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Breguet: Série em Cinco Episódios

Iniciado por mmmcosta, 20 Novembro 2012 às 17:15:23

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mmmcosta

EPISÓDIO I

Você sabe que algo é FODA (pedindo escusas pelo uso da expressão às raríssimas senhoras e senhoritas que frequentam o fórum) quando alguns dos maiores nomes da literatura mundial, em todos os tempos, fazem referência ao algo foda em seus livros. É o caso dos relógios Breguet.

Inicio a série de cinco "episódios" com um excerto do famoso Conde de Monte Cristo (1845), de Alexandre Dumas.

"O relógio de Danglars, uma obra-prima de Breguet à qual ele havia dado corda gentilmente antes de acertá-lo no dia anterior, tocou cinco e trinta da manhã."

É óbvia a referência a um repeater, produto digno, ainda hoje, das melhores casas da alta relojoaria. 8)
Marcelo

Sifion

O repeater não funciona apenas se acionado manualmente?  ???

Me parece mais o caso de um alarme. Ele "tocou cinco e trinta da manhã", o relógio sozinho, sem acionamento manual.

Como eu não conheço muito dos relógios do Breguet, não sei se ele fez, ou se já existiam alarmes. Boa hora pra aprender  :D


e aí? viajei muito ou não?

Abraços.


mmmcosta

Ele tocou após acionado, acionamento que estaria implícito.
Marcelo

thomas.bnu

Existem Fusees tipo Verge alarme bastante antigos...em 1770 já faziam. Já vi alguns. Se bobear existem até mais antigos.

Aqui temos um Breguet repetidor alarme:

http://www.ebay.com/itm/WOW-Mega-rare-antique-silver-Breguet-et-Fils-Verge-Fusee-ALARM-repeater-watch-/230841456401


Esse eu arrisco dizer que pode ser de meados de 1820.

Sifion

Citação de: mmmcosta online 20 Novembro 2012 às 17:46:19
Ele tocou após acionado, acionamento que estaria implícito.

é, você esta correto. "O relógio tocou cinco e trinta" e não AS cinco e trinta..... ok, eu me corrijo =D

Mas olha, já apareceu um repeater e alarme  ;D, deu certo, de uma certa forma kkk

Alberto Ferreira

Salve!

Muito bom, Marcelo!  8)

Eu espero que este papo vá longe.
E desde já eu aguardo mais "episódios" contributivos, seus e dos amigos.  ;)

Valeu pelo tópico. Legal!

Abraços a todos,
Alberto

mmmcosta

Marcelo

thomas.bnu


Alberto Ferreira

 ;D ;D ;D

Ou, com parece ser a moda...
Será que ele iria dar uma de "embaixador"?  ::)

Bem,...
Eu não creio!

A coisa aqui é séria.  ;)
8)

Abraços,
Alberto

thomas.bnu

O mundo sempre foi igual.

Mas a Breguet me fez seu fã... eles eram bastante avançados em conceito e design para a época.

Criaram bastante coisa.

mmmcosta

Vejam que interessante:

Fiz no PuristS o questionamento, fazendo referência ao excerto, acerca se, de fato, tratar-se-ia de um repetidor.

O membro A (aaronm), informa o original em francês da passagem, que fala em obra-prima (negrito) e corresponde ao que se encontra traduzido para o inglês no catálogo da Breguet, "fonte" de minha pesquisa para a já aclamada 8) série:

"La montre de Danglars, chef-d'œuvre de Bréguet, qu'il avait remontée..."
Fonte: http://www.gutenberg.org/files/17992/17992-h/17992-h

Mas nesta tradução para o inglês o tradutor, aparentemente, usou de certa liberdade para denominá-lo, conforme nossas suspeitas, como um repetidor (negrito):
"Danglars' watch, one of Breguet's repeaters, which he had carefully wound up..."
Fonte: http://www.online-literature.com/dumas/cristo/115/

Gostei! ;D
Marcelo

Betocd

Muito legal o assunto, e o post esta ótimo, com pesquisas de literatura interessantíssimoas.

Parabéns aos colegas,

Abs

flávio

Como já disse alhures, os relógios com repetição não eram incomuns na época, até mesmo porque as condições de luz eram parcas. Estou digitando de memória e teria que conferir meus alfarrábios, mas tenho certeza que já antes de 1780 Breguet fazia repetidores. Utilizou, também, no início da carreira, relógios com escapamento de "vareta" (ou verge) e caracol (fusee). Abandonou-os logo no início da carreira em prol dos aperfeiçoados de cilindro com rubis e, também, âncora, já que era muito amigo do Johh Arnold. Eventualmente usou até o final da carreira, MAS MUITO EVENTUALMENTE MESMO, ebauches ingleses com caracol e vareta. Como disse, Breguet tinha um padrão, mas todos os relógios não eram feitos por ele e não intercambiáveis entre si.

Posso afirmar sem ao menos consultar fontes que 99% (no sentido de maioria absoluta) dos relógios dele - acreditem se quiser - eram repetidores.

As assinaturas mudaram com o tempo e a Breguet e Fils está no início dos anos de 1800. Mas ele usou poucos, muito poucos mesmo, relógios com verge nessa época.

Seus ponteiros, porém, conquanto tenham mudado de estilo 3 vezes, seguiam o mesmo padrão, conhecido até hoje.

Dito isso, posso afirmar o seguinte: quando a esmola é demais, o santo desconfia. O relógio mostrado no Ebay não tem o estilo Breguet. A assinatura Breguet e Fils existiu, mas teria que comparar com um padrão para ver se é autêntica. No entanto, a assinatura no ebauche não é padrão de Breguet, ele não usava essas letras. O estilo do relógio, por sua vez, é bem pobre para ser um Breguet.

Mesmo sem consultar minhas fontes, escrevendo de memória, posso afirmar com quase certeza absoluta que o relógio é uma cópia. Gente, tenham em mente que em vida só saíram da manufatura de Breguet 4500 relógios, QUASE TODOS catalogados (só não eram catalogados os feitos sob licença. Sim, Breguet tinha isso...). E na época de Breguet ele já era bem conhecido, como os usuários e o próprio texto denota.

Vocês acham que ele era um cara que tinha seus relógios muito ou pouco falsificados? Pois é...

Flávio

Sifion

A minha pergunta inicial foi porque não li o livro  :-[ e apenas essa passagem não me dizia se ele estava acordado com o relógio ou este apenas tocou às cinco e meia.

Por isso fiz a pergunta.

Mas é so ver a situação um pouco mais ampla que percebe-se tratar sem dúvidas de um repeater.

Trecho retirado do link já postado!

Hallo, here is my watch! Let me see what time it is." Danglars' watch, one of Breguet's repeaters, which he had carefully wound up on the previous night, struck half past five. Without this, Danglars would have been quite ignorant of the time, for daylight did not reach his cell.

"deixe-me ver que horas são" e "sem isso Danglars não poderia ver as horas, porque a luz do dia não havia chegado à sua cela"
Traduções meia boca  ;D

e se é uma falsificação, significa, pelo menos, que Breguet fez relógios com alarme, não?

Abraços,

Rafael.

mmmcosta

#14
Tá meia boca não, Rafael. ;)

Quanto ao contexto, eu também o desconhecia, até "trocar ideia" com o os Puristas. 8)
Marcelo

thomas.bnu

Como reconhecer um Breguet de bolso falso

http://www.breguet.com/How-to-recognize-a-Breguet


De certa forma a informação dos repetidores serem 99% gostaria de ver em alguma fonte.

flávio

#16
The Art of Breguet, do Daniels, livro que tenho, já que ele analisou TODOS os Breguet que estavam disponíveis em coleção até 1974, ano da sua publicação. Ele próprio fotografou mais de mil modelos. Há várias passagens e, olhando as especificações de todos os modelos (há um capítulo só para isso, muito chato por sinal), a maioria é repetidor. Mas essa já define a questão: "a maioria dos relógios produzidos por Breguet eram repetidores". Pag 66, The Art Of Breguet, Sotheby´s Publications, first edition 1974, Third impression 1986, George Daniels.

Ah, o primeiro catalogado é de 1783, muito embora Daniels afirme que ele certamente fez modelos antes deste.


Flávio

thomas.bnu

O interessante dos Verges e que eles dificilmente eram feitos iguais.

São quase todos personalizados ou diferentes....era como uma obra de arte.

Para quem coleciona deve achar interessante, não há iguais.

mmmcosta

#18
EPISÓDIO II

Eugene Onegin, de Alexander Pushkin, um dos três maiores nomes, ao lado de Tolstói e Dostoiévski, da fantástica literatura russa:

"Um dândi nos bulevares (...), passeando tranquilamente até que seu Breguet, sempre vigilante, lembre a ele que é meio-dia."
Marcelo

mmmcosta

#19
EPISÓDIO III

Eugénie Grandet, de Balzac, o grande dramaturgo francês:

"Ele tirou (do bolso) o mais delicioso e delgado relógio que Breguet já havia feito."

Daí dá pra se ter uma base do quanto um relógio fino já era sinônimo de exclusividade à época (1833). Hoje tem gente que acha bonito andar de terno com relógios que nem cabem debaixo dos punhos das camisas.
Marcelo