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Semana Farroupilha: Um breve histórico!!

Iniciado por hessel, 15 Setembro 2010 às 09:40:11

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hessel

Olá pessoal:

Em plena Semana Farroupilha, apresento aos participantes, uma breve e sucinta história. Como complemento, também uma rápida explicação acerca do Chimarrão, símbolo de amizade, fraternidade e integração...

Abraços,

Hessel


Setembro



Este mês tem uma grande importância para o Rio Grande do Sul: 20 de setembro é a data máxima do nosso povo, quando é reverenciada a Revolução Farroupilha. É o marco da história e da formação política da sociedade rio-grandense e foi transformada em feriado, por decisão da Assembléia Legislativa, a partir de Lei aprovada no Congresso Nacional, em 1996. Esta semana a Chama Crioula foi acesa em vários pontos do Estado, dando continuidade às comemorações da  Semana Farroupilha que iniciaram na quinta-feira, dia 13, e se estenderão até o dia 20.

História

O Movimento Tradicionalista do Rio Grande do Sul surgiu no ano de 1947, a partir da criação do Departamento Tradicionalista, organizado por estudantes da famosa Escola Pública Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, liderado por João Carlos Paixão Cortes. Na capital gaúcha, neste período, se ergue, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, entre prédios residenciais e públicos, uma espécie de vila, com cerca de 400 barracas e galpões de madeira, denominada "Ronda Crioula".

O nome Ronda Crioula foi buscado na campanha, onde, quando se cuida do gado nas tropeadas, os gaúchos ficam sempre em redor deles, cantarolando, assobiando, tocando violão, que assim faziam para acalmar os bois. Um fogo, aceso a certa distância do gado, fica, igualmente rodeados de gaúchos que esperam para fazer a sua ronda, ou seja, vão substituir os companheiros que estão observando o gado.

Completando 54 anos, desde 1947 a Ronda Crioula reúne integrantes de CTGs - Centros de Tradições Gaúchas, piquetes e milhares de pessoas, que visitam o local, e celebram a data, ao redor do fogo de chão, com churrasco e chimarrão, poesia, música e dança, relembrando a história e contando causos.

Como ponto máximo, encerrando as comemorações, os desfiles a cavalo ou em charretes reúnem, em todo o Estado, milhares de gaúchos, trajando as vestimentas típicas - os homens: bombachas, botas, lenços e chapéus de aba larga; as mulheres: vestidos de prenda, rodados e coloridos, e com belas flores nos cabelos.

Em clima de união, de clamor cívico e consciência viva, os gaúchos dão uma profunda demonstração de igualdade, integração do campo e da cidade e de respeito a sua história, reverenciando seus antecedentes, unindo gerações e etnias.

Revolução Farroupilha

A Revolução Farroupilha, iniciada em 20 de setembro de 1835, e que durou cerca de 10 anos, envolveu sucessivos combates. Segundo os historiadores, cerca de 20 mil homens e mulheres em luta, resultando na morte heróica de aproximadamente 3.500 pessoas, em sua maioria revolucionários.

Unindo e mobilizando os farrapos, sob a liderança de homens e mulheres do porte de Bento Goançalves, Giuseppe Garibaldi, David Canabarro, Antônio da Silva Neto, Domingos Crescêncio e Anita Garibaldi, estava o sentimento de rebeldia contra a centralização do Poder Federal, que se manifestava, de forma especial, na espoliação econômica da região. Entre as principais causas do levante, estavam a penalização dos produtos agropecuários, especialmente o charque, com altos impostos e, também, a expropriação e desvio dos recursos acumulados no Estado, até mesmo para pagar dívidas federais junto à Inglaterra.

Mas, além disso, a Revolução Farroupilha transformou-se em um momento de construção e afirmação dos princípios sociais, políticos, econômicos, culturais, e, talvez, principalmente ideológicos, que orientam a sociedade gaúcha até hoje. Apesar da guerra, do ataque constante do poder imperial, os rebeldes farrapos mantiveram a atividade econômica, desenvolveram as estruturas de poder, tanto civil quanto militar, e introduziram revolucionárias práticas democráticas.

Em 1837 e 1838, libertaram os escravos, que haviam participado da revolução; reduziram os impostos sobre exportação e restabeleceram o imposto sobre importação de gado; criaram uma fábrica de arreios e outra de curtir couros e promoveram o recenseamento da população. Ainda, dentre as medidas mais importantes, institui-se a Assembléia Constituinte e o sistema eleitoral baseado no sufrágio universal, com voto obrigatório e apuração perante o povo reunido.



Tradição além das fronteiras gaúchas

Uma lenda indígena, descrita por Alcides Gatto, da Universidade Federal de Santa Maria, indica como começou o uso da erva mate. A mais antiga aponta para a trajetória de uma tribo nômade de índios guarany. Um dia, um velho índio, cansado das andanças, recusou-se a seguir adiante, preferindo ficar na tapera. A mais jovem de suas filhas, apesar do coração partido, preferiu ficar com o pai, amparando-o até que a morte o levasse à paz do Yvi-Marai, a seguir adiante, com os moços de sua tribo.



Essa atitude de amor rendeu-lhe uma recompensa. Um dia um pajé desconhecido encontrou-os e perguntou à filha Jary o que é ela queria para ser feliz. A moça nada pediu, mas o velho pediu 'renovadas forças para poder seguir adiante e levar Jary ao encontro da tribo'.

O pajé entregou-lhe uma planta muito verde, perfumada de bondade, e o ensinou que, plantando e colhendo as folhas, secando-as ao fogo e as triturando, devia colocá-las num porongo e acrescentar água quente ou fria. 'Sorvendo essa infusão, terás nessa nova bebida uma nova companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais cruel solidão'. O ancião se recuperou, ganhou forças e viajou até o reencontro de sua tribo.

Assim nasceu e cresceu a caá-mini, que dela resultou a bebida caá-y, que os brancos mais tarde chamaram de chimarrão. A origem do nome mate vem do povo espanhol, que preferiu usar a palavra 'mati' (cuia), da língua quíchua, para se ajustar melhor à modalidade grave do idioma. No entanto, logo foi substituída por uma palavra guarany – caiguá – nome composto por caá (erva), i (água) e guá (recipiente).

Curando as 'borracheras'

A tradição do chimarrão é antiga e remete a tradição à história da colonização espanhola. Soldados espanhóis, que aportaram em Cuba e foram ao México 'capturar' os conhecimentos das civilizações Maia e Azteca, em 1536 chegaram à foz do Rio Paraguay. Impressionados com a fertilidade da terra às margens do rio, fundaram a primeira cidade da América Latina: Assunción del Paraguay.

Acostumados a grandes 'borracheras' - porres memoráveis que muitas vezes duravam a noite toda - os desbravadores, nômades por natureza, sofriam com a ressaca. Aos poucos, foram tomando o estranho chá de ervas utilizado pelos índios Guarany e notavam que no dia seguinte ficavam melhores. Realmente, o mate amargo é um bom ativante do fígado, auxiliando a curar o mal-estar causado pela bebida.

O porongo e a bomba do chimarrão eram retirados de floresta de taquaras, às margens do rio Paraguay. Por causa da tradição, os paraguaios tomam a bebida fria e em qualquer tipo de cuia. É o chamado tererê, que pode ser ingerido com gelo e limão ou com suco de laranja e limonada no lugar da água.

No Brasil, a erva é socada; na Argentina e no Uruguai, triturada. Nos países do Prata, ela é mais forte e amarga, sendo recomendada para quem sofre de problemas no fígado.

Um prazer compartilhado

Uma roda de chimarrão é um momento de descontração, fazendo parte de um ritual indispensável para unir gerações. O mate pode ser tomado de três maneiras: solito (isoladamente), parceria (uma companheira ou companheiro) e em roda (em grupo).

O mate solito faz parte da cultura do homem que não precisa de estímulo maior para matear do que sua própria vontade. Pode-se dizer que é o verdadeiro mateador, ao contrário do mate de parceria, em que a pessoa espera por um ou dois companheiros. É na roda de mate, porém, que esta tradição conquistou seu apogeu, agrupando pessoas em torno de uma mesma ação: chimarraer.

Aos navegantes de primeira viagem, um aviso: nunca peça um mate, por mais vontade que tenha. Poderá sugeri-lo de forma sutil, esperando que lhe ofereçam. Há um respeito mítico nas rodas de mate.

Matear com excelência

Ao adquirir uma cuia nova é preciso curtí-la por, no mínimo, três dias, ato que é conhecido como curar uma cuia. Deve-se enche-la de erva-mate pura ou misturada com cinza vegetal e água quente, mantendo o pirão sempre úmido, impregnando, assim, o gosto da erva em suas paredes. A cinza é utilizada para dar maior resistência ao porongo.

Passando o tempo, retira-se a erva-mate da cuia com uma colher para eliminar os restos de erva. Basta enxaguá-la com água quente e estará pronta para ser usada. O mate se cura cevando, ou seja, quanto mais vezes é tomado, melhores serão os mates.

O ato de preparar o mate pode ser chamado de:

cevar o mate
fechar o mate
fazer o mate
enfrenar o mate
ou chimarrão

A palavra amargo também é usada em lugar de mate ou chimarrão. Convite para tomar mate:

vamos matear?
vamos gervear?
vamos chimarrear?
vamos verdear?
vamos amarguear?
vamos apertar um mate?
vamos tomar mate ou um mate?
vamos tomar um chimarrão?
que tal um mate?
 
A mão direita – A entrega da cuia e o recebimento do mate deve ser feito com a mão direita.

Enchendo o mate - Pega-se a cuia com a mão esquerda e o recipiente com a direita. Após, acomoda-se o recipiente e se troca a cuia de mão para matear ou oferecer o mate. seguindo-se, sempre, pelo lado direito, o lado de laçar. O sentido da volta na roda de mate deverá partir pela direita do cevador ou enchedor de mate.

A água para preparar o mate - A temperatura nunca deve estar muito quente, pois pode queimar a erva, dando um gosto desagradável ao mate e lavando-o rapidamente.

O pialador de mate - É o indivíduo que, chegando numa roda de mate, posiciona-se à frente da pessoa que está mateando e à esquerda na mão da roda. O correto é ficar antes do mateador, sempre a sua direita.

A água do mate - A água nuncadeverá ser fervida, pela perda de oxigênio, transmitindo um sabor diferente ao mateador. O ideal é quando a água apenas chia.

Cevar com cachaça - Quando as pessoas fecham um mate (ato de prepará-lo), costumam, em lugar de água para inchar a erva, colocar cachaça, pois ela fixa por mais tempo a fortidão da erva-mate, sem deixar o gosto do álcool. Uma vez inchada a erva, cospe-se fora a infusão até roncar bem a cuia, esgotando-se completamente o líquido.

Só o cevador pode mexer no mate - A menos que se obtenha licença, só o cevador deve arrumar o mate, considerando-se falta de respeito mexer sem permissão. Podemos, isto sim, ao devolver a cuia, avisá-lo do problema.

Em roda de mate - É comum, após o primeiro mate, que sempre é do iniciar a rodaa pelo mais velho ou por alguém a quem se queira homenagear.

O primeiro mate - Todo aquele que fecha um mate deve tomá-lo primeiro em presença do parceiro ou na roda de mate. Este fato se tornou tradicional devido a épocas em que o mate serviu de veículo para envenenamentos. Por isso, o ato do mateador tomar o primeiro indica que o mate está em condições de ser tomado. Há a lenda jesuíta, que atribuía valores afrodisíacos ao mate. Para evitar que os índios passassem a maior parte do dia mateando, tentando afastá-los do hábito, criaram o mito entre os silvícolas cristianizados que Anhangá Pitã (diabo) estava dentro do mate.

Roncar a cuia - Uma vez servido o mate, deve ser tomado todo, até esgotá-lo, fazendo roncar a cuia.

Os dez mandamentos do chimarrão

1) Não peças açúcar no mate
2) Não digas que o chimarrão é anti-higiênico
3) Não digas que o mate está quente demais
4) Não deixes um mate pela metade
5) Não te envergonhes do "ronco" no fim do mate
6) Não mexas na bomba
7) Não alteres a ordem em que o mate é servido
8 ) Não "durmas" com a cuia na mão
9) Não condenes o dono da casa por tomar o 1º mate
10) Não digas que chimarrão dá câncer na garganta
   
Mate para estribo - É o último mate para brindar um visitante pronto para partir
Como o mate do João Cardoso - Fato que nunca se realiza
Aquentar água para outro tomar mate - Preparar um negócio para outro colher os lucros
Andar de carijo aceso - Moça que anda 'feito louca' atrás de namorado
A vida é como o mate, cura cevando - É vivendo que se aprende
Fulano anda tomando mate com rapadura - Estar feliz, alegre
Andar com cara de mate fervido - Andar sem graça, triste
Primeiro os encargos, depois os amargos - Primeiro as obrigações, depois os mates.





Source: http://www.vivernocampo.com.br/tradicoes/sema_farr2.htm
;D  Abraços,  ;D
8)  Hessel  8)



HumbertoReis

Quando minha família mudou-se para Porto Alegre em 1984 (sou de SC), ficamos na Avenida João Pessoa, bem diante do Colégio Júlio de Castilhos, onde há uma estátua onde fazem homenagens na Semana Farroupilha.

Foi meu primeiro contato com ato de civismo e orgulho regional. Magnífico.

Viva a Semana Farroupilha!

Viva a República Riograndense!

Alberto Ferreira

Salve!

Parabéns e vivas aos brasileiros do nosso Rio Grande do Sul e às suas tradições!

Abraços a todos!
Alberto

hessel

Olá pessoal:

Complementando...

Abraços,

Hessel


Hino Rio-Grandense

O Hino Rio-Grandense é o hino oficial do estado do Rio Grande do Sul. Tem letra de Francisco Pinto da Fontoura, música de Comendador Maestro Joaquim José Mendanha e harmonização de Antônio Corte Real. A obra original possuía uma estrofe que foi suprimida, além de uma repetição do estribilho, pelo mesmo dispositivo legal que a oficializou como hino do estado - A lei nº 5.213, de 5 de Janeiro de 1966.

   I.
   Como aurora precursora
   Do farol da divindade
   Foi o vinte de setembro
   O precursor da liberdade

   Refrão
   Mostremos valor e constância
   Nesta ímpia e injusta guerra
   Sirvam nossas façanhas
   De modelo a toda terra
   De modelo a toda terra
   Sirvam nossas façanhas
   De modelo a toda terra

   II.
   Mas não basta pra ser livre
   Ser forte, aguerrido e bravo
   Povo que não tem virtude
   Acaba por ser escravo

   Refrão
   Mostremos valor e constância
   Nesta ímpia e injusta guerra
   Sirvam nossas façanhas
   De modelo a toda terra
   De modelo a toda terra
   Sirvam nossas façanhas
   De modelo a toda terra

Trecho suprimido

Em 1966, durante o Regime Militar a segunda estrofe foi retirada oficialmente.

   Que entre nós, reviva Atenas
   para assombro dos tiranos
   Sejamos gregos na glória
   e na virtude, romanos



Source: http://pt.wikipedia.org
;D  Abraços,  ;D
8)  Hessel  8)



Alberto Ferreira

Citação de: hessel online 15 Setembro 2010 às 10:32:37

...
Trecho suprimido

Em 1966, durante o Regime Militar a segunda estrofe foi retirada oficialmente.

   Que entre nós, reviva Atenas
   para assombro dos tiranos
   Sejamos gregos na glória
   e na virtude, romanos
...



Salve!

Bem lembrado, amigo Hessel!
E,...

Quem viveu aquelas épocas, sabe...

Já havia uma certa "preocupação",...
Até com as "mulheres de Atenas"...  ;)  :D

Abraços!
Alberto

KrioK

Citação de: HumbertoReis online 15 Setembro 2010 às 09:47:22
Quando minha família mudou-se para Porto Alegre em 1984 (sou de SC), ficamos na Avenida João Pessoa, bem diante do Colégio Júlio de Castilhos, onde há uma estátua onde fazem homenagens na Semana Farroupilha.

Foi meu primeiro contato com ato de civismo e orgulho regional. Magnífico.

Viva a Semana Farroupilha!

Viva a República Riograndense!

Gosto "demás" do Sul, especialmente do Rio Grande. Tenho bons amigos em Livramento.

Agora, amigo Humberto, vc não é imperialista, oops, quero dizer, monarquista?

No Brasil só reconheço a República Independente de Ipanema.

igorschutz

KrioK,

Nunca ouviu falar na República da Mooca, também conhecida como "Bienne brasileira"?

Você não perde por esperar...

Um abraço,

Igor
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

Clélio


O civismo gaucho é invejável, o amor pela sua terra e a importância que é dada as tradições deveria se espalhar por todo o Brasil.

Abs

shun

Igor, se não me engano o nome inteiro é mais ou menos assim: "República Federativa Horológica da Mooca", estou certo?  ;D

Abraços

Alberto Ferreira

 ::)

Ou seria...

"República Federativa Horológica e Juventina da Mooca"?
::)

Alberto

Alberto Ferreira

Citação de: Clélio online 15 Setembro 2010 às 13:38:58

O civismo gaucho é invejável, o amor pela sua terra e a importância que é dada as tradições deveria se espalhar por todo o Brasil.

Abs


Sim!
A "gauchada" nos dá mesmo belos exemplos neste sentido!

Alberto

marck

ola pessoal,

                 nessa semana ,especialmente, tem muito boi virando churrasco e muito chimarrão amigo ... :D :D :D   saudamos os irmãos brasileiros à confraternizar conosco... ;D ;D ;D

                 sds,

                       marck