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Tissot High Tech Escapement

Iniciado por flávio, 06 Outubro 2021 às 10:48:03

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flávio

Após um comentário em outro tópico, resolvi pesquisar mais profundamente os calibres Powermatic 80 usados pela Tissot, e cheguei à conclusão - algo que não havia me atentado no seu lançamento - que existem 3 versões do movimento: comum, com escapamento em liga metálica (antimagnética), certificado como cronômetro com escapamento metálico antimagnético e espiral em silício e o misterioso modelo de entrada, com escapamento em plástico. Misterioso porque não encontrei nenhuma foto deste escapamento na rede e a própria Swatch parece nem tê-lo na sua base de dados, muito embora Tissot e Certina o usem aos zilhões, pelo que pude perceber.

Pesquisando a história do mecanismo, o tal "high tech escapement" não se refere ao fato de usar plástico, mas ao fato de o relógio ser totalmente montado (e ajustado) sem a necessidade de intervenção humana. Aliás, por isso mesmo ele NÃO TEM REGULADOR instalado (os ETACHRON clássicos. Sabem aquele ajuste de abertura e + - nos ETA normais? Pois é... Olhem a foto abaixo, ele não tem) e são completamente ajustados por processos automatizados na fábrica (cortes a laser). Os cortes a laser para equilíbrio do balanço já eram feitos pela maioria das fábricas, inclusive as top de linha, como Patek, Lange, etc. Porém, o ajuste ainda era manual. Nestes calibres novos, tudo é automatizado.

Porém, eu vi comentários na rede no sentido de que o calibre não mais seria ajustável ao sair da fábrica. Mas... Parece-me claramente que o escapamento é "free sprung", mas com ajuste de marcha através de pesos no balanço. Vejam na foto. Alguém pode me confirmar isso?

E eu vi comentários também no sentido de que mesmo o modelo com escapamento de plástico atinge, ao sair da fábrica, marchas diárias médias excelentes, no padrão COSC. Alguém também pode confirmar isso?

Flávio



Devenalme Sousa

Flávio, acho que essa informação de que eles não são ajustáveis é errônea mesmo. O ajuste, pelo que li, é feito com os pesinhos do balanço. Mas falo do que li. Não sou conhecedor.

Outro detalhe que vi por aí: o movimento com escapamento de plástico tem 23 rubis, enquanto o de metal tem 25. São justamente os dois rubis da âncora que não existem no primeiro, uma vez que esta peça também é de plástico.

Adriano

Tenho este vídeo no Chrono Talk, pode informar algo nesse sentido:

https://youtu.be/SLyrm6FIveU


Mas respondendo diretamente, sim, eles são balanços de inércia variável (free-sprung) e portanto você regula eles como qualquer outro. E sim, mesmo as versões com escapamento de polímero e espiral metálica atingem o COSC. Mas aí entramos naquela velha discussão que eu já plantei: ficar dentro da marcha diária média requerida pelo COSC não é tão difícil para calibres modernos. Praticamente qualquer suíço moderno consegue. Aliás, chinês também. O critério mais eliminatório do COSC é o isocronismo entre 0 e 24h. A regra, adaptada de competições de cronometria, foi bolada em uma época em que relógios tinham reserva de marcha de 40, 42 talvez 48 horas de reserva e muitos ainda eram de corda manual, ou seja, relógios que em teoria recebem corda uma vez por dia... desse modo, após 24 horas eles estavam com cerca de metade de sua corda já descarregada... Isso não significa metade da força disponível, mas significa uma queda de algo entre 20 a 35% de sua força e consequentemente da amplitude, e consequentemente afetando a marcha caso o isocronismo não fosse bom. Era nessa que o bicho pegava e os relógios reprovavam.

Porém com o aumento da reserva de marcha nos últimos anos (adivinhem por qual razão...) para coisas superiores a 60 horas... chegando facilmente a 70, 80, 100 horas... Isso significa que depois de 24 horas, a queda de energia é ainda é praticamente nula e resultado das marchas no 24 horas fica igual ao "zero hora" (corda cheia) e nessa o relógio passa facinho no COSC...

Por isso eu, que sou um zé mané que não apito nem na minha casa quando mais na indústria, acho que o COSC ou qualquer outra certificação de cronometria deveria rever seu critério de teste de 24 horas e considerar mais horas de intervalo, ou, o mais justo, 50% da reserva de marcha. Se o relógio é 8 dias, o intervalo da medição é de 4 dias. Se é de 80 horas, o intervalo é 40 horas e assim por diante.

Mas é óbvio que eu não sou o primeiro a ter pensado nisso e acredito que a indústria inteira, repleta de gente muito mais inteligente que eu, já pensou. Mas ninguém fez nada e nem vai fazer. Enquanto houver gente pagando mais caro e esnobando na conversa de boteco por um certificado que hoje não certifica praticamente mais nada. É tipo aquelas competições esportivas de crianças bem pequenas, que dão medalha para todos, do primeiro ao último colocado, para nenhuma chorar porque perdeu ou chegou em último.

Meus dois centavos, claro.

Abs.,

Adriano

igorschutz

Falando em vídeo, Chrono Talk, relógio chinês... quando teremos uma avaliação "pica" de algum San Martin, Adriano?

Olhando no YouTube, o máximo que vejo é gente avaliando por fora, sob a ótica de um consumidor, porém eu gostaria de ver uma avaliação mais aprofundada, falando sobre as tolerâncias do relógio, a qualidade de construção de alguns componentes etc.

Meu exemplo pessoal: quando a San Martin lançou a versão 36 mm do Explorer Homage, comprei uma unidade, como já havia adiantado que faria, porém, fiquei extremamente decepcionando quando tentei remover alguns elos do bracelete e esmerilhei dois parafusos, mesmo utilizando tanto a ferramentinha que acompanha o relógio quanto utilizando chaves AF.
Mesmo sendo meio estabanado nessas coisas de trabalho manual, posso garantir que o desastre ocorreu por falta de qualidade nas tolerâncias do parafuso/elo, e não pela minha mão "sexual" (onde toca, fode tudo). Buscando relatos na internet, vi pelo menos mais duas pessoas reclamando que o parafuso vem engripado mesmo, e só solta destruindo o parafuso ou o elo. A própria San Martin, na tentativa de me ajudar, pediu para que eu esquentasse o elo com fogo, para que o metal se dilatasse e facilitasse a remoção do parafuso.

No final das contas, devolvi o relógio no dia seguinte e obtive o reembolso, mas tenho vontade de comprar outra unidade, para ver se, quem sabe, dou mais sorte.

Por isso, gostaria de ouvir a opinião de uma pessoa muito mais técnica e experiente do que eu, e que tenha a capacidade de avaliar melhor esse tipo de coisa.

Em termos de aparência, os San Martin entregam muito mesmo, sem dúvida, mas e nos "micro" detalhes, será que acompanham relógios baratos da Seiko, Orient e Citizen mesmo? (não é pergunta retórica não, é dúvida mesmo)

Um abraço,

Igor
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

flávio

Seu depoimento me fez pensar em outra coisa: imaginemos que os parafusos tenham loctite, como vários no mercado tem. Antes de desparafusar, como "retirar" o Loctite?

igorschutz

Citação de: flávio online 08 Outubro 2021 às 15:03:08
Seu depoimento me fez pensar em outra coisa: imaginemos que os parafusos tenham loctite, como vários no mercado tem. Antes de desparafusar, como "retirar" o Loctite?

Eu pensei nesta possibilidade, mas sei que não têm pois alguns parafusos foram fáceis de retirar. É falta de qualidade na fabricação mesmo. Inclusive, penso, se os caras não se garantem na tolerância para utilizar elos com parafusos, deveriam ficar nos pinos mesmo. Não é tão nobre, mas funciona bem e é muito mais fácil de fabricar.

Esse é o grande diferencial dos suíços. Os caras cobram uma grana violenta nos relógios, negócio irreal mesmo nos dias atuais, mas, você pode mexer em 100% dos parafusos e eles estarão todos perfeitos.
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Guigowatchguy

Tenho um Tissot com esse movimento (23 joias) e ele é ótimo! Precisão incrível, entre -5 +4. Tenho faz tempo e não da trabalho; e como o Adriano disse no vídeo dele: não é qualquer plástico, o polímero usado é outro nível e que pode durar por anos e anos sem manutenção e também por ser plástico ele auto se lubrifica, podendo o intervalo de manutenção ser estendido, até mais que os relógios convencionais (com 25 joias). É incrível como até hoje eles inventam tecnologias para movimentos em meio a moda de smartwatch. Suíço sendo Suíço!  ;)