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Tambor de corda ...

Iniciado por Lourival, 19 Dezembro 2011 às 11:58:10

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Adriano

Agora voltando à parte útil da conversa.

O tambor só se justifica ser trocado se estiver danificado. De que modo? Com dentes danificados, paredes ou tampa ou fundo comidos, ou qualquer outro tipo de distorção. Caso contrário, não precisa trocar.

O tambor normalmente não vem completo. Depende da marca. Alguns vem só com tambor e tampa, outros tambor, tampa e árvore, e alguns vem completos com corda. Mas não vem lubrificados, de qualquer forma. São raras marcas que fornecem tambores pré-lubrificados de fábrica, prontinhos para uso.

Aliás, fundo ou tampa comidos podem ser fruto justamente de cordas mal colocadas, distorcidas. Quando isso ocorre, se não houver mais a opção de troca do tambor, há como fazer uma ligeira retifica e usar uma fina camada de lubrificante no fundo e na tampa. Já que, como devem saber, em 90%, especialmente em relógios suíços, não se lubrifica a corda. A corda trabalha a seco.

A corda não precisa deslizar sobre ela mesma durante a descarga. Isso ocorre de maneira muito lenta e a força é proveniente não do deslizamento dela mas da movimentação da espira mais externa para fora do centro. O uso de lubrificante não ajuda em nada o deslizamento de cordas modernas, que são polidas de maneira a deslizarem suavemente entre suas espiras, e pelo contrário, faz com que as espiras colem umas nas outras, reduzindo drasticamente a amplitude.

Quando falamos em cordas mais antigas, e aí falamos em coisa de mais de 60 anos, aí pode ser conveniente a lubrificação sobre a corda. Outra excessão são os japoneses, que usam muita lubrificação sobre a corda. Não sei, honestamente, se isso ainda é feito nos calibres mais novos, mesmo que nos mais baratos. E aí, isso divide opiniões: há relojoeiro que defende que deve-se seguir o que o fabricante diz, e lubrificar a corda dos japoneses, com graxa grafitada (tipo a 8207 da Moebius). Há os que defendem que deve-se fazer "a la suíça", sem lubrificação, pois o desempenho é melhor. Eu particularmente nunca cheguei à uma conclusão pessoal sobre isso. Principalmente porque nunca conversei com um relojoeiro de fábricas japonesas para me justificar objetivamente o uso de lubrificação sobre a corda. Não sei se isso involve os materiais usados, realmente não sei.

O que não se pode mesmo, é lubrificar corda de relógio suíço, especialmente mais moderno. E muito relojoeiro por aí ainda acha que isso é certo, pois aprendeu relojoaria consertando Orient e quando pega um ETA 2892 na frente, faz do mesmo jeito e enche o tambor de graxa grafitada. Aí, a amplitude não passa de 230º e não se sabe o motivo...

Isso significa que se for de corda manual, só recebe lubrificação entre o tambor e a árvore. E nada mais. Caso seja automático, além da lubrificação entre o tambor e a árvore, deve receber graxa brecante na parede. Não adianta graxa comum, pois ela fará com que a brida deslize muito sendo, não deixando que a corda atinja sua tensão ótima, reduzindo drasticamente a reserva de marcha e a amplitude num geral.

Abraços!

Adriano

Adriano

Citação de: Bernardo online 20 Dezembro 2011 às 08:17:02
Também concordo com o Adriano e, em reforço à pergunta do colega Lourival, pergunto quais seriam os tamanhos mais usados/úteis.

Abs,

Bernardo, não sei dizer o tamanho da ferramenta pois acho que aquela numeração "00" e etc. é específica da Bergeon, só para efeitos de organização. Vai depender muito de que tipo de relógio você mexe. Mas vamos dizer que mexa em sua maioria em relógios de pulso masculinos, o que vai usar mais são as que servem em tambores de 8 a 14 mm, mais ou menos.

Abraços!

Adriano

Bernardo

#22
Citação de: Adriano online 20 Dezembro 2011 às 09:39:49
... Mas vamos dizer que mexa em sua maioria em relógios de pulso masculinos, o que vai usar mais são as que servem em tambores de 8 a 14 mm, mais ou menos.

Adriano,

Muito obrigado pela dica. Estarei em busca de estrapadas e usarei tais medidas como referência.

Abs,
Bernardo

Cigano

Bons comentários e aulas dos caros colegas!!

Caro Bernardo, estive de "rolê" nas páginas passadas do fórum, e encontrei esta informação do começo deste ano!!

Citação de: Alberto Ferreira online 21 Fevereiro 2011 às 16:16:31
Salve!

Eu estava esquecendo de comentar.
Na Luis de Lucia (fone: (11) 3105 0034) tem.

Algo assim...



Tempos atrás eu vi lá um estojo completo com várias estrapadas parecido com este aí acima, da Bergeon, se eu não me engano, custava uns 800 Reais.

Abraços,
Alberto
Abraços,
Cigano!

Bernardo

Olá Cigano,

Este conjunto de estrapadas mostrado na foto parece muito bacana. Entretanto, tenho a intenção de adquirir algo avulso e de preço mais baixo - sem abrir mão da qualidade.

Ainda sobre o conjunto mostrado na foto: Será que o que foi visto pelo colega Alberto é da Bergeon? Pergunto porque tenho visto ferramentas chinesas, similares às suiças, como por exemplo "volantes" para abrir fundos, ferramenta com diversos "dies" (matrizes ?) para abrir relógios da marca Rolex, etc. 

Abs,
Bernardo

flávio

Havia um cara na net, nos primórdios do Timezone, que muitos já devem ter lido artigos, chamado Walt Odets. Esse cara não mais posta nada na internet há anos, porque na época que o TZ foi vendido, ele não concordou com nada. Mas no fundo, ele era a mola propulsora do TZ, porque publicava dissecações de relógios com explicações, algo impensável na época.

Ele é um dos maiores psicólogos americanos (já troquei e mails com ele há vários anos), rico PRABARALHO!

Se alguém já leu os textos dele, sabe que, como hobbista e autodidata, ao contrário dos atuais "Walt Odets", como o Ron de Corte, que fez o WOSTEP, ele sacava muito. Não só sacava como tinha um oficina enorme, que no olhômetro, deveria custar milhares de dólares, sendo mais equipada do que a mais bem equipada oficina que já vi.

Voltemos, então, à minha experiência com brincadeiras com relógios. Desmontava e remontava sucatas, ainda que funcionando. Na época, li o básico do básico no livro do De Carle para desmontar e remontar relógios. Bastava-me entender, ao desmontá-los, como se fosse um quebra-cabeças, o funcionamento da coisa.

E fazia do modo mais complicado, afinal, não iria gastar - e aí chego no que é ser ou não hobbista - com máquinas de limpeza ou ultra som, e limpava tudo na mão, na benzina. Ficava bom. Aliás, FICA BOM! O problema é que demora demais.

Com um ferramental básico (pinça n 2 - prefiro a sua pegada a da 3 normalmente usada pelos profissas daqui - e um jogo completo de chaves), era possível colocar um relógio parado para funcionar. Eu lubrificava tudo by the book, MENOS O TAMBOR, simplesmente porque eu não segui no hobby de desmontar e remontar relógios e, claro, não me interessavam ajustes etc, mas o desafio de montar.

É claro que se eu continuasse a brincar, iria chegar num momento em que gostaria de efetivamente desmontar e de fato revisar um relógio. Além do que eu tenho aqui, precisaria de uma estrapada, um timer, umas duas outras pinças e bons lubrificantes.

Então, conquanto não discorde uma vírgula do que o Adriano falou, espero que entendam o que eu quis dizer quando disse que lubrificava meus tambores de forma tabajara. Eu tinha consciência de que estava incorreto. O ter a consciência de que estava errado me bastava, porque se eu tivesse o ferramental adequado, faria do modo certo.

Porém, se eu fosse um profissional ou mesmo um hobbista sério ou que mexesse com relógios novos, nunca faria algo que não fosse by the book.

Em síntese: acho que a pessoa, para começar a brincar, não precisa de estrapadas, não precisa de mandris (ferramenta baratinha, diga-se de passagem, uma mão na roda), mas simplesmente do básico do básico para pelo menos compreender o que está fazendo.

Conheço relojoeiros profissionais que são excelentes práticos e não sabem nada da teoria do que está ali na frente deles!

Finalizando: meu Omega Speedmaster Auto teve sua corda retirada e colocada na munheca e amassou, de modo que o isocronismo do relógio não era lá essas coisas. Em revisão em autorizada, aí sim, a corda foi trocada e colocada com estrapada.

Então, para quem quer se aventurar no hobby, em algum lugar por aí eu indiquei o mínimo do mínimo do mínimo para desmontar e remontar um relógio de forma satisfatória. Entenda-se: colocar algo parado por óleo seco há anos para funcionar e ter a técnica de manipular peças pequenas.

Porém, se o hobby prosseguir, ferramentas deverão ser integradas ao seu "plantel", mas, como volto a dizer, não é necessário, na minha opinião, aos marinheiros de primeira viagem, a aquisição de ferramental caro. Se conseguir um jogo de estrapadas como o Adriano conseguiu, por cerca de 100 reais no total, maravilha! Mas gastar grana com isso, acho que só com o tempo.


Flávio

Alberto Ferreira

Salve!

Sim, caro Bernardo,
A que eu vi na Luis de Lucia era mesmo da Bergeon.

Mas,...
Baseado nas minhas últimas experiências, eu fico com a forte impressão (para não dizer quase certeza) de que eles estão reduzindo drasticamente os seus estoque na parte relativa à fornitura de peças e ferramentas importadas para manutenção de relógios.

Eu lembro de "um par" de ocasiões relativamente recentes em que eu estive lá e perguntei por algo que tinha visto à venda.
O jovem que me atendeu nem sabia de que se tratava...

Chamou alguém, da antiga, que me disse algo mais ou menos assim,...
Infelizmente, o que nós tínhamos foi vendido e nós não estamos importando mais.

Pode ser "impressão de turista" de minha parte (aquela baseada apenas em um ou outro caso específico)...
Mas, é o que eu sinto.

Infelizmente este tipo de comércio, mesmo nas fornituras tradicionais de um grande centro como Sampa esta em "decadência" (se me permitem a palavra, talvez um tanto "radical").

Como eu às vezes digo,...
...a coisa está de vento em proa.
:(

Abraços a todos!
Alberto

Bernardo

Alberto,

Achei o preço citado (R$ 800,00) bastante "amigável" frente ao praticado em lojas no exterior, por isso a pergunta se era realmente da Bergeon.

Abs,
Bernardo 

Alberto Ferreira

#28
Pois é...

E era mesmo, "amigável".

Mas,...
Talvez porque, como eu comentei, já se tratasse de, por assim dizer, "ponta de estoque"...   ::)
:(

Abraços,
Alberto

Adriano

Citação de: flavio online 20 Dezembro 2011 às 14:11:34

...espero que entendam o que eu quis dizer quando disse que lubrificava meus tambores de forma tabajara. Eu tinha consciência de que estava incorreto.

Flávio

É só essa a diferença.

Abraços!

Adriano

Adriano

Citação de: Alberto Ferreira online 20 Dezembro 2011 às 14:29:03

Infelizmente este tipo de comércio, mesmo nas fornituras tradicionais de um grande centro como Sampa esta em "decadência" (se me permitem a palavra, talvez um tanto "radical").

Abraços a todos!
Alberto

Sim, isso vem acontecendo. Não temos encontrado nem mais aqueles pica-óleos suíços, baratinhos. Nem o básico do básico.

Abraços!

Adriano

Paulo Sergio

Meus centavos...
Do Fórum, conheço poucos pessoalmente... mas respeito todos!!!  ;) ;) ;)
"Conheço" o amigo Adriano há anos, desde o antigo Fórum... desde os antigos Seiko com que iniciou...
Iniciou, também, "quietinho"... e aprendeu gradativamente... e de forma humilde... e tem o saco de dividir o que aprendeu com o tempo...  ;) ;) ;)
A relojoaria está no meu sangue... e sei do que estou falando... desde os 14 anos eu brigo com essas maquininhas... e tenho muitos anos de vida, graças a Deus... e graças a Ele, sempre aprendendo!!!
Abraço
Paulo Sergio
Abraço
Paulo Sergio