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Orientação sobre ETA-Tailândia-Peças Suiças

Iniciado por MAGB-ILHA, 07 Janeiro 2016 às 11:43:36

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MAGB-ILHA

Prezados Confrades Foristas,

Hoje, ao deparar que um Relógio meu havia acabado a bateria no dia 3 deste mês, resolvi trocar a mesma e qual não foi a minha surpresa ao ver que a bateria (Sony 397 - SR726SW) já havia começado a vazar.
Limpei tudo, e, com uma boa lupa, deparei com dados que antes jamais havia observado, mesmo sendo o referido relógio, comprado zero em um camelo do centro do Rio em 1999, tendo sempre eu mesmo trocado todas as baterias.
Bem, para explicar como ando muito de ônibus e a pé, opto por ter alguns exemplares típicos de camelo e que sejam bem visíveis a diferença, a fim de não ser incomodado pelos nossos queridos pivetes, trombadinhas e outras coisas nefastas tão bem protegidas pelas ONGs, nossa sociedade e leis favoráveis a estes "injustiçados sociais". 
Mas vamos ao que realmente me motiva a escrever, ao ver com a lupa encontro um Logotipo ETA, uma peça escrita Swiss Parts e outra Thailand Movement. Pergunto como pode isso em um relógio que custou R$10,00 em 1999?
Seguem as fotos e agradeço a opinião dos amigos.







Abraço a todos,

Adriano

Quanto você acha que custa uma ETA 805.114 totalmente Swiss Made, quanto mais a tailandesa? Para um fabricante que compra em lote, essa ETA tailandesa não deve ter custado CHF 3,00. É capaz de ter pago caro ainda nesses R$ 10,00. rsrsrsrsrs

Abraços!

Adriano

MAGB-ILHA

Boa Adriano!
Então isso aí existe, não é assombração? rsrsrsrsrsrs.
Não imaginava que pudesse haver em 1999 essa mistura toda.
Valeu pela informação. Mas se tiver mais dados te agradeço, pois aprendo muito contigo.
Abraço,

Il capo

Elementar meu caro Watson: em relógios como este tudo é fake, inclusive as informações, que são contraditórias ou simplesmente nada têm a ver.
"Resisto a tudo, menos às tentações."

RCComes

O legal é ver que nos anos 90 a technos já trabalhava com titanium/epoxi  ;D ;D ;D
Sempre um passo a frente.

Membro do RedBarBrazil

Adriano

De fato o relógio é falso, ainda por cima. Mas a máquina é uma ETA tailandesa, de verdade.

Abraços!

Adriano

MAGB-ILHA

Realmente amigos o relógio é feito com um material inacreditavelmente estranho, nota-se nas fotos o desgaste da caixa. Entretanto é bem leve e pode enganar os mais incautos. Não parece ser de metal e nem de plástico, chega a lembrar "antimônio" rsrsrsrsrs. Mas o que sempre me impressionou é que de 1999 pra cá são 17 anos trabalhando direto. Nunca foi de atrasar ou adiantar. E o melhor não dói tanto em caso de "perda". Os botões são falsos e os mostradores menores são apenas pintura. Com isto dá uma tranquilidade ao andar no Centro do Rio de Janeiro a pé, já que é bem visível ser uma fajutice. O que eu não sabia era que a ETA mandava peças, ou tem uma montadora na Tailândia. Para mim qualquer peça asiática, com marca européia, anterior ao ano 2000 era apenas uma falsificação (ignorância minha). Por isso é que o Fórum é importante, pois podemos aprender muito.
Tenho um MontBlanc igualmente falso, com máquina Myota e vidro de Cristal Mineral, que com todas as reformas (pulseiras de couro duram pouco) saiu por R$70,00 e como o outro posso sair sem susto.
Valeu pelas dicas.
Abraço a todos.

guilherme1983

Só fico um pouco em dúvida sobre a utilidade de andar perto de pivetes e trombadinhas e etc. com um relógio falso, em contraposição a se andar com relógio nenhum. Talvez chame mais a atenção o Technos falso do que o pulso sem nada. E, de fato, para olhar as horas temos os nossos celulares.

Não é crítica minha ao relógio falso que ninguém ousaria acreditar que é verdadeiro. É o mesmo que imprimir em folha A4 várias notas de R$ 100,00. Ninguém consciente vai acreditar que é verdadeiro. Mas, mesmo assim, chama a atenção.

Abraços!

Guilherme.

flávio

Caras, os inventores das falsificações são os suíços, que fique bem claro, pois buscavam, nos primórdios, copiar aqueles que eram os reis da cocada preta da época, os ingleses. Mas mesmo depois, até meados dos anos 60, os suíços ainda eram os maiores falsificadores do mundo, visando contornar o "estatuto do relojoeiro", que exigia que um relógio, para ser Swiss Made, de fato precisasse ser... Swiss Made (e não essa história de 50% de valor agregado ao movimento como hoje). Enfim, os suíços, hoje, só não falsificam mais porque... A revogação do estatuto do relojoeiro, no início dos anos 70, permitiu que eles mandassem grande parte das suas fábricas para o oriente, sobretudo para fabricação de braceletes (no início eram fabricados na Itália) e caixas.

Mas movimentos ETA orientais eu nem sabia que existiam. Adriano, desenvolva mais esse tópico aí tio!


Flávio

RCComes

Citação de: flavio online 07 Janeiro 2016 às 16:30:47
Caras, os inventores das falsificações são os suíços, que fique bem claro, pois buscavam, nos primórdios, copiar aqueles que eram os reis da cocada preta da época, os ingleses. Mas mesmo depois, até meados dos anos 60, os suíços ainda eram os maiores falsificadores do mundo, visando contornar o "estatuto do relojoeiro", que exigia que um relógio, para ser Swiss Made, de fato precisasse ser... Swiss Made (e não essa história de 50% de valor agregado ao movimento como hoje). Enfim, os suíços, hoje, só não falsificam mais porque... A revogação do estatuto do relojoeiro, no início dos anos 70, permitiu que eles mandassem grande parte das suas fábricas para o oriente, sobretudo para fabricação de braceletes (no início eram fabricados na Itália) e caixas.

Mas movimentos ETA orientais eu nem sabia que existiam. Adriano, desenvolva mais esse tópico aí tio!


Flávio

Eles usavam a marca dos ingleses em seus relógios? :o
Membro do RedBarBrazil

flávio

Sim, e com conivência do governo suíço! Estamos falando de um período até meados do século XIX. A partir do meio do século XIX, os suíços alcançaram a hegemonia do mercado, sobretudo porque o sistema de produção deles altamente fragmentado (etablisage), permitia um menor "engessamento" da indústria e maior inovação. Os ingleses continuaram naquela de fabricar o relógio do início ao final em pequenos workshops. Não bastasse produzirem pouco, seus relógios passaram a ser "demodé", pois seguindo a tradição, os faziam em platinas duplas apoiadas em pilares, o que tornava os relógios altos. E a moda ditada na época passou a ser os relógios estilo "Lepine" (Lepine é o cabra que criou o sistema de pontes individuais para cada componente, o que facilitava montagem e, de quebra, ainda reduzia a espessura). Então, a indústria inglesa foi literalmente engolida pela suíça, e continuou apenas com a produção de cronômetros marítimos (salvo algumas exceções, com a Smiths).

Mas a expressão "para inglês ver" surgiu nessa época, acreditem se quiser! Os suíços eram os reis do contrabando, e fabricavam aos montes, nessa época, relógios com nomes dos grandes ingleses, como Arnold e Son. E como era algo fácil de contrabandear, inundavam o mercado inglês com tais relógios (entenda-se, movimentos, pois as caixas eram inglesas). O governo inglês, então, interpelava o suíço para editar leis que impedissem isso, e os suíços até editavam, mas não fiscalizavam porra nenhuma, por pura conivência.

Ou seja, os suíços reclamam hoje, e com razão, das falsificações, mas eles foram os primeiros a realizá-la de forma institucionalizada.


Flávio

RCComes

Interessante, não imaginava (quanto as marcas em si).
Membro do RedBarBrazil

Dalll

#12
Citação de: MAGB-ILHA online 07 Janeiro 2016 às 11:43:36
...

...

Boa tarde,

Essa área corroída fica em contato com a pele. Não te provoca nenhuma irritação ?

Att.

flávio

Rapaz... Pois imagine. Breguet, o cara, fabricou no máximo 5 mil relógios em toda sua vida. Entenda-se, Breguet, o cara, deve ter fabricado, ele próprio, pouquíssimos, pois ele era muito mais arquiteto do que engenheiro. Mas enfim, ele tinha uns 30 relojoeiros que trabalhavam para ele que conseguiram, no período de uns 30 anos ou menos, fabricar esse punhado aí. O que mais existia na época era cópia de Breguet e, até hoje, vez por outra aparece algo no mercado com o nome Breguet que precisa ser autenticado por um especialista para atestar que é quente.

Falsificação existe desde o tempo em que Adão rodava peão.


Flávio

MAGB-ILHA

Olá Dall,

Na verdade sou meio "casca grossa" para alergias, e, o mesmo é utilizado apenas para ir ao centro do Rio. Desta forma não passa de algumas horas no braço. Mas realmente não faço a menor ideia de que material ele é composto.

Aproveitando e tirando a dúvida do Guilherme1983, o centro do Rio de Janeiro é infestado por pivetinhos, pivetes e pivetões. Todos monitorados por "amigos do alheio" que dão preferencia a furtar celulares e cordões de ouro. O relógio é apenas mais um dos subprodutos de interesse dos mesmos. Entretanto para quem tem a marca de ausência do sol por baixo do local do relógio, está indicando ao meliante que o cidadão possui um bom relógio escondido no bolso, pronto para ser roubado. Infelizmente o Rio de janeiro hoje é assim: https://www.facebook.com/facanacaveirafanpage/videos/764024787036776/ . Sei que muitos amigos Foristas não são do Rio e por isso não sabem de muitas coisas que a TV não mostra. Mas costumo avisar a todos que vem ao Rio para não ficar "dando bobeira" ao andar na rua, olhando vitrines e nem pensar em atender ao celular. Já peguei alguns anjinhos fazendo a festa em turistas. Sendo que nos últimos meses ainda não fui ao centro do Rio sem ter visto pelo menos um ataque desses "injustiçados sociais" por dia.
Abraço a todos,

Dicbetts

Algumas coisas:

1) ETA Tailândia? A menos que esteja errado, a ETA jamais terceirizou explicitamente coisa alguma (implicitamente pode ser) na Ásia. Assim, essa máquina é tão verdadeira quanto nota de R$ 3,00.

2) Usar celular no Centro do Rio é pedir para dançar. Tem demanda. Relógio não, sobretudo o ordinário.

3) No filme "Il bidone" (A trapaça), do Fellini, tem um trecho em que um dos malandros tenta enganar outro, vendendo um relógio de "ouro". O cara responde algo como "recebo toneladas desses porcarias da Suíça toda semana". Não que os suíços sejam honestos desde a criação da Confederação Helvética, mas sempre tiveram faro para aproveitar a crise. Depois da II Guerra, com a Europa roendo borda de penico, e com uma indústria pouco diversificada, qualquer governo estimularia cretinices.

4) Antimônio praticamente não se usa mais. É dificil de trabalhar e quebrou, joga fora. Titânio e alumínio são, hoje, mais baratos e práticos.

5) Falsificação é ruim em qualquer condição. Do reloginho batato à obra de arte.

Dic

mmmcosta

Me lembrou o tal "Rolex italiano", que era vendido aos incautos e manés anos atrás.
Marcelo

Adriano

Citação de: Dicbetts online 07 Janeiro 2016 às 17:46:36
Algumas coisas:

1) ETA Tailândia? A menos que esteja errado, a ETA jamais terceirizou explicitamente coisa alguma (implicitamente pode ser) na Ásia. Assim, essa máquina é tão verdadeira quanto nota de R$ 3,00

...

Dic

Está enganado nessa, Dic. A ETA Thailand Co. existe, eu calculo, há uns 30 anos (pois já vi relógios de meados da década de 1980 com ETA tailandesa). Toda ou quase toda família de mecanismos Fashionline (calibres 80x e G1x) são produzidos na tailândia há anos. São idênticos aos produzidos na Suíça e na verdade contém peças suíças. Não me arrisco a dizer quais com certeza, mas acredito que a parte mecânica, que mesmo de polímero em sua maior parte, ainda requer muita precisão.

Não me lembro agora se a linha Trendline (calibre F0x) são ou foram também feitas lá. E no passado produziram equivalentes da linha Normflatline (calibres 95x) mas com numeração de calibre diferentes e menos rubis. O 955 por exemplo era um 555. Deixaram de fazer pois devem ter perdido competitividade (o próprio 955, infelizmente, perdeu competitividade para mecanismos mais modernos, e bem inferiores, eu diria, mas isso é outro assunto). O 955 é como o 2824 é para os automáticos, um verdadeiro workhorse de altíssima qualidade e preço imbatível.

Fizeram muito mais no passado. Competiam com aqueles responsáveis pela crise do quartzo, os Seiko e Citizen de baixo custo. Em algum ponto, acho que começaram a perder competitividade, talvez até em comparação com seus próprios equivalentes suíços. Os movimentos tailandeses são algo como 40% mais baratos que os Suíços e em um passado já valeram mais a pena para muitos fabricantes. Technos usou de monte.

Não que vá duvidar do que eu disse, mas jogue "Bang Sao Thong District, Samut Prakan, Tailândia" no Google Maps, botr no Street View e vai ver o emblema da ETA em um edifício.

A ETA é só um dos braços do Swatch Group na Ásia. Eu me arriscaria a dizer que o Swatch Group, pelo menos fisicamente, é maior Ásia do que na Suíça.

O mecanismo da foto, repito, é um ETA 805.111 tailandes legítimo.

Abraços!

Adriano

jfestrelabr

Citação de: Adriano online 07 Janeiro 2016 às 12:46:25
De fato o relógio é falso, ainda por cima. Mas a máquina é uma ETA tailandesa, de verdade.

Abraços!

Adriano

+ 1
Rolex ou Rolex.

Fórum Genérico, respostas genéricas.

CSM

Muito interessante.... não tinha noção disso.... Adriano, eu tenho um casio casio mqd-3000w que revisei na WT aqui no rio, e achei curioso quando o elivelton abriu o relogio e me falou que era uma ETA dentro. seria este o caso de ser uma ETA tailandesa?

abraços
Membro do RedBarBrazil