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Esconde-esconde

Iniciado por solano, 15 Setembro 2014 às 16:12:30

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solano

 Recebi e repasso, achei bacana!

"  Esconde-esconde

Contam que, uma vez, se reuniram todos os sentimentos e qualidades dos homens em um lugar da Terra.
Quando o ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez, a LOUCURA, como sempre tão louca, lhes propôs - "Vamos brincar de esconde-esconde?"
A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada e a CURIOSIDADE, sem poder conter-se, perguntou:

- "Esconde-esconde?  Como é isso?"

É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem e, quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará o meu lugar para continuar o jogo.

O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA.  A ALEGRIA deu tantos saltos que acabou por convencer a DÚVIDA e, até mesmo, a APATIA - que nunca se interessava por nada.

Mas nem todos quiseram participar: a VERDADE preferiu não se esconder - "Para que se, no final, todos me encontram?"; a SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto (no fundo o que a incomodava era que a ideia não tivesse sido dela) e a COVARDIA preferiu não se arriscar.

- "Um, dois, três, quatro..."  - começou a contar a LOUCURA.

A primeira a se esconder foi a PRESSA que, como sempre, caiu atrás da primeira pedra do caminho.  A FÉ subiu ao céu e a inveja se escondeu atrás da sombra do TRIUNFO que, com o seu próprio esforço, tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.

A GENEROSIDADE quase não consegue esconder-se pois cada local que encontrava lhe parecia maravilhoso para algum de seus amigos:  se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA!  E se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ!  Se era o voo de uma borboleta, o melhor para a VOLÚPIA!  Se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE!  E, assim, acabou se escondendo em um raio de sol.

O EGOÍSMO, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início.  Ventilado, cômodo mas, apenas para ele.

A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano (mentira, na realidade, se escondeu atrás do arco-íris) - e a PAIXÃO e o DESEJO, no centro dos vulcões.
O ESQUECIMENTO não me recordo onde se escondeu, mas isso não é o mais importante.  Quando a LOUCURA estava lá pelos 999.999 o AMOR ainda não havia encontrado um lugar para se esconder, pois todos já estavam ocupados - até que encontrou um roseiral e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas flores.

"Um milhão!", terminou de contar a LOUCURA e começou a  busca.

A primeira a aparecer foi a PRESSA - apenas a três passos de uma pedra.  Depois se escutou a FÉ discutindo com DEUS, no céu, sobre zoologia.  Sentiu vibrar a PAIXÃO e o DESEJO nos vulcões.  Em um descuido, encontrou a INVEJA e, claro, pôde deduzir onde estava o TRIUNFO.  O EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo.  Ele sozinho saiu disparado de seu esconderijo que, na verdade, era um ninho de vespas.

De tanto caminhar sentiu sede e, ao se aproximar de um lago, descobriu a BELEZA.  A DÚVIDA foi mais fácil ainda, pois a encontrou sentada sobre uma cerca sem decidir de que lado esconder-se.  E, assim, foi encontrando a todos:

o TALENTO entre a  erva  fresca, a ANGÚSTIA em uma cova escura, a MENTIRA atrás do arco-íris (mentira, estava no fundo do oceano) e até o ESQUECIMENTO, que já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde.

Apenas o AMOR não aparecia em nenhum local.  A LOUCURA o procurou atrás de cada árvore, em baixo de cada rocha do planeta e em cima das montanhas.  Quando estava a ponto de dar-se por vencida encontrou um roseiral.  Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos quando, no mesmo instante, se escutou um doloroso grito.  Os espinhos tinham ferido o AMOR nos olhos.  A LOUCURA não sabia o que fazer para desculpar-se.  Chorou, rezou, implorou, pediu e até prometeu ser o seu guia.

Desde então, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na Terra:  o AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha.    "
" Otempo é a insônia da eternidade "  Poeta Mário Quintana

EduBr


Alberto Ferreira

Legal!  8)

E, aproveitando, vejam este que eu ouvi em uma rádio aqui de Brusque.
O texto foi lido por uma senhora que faz crônicas diárias lá.

Infelizmente eu não tenho como confirmar a autoria, e desta forma eu o repasso.


"A MORTE DO BOM SENSO
Hoje, fui a enterrar um querido e velho amigo.
O Bom Senso, com quem convivemos tantos anos. Ninguém sabe exatamente quantos anos tinha, já que a sua certidão de nascimento se perdeu nas gavetas da burocracia.
Será recordado pelas valiosas lições que nos deixou, tais como: Saber quando sair da chuva; O porquê do pássaro madrugador não passar fome; A vida não é sempre justa; E talvez a culpa fosse minha.

O Bom Senso vivia segundo sólidos princípios (não gastes mais do que ganhas), e normas fiáveis (quem manda é os adultos e não a crianças).
A sua saúde começou a deteriorar-se quando regulamentos bem intencionados, mas ditatoriais, foram "implementados". Noticias de que um rapaz tinha sido acusado de assédio sexual por beijar uma colega, adolescentes suspensos por usarem antisséptico bucal após o almoço; e uma professora despedida por repreender um estudante malcomportado só piorou a sua condição

O Bom Senso piorou quando os pais repreenderam os professores por fazerem o trabalho que lhes competia, o de disciplinarem os próprios filhos.

O Bom Senso perdeu a vontade de viver quando as Igrejas se transformaram em empresas;
E os criminosos passaram a receber melhor tratamento que as vítimas.

Bom Senso ressentiu-se quando já não se podia defender de um ladrão em sua casa e este o podia acusar de agressão.

Bom Senso desistiu de viver depois de uma mulher incapaz de compreender que um café fumegante estava quente, derramou um pouco nas coxas e recebeu uma indemnização por isso.

Bom Senso foi precedido no seu falecimento pelos seus pais, Verdade e Confiança; sua mulher Discrição e suas filhas, Responsabilidade e Sensatez.

Sobreviveram-lhe quatro enteados:
Conheço os meus direitos;
Quero Isto Já;
A Culpa Não É Minha e
Eu Sou Uma Vítima.

Poucos foram ao seu funeral, pois poucos deram pela sua morte.

Se ainda o recordarem reencaminhem a notícia, se não,
que descanse em paz."


Abraços,
Alberto

EduBr


Diplomata

Ambas muito boas.
Obrigado Solano e Alberto por compartilharem.
JRoberto.