouca idade com poder aquisitivo baixo, então criam esta tranquerada que vemos na 25 em S.paulo. É o comercio efemero. dura poucos dias, e logo é substituidos por um novo produto mais moderno, e que faz mais alguma coisa. Calculo que devido ao imenso numero de jovens este é o maior dos grupos.
As empresas que fabricam bens mais duraveis, de melhor qualidade, e sem tantas e excepcionais funções, num mesmo produto, apostam num grupo, onde existe a combinação de uma maior idade, maior poder aquisitivo, com inicação de algum conhecimento; para estes ficam os produtos com melhor acabamento, mais elaborados, mais duráveis, não descartáveis.
Por fim temos as empresas que fabricam bens destinados ao publico cuja combinação é  3ª idade, grande poder aquisitivo, e bastante conhecimento, onde já não há ilusões com aquisição e só o melhor interessa. So para citar, aí temos Patek, RR, etc
Estou no começo da 3ª idade, conhecimento??? cheguei a conclusão de que não sei nada, só me falta a grana; porque bom gosto tenho de sobra, e admiro coisas belas e produzidas com arte e conhecimento.
Se depender de mim esta industria de relogios tradicionais jamais vai morrer. Quanto a industria de eletronicos e multifuncionais, eu não dou a minima se sumirem, até sempre digo, que eu era mais feliz quando esta tecnologia era desconhecida.

Um abraço a todos.


Flavio

Adriano

O mercado de relógios não funciona bem assim não. Ministrei uma palestar exatamente sobre esse assunto.

Idade é um fator praticamente irrelevante. Claro que temos uma faixa, digamos, de adolescentes, que não consomem um Vacheron, e uma faixa de homens maduros que não consomem Ice Watch. Fora isso, entre 25 e 90 anos de idade, acontece de tudo e a idade não faz diferença.

O poder aquisitivo é obviamente extremamente relevante, mas existem públicos completamente diferentes e que consomem produtos completamente diferentes mesmo dentro de exatamente a mesma faixa de poder aquisitivo. Essa é uma das coisas mais difíceis de ser compreendida pelo público geral e pelos profissionais da área que trabalham diretamente com venda. Exemplificando, o cara que consome Hublot de R$ 100K é completamente diferente do cara que consome Breguet dos mesmos R$ 100K. O tamanho da conta bancária é o mesmo, a idade pode ser a mesma, o nível de instrução idem, o nível de conhecimento SOBRE RELÓGIOS, acreditem, pode ser o mesmo também. Mas a carga cultural (e isso não significa necessariamente ter mais ou menos cultura), é bem diferente e isso normalmente envolve ser um rico de uma família tradicional ou rico que ficou rico em sua própria geração. Não muda necessariamente a qualidade da cultura, mas o grau de maturidade dessa cultura. Isso não é regra, mas é o que normalmente rege a decisão de compra.

Isso explica o motivo de, no Brasil, por exemplo, você ver uma vitrine enorme de Hublot, em posição privilegiada, e um par de Breguet ou Vacheron em outra vitrine, numa posição baixa, de pouco destaque, enquanto na Banhofstrasse em Zurique você tem uma suntuosa boutique exclusiva da Breguet de um lado da rua e uns Hublot escondidos num canto de uma vitrine do outro lado da rua.

É fundamental não encarar isso como preconceito ou como esteriotipagem nem das pessoas nem dos relógios, mas sim encarar isso como um fato mercadológico que, se você não compreender, você não ganha dinheiro nesse ramo. Isso não significa que o consumidor rico tradicional é melhor nem pior que o novo rico, nem que o Breguet é melhor que o Hublot. Apenas que o que a expectativa de cada grupo de consumidores é totalmente diferente mesmo com o bolso do mesmo tamanho, e que os relógios oferecem coisas completamente diferentes mesmo com tarjetas de preço iguais.

O mercado de relógios é um pouco mais complicado do que o de luxo num geral.

Abraços!

Adriano

flávio

Há diversos tópicos esparsos sobre o assunto, mas um livro chamado A Time to Change ( http://forum.relogiosmecanicos.com.br/index.php?topic=5580.0 ), que inclusive eu e Adriano lemos, o aborda à exaustão (e tome exaustão! O tijolo de 500 páginas lá pelas tantas se torna repetitivo e meio cansativo, mas gostei do livro, não posso negar).

Basicamente, a obra separa mercados claramente emergentes, novos mercados e mercados consolidados. E separa as "costas" dos EUA como um caso a parte, dadas as peculiaridades do mercado de consumo de lá.

Mas posso dizer que na Europa, como o Adriano ressaltou e o livro também o faz, o consumidor de relógios de luxo (na sua maioria) não tem absolutamente NADA a ver com o de mercados emergentes. Nos mercados emergentes, o que comanda o consumo (ainda) é o bling, é o mostrar aos outros quanto tem na carteira. E particularmente sobre Hong Kong e Singapura, os maiores mercados consumidores do mundo proporcionalmente falando, há outra questão: não há espaço nos locais. Então, você não "bota banca" com casas suntuosas, como, por exemplo, amigos que tenho que residem em Jurerê, Florianópolis. Você tem que "carregar" o sucesso em algum lugar para mostrar aos outros.

Isso explica a mudança de designs de 10 anos para cá, para "relojões". Como a indústria passava por uma crise federal nos mercados estabilizados, lançou suas cartas para o Oriente. E oriental quer botar banca, e um Patek de 36 mm discreto até os ossos nunca faria isso. Mas um Hublot de 47 cheio de bling sim!

E como ganharam e ganham dinheiro lá... O problema é que às vezes acho que o Suíço é meio burro... Já li diversos livros sobre os aspectos econômicos da indústria e várias vezes eles repetem os mesmos erros e, pasmem, ainda saem por cima!

O que quero dizer é que a tendência de um mercado emergente é se tornar consolidado e com consumidores de luxo que apostam no produto não mais pelo bling, mas pelo seu valor intrínseco, tradicional, etc.

Pois bem. Sabendo isso, por que a maioria da indústria quer que todos engulam esses produtos claramente feitos para mercados emergentes e, pior, orientais?

Não posso negar que a Audemars Piguet, por exemplo, nunca deve ter vendido tantos relógios na sua vida e tem tantos endorsers conhecidos no seu plantel. Mas vocês acreditam sinceramente que Royal Oaks Offshores vermelhos, roxos, azuis, com 50 mm, etc, irão durar (estilisticamente falando) para sempre? É claro que não!

Falando das conhecidas marcas de patrão da Suíça (AP, VC e Patek), percebemos claramente que a última nunca se meteu nesses troços e nem por isso deixou de ganhar dinheiro; a VC se meteu mas pulou fora faz tempo; a AP não só se meteu como, na minha opinião, parece um tanto quanto perdida no mercado atual. Que diabo a AP representa hoje? Eu não sei... Há tantos relógios estranhos na linha que sempre foi ultra tradicional, e que de uns tempos para cá se voltou para o Oriente, que nem sei.

Resumindo. No mercado emergente, como Brasil, banca põe mesa e vende; no mercado consolidado, entenda-se, Europa, não. Porém, a tendência do mercado emergente é se tornar consolidado e aí outros valores irão se impor. A pergunta que não quer calar é sobre o futuro da indústria suíça: relojões e, principalmente MARCAS criadas nos últimos anos sem qualquer histórico de tradição, irão sobreviver no futuro?

Deixo a pergunta no ar, para a qual não tenho resposta, apenas opiniões, como acima ressaltei...

Flávio

MRL

Adriano e Flavio, brilhantes os posts sobre o mercado de relógios! Aprendi um monte com vocês!  Obrigado!

Vou correr atrás deste livro para ler, deve ser bem interessante.

ThiagoDF

Citação de: MRL online 07 Setembro 2013 às 20:41:36
Adriano e Flavio, brilhantes os posts sobre o mercado de relógios! Aprendi um monte com vocês!  Obrigado!

Vou correr atrás deste livro para ler, deve ser bem interessante.

+ 1

Amo esse fórum! ;)
Membro do RedBarBrazil

erivelton

As mensagens estão bem elucidativas aqui. Minha humilde opinião: até mesmo entre os entusiastas de tecnologia estes relógios "inteligentes" não fazem tanto sucesso. Eles raramente cumprem a contento o que se propõem, e possuem uma autonomia ridícula para algo que se preste a substituir um relógio de verdade. Eu tive um liveview, a primeira incursão da Sony nessa área, e era um desastre. Toda hora perdia a sincronia, me obrigando a reiniciar o relógio, com isso perdida a principal função que era ter notificações mesmo com o celular no bolso. De quebra tinha que carregar no mínimo a cada 36h, o que para mim representa um incômodo considerando que isso deveria ser um aparelho ágil, o que para mim quer dizer o máximo de tempo longe da tomada. Eu acho que ainda vai levar um bom tempo até Dick Tracy virar realidade :-D

Carbonieri

pra nós aqui (leia-se eu), em resumo, com o passar do tempo o tamanho dos relógios vão diminuindo.....resumo beeeem simplista, mas os meus já diminuiram um pouco. Já melhorar as marcas adquiridas ainda não tá dando  8)
sic transit gloria mundi

flávio

Carbonieri, que fique claro: meu gosto por relógios "menores" se deve muito mais ao meu tamanho (1.68 m) a questões de mercado. E, como ressaltou o Adriano, o desafio em toda indústria é saber para quem vender seu produto. Portanto, do ponto de vista de mercado, os suíços não estão errados, se o Oriente e países emergentes querem relógios com bling (e isso não significa apenas tamanho), que seja. Mas que não esqueçam que também vendem para outros e que não conseguirão fazer com que todos engulam o que querem. E, parece óbvio, mas nem tanto, "cada macaco no seu galho". A experiência da Zenith com "inovações" bling foi desastrosa, para dizer o mínimo. Se aqueles modelos tivessem surgido dentro de uma nova marca, não teria problema algum. Aliás, talvez até uma marca com nome diverso tivesse bastante sucesso com aqueles relógios. Mas a Zenith? Porra, os CEOs tem que mandar seus "torpedos" para os alvos certos, essa a grande discussão da indústria atualmente e deste tópico. Quem é meu público? Como agradá-lo? Com o que agradá-lo? As respostas que servem para um fabricante não servem para outro, muito embora existam marcas que agradem a gregos e troianos e tenham penetração idem no mercado (primeiro exemplo que me veio na mente? Rolex). Mas como estamos discutindo, a teoria parece mais certa do que a prática...

Flávio

Carbonieri

Flavio quanto a mim, não sei o porque de estar gostando de relógios um pouco menores mas ainda grandes....acabei fazendo um paralelo com seu post...mas de um tempo pra cá passei a olhar no espelho e ficar incomodado com relógios maiores de 42mm e meu pulso acredito ser de médio para grande (18cm).....fazendo uma brincadeira novamente "me vinha aquele ar de cantor de rap, aí eu tirava logo". Por outro lado, meu maior gosto é por diver, e diver com menos de 40mm, também ja começa a ficar pequeno....acabei fugindo um pouco to post, mas tamos ai pra bater papo....abraço.
sic transit gloria mundi