Influenciado pelo regulador de pedestal que tenho em casa, que toca a melodia, além de outras, bem como por leituras que voltei a fazer sobre tais relógios, eis um resumo rápido sobre o Relógio da Torre ou, como é apelidado (incorretamente, diga-se de passagem...) de Big Ben.
Em 16 de outubro de 1834, o antigo Palácio de Westminster, construído no século XI, foi consumido por um incêndio provocado pelo superaquecimento da chaminé de um dos seus fogões.
O prédio ficou tão danificado que uma restauração se mostrou impossível e, ainda no ano de 1835, a Coroa propôs uma competição para escolher um projeto que o substituísse. Entre as 97 inscrições, foi escolhida a de número 67, dos arquitetos Charles Barry e Augustus Pugin, um prédio em estilo neogótico com uma imensa torre contendo um relógio.
O Astrônomo Real George Biddell Airy, então, foi contatado para especificar os requisitos do relógio a ser instalado: necessitava bater as horas, e com uma precisão de no máximo um segundo ao dia. Impossível, disseram os relojoeiros, um relógio tão grande e sujeito a tantas intempéries nunca alcançará esta precisão. Mas Biddell não se convenceu e insistiu na tal “precisão de um segundo ao dia”.
O relojoeiro amador Edmund Beckett (Lord Grimthorpe), então, debruçou-se sobre a questão e, depois de 5 projetos diferentes, apresentou a Biddell Airy um sistema que isolava completamente o pêndulo do relógio dos gigantescos ponteiros, de modo que variações de torque, chuva, neve, não influenciariam sua precisão.
Beckett, que havia estudado em Cambridge, incorporou às batidas do relógio a melodia, na verdade um louvor, idêntica a do relógio instalado na universidade ("All through this hour/Lord be my guide/And by Thy power/No foot shall slide")
O relógio, cuja construção foi deixada a cargo de E.J Dent, foi concluída em 1859, com precisão inferior aos requerimentos (cerca de 5 segundos por semana). A corda, realizada de forma manual até os dias de hoje, precisava ser dada 3 vezes por semana. O ajuste de precisão, por sua vez, podia ser feito a partir da colocação de pequenas moedas no topo do pêndulo (cada penny adianta o relógio em 4 décimos de segundo).
Com a criação do telégrafo, o horário do Observatório de Greenwich passou a ser transmitido todos os dias para o relógio, de forma a mantê-lo ajustado com os melhores reguladores de precisão lá instalados. Atualmente, os relojoeiros que o ajustam ligam para o “Hora Certa” local.
A precisão absurda do relógio e o toque da melodia em seu sino, apelidado “Big Ben”, tornaram-se símbolos do Reino Unido e da chamada “pontualidade britânica”.