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Conte uma história que marcou sua infância ou sua vida.

Iniciado por César-HT, 25 Maio 2010 às 02:39:26

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César-HT

Olá para todos.

Eu estava lendo o tópico sobre livros e vi a recomendação do Igor sobre "Vinte Mil Léguas Submarinas", então pensei em propor este tópico, para conhecer histórias que marcaram a vida de meus camaradas aqui do Fórum.

A minha história é a seguinte, meu pai trabalhava como topógrafo e por isso, dependendo do lugar em que estava trabalhando, ele ficava dias, semanas ou então meses longe de casa.
Eu me lembro que em 1984 (algum tempo depois é que eu entendi que seria uma comemoração pelos trinta anos do filme), era um sábado e eu havia visto no jornal regional (TV Campinas na época, hoje EPTV, afiliada da Globo) da hora do almoço que estava passando nos cinemas o filme "Vinte Mil Léguas Submarinas" da Disney. Eu já havia lida uma HQ muito fiel ao livro e tinha visto na "Sessão da Tarde" vários filmes inspirados nas aventuras do Capitão Nemo e seu Nautilus.
O primeiro pensamento foi pedir para meu pai me levar, mas ai eu lembrei que ele viajava muito na época para poder estar nos finais de semana em casa, estava cansado e provavelmente não iria me levar. Não por que não quisesse, mas pelo seu cansaço mesmo. Penei muito sobre isso.
Mas era uma oportunidade única, não dava pra deixar passar, então eu fui até meu pai e depois de algum rodeio eu pedi, queria ver o tal filme.
Qual foi minha surpresa quando ele de pronto concordou. Eu fiquei super feliz, nem acreditava. Mas surpresas ainda maiores estavam me aguardando.
Nós chegamos no cinema e eu só ficava babando nos cartazes do filme, achei lindo o submarino, o horário da sessão eu não lembro, mas devia ser para algo em torno das 14:00 horas, nós chegamos meio sedo e demos um tempinho no cinema, eram tempos em que havia grandes cinemas no centro de Campinas. Hoje na cidade, cinema é coisa de Shopping.
Agora a grande surpresa que eu mencionei acima e que faz essa história ter um grande significado para mim: quando estava começando o filme meu pai resolveu me contar uma coisa que achei incrível, ele me disse que assim como ele estava fazendo comigo, o pai dele, meu avô, havia levado ele para assistir o mesmo filme quando ele era criança. Meu avô levou meu pai, quando criança, para assistir "Vinte Mil Léguas Submarinas" e o meu pai estava fazendo o mesmo comigo.
Meu pai foi me explicando algumas partes enquanto nós assistíamos o filme, depois de tantos anos ele ainda lembrava da parte que os canibais tentavam entrar no Nautilus, foi muito legal passar aquele tempo com meu pai, que também voltava às lembranças de sua infância naquele sábado de 1984.
Essa história me marcou muito, foi um daqueles momentos de pai e filho que a gente não esquece mais, como meu pai viajava muito o nosso contato não era tão freqüente como alguém que vê o pai todos os dias.

Meu pai faleceu em 1992, quando eu tinha 17 anos e quando eu penso nele sempre me lembro dessa história. Ficou quase como uma tradição de família, se eu um dia tiver filhos vou fazer o mesmo, nem que seja para assistir em casa.

É isso, gostaria de conhecer algumas histórias que eu sei que os colegas têm pra compartilhar.

Abraço a todos e até mais.
César
"Perdoe os seus inimigos, mas não esqueça seus nomes" John F. Kennedy.

HumbertoReis

Muito bacana essa história!

Acho que a história mais importante pra mim foi o processo todo que desencadeou minha permanência na Espanha.

Minha família é de origem humilde e eu sempre alimentei o sonho de morar fora do país. Não era com o intuito de fugir daqui, mas de conhecer coisas novas, idioma novo, costumes... Enfim, tinha a convicção de que só seria feliz e realizado na vida se tivesse no meu 'histórico' a vivência no exterior.

Ao iniciar na faculdade de medicina, conheci um japonês que veio fazer intercâmbio na PUCRS. Eu tinha muito contato com a colônia japonesa, o que facilitou o estreitamento das relações. Ao mesmo tempo, ainda no primeiro ano, visitei a Pró-Reitoria de Assuntos Internacionais da instituição, explicando o meu caso (queria morar fora do país e desejava me preparar para tal empreitada).

O Pró-Reitor era um padre de origem alemã. Me disse pra estudar alemão, que poderia tentar uma vaga em Tübingen. O que fiz? Fui estudar - sozinho - alemão. Comprei uns livros e - nos intervalos das aulas - corria para a biblioteca central para ler algo. NA mesma época, a TV Educativa lançou, em acordo com o Instituto Goethe, uma série que ensinava alemão. Fui ao instituto e comprei o livro básico. Acompanhei 6 lições (uma por semana), quando percebi que o 'buraco era mais embaixo'...

No segundo ano, seguia com a intenção de viver fora, mas sem um rumo definido. Ao iniciar o terceiro ano da faculdade, ingressei no Curso de Japonês, oferecido pela própria PUCRS. Foram 3 maravilhosos anos, nos quais aprendi muito. Estava entre os melhores do grupo, pois não tinha muito tempo a perder. Participei de um concurso de oratória quando finalizava o segundo ano de japonês, ocasião em que conheci um estudante de medicina que havia vivido no japão como bolsista por um ano. Naquele mesmo período conheci um médico geriatra que havia realizado doutorado lá por 4 anos. Ainda, incomodei minha dentista com o 'tal assunto de morar fora do país', pois a mesma era uruguaia e podia dar alguma dica ao singelo aluno.

Eu começava a arquitetar a viagem, consolidando as idéias e os passos a serem executados. Não podia, por exemplo, me dar ao luxo de ir a um país e ter de voltar por um erro bobo. Com o médico geriatra obtive a informação de que seria muito difícil ficar lá por 4 anos. Ele me disse que havia passado muita dificuldade e que só resistiu porque a família (esposa e filhos) estavam com ele. Foram duros e longos 4 anos. Com um médico pediatra, que havia formado em Educação Física antes e havia 'corrido o mundo por dois anos' conversei sobre tudo o que me ocorreu perguntar numa janta em que ambos ficamos de plantão no hospital (ele como residente em pediatria e eu como aluno estagiário). Da conversa, guardei que 'não poderia manter os olhos focados para baixo, pois as coisas poderiam acontecer à minha frente e eu não as veria'. Muito bem, então deveria manter os olhos para frente, para acompanhar o movimento desse enorme mundo.

No sexto ano da faculdade, somando as experiências descritas e muitas outras, sabia que minha jornada não seria nada fácil e que talvez fosse melhor deixar meu sonho para mais adiante, depois de obter a especialidade em otorrino (conselho da dentista uruguaia, do geriatra e de muitos outros). Talvez um curso curto, de 3 meses, fosse mais fácil de conseguir e de realizar. Sim, a proposta da maioria dos consultados foi essa. Entretanto, eu queria permanecer por mais tempo no lugar escolhido.

Eis que surge um convite do Consulado do Japão para participar de uma seletiva para morar um ano no Japão e estudar numa universidade. Era a mesma seletiva que havia premiado o estudante de medicina que alguns anos antes eu tinah visto no concurso de oratória. Participei e... Não deu certo. Quem venceu era nissei, e o segundo colocado também.

Pensei bastante sobre o ocorrido e me dei conta que sempre enfrentaria essa situação quando fosse disputar vaga para o Japão. Afinal, sempre haveria um descendente, com maior fluência do que eu e mais adaptado aos costumes, concorrendo à mesma vaga. Fiquei um bom tempo pensando na saída para o problema, uma vez que o sonho permanecia.

Me formei e fui para o exército. Tive a felicidade de servir no batalhão localizado ao lado da PUCRS, em Porto Alegre, enquanto muitos foram para o interior. No início do ano (1996) decidi que faria espanhol e que tentaria vaga em algum país de língua castellana. Fiz um curso intensivo de espanhol no mês de dezembro. Durante o curso, conheci duas fonoaudiólogas que buscavam o mesmo que eu. Expliquei meu modo de ver as coisas e elas me disseram como pretendiam fazer para ir à Espanha.

No ano seguinte, fui trabalhar como plantonista no litoral gaúcho. Soube, por outros amigos, que as duas tinham ido para Barcelona, para realizar mestrado na área. Soube depois que tiveram de voltar, pois não conseguiram realizar matrícula devido a ausência de visto específico. Depois do impacto inicial do trabalho como plantonista, 'acordei' para meu sonho novamente. Já estávamos no segundo semestre de 1997 e eu não tinha nada de concreto. Daquele dia em diante, e por todos os dias seguintes até o dia da viagem, me perguntava sempre ao despertar 'o que posso fazer hoje para poder morar fora?'.

O texto está longo, mas essa é a parte melhor:

Fiz uma lista de todos os papéis que teria de juntar e elaborei uma lista de contatos para facilitar minha viagem. Liguei para o Secretário de Saúde do Estado do RS, que prontamente aceitou redigir uma carta indicando-me para uma vaga, justificando como uma oportunidade para integração e crescimento regional. A secretária tinha dito, por telefone, que ele não aceitaria, mas como eu não desisto fácil... Mandei cartas para universidades espanholas, explicando meu caso. Duas me aceitaram, sendo que uma deles informou que a qualquer momento eu poderia ingressar, bastaria ter os papéis legalizados. Na Agencia Espanhola de Cooperación Internacional, soube que em maio de cada ano há processo seletivo para mestrado, doutorado. Para participar, basta apresentar uma pequena lista de papéis. Alguns eu já tinha, afinal vinha por essa estrada há algum tempo.

Fui, então, à Pró-Reitoria de Assuntos Internacionais da minha saudosa PUCRS, na esperança de conseguir algo. Era janeiro de 1998. O padre não estava mais lá e o nome não era mais o mesmo. Agora era Assessoria de Assuntos Internacionais. O atual assessor me recebeu muito bem e tinha como histórico de vida a vivência no Chile e na França, onde havia feito doutorado. A identificação dele com o meu caso foi instantânea. Expliquei que era co-autor de um livro de otorrino publicado com os professores do Hospital da PUCRS e que lhe mostrei onde me posicionava nesse processo todo. Ele me perguntou sobre o tipo de ajuda que eu precisava e disse que conseguiria uma vaga na Espanha.

Pra resumir: ele obteve uma vaga de doutorado em otorrino na Univ Complutense de Madrid.

Juntei todos os papéis que possuía, toda minha coragem, e fui finalizando as coisas. Estive na secretaria exterior do INSS, para obter uma carta com validade de um ano para atendimento em saúde (acordo entre Brasil, Espanha e Itália). Depois, fiz a inscrição para bolsa na Agência Espanhola de Coop Internacional, afinal de contas não tinha recursos para viajar e ficar lá por 2 ou 3 anos. Comuniquei nos plantões que ficaria somente até julho...

Feita a seletiva, em maio de 1998, ganhei a tão esperada bolsa de estudos. Larguei os trabalhos, marquei data de casamento (estava noivo há 3 meses) e bola pra frente!

Casamos em 19 de setembro e viajamos em 21, 2 dias depois. Foram dois anos de lua-de-mel. Ao completar três meses lá, a surpresa: bebê a caminho! Correria, pânico geral, mas foi tudo bem. A tal carta que havia buscado na secretaria do INSS nos livrou de um gasto astronômico e impagável naquele momento. Dois anos depois, desembarque em Porto Alegre. Tudo seguia como antes.

Eu havia mudado.

paulorocha

Tópico fantástico! E histórias deliciosas. Obrigado por compartilharem.

Bem, aqui vai a minha contribuição:


Até dezembro de 2004, eu estava recebendo em torno de R$1200,00 por mês como professor de informática. Este valor éra variável, porque eu recebia por aluno pagante, então havia pequenas alterações a cada mês. Porém de janeiro de 2005 em diante, este valor começou a se reduzir drasticamente, chegando em maio a apenas R$600,00. Não é preciso dizer que eu estava bastante descontente com a situação.

Porém, em uma segunda feira, quando estava indo dar aula, seguindo pelo caminho de todos os dias, ao olhar pela janela do ônibus, lí um cartaz: "AQUI ADESIVO PADRÃO ANTT".

Eu nunca tinha reparado naquele cartaz, e não entendi porque ele havia me chamado a atenção, afinal eu não fazia a menor idéia do que fosse ANTT e nem o seu adesivo... Não dei muita importância e segui para a escola e para minhas aulas. Só que depois deste incidente, para todos os lados que eu olhasse eu via um caminhão, um ônibus, até vagão de trem, com um pequeno adesivo branco com as letras ANTT seguido de uma numeração. Éra o tal adesivo do cartaz.

Na sexta feira desta mesma semana, perdi o horário e saí de casa 15 minutos atrazado. Por este motivo me utilizei de um trajeto que não gostava, pois apesar de ser bem mais rápido, passava por uma região tipo "barra pesada". Mas como professor não pode se atrazar...

Ao chegar ao terminal onde iria fazer a troca de ônibus (justo o terminal que eu não gostava de usar...) encherguei de longe um mural cheio de cartazes, em que pude ler nitidamente: ANTT.

Como o ônibus que iria tomar ainda iria demorar uns 5 minutos, resolvi olhar mais de perto. O cartaz estava semi coberto por outros cartazes que tive que retirar para poder ler o que havia me chamado a atenção: Concurso Nacional ANTT. Foi neste cartaz que finalmente descobri que se tratava da Agência Nacional de Transportes Terrestres. Havia no cartaz o endereço da internet onde poderia fazer a inscrição, porém a área onde estaria a informação do prazo de inscrição havia sido danificada e não podia ser lida. Cheguei a imaginar que o concurso já havia sido realizado e que seria perda de tempo anotar o endereço do site. Mas anotei mesmo assim.

Ao chegar na escola, depois de algumas aulas, em um horário de intervalo acessei o site: as inscrições ainda estavam abertas, e se tratava de um concurso de nível médio para lotação em Brasília. As inscrições se encerravam naquela sexta feira nas agencias dos correios e na terça feira seguinte pela internet. A taxa de inscrição éra de apenas R$35,00. Detalhe: eu não tinha um centavo comigo, não tinha de quem emprestar e só iria receber meu salário na quinta feira...

Chegando em casa contei toda a história para minha esposa: desde a visão do cartaz na segunda até o site na sexta. Ela me disse: se é para fazer este concurso, o dinheiro para a inscrição vai aparecer...

Na segunda feira a tarde recebí um telefonema. Éra um ex-aluno me pedindo para ajudá-lo na manutenção de um computador da empresa em que trabalhava e me oferecendo por esta ajuda R$40,00! Éra o dinheiro que eu precisava...

Me inscrevi no concurso e passei a estudar apenas o conteúdo de legislação (detalhe: não "estudei" realmente, apenas lí o texto das leis citadas no edital...). As outras matérias, nem olhei... Estava tão confiante que achei que não seria necessário.

Ai, comecei a fazer coisas que em uma situação normal eu não faria. Mas eu não estava vivendo uma situação normal, e tinha também um oráculo preciso me dando força: minha esposa! A muito tempo aprendi a confiar em seu sexto sentido: quando ela diz que algo não vai dar certo, não adianta nem tentar, é fracasso certo! Porém quando ela diz que vai funcionar, parece que tudo no mundo conspira para que realmente tudo aconteça da melhor forma possível. E neste caso, desde o primeiro dia, ela diz: vai acontecer!

A primeira "loucura" que fiz foi pedir a meu desligamento da escola. A remuneração de junho foi ainda menor que a de maio. Com a recisão tive dinheiro suficiente para fazer minha segunda loucura: fiz a prova do concurso em um domingo e no sábado seguinte já estava viajando para Brasília, antes mesmo de sair o resultado da prova objetiva. Para me capitalizar melhor para esta viagem, também vendi meu computador, minha forja e minha lixadeira.

O resultado vocês já sabem: desde outubro de 2005 sou servidor da ANTT, de onde só saio aposentado!


Grande abraço
Um grande abraço

Paulo Rocha

HumbertoReis

Caramba!

É fato que muitas vezes sabemos das coisas antes de que aconteçam.

Legal a história, Paulo!

Enéias

#4
No dia 11/12/1979 eu cheguei aqui (Sampa). Para fazer o segundo ano de contabilidade, o terceiro e por fim a Faculdade de Teologia (meu grande sonho). Tudo em regime de internato. Eu tinha 17 anos e vim. Fui "sorteado" ou "selecionado" entre muitos que tentaram e conseguiram uma bolsa de estudo, regime integral, trabalhando à tarde, estudando pela manhã, folgando (igreja) no sábado e trabalhando das 7 às 18 no domingo. Alcancei 100% da meta, casei-me com uma colega de internato e tenho duas filhas. FOI A MUDANÇA DE RUMO DE MINHA VIDA.

Foi assim que este mineiro que digita, que na época morava em Vitória da Conquista-BA, veio e ficou até hoje em São Paulo.

:D

melao

Essa historia minha eu nao esqueço nem no dia da minha morte.Parece que foi hoje de manha.
Quando eu tinha 13 anos morava na mesma cidade que moro hoje.So que eu morava em um sitio que fica a uns 7 km da cidade.Meu pai tinha uma velha Kombi que servia a todos no sitio.Uma tia minha que mora longe iria chegar de trem ate a estaçao da cidade pela extinta Fepasa.Meu pai escalou um primo meu que ja tinha carteira e eu para irmos ate a estaçao buscar a tal tia na Kombosa.Ficamos esperando por umas duas hortas e nada do trem e nem da tia.Ja por volta das 9:30 da noite saimos da estaçao e fomos embora pro sitio.No meio do caminho em uma estrada de terra que da acesso a este sitio notamos um clarao muito forte no ceu.Meu primo parou a kombi e descemos para ver.Era um gigantesco e brilhante OVNI.Tinha umas nove luzes verdes em volta e uma muito mais forte no meio que era branca.O danado andava pelo ceu (que nesse dia estava limpissimo)numa velocidade muito grande e as vezes voava de marcha a ré.Como estavamos num lugar sem luzes por perto a visao desse negocio foi perfeita.Apos ficar observando por mais ou menos uns 10 minutos o bicho começou a vir em nossa direçao.ai o medo pegou.Meu primo deu partida na kombi e suminos dali sem nem olhar pra tras.Chegamos ao sitio e todo mundo ficou perplexo com o nosso estado de susto e com a historia.Obviamente que a maioria duvidou.Mas uma coisa eu tenho certeza
Helicoptero nao era pois nao fazia nenhum barulho
Aviao nao anda pra tras, nem faz curva de 90º.
Balao tambem nao era porque balao nao pisca tanto.
Doido eu nao estva pois tinha alguem comigo que tambem viu.

Essa historia ja tem quase 30 anos e eu nao esqueço de nenhum detalhe.Alias parece que é a unica coisa que eu lembro claramente dessa epoca.O resto da minha infancia eu lembro mais ou menos,mas essa nao.Ficou marcado pra sempre.
Por essa é que eu acredito piamente em OVNIs e em visitantes de outro planeta.

É verdade viu gente.Nao to louco nao. ;D

Depois escrevo sobre outra historia de infancia meio cavernosa sobre uma bola de fogo que tinha nesse sitio.(essa eu posso provar) ;D

Bruno Recchia

Oi pessoal,

quando eu vejo esse topico, tenho vontade de escrever... mas se eu fosse escrever do que mais me marcou, é infelizmente algo triste demais, nao sei se um dia conseguirei falar a respeito. So de pensar, ja vêm as lagrimas, brabo... quem perdeu alguém de muito, muito importante, sabe do que eu estou falando... Entao, prefiro falar de algo mais leve... algo que determinou minha vida todinha.

Eu sou franco-brasileiro, meu pai é francês e minha mae brasileira. Eu nasci no rio, sou carioca da gema, botafoguense de coraçao. Depois, passei minha infância e parte da adolescência em Salvador, e depois fui pra SP. Mas desde meus 11 anos, meu pai sempre nos mandou, de dezembro a fevereiro, pra passar as férias na França. Acho que ele quis que a nossa dupla nacionalidade fosse real, e nao uma questao de passaporte.

Eu aprendi a conhecer, e viver essa cultura, com seus lados positivos e negativos. E desde que eu tinha 16 anos, eu decidi que, aos 21 anos, eu viria morar e estudar na França. Queria estudar Design. E nada nem ninguém mudaria isso.

O tempo passou. Na hora de escolher uma faculdade, eu nem sabia muito o que fazer... Entrei na Poli mais por falta de idéia (mas que sorte, a Poli foi um dos momentos mais dificeis, e paradoxalmente, construtivos da minha vida).

No ano seguinte, achei um emprego, professor de inglês no Cel-Lep. Tinha o meu fusquinha, que mais tarde meu pai trocou por um Niva. E como eu tinha sim um lado criança mimada, meu pai tinha comprado, pra mim e pro meu irmao, uma pequena mas simpatica cobertura num flat no ibirapuera... Aos 19 anos, tinha tudo o que se podia querer, era o "rei da cocada preta"...  ;D Trabalhava, tinha uma graninha legal, um carro pra "faturar" a mulherada, um apê pra "concretizar"... (e ca entre nos, o ser professor de inglês no Cel-Lep era O trabalho feito pra "faturar" !! ;D ) Aos 20 anos, comecei inclusive a namorar firme. Mas na minha cabeça, algo fazia tic-tac-tic-tac... Eu fiz 21 anos... A hora estava chegando... E assim que eu fiz o aniversario, fiz tudo pra poder vir estudar aqui. Papéis, traduçoes, cartas de recomendaçao, procura de escolas... Pouco me importava o que ia acontecer, eu decidi partir, ponto final.

Em junho, eu liquidei minha vida brasileira. Larguei o emprego. Me desfiz do carro. Abandonei a vaga na poli. Peguei uma passagem de ida simples, sem volta, pra França. Nao larguei a namorada, isso era pedir demais. Fiz 2 malas, dentro coloquei as poucas coisas que me importavam, um pouco de roupa. Abandonei todo o resto. A bem da verdade, nessa época, meus pais moravam aqui, mas eu nao vinha pra morar com eles. Eu vinha pra fazer a minha vida. Deixar pra tras tudo que eu conhecia, minha vida, meus amigos, foi muito, muito dificil. Mas eu tinha decidido que seria assim. E o pior, é que eu nem sabia o que eu faria ao desembarcar !! Ainda nao tinha sido aceito por escola nenhuma. O que eu sentia, naquele aviao, nao posso explicar. Mas eu segui em frente, batalhei uma vaga numa escola de Design, fui morar num quarto de empregada, numa republica, ia pra escola de bicicleta em pleno inverno, no norte da frança. Mas nunca, nunca, me arrependi do que tinha feito. 5 ou 6 meses depois, o namoro foi pras cucuias, normal. Sofri muito, de novo, mas nem assim duvidei da minha escolha.

Hoje, nao posso dizer se eu teria sido mais ou menos feliz se tivesse ficado no Brasil. De vez em quando, bate uma senhora saudade... Mas o que eu sei, é que essa é a vida que eu quis, que eu escolhi e batalhei pra conseguir. E quando eu olho pro meu filho, Gabriel, eu sei que eu fiz a boa escolha.

Abraços,

Bruno




O Cara

Bruno, meu filho também se chama Gabriel.
Deixa te perguntar uma coisa, você nunca mais pôs os pés no Brasil ou vem de vez em quando tirar umas férias?
Um abraço
Fábio

Bruno Recchia

Aaah... Gabriel, é tudo gente finissima !! ;D ;D ;D

Eu venho sim, quando posso... uma vez a cada 4 ou 5 anos... Muito pouco. Mas fazer o quê ? é por isso que de vez em quando, me da uma saudade louca de uma coxinha com guarana,  num botequim... (sério, nao é piada nao !!)

Abraços,

Bruno

O Cara

Citação de: Bruno Recchia online 27 Maio 2010 às 03:42:10
Aaah... Gabriel, é tudo gente finissima !! ;D ;D ;D

Eu venho sim, quando posso... uma vez a cada 4 ou 5 anos... Muito pouco. Mas fazer o quê ? é por isso que de vez em quando, me da uma saudade louca de uma coxinha com guarana,  num botequim... (sério, nao é piada nao !!)

Abraços,

Bruno

O meu Gabriel ainda vai fazer um aninho (agora em junho), mas se depender de mim e de minha esposa, será gente fina sim, mas depende mais da personalidade dele do que de nós.
Eu já prefiro a coxinha com coca-cola, coxinha com catupiry.
Esfiha ou joelho de queijo e presunto fresquinhos também me dão água na boca.

Bom, ainda não li todas as histórias, me perdoem as que ainda não comentei.
Li a do Paulo Rocha, fantástica, uma tremenda lição de positivismo e força de vontade, é preciso ter fé e acreditar. Já te admirava antes e agora te admiro ainda mais.

E a do Bruno, deixar tudo para tras e seguir num caminho totalmente novo e desconhecido é só para corajosos (eu sou medroso, já fiz algo parecido mas com uma garantia de volta, kkkkk, fui com tudo pago e com passagem de ida e VOLTA já marcada).

Prometo que lerei todas as histórias já postadas e depois comento.
Um abraço
Fábio

HumbertoReis

Citação de: O Cara online 27 Maio 2010 às 01:41:57
Bruno, meu filho também se chama Gabriel.
Deixa te perguntar uma coisa, você nunca mais pôs os pés no Brasil ou vem de vez em quando tirar umas férias?

O meu também é Gabriel!

As histórias estão boas. Não, estão maravilhosas!

- STR -

Amigos...

ando com o tempo meio curto, peço perdão pelo copiar colar.... já contei essa história por aqui... mas essa contei em 30/03/2008 no forum R&R...!

"
Pessoal obrigado. fotos abaixo!!

Este relógio (o Omega de bolso) é um dos que tenho mais apego, acho que a paixão por relógios surgiu deste e por conta de meu avô, minha mãe conta que quando era criança meu avô colocava ele no meu ouvido para eu ouvir o TICTAC... e por vezes ele abria a tampa para eu ver a "máquina" (era assim que ele chamava o movimento). A promessa foi feita em 1976 ele prometeu que seu primeiro neto seria o dono do relógio.. e jaz... minha prima nasceu um mês antes de mim... mas ele deixara ele para o "netO". Há mais ou menos dois anos e meio ele veio a falecer então minhas tias me chamaram e me entregaram o relógio, ou o que tinha restado dele.. como ele morava sozinho e não estva bem de saúde, possuia uma funcionária que limpava e lavava a roupa dele, e o relógio foi lavado junto com sua roupa... dentro da tampa somente as peças em metal dourado não haviam enferrujado, o cabelo era uma pelota enorme de ferrugem... então tomei a empreitada para mim... queria ouvir o TICTAC... para a desmontagem foi gasto muito tempo... pois o movimento ficava mergulhado em um líquido para amolecer a ferrugem para facilitar a retirada os parafusos... depois de desmontado garimpamos muitas peças:: cabelo, ponte do balanço e até o mostrador.. até que enfim ele TICTAQUEOU novamente...
Hoje ele ocupa um lugazinho na cabeceira da minha cama... ganha corda todo dia... e funciona perfeitamente....
Fica aqui a homenagem ao meu avô, que foi o dono do primeiro relógio que admirei, além de ser a pessoa que me ensinou a gostar dessas máquinas... e como se já não bastasse deixou para mim o relógio do "tic-tac" da minha infância.

"
As fotos do relógio....!
 


Amigos... meu avô faz falta... ele me ensinou a gostar dos relógios.. e nem sabia que estava fazendo isso... depois que restaurei esse... minha "quedinha" por essas máquinas voltou...! ;D ;D ;D

Grande abraço..

Rodrigo STR ;D

"O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, mas sim por àquelas que permitem a maldade." - Albert Einstein

O Cara

Pronto, já li todas as histórias.

Cesar,
linda história, tradição que se passa de pai pra filho.
Eu graças a Deus passo todo o momento possível perto do meu filho, trabalho em casa então mesmo quando não estou diretamente com ele, sei que está próximo, no cômodo ao lado e isso está sendo muito bom pra mim, estou a cada dia mais apaixonado.

Humberto,
que luta hein, mas todo o esforço foi compensado no final, parabéns. Fico feliz em saber que meu filho tem mais um xará.

Paulo,
já falei, uma bela história de perseverança, fé e determinação, parabéns.

Enéias,
um mineiro que mora em São Paulo e torce para um time carioca, nossa cara-metade está onde menos esperamos.

Melão,
tu tinha fumado o que com seu primo lá na estação de trem, hein?
Brincadeira amigo, também acredito em vida extra-terrena, mas nunca vi nada (e nem quero ver). Está faltando agora a história da bola de fogo, estamos aguardando.

Bruno,
também já comentei, uma história de determinanção e confiança, parabéns. Filhão está bem né?

Rodrigo,
essas histórias emocionam, também lembro de meu avô, praticamente fui criado por ele, pois meus pais trabalhavam fora e moravam na casa dos fundos de meus avós paternos, então passava o dia com eles. Sinto muita falta dele.

Bom, já fiz todos os comentários das leituras acima, depois quando tiver tempo escrevo alguma história minha.
Um abraço
Fábio