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Novo artigo de minha autoria: O sistema americano de manufatura

Iniciado por flávio, 07 Agosto 2020 às 21:40:54

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flávio

Confesso que tenho um pouco de preguiça para redigir artigos formais para o site, eis que demandam tempo e pesquisa, razão pela qual costumo limita-me aos posts no fórum. Mas no decorrer dos últimos anos, com um intervalo de tempo enorme entre os textos, redigi artigos que buscavam resumir, de forma clara, a evolução da história da relojoaria.

Inicialmente, escrevi sobre a escola inglesa, aqui:

http://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/the-worshipful-company-of-clockmakers/

Depois, fui para a Suíça

http://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/la-chaux-de-fonds-patrimonio-cultural-da-humanidade/

Segui para a Alemanha...

http://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/no-coracao-da-relojoaria-alema/

E não encerrei um ciclo, que necessariamente deveria passar pelos Estados Unidos, berço do sistema de produção da maioria das empresas atuais, não só de relojoaria.

Com uma preguiça federal, iniciei a empreitada há cerca de um mês, preparando-me com a base teórica que me permitisse escrever um texto que fechasse a história. E empolguei-me no decorrer do trabalho. Acho que ficou legal... Para variar, foge ao estilo "descartável" dos tempos atuais, onde a leitura rápida e pouco profunda de blogs, Instagrams e cia, parece ser a tônica. Aviso, pois, aos navegantes, que é um texto que necessita de um tempo para reflexão... Sugiro fazer o que desacostumamos, sentar a bunda em uma cadeira e separar um tempinho para ler. Ficou longo, mas porque condensa 200 anos de história em um artigo. Espero que esclareça alguns pontos que vários já devem ter se questionado. E como difusão de conhecimento é uma troca, estou aberto às críticas e correções. Boa leitura!


http://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/o-sistema-americano-de-manufatura/

igorschutz

Por favor, faça em formato de vídeo para o YouTube, que assisto em 2x...


Kkkkk brinks! Vou ler, mas já antecipo os agradecimentos pelo trabalho [emoji1319]
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

igorschutz

Li. O artigo está muito bom e divertido, mas senti que falou pouco da derrocada da indústria americana e de quais armas os suíços dispunham para competir e ganhar essa "batalha".

Por incrível que pareça aos olhos de hoje, mas a mão de obra suíça, à época, era muito mais barata que a americana, a ponto de um camarada estadunidense chamando F. A. Jones ter montado uma fábrica relojoeira nos moldes americanos em plena Suíça, na expectativa de fazer relógios com menor custo e exporta-los para os EUA. A fábrica existe até hoje, e se chama IWC.

A mão de obra na Suíça era tão mais barata que, quando eles conseguiram se mecanizar e produzir na quantidade da indústria americana, seus relógios eram consideravelmente mais baratos e dominaram o resto do mundo, exceto os EUA (que impunham barreiras alfandegárias protecionistas).

E não só a mão de obra suíça era mais barata, como era mais desregulamentada também, os trabalhadores não eram sindicalizados etc.

Aliás, o produto suíço não era mais barato só por causa da mão de obra, mas também porque eles se sujeitavam a fazer relógios toscos tipo Roskopf, ou seja, relógios apenas "suficientes", enquanto os americanos só faziam relógios de alta qualidade e de excelente precisão.

Se pegarem um relógio médio americano e um suíço de boa origem, ambos lá dos redores do fim do século XIX, é perceptível como o relógio americano é muito mais pica que o suíço.
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flávio

#3
Igor, obrigado pelas críticas. Lembre se, porém, que os suíços, na época da fundação da iwc, não faziam nem ideia dos métodos que estavam sendo implementados nos EUA. Aliás, Ariosto Jones, tendo trabalhado com Howard, um dos fundadores da Waltham original, queria justamente implementar na Suíça, e aí poder trabalhar com o melhor dos mundos, o método americano, como você bem ressaltou. A questão salarial da Suíça na época, foi uma escolha minha, era de somenos, e explico. Como ressaltei no texto, o ponto fundamental do sistema americano não é a produção em massa; não é, também, a divisão de trabalho. Afinal, o que se fazia na Suíça na época, pulverizar as diversas etapas de produção entre um monte de "oreia seca", já era feito na Inglaterra. Dividir a produção artesanal, e o vocábulo artesanal aí é fundamental, entre dezenas de etapas, ainda que muitas delas relativamente simples, e entre trabalhadores não tão especializados (lembre se que os suíços do Jura eram em regra fazendeiros), de fato gerou um incremento de produção em comparação ao modo anterior, quando um artesão fazia sozinho todo trabalho. O sistema americano, no entanto, causou um aumento de magnitude de outro patamar. Para ter uma noção, a Longines pré Davis fazia 20 mil relógios ano, com divisão de trabalho e poucas máquinas. Pós David, 90 mil por ano, como divisão de trabalho, muita máquina e certa terceirização de trabalhos especializados. A Waltham da epoca já estava na casa de um milhão de relógios por ano! O sistema americano é o sistema da máquina inteligente e do trabalhador burro, assim como hoje. As máquinas atuais para construção de coisas complexas, como um carro, são tão inteligentes que você consegue treinar um mico amestrado para opera la. E pior: ele sequer saberá que está fabricando um carro, tal a divisão de trabalho entre máquinas complexas, mesmo que ao final do dia o carro saia pronto da fábrica. Em resumo, o ponto nodal do sistema americano é a máquina inteligente, não a divisão de trabalho, ainda que entre centenas de pessoas ganhando um salário ruim. Foi por isso que optei por esse caminho no texto, para ressaltar que o grande ponto de virada estava não em salários, fábricas, divisão de trabalho, etc. Mas na produção mecanizada.

Flávio

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TUZ40

Leitura do FDS está garantida. Obrigado Flavin, sempre nos brinda com textos excelentes.
"All your base are belong to us"

jfestrelabr

Belo texto, porem assino junto com o Igor por um video [emoji23][emoji23][emoji23]


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Rolex ou Rolex.

Fórum Genérico, respostas genéricas.

Desotti

Que belo artigo Flávio, sua disposição em ser sempre preciso nas colocações é notável, parabéns!

flávio


Flavio, puta texto!

Há muito tempo não postava aqui, mas esse artigo merece o devido elogio: MUITO BOM!!!


Grande abraço,



Obs.: larga a mão de ser preguiçoso e escreva mais sobre relógios antes que seu inexorável destino de escritor se manifeste -escrever sobre vinhos...
Marcos  Sá

"prefiro a crítica que me corrige ao elogio que me corrompe" -Maquiavel

KBM

Flávio, obrigado pela aula de história. Interessantíssimo o texto e o assunto. Abraços.

flávio


Jefferson

Citação de: flávio online 07 Agosto 2020 às 21:40:54
Confesso que tenho um pouco de preguiça para redigir artigos formais para o site, eis que demandam tempo e pesquisa, razão pela qual costumo limita-me aos posts no fórum. Mas no decorrer dos últimos anos, com um intervalo de tempo enorme entre os textos, redigi artigos que buscavam resumir, de forma clara, a evolução da história da relojoaria.

Inicialmente, escrevi sobre a escola inglesa, aqui:

http://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/the-worshipful-company-of-clockmakers/

Depois, fui para a Suíça

http://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/la-chaux-de-fonds-patrimonio-cultural-da-humanidade/

Segui para a Alemanha...

http://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/no-coracao-da-relojoaria-alema/

E não encerrei um ciclo, que necessariamente deveria passar pelos Estados Unidos, berço do sistema de produção da maioria das empresas atuais, não só de relojoaria.

Com uma preguiça federal, iniciei a empreitada há cerca de um mês, preparando-me com a base teórica que me permitisse escrever um texto que fechasse a história. E empolguei-me no decorrer do trabalho. Acho que ficou legal... Para variar, foge ao estilo "descartável" dos tempos atuais, onde a leitura rápida e pouco profunda de blogs, Instagrams e cia, parece ser a tônica. Aviso, pois, aos navegantes, que é um texto que necessita de um tempo para reflexão... Sugiro fazer o que desacostumamos, sentar a bunda em uma cadeira e separar um tempinho para ler. Ficou longo, mas porque condensa 200 anos de história em um artigo. Espero que esclareça alguns pontos que vários já devem ter se questionado. E como difusão de conhecimento é uma troca, estou aberto às críticas e correções. Boa leitura!


http://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/o-sistema-americano-de-manufatura/

Flávio, vou reservar um bom tempo de lazer, para ler novamente os artigos anteriores e depois o mais recente. Desde já, agradeço por partilhar seu conhecimento e sua doação.

No inicio do seu post, você fala em evolução da história da relojoaria... aí senti falta da relojoaria nipônica. Qual sua percepção sobre os japas nesta história? Caberia um novo artigo? ;)

Saudações,

Jefferson.

flávio

Já pensei em escrever algo desde a fundação da Seiko. Porém, há material no site sobre a revolução do quartzo, que é o ponto de virada com participação nipônica, eis que antes eles pouco influenciaram algo na indústria. E, para dizer a verdade, apesar de muita conversa que leio em sites gringos, a influência japonesa na crise do quartzo é menor do que se propala: os suíços foram os próprios responsáveis pelo ocorrido, os japoneses só aproveitaram a inércia deles... Mas isso é outra história...

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Jefferson

Citação de: flávio online 07 Agosto 2020 às 21:40:54
Confesso que tenho um pouco de preguiça para redigir artigos formais para o site, eis que demandam tempo e pesquisa, razão pela qual costumo limita-me aos posts no fórum. Mas no decorrer dos últimos anos, com um intervalo de tempo enorme entre os textos, redigi artigos que buscavam resumir, de forma clara, a evolução da história da relojoaria.

(...)

Com uma preguiça federal, iniciei a empreitada há cerca de um mês, preparando-me com a base teórica que me permitisse escrever um texto que fechasse a história. E empolguei-me no decorrer do trabalho. Acho que ficou legal... Para variar, foge ao estilo "descartável" dos tempos atuais, onde a leitura rápida e pouco profunda de blogs, Instagrams e cia, parece ser a tônica. Aviso, pois, aos navegantes, que é um texto que necessita de um tempo para reflexão... Sugiro fazer o que desacostumamos, sentar a bunda em uma cadeira e separar um tempinho para ler. Ficou longo, mas porque condensa 200 anos de história em um artigo. Espero que esclareça alguns pontos que vários já devem ter se questionado. E como difusão de conhecimento é uma troca, estou aberto às críticas e correções. Boa leitura!

http://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/o-sistema-americano-de-manufatura/

Flávio,

Acabei de ler seu artigo e gostei bastante. Acho que não ficou longo, pelo contrário, achei até curto considerando a grande quantidade de informações condensadas numa linguagem objetiva e dinâmica. Adorei!

Trabalho na industria a uns 30 anos e pude perceber muitos processos e mudanças que vivi na minha realidade, no meu caso a petroquímica, mas os paralelos são bem visíveis, apesar dos mais de 100 anos de diferença.

Como comentário, citaria somente algumas pequenas correções de algumas palavras e do sentido de alguns contextos, que me fizeram ler novamente determinados trechos, para um melhor entendimento da sua intenção. Nada demais no conjunto da obra, diria até... pura perfumaria.

Parabéns e muito obrigado por compartilhar seu tempo e conhecimento.

Forte abraço,

Jefferson.

flávio

Envie-me mensagem privada com os trechos para que eu possa analisá-los e talvez melhorá-los, please.