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Novo editorial da Europastar sobre rumos e preços do mercado

Iniciado por admin, 05 Março 2015 às 12:42:00

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flávio

Há alguns dias o Adriano levantou a bola num tópico a respeito dos preços exagerados dos relógios e, claro, de tudo que está ao redor disso, como o valor das revisões e preços de peças. Segundo sua análise, os chineses e russos haviam inflacionado o mercado durante o período de crise. Poucas pessoas no mundo estavam comprando boa parte da produção de luxo, se lixando para os preços e, de tabela, aumentando os preços para os "normais" na cadeia de comércio. Discutimos, inclusive, como a Rolex, por exemplo, conseguia (e tinha a coragem) de aumentar seus preços ano após ano.

Pois bem... Parece que a imprensa internacional pensa a mesma coisa, e algumas fábricas também.

Segundo o editorial da Europastar, que é bastante influente, o mercado questiona até onde as empresas continuarão a subir (e se é que continuarão...) seus preços, focando apenas numa pequena parcela de consumidores que pode adquirir seus produtos.

O editorial cita que algumas fábricas - como Montblanc e Heuer - parecem já ter se preparado para o futuro e para um mercado maior, mas com preços "médios", ao invés da balbúrdia que reinou nos últimos dez anos. Falando especificamente da Montblanc, ressaltaram o lançamento de diversos modelos MUITO BACANAS, com complicações úteis e visual clássico, a preços "acessíveis".

Concordo com o editorial e espero que algo no mercado de fato mude. Essa profusão de complicações inúteis tem-me deixado um pouco confuso nos últimos anos. Aliás, todos sabem que meu primeiro texto escrito e publicado na rede e mídia impressa foi sobre o turbilhão. Como o tempo voa, já faz quase 20 anos que escrevi aquele curto texto!

E naquela época enxergava os relógios com turbilhões a epítome da arte relojeira... Hoje tendo a dar cada vez menos valor a relógios com complicações inúteis, tanto é que já faz algum tempo que costumo prestar mais atenção na "aparente" simplicidade de relógios que fazem apenas aquilo para o qual foram projetados, marcar o tempo. Talvez por isso aprecie tanto o trabalho de Roger Smith, na minha opinião a representação máxima do que procuro na relojoaria artesanal.

É claro que relógios protótipos são muito bacanas, e a Le Coultre está aí para confirmar que, no desenvolvimento destes, como se fossem carros de fórmula 1, muita coisa acaba sendo aplicada na "linha normal". Mas convenhamos: essa história de relógios com zilhões de complicações, turbilhões que giram em ângulos diversos, tocam música para ninar bebês, cuidam da casa e varrem o chão já encheu o saco!

Se antes era um nicho reservado a poucas marcas, hoje praticamente todas possuem um turbilhão sem nada de novo na sua linha, graças às maravilhas do CAD e fresas CNC. Repito, não vejo problema nenhum em criar complicações como algo eventual que poderá implicar numa melhoria dos relógios ditos "normais", mas seguir apenas esse caminho já torrou o saco.

Enfim, espero que as empresas de fato retornem seus pensamentos ao consumidor "médio", que vê o relógio como um exemplo extremo da arte aplicada, que é bonito, interessante, mas também funcional. Fazer relógios para deleite "de reis e princesas" não deveria ser a tônica da indústria.

Que esta retome seus passos e diminua este enfoque no exagero, inclusive de preços.

O editorial, para quem quiser ler:

http://www.europastar.com/magazine/editorials/1004087773-confusion-reigns.html


Flávio

gabriel


No mercado de equipamentos de áudio deve estar acontecendo algo parecido, uns anos atrás se comprava um um integrado por 2000 dólares, hoje um da mesma marca custa 6 mil. Eu não tenho conhecimento e nem todo o tempo pra ler, mas acho que algumas empresas simplesmente decidiram atender menos pessoas, cobrando muito mais caro, pelo mesmo produto. Culpa da China, ou da Dilma, ou não, já sei do FHC!

;)

TUZ40

#2
Citação de: gabriel online 05 Março 2015 às 13:37:53
No mercado de equipamentos de áudio deve estar acontecendo algo parecido, uns anos atrás se comprava um um integrado por 2000 dólares, hoje um da mesma marca custa 6 mil. Eu não tenho conhecimento e nem todo o tempo pra ler, mas acho que algumas empresas simplesmente decidiram atender menos pessoas, cobrando muito mais caro, pelo mesmo produto. Culpa da China, ou da Dilma, ou não, já sei do FHC!

;)

Eu até meio que deixei esse hobbie de lado já Gabriel, e olha eu era super entusiasmado com ele, bons tempos de HT-Fórum, tenho medo de acontecer a mesma coisa com meus reloginhos.

"All your base are belong to us"

TUZ40

Flávio, achei muito boa esta visão das empresas de médio porte, não tinha pensado por este lado ainda.

Os lançamentos da Mont Blanc, Tudor, Nomos, Tag?, etc... estão super bacanas, quem sabe não serão essas marcas que veremos nos nossos pulsos em alguns anos, quando eu tiver que pagar preço de AP hoje em Rolex ou IWC de amanhã.
"All your base are belong to us"

Adriano

Eu ando devagarinho com relógios. Meu "tesão" com o assunto está "abaixo de zero" faz tempo. A total e completa inacessibilidade das coisas (para a minha realidade) não tem me feito nem pesquisar mais sobre o assunto.

Passei para frente algumas coisas e aproveitei para ampliar minha coleção de cachimbos. Porque charutos estão ridículos também.

Abraços!

Adriano

flávio

Citação de: Adriano online 05 Março 2015 às 14:07:30
Eu ando devagarinho com relógios. Meu "tesão" com o assunto está "abaixo de zero" faz tempo. A total e completa inacessibilidade das coisas (para a minha realidade) não tem me feito nem pesquisar mais sobre o assunto.

Passei para frente algumas coisas e aproveitei para ampliar minha coleção de cachimbos. Porque charutos estão ridículos também.

Abraços!

Adriano



Adriano, existe apenas uma coisa que é acessível a todos e que, depois de adquirida, você não perde: cultura. Portanto, a tal "inacessibilidade" nunca me afetou, até mesmo porque só resolvi tirar os escorpiões do bolso (alguns, porque eu, por exemplo, nem se ganhasse na mega sena acumulada não compraria um Patek cronógrafo, por exemplo) há poucos anos. Minha vibe sempre foi a "cultura" relojoeira e, como é notório, criei este site para difundir o gosto pela técnica, não pelo TER ou ADQUIRIR relógios.

Eu, portanto, mantenho a chama acessa através de leituras. Neste momento, por exemplo, estou lendo a EXCELENTE biografia de Daniels escrita não pelo próprio (que também tenho...), mas pelo Michael Clerizo. O livro por si só já é belíssimo (George Daniels, A Master Watchmaker and His Art), mas surpreendeu-me pelo modo fluído da escrita e conteúdo.

Enfim, para TER os relógios é necessário juntar muito dinheiro, você pode passar a não gostar do bem depois, podem te roubá-lo, etc. A única coisa nessa história toda que é perene é o CONHECIMENTO e isso mantém minha chama acessa.


Flávio

Alberto Ferreira

Parabéns e grato pelo texto, Flávio!

Há nele "um par" de considerações que valem uma boa reflexão, por todos aqui, pois muitas vezes o que nós vemos mesmo é exatamente o contrário do que você nos diz.


Com o perdão do "jogo de palavras"...  :-[
O culto do "TER ou ADQUIRIR" e não o ter e adquirir cultura.

Nós já vimos e vemos este filme.  ::)

Abraços!
Alberto




lucius

Citação de: Schütz online 05 Março 2015 às 13:43:30
Eu até meio que deixei esse hobbie de lado já Gabriel, e olha eu era super entusiasmado com ele, bons tempos de HT-Fórum, tenho medo de acontecer a mesma coisa com meus reloginhos.



+1

Desencanei com o audio quanto também tive a percepção de aumentos de valores completamente desconexos.

Como visto a industria da Relojoaria segue a mesma cartilha.

Lucius
Corruptissima re publica plurimae leges

EduBr

Excelentes suas colocações Flávio, parabéns. Quanto ao preço dos relógios com certeza a China tem uma grande culpa. Só como exemplo, é impressionante a quantidade de pilotos de empresas aéreas brasileiras que deixaram o país no último ano em direção ao referido país. As empresas chinesas pagam salários 3x maiores que os locais, que estão dentro da média americana e européia.

Leandro

Citação de: lucius online 05 Março 2015 às 15:27:49
+1

Desencanei com o audio quanto também tive a percepção de aumentos de valores completamente desconexos.

Como visto a industria da Relojoaria segue a mesma cartilha.

Lucius

Vocês já viram os preços dos equipamentos fotográficos? :-)

Carbonieri

Citação de: flavio online 05 Março 2015 às 14:21:06


Adriano, existe apenas uma coisa que é acessível a todos e que, depois de adquirida, você não perde: cultura. Portanto, a tal "inacessibilidade" nunca me afetou, até mesmo porque só resolvi tirar os escorpiões do bolso (alguns, porque eu, por exemplo, nem se ganhasse na mega sena acumulada não compraria um Patek cronógrafo, por exemplo) há poucos anos. Minha vibe sempre foi a "cultura" relojoeira e, como é notório, criei este site para difundir o gosto pela técnica, não pelo TER ou ADQUIRIR relógios.

Eu, portanto, mantenho a chama acessa através de leituras. Neste momento, por exemplo, estou lendo a EXCELENTE biografia de Daniels escrita não pelo próprio (que também tenho...), mas pelo Michael Clerizo. O livro por si só já é belíssimo (George Daniels, A Master Watchmaker and His Art), mas surpreendeu-me pelo modo fluído da escrita e conteúdo.

Enfim, para TER os relógios é necessário juntar muito dinheiro, você pode passar a não gostar do bem depois, podem te roubá-lo, etc. A única coisa nessa história toda que é perene é o CONHECIMENTO e isso mantém minha chama acessa.


Flávio

Flavio, uma das melhores postagens feitas ultimamente aqui no fórum, contudo acredito que muita gente tá mais preocupada em ter do que aprender  8) abraço
sic transit gloria mundi

Lupferreira

Por isso que a cada dia eu fico mais feliz com o meu Tissot PRC 200 Cronograph. Bonito, preciso, todo em aço, vidro de safira e não custa estes absurdos. E olha que com a alta do dolar foi pra quase 3 mil, pra muita gente é caro.

Dicbetts

Citação de: Leandro online 05 Março 2015 às 16:08:11
Vocês já viram os preços dos equipamentos fotográficos? :-)

E o dos imóveis em algumas cidades brasileiras?

Tá bem. Concordo que imóvel é investimento e relógio (ou aparelho de som ou equipamento fotográfico que não seja para um profissional da área) não. Mas R$ 8 milhões num apartamento de quatro quartos em Ipanema? Se explica como? Pela Olimpíada? Ora, por favor...

E não estou falando da cobertura daquele ladrãozinho de olhos desencontrados, o Cerveró.

E também não estou falando de um apartamento na Vieira Souto, de frente para o Atlântico.

Dic

FPiccinin

Boa Tarde,

Flávio, muito interessante o artigo e as suas colocações. Muitos já devem ter percebido a minha tendência em avaliar as coisas pelo ponto de vista do empresário...kkkk
Eu concordo absolutamente com tudo que vocês dizem, porém, acho fundamental ponderarmos o seguinte cenário. No período "dolorido" para a indústria relojoeira, onde muito se foram, alguns quase, e talvez ainda estejam pagando a conta daquele período, possivelmente não lemos nada como..."Indústria, atenção, foque em quem pode pagar"..."Indústria, atenção, relógio é para 99,99% dos consumidores é artigo de moda"...enfim, um negócio existe para dar dinheiro, remunerar acionistas, prover benesses à sociedade, bla,bla,bla...
Em um outro tópico disse sobre a dificuldade em ser o do meio...kkkk....
Para moda, ou você está lá no topo, ou próximo disso, ou você está na base. Veja vestuário, quem cresce e perdura, são o do topo e os da base, quem está no meio vive cambaleando.
Manter o circo do luxo em pé, não custa barato, pelo contrário custa muiiiitooooo caro e cada vez custará mais caro. Muitos de vocês sabem quanto custa a produção e a impressão desses belíssimos catálogos e as feiras então....e alguém precisa pagar essa conta, nesse caso os consumidores, seja ele oriental ou ocidental.


Abraço e novamente parabéns pelo texto Flávio

Alberto Ferreira

Citação de: FPiccinin online 05 Março 2015 às 18:25:45
...

... muito interessante o artigo e as suas colocações. Muitos já devem ter percebido a minha tendência em avaliar as coisas pelo ponto de vista do empresário...kkkk
...


Sim, a perspectiva do empresário também é relevante.


Citar
...
...Muitos de vocês sabem quanto custa a produção e a impressão desses belíssimos catálogos e as feiras então....e alguém precisa pagar essa conta, nesse caso os consumidores, seja ele oriental ou ocidental.
...

Mas aí cabe a pergunta.
E antes da "escalada" dos preços, e olha que não faz tanto tempo assim, como era a relação destes custos com os preços de venda.
A mim parece que vendiam da mesma maneira, e então eu não tenho tanta convicção de qual seria mais o caso...

Se fazem tanta "mídia" para poder vender... E eu preciso de argumentos fortes para poder acreditar nisso  ::).

Ou se como vendem, forçam a mão nas mídias.

Sabe aquela história...
A loja de moda de grife TEM que estar presente na maioria dos Shoppings da moda.
Mesmo que não venda mais por isso e que algumas lojas fiquem vazias boa parte do tempo.

Alberto

EduBr

#15
O mundo inteiro cresceu muito no período pré 2009, principalmente devido ao galopante crescimento chinês, que passou anos e anos sustentando taxas na casa dos dois dígitos. Este crescimento puxou todo mundo, com os países desenvolvidos fornecendo máquinas e tecnologia e os emergentes fornecendo "commodities" e outros insumos. O resultado disto foi muito dinheiro disponível para o consumo, e aí mandam as leis do mercado, muita procura leva ao aumento dos preços. Levando em conta que 50% do PIB mundial está nas mãos de 1% da população. É só fazer as contas, 1% da população chinesa são mais de 13.000.000 de pessoas recém apresentadas ao consumo de produtos de luxo! Imagine que uns 10% deles resolvam comprar relógios, mais de 1.300.000 pessoas. Agora é só olhar as nossas caixinhas e podemos imaginar o potencial de venda de relógios pra eles!

dsmcastro

Segundo os dados da FHS (a Federação da indústria relojoeira suíça) no ano passado, dos 28,5 milhōes de relógios que saíram da Suíça, 20 milhōes eram 'eletrônicos' (considera-se os relógios quartzo e demais com componentes eletrônicos) e os outros 8,5 milhōes eram mecânicos.

Desse total, mais de 23 milhōes de relógios estavam na faixa de preço de até 500 CHF... Por mais que a alta relojoaria e as grandes complicaçōes nos fascinem, quem move mesmo a roda suíça são os 'entry-level' e com isso podem ser feitos investimentos em marketing e tecnologias para aumentar ainda mais o fascínio dessas marcas com seus relógios mais rebuscado, visto que a maioria das marcas estão em grandes conglomerados.

O reposicionamento de preços, seja para cima, ou para baixo vai de acordo com uma série de tendências de mercados e valores que essas marcas querem alcançar, mas não aposto em grandes reduçōes, ainda mais com os relógios 'pé-de-boi' segurando a onda e enchendo os cofres.
www.marciomeireles.com.br
www.behance.net/marciomeireles

FPiccinin

Alberto, muito bom o seu questionamento e na minha opinião, o volume de dinheiro em midia, esta mais ligado a manutencao da imagem "grandiosa" das marcas, coisa que a "moda" exige.
Marca agrega valor ao produto, maximiza os ganhos e por vezes aumenta o ciclo de vida do produto.
A teoria do "Big Fish, Small Bond" aplica-se muito bem para esse mercado e na minha opinião e posso supor pelo reposicionamento da Omega é, ou voce é grande ou pequeno, quem estiver no meio sofrerá muito.