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O Pai Tempo na publicidade relojoeira

Iniciado por flávio, 10 Abril 2025 às 11:33:58

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flávio

Texto publicado no Instagram

Em 1895, o nome Omega apareceu pela primeira vez em um anúncio publicitário. Até então, a manufatura suíça era conhecida apenas como Louis Brandt. Na imagem, um velho barbudo com asas segurava um relógio da marca numa das mãos e, na outra, uma lança.

Anos depois, em 1911, foi a vez da Longines. Num pôster que mantenho exposto em casa, o mesmo personagem está agora sentado nas nuvens. Apoiada ao lado, uma ampulheta. Nos ombros, o esforço visível de sustentar um relógio de bolso Longines.

A figura voltaria a aparecer inúmeras vezes na publicidade relojoeira do século XX. Mas quem é esse velho alado, que carrega — e às vezes parece se curvar diante — dos instrumentos criados para medir o próprio tempo?

A resposta começa com Cronus, o titã grego que destronou o pai, Urano, e devorava os filhos para evitar ser destronado por eles. Séculos depois, outra figura surgiu: Chronus, o Tempo eterno, abstrato, impessoal. A semelhança entre os nomes levou à fusão simbólica: o titã devorador tornou-se o tempo que tudo consome.

No Renascimento, essa fusão ganhou forma: nasceu o "Pai Tempo" — velho, de barba longa, asas, ampulheta e foice. Uma figura que ora ceifa, ora observa. E, mais tarde, carrega.

Nos anúncios da Omega e da Longines, esse Pai Tempo reaparece. Mas a foice cede lugar à lança, e a ampulheta, ao relógio de bolso. O tempo, antes soberano, agora parece servir. Carrega o instrumento humano que ousa medi-lo com exatidão.

Não é mais ele quem marca as horas. É a relojoaria que reivindica esse poder. A técnica se impõe ao mito. E o tempo — cansado ou rendido — repousa sobre as nuvens.



Enviado de meu SM-A528B usando o Tapatalk


Paulo Sergio

Parabéns pelo escrito amigo!!!    :)  :)  :)
Abraço
Paulo Sergio