Difícil aparecer um precisando de revisão (o que é uma boa coisa), mas de fato a arquitetura é a mesma. Não dá para dizer que é derivado, nem que é uma evolução natural. Ele é um novo mecanismo, de fato. Mas a arquitetura é a mesma, não é achismo meu. Ninguém precisa concordar, mas quando você tem disposição da rodagem idêntica, é o suficiente para dizer que a arquitetura é a mesma. É quase um DNA ou uma impressão digital. É quase impossível dois calibres diferentes possuírem a mesma arquitetura por coincidência. Vide calibres de corda manual da década de 1940, 50 e 60. Há centenas, que aos olhos de leigos, não são apenas parecidos, mas idênticos. Porém não são. Não há uma única peça entre eles que seja compatível e por isso mesmo existiam aqueles catálogos curiosos de identificação de peças, com peças específicas (tipo tirete, báscula, saltador do tirete, etc.) em tamanho real para você poder colocar a peça em cima do livro e comparar com certeza qual calibre era qual. Pois só no olho, até um profissional errava, fácil, tamanha a semelhança, não só dentro de um só fabricante de ébauches, como entre fabricantes diferentes. Era quase tudo igual, pois aquela disposição de rodagem e etc. foi evoluindo até um ponto ótimo, e todo mundo seguia. Mas a compatibilidade era zero, porque não era exatamente a mesma arquitetura. Repetindo, nem a coincidência era capaz de fazer com que centenas de calibres calhassem de ser internamente compatíveis. Coisa que já acontece quando a arquitetura é a mesma. Você pode mudar forma e pontos de fixação das pontes, pode mudar módulos inteiros como a parte do automático (é o caso do 8800 vs. 2892), mas quando você tem a posição do tambor e toda a rodagem micrometricamente igual, não tem como ser coincidência, mas sim de fato a mesma arquitetura.
Obviamente isso esbarra na velha polêmica do que é in-house, o que não é... discussão que eu nem debato mais e que é totalmente infrutífera. É conversa de boteco. Mas no estado de evolução da relojoaria, não há nem sentido não aproveitar arquiteturas existentes, provadas e comprovadas, para execução de calibres industriais. Pelo contrário, é prova da qualidade de alguns desenhos, e convenhamos, o 2892, gostem ou não, é uma puta arquitetura, e de desempenho altíssimo. É até hoje um dos calibres industriais com o melhor índice "Q". Sim, tem lá aquele automático que originalmente arrega meio cedo, mas é um puta calibre.
Aí vide o que a IWC faz com o 7750. São vários calibres da IWC que você nem desconfia da semelhança. Mas a arquitetura é do 7750. Idem também aos Nomos e a arquitetura do Peseux 7001. Mas é "derivado"? Ou "não é in-house" por causa disso? Não pode ser, se é feito inteiramente dentro de casa e nem uma peça sequer é comprada fora...
Isso tem sido cada vez mais comum na indústria, ao que me parece.
Aliás, vide aí aquela palestra do Richard Habring no instituto de relojoaria nova-iorquino. Ele explica o porquê o 7750 é o que é, e por que ele adota essa arquitetura em seus mecanismos, que são, claro, in-house e ninguém pode negar.
Abs.,
Adriano