Corredores atropelados hoje na USP

[FPiccinin]

Boa noite.

O dia de hoje, não foi legal !
Apesar de morar em Campinas vou com frequência aos sábados para a USP em São Paulo, para fazer meus treinos longos de corrida. Hoje fiz meu treino longo e um pouco depois de conclui-lo, fui informado que havia ocorrido um atropelamento, sendo que um corredor faleceu logo após o ocorrido e uma medica foi removida mas faleceu no hospital.
Não é admissível que alguém conduza com um carro, bêbado e em alta velocidade em um ambiente repleto de pessoas, e não fique detido. Acidentes acontecem, todos nós estamos expostos a esse risco. Mas alguém que conduz um veiculo em tais condições, teve dolo, e precisa pagar por isso. Quando fiquei sabendo, fui até o local e as pessoas ainda estavam sendo atendidas pelos médicos, imagem de guerra.
A cena que não sai da minha cabeça e o "fdp" dentro da viatura com um sorriso cínico, enquanto as pessoas proferiam xingamentos. Infelizmente admito que tive vontade de quebrar a cara do "fdp". E se a policia não chegasse com rapidez o "fdp" com certeza seria linchado...infelizmente em um país onde não temos RESPEITO E MEDO das leis, do judiciário e tão pouco dos agentes de segurança pública, temos que temer é da reação da população.
Prático atividade esportiva outdoor 6 vezes por semana e é raro um dia que não escuto um vai trabalhar vagabundo (treino das 4,5/5 as 7 am).

Temos que mudar esse país, começando por nós !

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/08/1501677-duas-mulheres-continuam-em-hospitais-apos-atropelamento-na-usp.shtml

Abraço e muita sorte para nós.

[ogum777]

http://rodolfolucena.blogfolha.uol.com.br/2014/08/16/corredor-veterano-morre-atropelado-na-usp/
é. uma pena mesmo.

mas isso é resultado dessa imensa cultura de babação de ovo em cima dos carros. é a ideologia dominante.

esses dias vi um moleque de 3 anos num carrinho elétrico. o pai babando do lado. vai crescer uma criança obesa, com dificuldades pra andar, pois não exercitará os movimentos das pernas na idade adequada. será mais um dos analfabetos motores que estão crescendo em número e grau.
pra se entender do que falo:

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/65574-estamos-criando-analfabetos-motores.shtml

e daí vai explicar pro caboclo que não, ele não pode usar o possante dele do jeito que quer, tem que usar de acordo com as regras, inclusive sem ter bebido? se ele foi criado numa cultura que vê o carro como extensão do pênis?

eu perdi uma prima prum idiota bêbado como esse. uma prima linda, que nem tinha terminado de cursar a faculdade. foi há 10 anos, e minha família ainda vive o luto. era um bebum com seu possante. graças à ele, meu tio enterrou a filha no dia dos pais.

mas claro, tocar no assunto sempre nos torna "chatos".  bom mesmo é comprar um carro que anda a 200 pra andar a 15 por hora no trânsito, mas pra acelerar como um doido quando tiver um espaço livre, e poder atropelar e matar quando estiver tão bêbado a ponto de desmaiar na direção...  pois bêbado, mesmo sem condições de andar, dá pra sentar no banco e dirigir. e fazer uma dessas.

qualquer política de redução de uso dos carros hoje é política de saúde pública. mas é só tocar no assunto que neguim tem chiliques e chiliques. pois parece que o bilau dele vai cair se ele não tiver um carrinho à mão.

[FPiccinin]

ogum777, essa semana escutei no Trip Eldorado (Radio Eldorado) uma entrevista com o Prof. Paulo Saldiva e entre muitas coisas legais e importantes, achei engraçado, quando ele diz que uma aluna dele ofereceu-lhe um carro, isso mesmo, um carro, porque na cabeça dela o professor e médico era um pobre coitado por ir trabalhar de bicicleta...phoda!
Vale ouvir http://revistatrip.uol.com.br/trip-fm/paulo-saldiva-no-trip-fm.html

Veja esse artigo tb http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2007/espaco83set/ptcapa2.htm


Abraço.

[ogum777]

ogum777, essa semana escutei no Trip Eldorado (Radio Eldorado) uma entrevista com o Prof. Paulo Saldiva e entre muitas coisas legais e importantes, achei engraçado, quando ele diz que uma aluna dele ofereceu-lhe um carro, isso mesmo, um carro, porque na cabeça dela o professor e médico era um pobre coitado por ir trabalhar de bicicleta...phoda!
Vale ouvir http://revistatrip.uol.com.br/trip-fm/paulo-saldiva-no-trip-fm.html

Abraço.

ouvi a entrevista já....

eu tb sou prof universitário - não da usp - e já ouvi conselhos do tipo "professor, alguém na sua posição, andando de bicicleta...." - nem percebeu ela que a bicicleta, que estava o meu lado, tem o quadro em titânio, que não é exatamente um material barato pra quadros de bike.

mas é por aí.

mas há uma parcela considerável que já não vê as coisas dessa forma. já ouvi de alunas que preferiam sair com colegas que não tinham carro, pois era sinal que moravam mais perto do centro expandido e eram menos pobres... "sem falar que pobre que compra carro lambe o carro e não eu, né professor?", completou a menina.

existe uma mudança de padrão de consumo, e eu como prof universitário vinha notando mas achava que era particularidade das escolas onde leciono, mas não é:

http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1041/noticias/carro-um-icone-na-berlinda

de fato, ny e amsterdam sinalizam o futuro, berlim idem. mas até esse futuro chegar, muitos ainda serão monstroristas.

[TUZ40]

Lamentável o ocorrido, tenho dois colegas que correm regularmente por lá, fiquei sabendo por meio deles através do facebook, ambos estavam por lá também.

A certeza da impunidade que gera este tipo de comportamento, não a máquina.

Tenho uma filha de seis anos e sempre comento que provavelmente não vou passar pelas preocupações que todos os pais passam quando eles saem de casa motorizados, acredito que em 12 anos, mesmo no Brasil, o processo de automatização destes veículos já vai estar em vigor, pois hoje mesmo já se encontra em estágio bastante avançado. A maior parte das marcas já se comprometeu a comercializar este tipo de produto até 2020.

[ogum777]

schütz, não só a automatização. haverá sim uma restrição grande de uso. é o que o urbanismo tem feito ao redor do mundo.

de um lado, os carros virão cada vez mais com redutores de velocidade, que só poderão ser desligados em situações especiais. de outro, as próprias vias não permitirão  que haja vantagem no deslocamento por carro, o que naturalmente fará com que uma parcela da população abandone esse modal, ou restrinja muito seu uso.

de um lado o maior adensamento das cidades torna o deslocamento a pé ou por meios não motorizados - note que não falo apenas de bicicleta, mas de skate e patinete também - muito mais vantajoso do que em carro ou mesmo ônibus e metrô. de outro o custo cada vez maior no uso do carro, com o desaparecimento das vagas de estacionamento gratuitas, o estreitamento das vias e etc.

e claro, a percepção que não há espaço pra todo mundo ter carro.

a molecada vai deixar de sonhar sim com o carro. é visível já, começou já há uns 20 anos, quando alguém ganhava um carro ao entrar na faculdade e ao terminá-la, vendia e ia viajar pela europa com o dinheiro. vi muito disso.


mais especificamente pra nós, eu gostaria um dia de acessar dados acerca de roubos de rolex e etc. gostaria um dia de ter dados da situação em que aconteceram esses roubos, qual a prevalência de situações em que o roubo ocorreu: assaltos quando a vítima caminhava, quando ela se deslocava em que tipo de modal (por modal: carro, moto, lancha, sei lá) .

tenho a intuição que a prevalência é de roubo em veículo, em carro, pois a vítima já tá lá imobilizada pelo trânsito e pelo cinto de segurança.

bom, uma coisa que o peñalosa, o incensado prefeito de bogotá acertou - embora não tenha mirado, foi um efeito colateral não imaginado antes - foi que a democratização dos transportes em bogotá diminuiu a criminalidade.

o porquê cabe aos sociólogos explicar. mas é fato, e se observa em outros locais. ou seja, é tendência sim para o futuro.

[igorschutz]

Esta é uma percepção que já tenho há alguns anos: de que somos mais vulneráveis e corremos maior risco quando estamos no carro do que quando estamos a pé, ou em outros meios de transporte.

Meu veículo do dia-a-dia é uma scooter Suzuki Burgman 125i, e me sinto infinitamente mais seguro nela do que andando por aí de carro ou a pé.

Aliás, acho carro tão inseguro que quando tenho de esperar na rua por alguém, prefiro parar o carro e ficar esperando de pé na calçada do que ficar dentro do carro. No carro me sinto como se estivesse carregando um grande alvo.

Ainda assim, sei que aqui em SP você jamais está 100% livre da violência, nem mesmo andando num caminhão blindado da Brinks. Já tive moto roubada no passado, e fico com a impressão que com moto é assim: ou não te perturbam, ou te roubam tudo (moto, carteira, capacete, relógio, etc.).

[Dicbetts]

Basta ver que tem uma campanha publicitária que diz assim: "Ipiranga, apaixonados por carros. Como você".

Basta ver que quando falam em aumentar o IPI, as montadoras tocam o terror dizendo que haverá demissões, fechamento de unidades etc.

Basta ver que, até algum tempo atrás, por causa do calote as financeiras estavam limitando o número de parcelas financiadas. Depois de 72 meses, o teto caiu para 48. O que aconteceu? A pressão das montadoras foi forte e voltou para 72 meses.

Basta ver que não se sabe de ninguém que esteja cumprindo pena em regime fechado por ter assassinado pedestres por ser flagrado dirigindo bêbado.

Basta ver a quantidade de figuras públicas que dão carteirada na blitz da lei seca. Num Google rápido se encontra um candidato à Presidência (Aécio) e um candidato ao Senado (Romário).

Basta ver que São Paulo é a única cidade brasileira com uma linha razoável (porque extensa) de metrô.

Basta ver quantas cidades brasileiras tem programas integrados de transporte e segurança públicas (sim, as duas são complementares, pois não adianta andar de ônibus e ser assaltado).

Basta ver quantas cidades brasileiras têm projetos para VLT ou BLT.

Basta ver quantas cidades brasileiras fazem rodízio (o Rio está pensando na medida, já que o Eduardo Paes conseguiu destruir a mobilidade [?] urbana com o "projeto" do Porto Maravilha).

Basta ver quantas cidades brasileiras impedem carros de circular em seus centros (como Londres, por exemplo).

Basta ver quanto as montadoras deram a cada candidato à presidência e à câmara dos deputados para as campanhas eleitorais.

Respondendo a algumas dessas perguntas, começaremos a entender certas coisas.

Dic

[TUZ40]

http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2014/08/17/quem-tira-fina-de-bicicleta-na-rua-nao-vai-para-o-ceu/

[FPiccinin]

É SODA!

Eu pedalo aos domingos em uma rodovia aqui na minha região que é relativamente tranquila, com bom acostamento (largo e limpo), não leva diretamente à São Paulo, o que indica um fluxo com pouca variável entre o máximo e mínimo...e é SODA, caminhão e motos sobre a faixa do acostamento para "tirar fina"...buzina ao seu lado então, é default, inclusive deve estar escrito do código de trânsito brasileiro que buzinar ao lado do ciclista é regra, ou seja, o que há de incidentes que podem te levar para o mato, para a rodovia ou para o "céu" é grande.
Eu tenho um grande amigo que teve N fraturas graças a um caminhão que tirou a tal fina e enroscou o rodo-ar (é o sistema para manter a pressão do pneu do caminhão correta) no guidão da bicicleta e mandou ele para o barranco e bicicleta para baixo da roda. Ele poderia ter morrido e o caminhão ? foi embora ! A sorte é que a rodovia em questão é monitorada e o acidente foi filmado e o caminhão e caminhoneiro identificado. O acidentado tem uma boa infraestrutura jurídica + graças a um bom delegado + um bom promotor + um bom juiz e botou o terror na vida do motorista espirito de porco. Esse pelo menos eu imagino que deve passar a 3 m de um ciclista, isso quando ele voltar a dirigir.
O ciclismo como esporte, mata muito! Mata proporcionalmente mais que o alpinismo, por exemplo. E talvez no Brasil a bicicleta como meio de transporte também mate proporcionalmente muito. Obviamente não é a bicicleta ou o ciclismo que matam, mas a interação destes com os outros meios de transporte e/ou o ambiente.
O ciclista esportivo é muito mal educado, quando ele está treinando ele acha que o mundo gira ao seu entorno e que aquela avenida é uma estrada na França fechada para o Tour d´France e isso também precisa mudar.

E por isso que sugiro que a mudança comece com as nossas atitudes...na dúvida pare, desvie...não é porque a moto, a bicicleta ou o pedestre é mais frágil que devemos pensar somente pelo ponto de vista da perda..."eu sou forte e ele é fraco, se bater o problema é dele"...ou para o ciclista e o pedestre exatamente o inverso, "se bater a culpa será dele, eu estou certo". Na dúvida, pare, desvie...tudo será melhor se olharmos sempre pelo ponto de vista do outro.

E como diria o grande poeta mexicano Chaves "prefiro morrer do que perder a vida", não deixo de praticar meu ciclismo em função dos riscos, mas quero fazer um país mais legal !

Abraço.

[FALCO]

Eu acho a USP, dos locais "aceitos", um dos lugares mais inadequados para a prática esportiva, não consigo entender correr/pedalar e etc. no meio dos carros e ônibus de lá. Principalmente no final da tarde o trânsito lá é pior do que a maioria do "em volta".
É obvio que o que ocorreu foi uma tragédia e etc. e etc. mas, falando no geral, eu vejo muita gente se arriscando a toa, talvez o ideal não fosse este, mas hoje, aqui, cabe a cada um se proteger. Eu, de carro, olho para os dois lados mesmo em sinal verde...

...O ciclista esportivo é muito mal educado, quando ele está treinando ele acha que o mundo gira ao seu entorno e que aquela avenida é uma estrada na França fechada para o Tour d´France e isso também precisa mudar...

FPiccinin, eu acho que esta frase define e explica muita coisa, concordo 100%. Eu sou adepto do pedestrianismo e, por larga margem, a maioria dos eventuais "problemas" que tenho, ainda que raros, são com ciclistas. Os mesmos que exigem os 1,5 metro do carro...

[FPiccinin]

Acabei de ouvir no Jornal Nacional que o motorista foi transferido para o CDP, pois a fiança de R$ 55k, não foi paga, nas o MP vai recorrer sobre o valor da fiança.
O cara mata uma pessoa e fere mais 5, inclusive uma gravida com fratura nos dois joelhos, bacia e traumatismo craniano e o MP acha R$55k muito alto, pois o "coitado" é pobre, é pedreiro....

Aproveito para retificar que a mulher que eu escrevi que havia falecido, graças a deus não faleceu e é a vitima com multiplas fraturas.

Abraço.

[guilherme1983]

O problema é que fiança é garantia. Ou o juiz fixa em um valor real, possível de ser pago, ainda que com muito sacrifício pelo acusado, ou nem fixa e diz que não cabe fiança... Às vezes eu vejo juiz fixando fiança de um milhão pra acusado que ganha 4k por mês. Pra que fixar então? O cara nunca vai conseguir pagar.

Quando ao resto, concordo com tudo o que foi dito, em especial a questão de que todos devem saber se comportar no trânsito. Essa ideia de que "se bater eu vou ter razão" é realmente esdrúxula. Bater com razão continua sendo bater...

Abraços!

Guilherme.