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Diferenças entre os atuais reguladores micrométricos. Quais são?

Iniciado por admin, 08 Novembro 2013 às 15:58:00

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flávio

Desde que comecei a estudar conceitos de relojoaria, deparei-me com um sem número de reguladores, dos mais simples "registros" adiantar e avançar, até coisas estranhas, como os de cronômetro da Omega (e Zenith, muito semelhantes) dos anos 50. Visualmente falando, gosto dos "pescoço de cisne", mas o padrão atual tornou-se o ETACHRON nos relógios da marca e suas variações em outras. Mas o regulador Triovis sempre foi considerado algo "superior" na indústria, sabe-se-lá o motivo... Já discutimos aqui os sistemas antichoque KIF e Incabloc, que funcionam do mesmo modo, mas aquele também goza de um sentimento de "superioridade" na indústria, embora tenhamos chegado à conclusão, na época, que isso não tem muita razão de ser.

Lembro-me de possuir dois relógios com regulador Triovis, o Zenith Elite e o Nomos Tangente, ambos com calibres "feitos em casa".

A pergunta para os que estão na prática é: existe de fato alguma vantagem na regulagem entre o Triovis e demais, sobretudo Etachron? E vou além: que diabo é Etastable nos reguladores da ETA? Ajudariam fotos para compreesão, diga-se de passagem... ???


Flávio

Adriano

Flávio, vou ficar devendo as fotos. Mas, o que o Triovis faz e o que o Etachron faz são coisas diferentes. Até porque Etachron não é um regulador ou um tipo de regulador. São duas coisas diferentes e que servem para coisas diferentes.

Back to basics: o que é um regulador? É o elemento no relógio que permite que você ajuste a marcha do relógio, fazendo-o adiantar ou atrasar. Como? Alterando o comprimento útil da espiral ou comprimento teórico, como queira chamar, que é o ponto onde a vibração da espiral termina, e isso ocorre no ponto em que a espiral passa por dentro dos dois pinos do regulador. Se você "encurta" a espiral, a marcha acelera. Se "alonga" ela, a marcha atrasa.

Ponto. Então o que é o Triovis? Nada mais que um tipo de regulador fino, ou regulador micrométrico, como preferir. Ou seja, ele faz a mesma coisa que o pescoço de cisne e outros tipos de reguladores micrométricos: ele permite uma regulagem super fina, pois no regulador comum, você não tem muito controle do quanto mover o regulador para lá ou para cá. Especialmente pelo fato de que o regulador é montado bem firme para que não se desloque com vibrações ou impactos. Quando você manipula o regulador direto com uma pinça, acaba movendo ele demais. O regulador fino permite um ajuste bem pequeno, invisível praticamente, mas efetivo. O parafusinho do Triovis faz isso: você gira ele para lá ou para cá para mover micrometricamente o regulador.

Já o Etachron é outra coisa: ele é um sistema de ajuste da espiral. Ajuste? Sim, ajuste, que é algo totalmente diferente de regulagem, embora os termos sejam comumente confundidos. O Etachron não faz nada com a marcha: ele permite sim um ajuste prático da abertura dos pinos do regulador e da centralidade/concentricidade da espiral. Como? O regulador possui dois pinos por onde a espiral passa por dentro. Os pinos apoiam a espiral quando ela expande ou contrai, a cada ciclo do balanço. Para que o regulador funcione como um limitador preciso do comprimento útil da espiral, é importante que os pinos estejam bem alinhados e corretamente espaçados, caso contrário, o comprimento útil da espiral pode mudar dependendo da posição de trabalho do relógio. Para você ajustar isso num regulador simples, normalmente tem que desmontar a ponte, virar de cabeça para baixo e afastar ou apertar os pinos com ferramentas. Trabalho delicado. O que o Etachron faz? Permite você ajustar o espaçamento dos pinos sem desmontar nada, e com o relógio funcionando, bastando colocar a ferramentinha em cima da cabeça do dispositivo. Isso não é apenas prático na hora da manutenção mas como, PRINCIPALMENTE, permite que isso seja feito por máquinas, automaticamente. Sacou?

O que mais o Etachron faz? Ele tem uma cabecinha semelhante sobre o porta-pitão. O pitão clássico é fixo no porta-pitão com um parafuso. Se o pitão girar para lá ou para cá, você consegue trazer a espiral mais para fora ou mais para dentro de sua concentricidade. Denovo, é trabalhoso fazer isso com precisão. Há pitões que são pré-ajustados: tem a forma de um triângulo que se encaixa no porta-pitão sem permitir que se gire para lá ou para cá. O que o Etachron faz? Denovo, com a ferramentinha Etachron, coloca-se sobre a cabecinha do sistema e gira para lá ou para cá, sem desmontar nada, ajustando a concentricidade da espiral. Denovo, permite que isso seja feito automaticamente.

Logo, o Etachron não tem nada a ver com regulagem, não diretamente, mas sim com ajuste. O Etachron, portanto, pode ser usado com ou sem regulador fino. Os ETA 2824, 2892 e 7750 modernos tem Etachron e regulador fino. Os Seiko 7S26 novos tem um sistema que imita o Etachron, funciona do mesmo jeito, e não tem regulador fino.

Por fim, Etastable: é um nome bonitinho para uma técnica que a Nivarox aplica sobre as espirais, pelo menos nas espirais fornecidas para a ETA. A espiral de qualquer relógio pode acidentalmente dobrar para dentro no ponto próximo à curva terminal mediante um impacto. O Etastable é um processo que consiste em temperar o ponto da espiral próximo à curva terminal, deixando-o mais resistente à dobra e evitando esse problema. Você percebe, olhando com uma lupa, que esse ponto da espiral é marrom, aquele tom de têmpera (antes do azul).

É isso aí.

Abraços!

Adriano

flavio

Cara, compreendi tudo. Aliás, sabia de tudo mas não estava correlacionado os nomes ao que é. Vou procurar fotos para os demais. Mas na prática op relojoeiro gostam mais do parafuso da eta ou n lateral triovis? E qual a origem do mito do triovis ser melhor? Flávio

Adriano

Boa!

Cara, o parafuso do tipo do ETA 2824 e 2892 é bem prático e fácil de manipular. Aqui, denovo, é mais uma questão de ser mais prático para uma máquina fazer automaticamente do que exatamente para facilitar a vida do relojoeiro.

Eu não posso te dizer com certeza a opinião dos relojoeiros; além disso, relojoeiros são muito mais pessoais do que técnicos em suas opiniões e por isso nunca há consenso sobre nada, quando o assunto é opinião pessoal. O que uns adoram, outros odeiam.

Então vou na minha opinião, que já mexi com os dois: o Triovis é "mais milimétrico" do que o parafuso dos ETA. Além disso, o parafuso dos ETA nada mais é que um excêntrico então apesar dele movimentar bem pouco o regulador, ele não é muito analógico, você não tem referência com ele, você não consegue determinar com precisão o quanto de movimento do parafuso provoca o quanto de alteração na marcha. Você tem que virar e ver no aparelho o quanto deu. Aquela escala que tem perto do parafuso é de pouca utilidade, não é do tipo "cada tracinho significa um segundo por dia". O Triovis não, você consegue saber exatamente o quando virar o parafuso para fazer uma mudança de "X" segundos por dia. É tipo como um quarto de volta no sentido horário faz ele ganhar 1s/dia. É show de bola. Por isso acho que não é mito, ele é mais bem bolado.

Abraços!

Adriano

igorschutz

Show de postagem, Adriano! Você de fato é um ícone do FRM!
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

Alberto Ferreira

Beleza!

Mais uma verdadeira aula, dada por quem já tocou com as mãos e sabe.
Mesmo que nas ressalvas das devidas "opiniões pessoais", é importante que se diga.


E principalmente que sabe explicar, e ainda mais, em linguagem acessível.
Tão importante quanto saber.

Gratos por mais essa, Adriano!

Alberto

flávio

Achei rapidamente as fotos, onde deveria ter buscado inclusive as explicações desde o início: nos artigos do Walt Odets escritos há uns 15 anos, ainda referência na rede. As fotos são dele:

Na foto 1, vemos todo o conjunto de ajuste do balanço de um ETA 7750. 1 é o index do regulador micrométrico, 2 o parafuso de ajuste excêntrico, que gira 3 e altera o comprimento útil da mola. Ao lado do 3, preso por uma "pinça", o piton que pode se movido para um lado e outro. Esse é o sistema Etachron.




Numa foto em close up o sistema Etachron. O ponto 1, acredito, é onde se aplica o Etastable, a dobra da mola.



Aqui um Triovis usado no JLC 882, que a IWC colocava nos seus Mark XII. O 1 é o parafuso de ajuste.




Ah! Olhei agora e meu Ebel Type E também usa Triovis.


Espero que todos tenham entendido melhor agora! Meu vacilo deconceitos acabou sendo bom pela explicação da pesada do Adriano.


Flávio


Daniel Eira

Membro do RedBarBrazil
Siga @Watchfy

Adriano

 Imaginem, só tento "agregar valor" ao fórum! ;D

Flávio, perfeitas as imagens, é isso aí.

Abraços!

Adriano

Bernardo


Adriano

Qualquer regulador fino é melhor que nada. Esse regulador dos KS também não oferece precisão "calculada", mas tem como proposta uma idéia muito legal: a de regular a marcha com o mecanismo montado na caixa e a caixa fechada. Isso evita que a regulagem feita seja perdida depois de se montar o mecanismo na caixa.

Agora, que fique claro: nenhum regulador é melhor do que a ausência dele, com o uso de balanço de inércia variável. É de longe a melhor solução.

Abraços!

Adriano

GuilhermeLago

Botando mais lenha nessa fogueira, o que me dizem do EFAS (extra Fine Adjustment System) da Accutron? Com ele, não é preciso sequer abrir o relógio para fazer a regulagem.


Não consegui achar nehuma imagem dos "intestinos" do bicho prá saber como ele atua no regulador e também não tenho certeza de se essa "facilidade" é mesmo útili. E então, quais as opiniões a~i?

[]s!

Adriano

É a mesma coisa que o sistema do King Seiko, mas pior: é feito para o próprio usuário ajustar a marcha.

A idéia do próprio usuário ajustar a marcha do relógio é ótima, mas com o que ele vai aferir essa marcha? Daquele jeito tabajara de comparar com outro relógio? É totalmente impreciso e inútil. É a mesma coisa que você bolar um carro onde você mesmo ajusta a potência dele. Beleza. E como você averigua isso sem ter um dinamômetro em casa? Você consegue sentir se seu carro ganhou ou perdeu 10 cavalos só dando uma arrancada em primeira e segunda marcha na rua da sua casa?

Enfim, acho a mesma coisa. Uma idéia muito vendável, pouco eficiente, ou quase nada eficiente. Pois se você não medir com precisão a marcha, não medir nas condições corretas de corda, vai fazer ajustes imprecisos e piorar a marcha. Tem que ser corajoso para encarar o pós-venda disso.

Mas, claro, só minha opinião, posso estar enganado.

Abraços!

Adriano

Dicbetts

Mais conhecimento assimilado.

Excelente tópico: dúvidas pertinentes e explicações sem empolação ou professoralismo.

Fizeram o complexo parecer fácil.

Parabéns a todos.

Dic

FALCO

Citação de: Adriano online 08 Novembro 2013 às 18:00:40Cara, o parafuso do tipo do ETA 2824 e 2892 é bem prático e fácil de manipular. Aqui, denovo, é mais uma questão de ser mais prático para uma máquina fazer automaticamente do que exatamente para facilitar a vida do relojoeiro.

Adriano, em resumo, qualquer que seja o tipo de regulador esta é uma vantagem para o relojoeiro, não para o proprietário do relógio, correto? No principio que esta peça ajuda na manutenção (serviço) e não no desempenho do relógio.
FRM: contra argumentos, não há fatos !!!

flávio

Falco, não. O regulador é fundamental no ajuste da "precisão" do relógio. Através do regulador, você ajusta a marcha diária do relógio em cada uma das posições. O sistema não deve ficar à disposição de usuário porque "ajustar" um relógio não significa apenas saber que o relógio está atrasando e, com uma chave, girar o regulador micrométrico para o "adiantando". Se fosse assim tão simples, não existiria a função específica do relojoeiro "regulador", como mostrei em outros tópicos os caras que regulavam os relógios da Omega para competições.

E explico o motivo, de uma forma simples. O balanço é redondo e supostamente equilibrado, como uma roda de bicicleta. Ou seja, um balanço, colocado em qualquer posição (seu relógio colocado em qualquer posição, entenda-se), tende a estar em equilíbrio sempre. Uma roda de carro está sempre em equilíbrio assim, o centro de gravidade o mesmo.

Porém, o conjunto regulador não é composto apenas do balanço, mas há a espiral que faz o movimento e vai e vem dele. E a espiral, pelas próprias fotos que coloquei acima, tem um ponto de fixação ao final de sua curva. Dependendo da posição em que o relógio estiver, o "peso" das espirais irá "cair" de forma diferente e isso acarreta erros. O troço mais difícil de se conseguir num relógio é o equilíbrio no ajuste posicional. Recomendo uma releitura do tópico sobre análise de boletins de marcha. É por isso que num relógio bem ajustado, como os cronômetros, costumam até mesmo imprimir no corpo da platina inscrições como "ajustado em tantas posições".

Partindo do pressuposto que entendeu esse conceito, que está colocado de uma forma mais tosca do que é para facilitar o entendimento, parto para outro.

Imagine agora o regulador. Se entendeu como funciona, ele ALTERA o comprimento útil da mola. Em síntese, ele altera todo o "formato" da mola a cada vez que você gira o mais ou menos do registro.

Ou seja, a cada vez que você muda o regulador, você altera TODO comportamento da mola EM TODAS as posições, e de forma imprevisível! O relojoeiro tem que ajustar tudo em cada posição e conseguir um equilíbrio em todas as posições. Afinal, pode o relojoeiro conseguir um zero de erro na posição mostrador para cima e, quando colocar coroa para cima, o relógio passar a adiantar 50 segundos; para compensar isso, ele reduzirá essa posição o que poderá...Detonar o ajuste na outra! É difícil bicho! E com regulador então, que a cada mexida, muda TODO comportamento da mola, uma chatice.

Vou seguir um pouco mais. E se tirássemos o regulador e, ao invés de mudar a mola, o que acarreta esse monte de problemas aí, alterássemos o momento de inércia do balanço, mantendo-o sempre equilibrado? Como assim? Ora, se o balanço tivesse pesos nele, bastaria jogar o "centro de gravidade" para fora que ele ficaria mais lento (lembre-se de uma roda de bicicleta girando); se jogasse o "peso" do balanço para dentro, aumentaria a velocidade.

Ué Flávio, por que não fazem isso.

Aí encerro o post. Fazem. Mas só em relógios de escapamento de qualidade superior. Estes são conhecidos como "free sprung", ou seja, SEM REGULADOR! O ajuste é feito alterando pesos no próprio balanço.

Que maravilha, e é comum? Não é em marcas, mas acaba sendo em volume, porque uma marca que faz um monte de relógios por ano, com uma construção de movimento até meio tosca, MAS COM UM SUPER ESCAPAMENTO, o usa: Rolex.

Como já disse aqui, os movimentos da Rolex não são conhecidos por serem bonitinhos, mas o escapamento deles é foda demais, sem regulador e com espiral de Breguet, que torna a mola absolutamente concêntrica no seu jogo.

Mas quem começou com isso foi a Patek. Nos escapamentos da Omega coaxiais usam também. Não é de se estranhar que essas marcas ainda sejam as mais "precisas" no mercado, sem a frescura de turbilhões, etc, etc. Eles simplesmente usam um puta escapamento sem o regulador.

Uma foto do Giromax da Patek. Procure o regulador. Encontrou? Pois é... Não existe. Agora preste atenção nos pesinhos NO BALANÇO! Aí que se ajusta o relógio. Peso para dentro aumenta a velocidade do relógio; peso para fora, diminui. E você sempre faz isso dois a dois, em sentidos opostos, para manter o balanceamento do... balanço, como numa roda de bicicleta, onde sempre se ajustam os raios opostos.

Deu para entender? Ah, a foto:

http://www.users.cloud9.net/~bradmcc/240/BalanceStationaryDsc00077.jpg


Flávio

Adriano

#17
Foi dito tudo! O balanço "free-sprung", ou "de inércia variável", em "tupi-guarani" ;D, é sem dúvida a melhor solução.

Posso resumir assim: você muda a marcha alterando um elemento super estável - o balanço, e não um elemento sensível e que necessita ajuste. Cada vez que você regula pelo regulador, você desajusta a espiral, muda seu centro de gravidade, muda seu centro geométrico...

Quando regula alterando a inércia do balanço, o ajuste é intocado. E mais: a regulagem da inércia é sempre controlada, como num regulador micrométrico: cada voltinha no parafuso Microstella do Rolex, ou no semelhante dos Omega, ou cada "x" graus de giro nos excêntricos Gyromax da Patek e AP, representa um avanço ou retardo de exatos "y" segundos por dia.

Tá adiantando 4 s/dia e quer baixar para 1 s/dia? Gira os pesinhos ou os parafusos na quantidade certa e voi lá. Agora, se não girar os pesos ou parafusos opostos exatamente na mesma quantidade, aí lasca tudo pois desbalanceia o balanço. Por isso, é perfeito DESDE QUE seja feito por que sabe o que está fazendo.

Uma história mórbida que presenciei esses dias: recebemos um AP RO dos primeiros feitos, ou seja, o verdadeiro e original Royal Oak, com calibre 2121. Mas que infelizmente deve ter passado por vários açougues... Os parafusos de ouro branco destruídos e adaptados por uns de ferro é quase praxe, mas havia algo bem pior: o balanço, com Gyromax, parecia perfeito, os pesos alinhadinhos... eis que na inspeção, descobrimos a parte de baixo do balanço toda furada com broca... alguém que não achou o regulador e não sabia o que era o Gyromax, simplesmente tirou peso do balanço, na broca, para regular a marcha. Virou lixo...

Abraços!

Adriano

flávio

Adriano, vou fazer então uma pergunta indecente e obscena sobre preços, mas também sobre comportamentos idiotas de donos de relógios caros que, supostamente, deveriam saber que "certas coisas não se devem fazer". Se bem que... Se bem que já citei aqui um grande amigo (está entre meus cinco grandes amigos) ultra mega rico que só possui relógios de patrão e DETONA sem dó todos eles. Eu até não o questiono de detonar os relógios, afinal, para ele um Royal Oak em ouro (ele tem dois) é um G Shock. Mas ele abusa. Já pulou no mar diversas vezes com um Hublot Senna e várias vezes quebrou. Ele coloca a culpa na... Hublot!

Mas voltemos aos meus questionamentos. Partindo do pressuposto que o imbecil no seu exemplo trocou os parafusos de ajuste por outros, acredito que de quebra fodeu a rosca do balanço, certo? Só por curiosidade: o que tiveram que trocar aí e quanto ficou, se pode falar. E, claro, se a AP ainda tem as peças.

E como vocês lidam com os donos desses troços, tentando explicar a eles que isso não se deve fazer? Digo isso porque sinto-me feliz por ter lançado "luzes" ao criar esse site, mas no final das contas, somos 2000, uma parcela ínfima e, sei lá se com tanta influência assim entre os usuários, globalmente falando.

Enfim, como educam cupins que devem comparecer por ai?

Flávio

Adriano

#19
Flávio, eu nem tenho orçamento ainda, ainda aguardo resposta da AP se vamos poder mexer nele ou se tem que ir para Le Brassus.

Agora, sobre como educar... bem... eu diria que é mais frutífero orientar e educar o cara que já cuida bem do relógio do que o que não cuida. O que não cuida, de certo modo, o orçamento fala por si e já é uma "bronca" ou susto suficiente. Pois não é por falta de instrução ou informação, mas uma distorção cultural, digamos. É raríssimo o cara que estraga o relógio numa manutenção barata, assumir que fez errado. Normalmente termina é acusando a autorizada de "assaltar" ele...

Eu realmente não vejo muito mal em usar o relógio até virar pó, seja lá quanto custou. Afinal, pelo menos o cara usou aquilo, tirou proveito. Para um colecionador, gastar digamos 2k de dilmas para revisar um Speedmaster pode ser caro, mas para o cara que só tem esse ou mais um ou dois relógio, comprou o Speedy há dez ou quinze anos, usou até virar pó, aí paga 2k e tem o relógio novo denovo como se tivesse saído da fábrica, e malhar ele por mais dez anos... Me parece ser bom negócio, visto o quanto é comum esse tipo de conserto.

Agora, o que dá dó é, tenha usado muito ou não o relógio, tentar economizar na manutenção e terminar tendo que gastar muito mais do que a média. Aí é mau negócio.

Lembro-me de um Aquaterra com calibre 2500. Bonitinho, sem amassados... tinha tudo para ser, na época, uma revisão simples de 600 reais. Mas o cara levou em alguém antes... que arregaçou com os parafusos do balanço, entortou a âncora e SUMIU com a roda de escape co-axial. Resumo da conta? 4,5k... Resultado posterior? Fez reclamação da assistência para a marca, para o representante no país e para a revista Pulso, acusando a assistência de abuso, disso e daquilo. Só resta à assistência documentar tudo e mostrar para o consumidor e para a marca que todos os procedimentos e normas, e principalmente tabelas de preços, foram seguidos rigorosamente.

E aí, bem vindo ao meu dia-a-dia.

Abraços!

Adriano