Não é tão simples definir, como alguns autores às vezes dizem como se fosse verdade absoluta, os motivos que levaram os suíços a passar a de fato embelezar seus movimentos. Os ingleses, como é notório, faziam relógios com um espírito muito maior de "utilidade" e, por isso, aparentemente seus acabamentos eram espartanos. Aparentemente... Digo isso porque, como é notório, até meados do século XIX, os ingleses eram conhecidos por fazer os relógios que marcavam a passagem do tempo com mais precisão. Mas ao olho do leigo, eram aparentemente simples, com suas platinas folheadas a ouro e acabamento "frosted". Quem admira o trabalho de George Daniels e Roger Smith sabe do que estou falando...
Os suíços não. Conquanto possuindo um senso de estética bastante agradável, seus relógios poderiam ser comparados a "penteadeiras de putas" perto dos ingleses, com seus perolizados, listras, chanfros, etc.
O mais curioso de tudo isso, num tempo em que mostradores atrás de relógios não eram de modo algum utilizados: acabamentos feitos para relojoeiros verem, eis que o movimento permanecia fechado no interior da caixa até reparo.
Uma explicação plausível é que os huguenotes, ao fugirem da França e se instalarem na Suíça, não podiam fazer objetos muito embelezados, por doutrina religiosa. No entanto, encaravam os relógios como algo útil, razão pela qual alguma decoração era suportável. Não podendo embelezar o exterior, voltaram-se para o interior. A explicação é bastante razoável, mas creio que também sempre existiu a vontade do relojoeiro que fazia o acabamento final de mostrar ao que veio, ainda que seu trabalho só fosse ser apreciado, no futuro, por outro relojoeiro. Mas enfim...
Fato é que algumas decorações - cuja gênese se perdeu no tempo, diga-se - possuíam função técnica, sobretudo em tempos de caixas não hermeticamente fechadas como as de hoje. Por exempo, as famosas listras de genebra e perolizados, ao criarem uma superfície rugosa nas platinas, serviam para "coletar" e manter no lugar pequenas partículas de pó, evitando-se que caíssem nos pivôs e partes críticas do relógio. As bacias polidas para os mancais dos pivôs, fossem eles de bronze ou rubi, impediam que pequenas limalhas metálicas se desprendessem e fossem cair na rodagem. Claro, tudo isso trazia e ainda traz muita beleza, mas tinham também função técnica.
Há alguns dias rolou uma discussão aqui sobre a qualidade dos relógios e, invariavelmente, os movimentos entraram na roda.
Às vezes é muito simples para o neófito, que começa a gostar de relógios mecânicos, perceber a diferença entre laranjas e maçãs. Qualquer pessoa, até mesmo um bebê de 2 anos de idade, consegue perceber diferença de acabamento entre, por exemplo, um Valjoux 7750 na sua conformação básica (não elaboré, a basicona mesmo) e, digamos, um Zenith El Primero, que não tem o supra sumo do acabamento mas, só de olhar, a pessoa "sente" que tem algo diferente. Noção estética pura e simples. Um é mais bonito do que o outro, simples assim. Não acreditam? Basta olhar essas duas fotos, ambas do Walt Odets:
(http://i125.photobucket.com/albums/p79/flaviop/zenithelprimo_zps136b8aa2.jpg) (http://s125.photobucket.com/user/flaviop/media/zenithelprimo_zps136b8aa2.jpg.html)
(http://i125.photobucket.com/albums/p79/flaviop/valjoux_zps7da55358.jpg) (http://s125.photobucket.com/user/flaviop/media/valjoux_zps7da55358.jpg.html)
E vejam, em nenhum momento ouso dizer que o Zenith seja um movimento "melhor" do que o 7750 para o que foi proposto, a marcação de tempo. Estou apenas dizendo que a construção de um deles é seguramente mais detalhada do que o outro. Existem, sim, acabamentos funcionais, como polimento de pivôs, projeto de escapamento, etc, que efetivamente determinam a qualidade de um relógio e, neste sentido, um 7750 certificado como cronômetro se comporta tão bem ou melhor do que um Zenith. Mas voltemos ao assunto.
Eu resolvi dar uma olhada num site que possui bastante macros, para que pudesse mostrar alguns pontos. O site é este, e todas as fotos são dele:
http://www.phase-de-lune.net/
Vejam. Fotos em macro são "uma puta falta de sacanagem", porque ninguém possui lupa nos olhos. A estética deve ser agradável ao olho nu, qualquer coisa além disso é exagero. O Walt Odets, quando ainda escrevia na rede, tinha uma máxima com a qual concordo: se você olha algum relógio com uma lupa de até 4 vezes de aumento e este parece perfeito, ele é perfeito. Qualquer coisa além disso é exagero.
Mas os macros são bons para mostrar pontos de vista. Alguns exemplos então! Ah! Fiz questão de comparar relógios considerados médios com top, porque é aí que o neófito se embaralha. Aos olhos de um neófito ou mesmo de alguém já experimentado, a diferença entre um Valjoux 7750 e um Zenith El Primero salta aos olhos. Mas e entre um Zenith El Primero e algo bem superior? Aí é o pulo do gato... As coisas não parecem tão óbvias, até mesmo porque - creiam - as máquinas atuais computadorizadas fazem acabamentos tão bons ou melhores do que os feitos a mão.
Para o primeiro exemplo, pois, escolhi dois relógios semelhantes no seu "uso" e visual, o Zenith Elite (aliás, tenho um exemplar...) e o Patek Calatrava.
(http://i125.photobucket.com/albums/p79/flaviop/zenithelite_zps29a0b1e1.jpg) (http://s125.photobucket.com/user/flaviop/media/zenithelite_zps29a0b1e1.jpg.html)
Observem nesta foto o perolizado (perlage) nas bordas da platina. Um excelente perolizado possui vários circos concêntricos que se interlaçam. Falando de forma tosca, quando mais círculos concêntricos houver num pequeno espaço, mais trabalho o relojoeiro teve para fazer, quando é realizado a mão, o que seguramente não é o caso da Zenith. Esteticamente o perolizado é bem agradável, mas de modo algum algo feito a mão, porque estariam muito mais próximos entre si e definidos. Mas é um bom acabamento, não posso negar. Passando para a transição, a borda externa é chanfrada, mas vejam como a interna não é. A estamparia dos escritos é perfeita, definida e com boa profundidade. As listras de genebra possuem profundidade, não são apenas uma "casquinha" mal feita. Mas dada a sua "perfeição" demais, seguramente não feitas à mão. Percebam, ainda, que muito embora os rubis estejam apoiados em furos sem rebarbas de metal, etc, não há polimento algum nas bacias. Aliás, nem há bacia!
(http://i125.photobucket.com/albums/p79/flaviop/patek_zpse4eff29b.jpg) (http://s125.photobucket.com/user/flaviop/media/patek_zpse4eff29b.jpg.html)
Visualmente falando, e convido as pessoas a terem cara de pau e visitarem as lojas e pegarem esses relógios nas mãos, a olho nu a diferença entre um Patek Calatrava (cujo movimento é basicamente feito a máquina, salvo alguns acabamentos) não é tão brutal assim. Well... Mas aí você começa a comparar e... Não vou discutir aqui coisas óbvias, como rotor em ouro num e aço em outro. Olhem o local onde o rubi está encaixado, assim como a bucha de bronze da árvore do tambor: há uma bacia polida, que seguramente irá refletir na luz o brilho do rubi. Isso custa dinheiro fazer e, no caso da Patek, normalmente é feito manualmente. Acompanhem, ainda, o contorno da platina. Este é chanfrado não apenas nas faces externas, mas internas. A qualidade da impressão da Zenith já era primorosa, mas vejam a da Patek. As listras de genebra são mais abauladas. Colocadas contra a luz, dependendo do ângulo ficam pretas.
Sigamos aos cronógrafos, colocando um queridinho da galera no meio, o Lemania que equipa o Speedy. E vejam, o movimento Lemania que o equipa já é algo considerado superior no mercado. Escolhi uma foto:
(http://i125.photobucket.com/albums/p79/flaviop/omegaspeedy_zpsf8ba8290.jpg) (http://s125.photobucket.com/user/flaviop/media/omegaspeedy_zpsf8ba8290.jpg.html)
O acabamento folheado a cobre da Omega pode não ser do gosto de todos. Eu, na minha singela opinião, acho que a Omega nunca deveria tê-lo abandonado. Afinal, a marca o usou por uns 100 anos! Eu gosto. Mas voltando ao movimento, percebam que os rubis estão todos apoiados em bacias polidas, bem bonitas. Todas as bordas das platinas são chanfradas, muito embora as não tão visíveis de uma forma meio tosca, mas bastante razoável. Não só os rubis são apoiados em bacias polidas, como todos os parafusos! As rodas não possuem chanfros nos seus raios (aliás, isso é algo que somente conseguiram fazer com máquina de uns tempos para cá. A Blancpain faz), mas vejam que possuem os seus "ombros" polidos (na roda girando à esquerda isso é claro).
Excelente movimento. Como já dissemos aqui, simplesmente inacreditável que a Omega continue cobrando neste relógio o que cobra: uma verdadeira barganha.
Mas subamos o nível, e muito. Eis um Vacheron crono calendário perpétuo. Seguramente relógio de uma centena de milhares de dólares.
(http://i125.photobucket.com/albums/p79/flaviop/vacheron_zpsff623dd6.jpg) (http://s125.photobucket.com/user/flaviop/media/vacheron_zpsff623dd6.jpg.html)
Enquanto no Lemania as platinas eram chanfradas, aqui TUDO é chanfrado, das alavancas de crono ao regulador do escapamento! E com um detalhe: claramente feito à mão. É que o ser humano consegue fazer transições "abruptas" no chanfro, quando estes mudam de direção (vejam na ponte onde está escrito o número de série). A máquina não, ela tende arredondar tudo. Sem contar que a qualidade de polimento nos chanfros está em outro nível. Mas vou além: os raios das rodas são chanfrados também, e isso só na mão. Conquanto o Lemania seja um movimento EXTREMAMENTE bem acabado, o Vacheron demonstra que algumas centenas de horas foram gastar somente em acabamentos estéticos.
Gostam da IWC? Eu também, e o calibre 5000 deles, na minha opinião, é uma das coisas esteticamente mais agradáveis que já vi:
(http://i125.photobucket.com/albums/p79/flaviop/iwc_zps90c7b2e7.jpg) (http://s125.photobucket.com/user/flaviop/media/iwc_zps90c7b2e7.jpg.html)
Mas... Será o ângulo ou as listras de genebra de uma ponte e outra estariam desalinhadas? Num relógio de qualidade superior isso não poderia ocorrer. Mas que parece desalinhado parece, muito embora possa ser o brilho gerado pelo ângulo da foto.
Belos parafusos! Todos polidos e chanfrados. As bordas da platina, porém, são abruptas, nada chanfradas e a qualidade e profundidade das listras de genebra... Well... As da Zenith pareceram-me melhores, como mais sutileza nos riscos, embora mais profundas. Mas belo movimento, quem já pegou um na mão sabe o que estou dizendo.
Mas... Vamos compará-lo com um F.P Journe. Pô Flávio, aí é sacanagem! Nem tanto! A Paul Journe cobra caro mas não extorsivamente caro, e o Cronômetro Souverain, como da foto, em ouro, custa um pouco menos de 30 mil dólares. Caro? Sim, caro, mas mais barato do que muito relógio "supostamente" feito a mão por aí. Aliás, a FPJOurne, tenho que confessar: podem não gostar de todos os modelos, mas seguramente nunca viram nada igual. A marca tem tantas características singulares que você identifica um ao longe. Fazem poucos relógios, acabamentos todos feitos a mão e... Não só os movimentos, COMO TUDO no relógio, é de qualidade claramente superior, inclusive superior aos Pateks da mesma faixa de preço.
(http://i125.photobucket.com/albums/p79/flaviop/pauljourne_zps6b2413f8.jpg) (http://s125.photobucket.com/user/flaviop/media/pauljourne_zps6b2413f8.jpg.html)
Acho que neste ponto já dá para tirar algumas conclusões, porque, na minha opinião, ele reúne tudo de bom que falei acima sobre acabamentos.
Aliás, ouso colocar o link para todas as fotos que o cara tirou deste modelo em particular que, diga-se, acho MARAVILHOSO de morrer. Prestem atenção, depois de terem lido essas breves considerações que fiz, nas fotos. Mas não apenas do movimento... Vejam a qualidade de impressão no mostrador, vejam a qualidade dos ponteiros. Não fica melhor do que isso... Aí, quando você olha um relógio desses, você começa a achar o valor justificável... Não justificável são marcas mais modestas e com tudo produzido em massa cobrarem o que cobram em alguns modelos.
http://www.phase-de-lune.net/journe_cs/journe.htm
Flávio
O site desse cara deveria ser considerado um site pornô!
Minha capa do facebook é uma foto do site dele. Hahahaha
Abraços!
Crássico já!
Boa patrão! Tem uma comparação que gosto muito: o Lemania 2310 ou 27 CHRO C12 se preferirem. Já vi ao vivo 4 versões desse mesmo mecanismo: o Omega é o mais "miserável" e ainda assim é lindo. Já vi inúmeros na mão, com lupa, desmontado, do avesso...
Mas aí partimos para o mesmo movimento pela Breguet. Já vi dois ou três na mão, analisei com lupa... já é um troço de outro planeta. E já vi também uma vez o mesmo dito cujo pela Vacheron, numa caixa de platina... um dos relógios mais maravilhosos que já vi. Um verdadeiro sonho. Também vi com lupa, vi desmontado...
Não tive como comparar o Breguet e com o VC, vi eles em datas totalmente distantes. Lembro-me de serem equivalentes, mas achei o VC mais bonito, pelo menos fiquei com isso na memória (talvez por sugestão, já que o relógio é sensacional).
Agora, o Patek... vi ao vivo mas não na mão. Vi no display que a PP mantém na vitrine de seu stand nas Baselworld, com todos os seus movimentos, só eles. Eles vão um passo adiante ainda. Inacreditável.
Abraços!
Adriano
Flávio,
Excelente artigo. Obrigado por disponibilizá-lo.
Davi
O que um cara inspirado, com amidalite e com internet não faz kkkkkk
Parabens titio, belo topico.
Patrão, esse é um dos tópicos que fazem valer nossa presença no FRM!
PARABÉNS!!!!
Citação de: shun online 26 Julho 2014 às 19:53:32
O site desse cara deveria ser considerado um site pornô!
Minha capa do facebook é uma foto do site dele. Hahahaha
Abraços!
Tem toda razão !!! Maravilhoso ! Uma putaria mesmo !
muito interessante, parabens pela paciência em postar pra gente 8)
Flávio.
Excelente!
Uma das coisas que mais admiro na relojoaria mecânica: o movimento... e desta vez com comparações e explicações.
Obrigado.
Muito Bom.
João
Belo texto, belas imagens. Tks Titio.
Flávio, grande texto, obrigado!
Ótimo texto :)
Com relação ao site, ainda bem que não há o mesmo capricho no layout do site, pior seria se fosse o contrário. 8)
Abraços!
realmente um texto muito esclarecedor e informativo.
eu como leigo, ainda não havia pensado nisto.
sabia que existia diferenças de qualidade e acabamento, mas não a este nível.
obrigado por compartilhar a informação!
;D
Excelente post!
abs
Alfredo
Parabéns Flávio!
o trabalho ficou ótimo!
Ganhamos nós, que acessamos, lemos e aprendemos!
Ze
Boa tarde!
Parabéns, excelente tópico! Muito bem explicado e ilustrado, nos faz sair da ignorância no assunto acabamento!
Não irá para os clássicos? Não podemos perder este tópico!
Abraço!
Por falar no Journe, deu hoje no monochrome. http://monochrome-watches.com/fp-journe-solid-gold-dials-live-photos/
Flávio
E por falar em Journe... quando visitei a boutique deles em fevereiro desse ano um relógio na vitrine me chamou muito a atenção, e fiz como o Flavio sugeriu, pedi para provar o relógio. Coisa que costumo fazer em todas outras conhecidas como VC, AP, PP. Quando a bela vendedora me trouxe o relógio, A lupa de aumento já veio junto. E a vendedora/promotora incentivava a apreciar a beleza do acabamento. Achei isso o máximo. Depois de babar no movimento, veio toda a explicação do acabamento manual X número de relógios produzidos por ano. Se tivesse a grana disponível teria comprado naquele momento. mas sai de lá apaixonado pelo movimento inteiro em ouro. E não achei tão caro o relógio quanto pensei que fosse após a introdução 17.8k de obamas.
Abraço a todos.
Citação de: Seedorf online 11 Agosto 2014 às 18:35:02
E por falar em Journe... quando visitei a boutique deles em fevereiro desse ano um relógio na vitrine me chamou muito a atenção, e fiz como o Flavio sugeriu, pedi para provar o relógio. Coisa que costumo fazer em todas outras conhecidas como VC, AP, PP.
[off topic]
Na Omega, bem como na Rolex (Mayors), IWC, Panerai e Breitling vou de boa, mais nessas outras de patrão...
Semana passada parei na vitrine da Journe só babando, não entrei lá, como também não entrei na AP, na Tourneau em frente que tinha PP e VC, entrei mais fiquei ate com medo de encostar em alguma coisa... Vai saber, coisa de "GOnorante" mesmo...Ainda me sinto intimidado em alguns desses lugares!
Abcs!
Uma foto divulgada hoje do pascal coyon. As rodas dele não são chanfradas, mas vejam a diferença entre a roda cru, não polida, à esquerda, e polida e folheada, à direita. Flávio
(http://tapatalk.imageshack.com/v2/14/10/09/d53192f7e7b7882c7ddaa4612519e159.jpg)
Em Lisboa tem uma relojoaria(Torres) com uns 5 ou 6 FPJourne e já há uns anos tive dois na mão - dizer maravilhosos, é pouco.
O Octa automatic reserve é o meu favorito. O movimento dos FPJourne não dá para descrever, só in loco se aprecia na plenitude o quão belos são.
Se eu quisesse(pudesse ;D) investir 30/35 mil num relógio, o Octa seria o eleito. Além de uma compra maestra, pelo relógio em si, será igualmente um investimento, não duvido.
Correia
Mais uma foto também divulgada hoje em redes sociais. Trata se do processo manual da rgm para aplicação de perolizado. Vejam que a regra é a aplicação em toda superfície. Porém, como discutimos no tópico sobre o omega 9300, a regra tem sido, nas fábricas medianas, a aplicação somente nas partes visíveis, o que reputo um verdadeiro estelionato, ainda que sob a justificativa de redução de custos. Aliás, a rolex também é mestre nisso. Paciência. Flávio
(http://tapatalk.imageshack.com/v2/14/10/09/8677f5f58bc19403b89401d40e81e2ca.jpg)
Apenas uma breve informação.
Pela importância e clareza do tema, eu me permiti transferir as suas partes principais lá para os "Clássicos", onde eu pretendo ir "atualizando" conforme surjam mais informações relevantes aqui.
Este, com está agora, continuará aqui, para participação, aprendizado e deleite de todos. 8)
Abraços!
Alberto Ferreira - Equipe de Moderação
Saiu um artigo interessante hoje sobre "black polishing" que achei importante divulgar. O polimento de peças, assim como o "chanfrado", busca evitar que limalhas de metal diminutas se soltem e interfiram no funcionamento do movimento. Também evita oxidação. O black polishing, que dá aquele espelhado que, sob certos ângulos, faz com que a peça fique preta, normalmente só é visto em movimentos de alto nível. É que a técnica não é das mais complexas e demoradas, tomando no máximo 20 minutos por parafuso. No entanto, até 20 minutos para polimento DE UM PARAFUSO é algo impossível de se pensar em relógios produzidos em massa.
Quando visitei a Glashutte Original, algumas dezenas de parafusos eram polidos de uma só vez, porque colocados numa ferramenta para tal. Mas ainda feito à mão e não "black" polishing. O máximo que vemos nos relógios de padrão médio ao qual estamos acostumados é o polimento e chanfrado das peças, mas nunca num padrão "espelho". Aliás, vale a pena comparar as fotos de um parafuso bem polido, mas ainda por máquina, e à mão. Esse texto mostra a técnica e as fotos falam por si:
http://www.watchesbysjx.com/2015/01/explained-fine-art-of-black-polishing.html
Flávio
Muito interessante, este tópico é de grande valia. Parabéns!!!
Outro artigo bastante interessante sobre o acabamento de movimentos (com fotos):
Site da Vacheron Constantin:
http://www.thehourlounge.com/en/vacheron-constantin-articles/movement-finish-true-mark-haute-horlogerie-557275
João
Que vontade de tentar fazer isso..!
Estou lendo a biografia de George Daniels, "A Watchmaker and his arts", e deparei-me com a seguinte declaração dele sobre acabamento:
"O apropriado acabamento para um relógio é uma questão controvertida para alguns, não para mim. Eu prefiro dourado porque os melhores relógios eram feitos deste modo. Arnold, Mudge, Harrison, Earnshaw, Dent e Breguet usavam em todos os seus relógios apenas dourado e polimento. O modo como os suíços fazem o acabamento de um relógio envolve um trabalho que só serve para um bando de velhos pedantes. I nunca usei nem nunca usarei listras de Genebra".
Falou o cara!
Flávio
Hahaha! Daniels É O CARA!
Abraços!
Adriano
Sabem aquele acabamento preto dos movimentos de alguns Breguet? Descobri que se chama grenaillage, e assemelha-se a abrasão com areia, mas é feito de outro modo, por deformação plástica. Um compressor de ar impele partículas metálicas na estrutura da platina, que se deforma, como se ficasse "frosted". Depois é folheado com uma liga de metais preciosos da família do Rutênio, que dá a cor preta.
Eu particularmente sou fã da aparência "frosted", mas não do preto, prefiro dourado.
Aqui a resposta no The Purists:
http://home.watchprosite.com/show-forumpost/fi-17/pi-6913268/ti-984958/s--13/t-horological-meandering-breguet-uses/
E aqui a técnica de acabamento, que procurei na wiki:
http://en.wikipedia.org/wiki/Shot_peening
Como se chama essa técnica em português?
flávio
Eu conheço como jateamento podendo ser por granalha, areia, cascas de nozes etc
Em construção naval e petroquímicas nunca ouvi outro nome.
Heracles
Também conheço como jateamento. Mas qual jateamento não causa abrasão? Digo isso porque já vi jateamento de areia e de casca de nozes, mas o texto diz que a técnica não é a mesma do "sand blasting" (que é o jateamento de areia).
Flávio
O que sei com certeza absoluta é que jato de areia remove infinitamente menos material que um polimento normal. Para você deformar uma superfície plana em uma politriz, basta apertar mais forte contra a roda de polir por 2 segundos, que já era. Para você deformar uma superfície com jato de areia, acho que precisaria ficar um dia inteiro com o jato em cima do mesmo lugar.
Abraços!
Adriano
Sim,...
Eu convivi muito com o termo (e com o tratamento por encruamento superficial) e nós sempre preferíamos manter a nomenclatura em inglês mesmo, "shot peening".
Fazíamos assim justamente para que não houvesse confusão com o termo (mais genérico) "jateamento (de areia)", o "sand blasting", este sim visando o desbaste, por abrasão da granalha ou areia.
O "shot-peening" não desbasta, ele encrua a superfície.
Embora os equipamentos que fazem a coisa sejam parecidos, as técnicas e aplicações são muito diferentes.
Além deste efeito, por assim dizer, estético, o "shot peening" serve também para aliviar tensões superficiais e diminuir os riscos de um início de quebra por fadiga, as ferramentas de impacto são tratadas assim por esta razão.
As "granalhas", o material jateado no "shot-peening", podem ter diferentes características, tudo a depender do que se pretende fazer com a superfície tratada.
E acreditem, ou não... ::)
Até caroço de pêssego moído (não riam, pois é sério) já foi usado...
Abraços!
Alberto
Show! Isso eu não sabia! Nada como opinião de um especialista! ;)
Abraços!
Adriano
Uma rápida visita do Hodinkee à A. Lange & Söhne
https://vimeo.com/123037112 (https://vimeo.com/123037112)
http://www.hodinkee.com/blog/Inside-a-lange-and-sohne (http://www.hodinkee.com/blog/Inside-a-lange-and-sohne)
Phino esse rápido vídeo. Flávio
Grebuel Forsey e o acabamento dos seus relógios. Basta ver, nem precisa compreender o que é dito:
Flávio
A técnica, a delicadeza, o cuidado e preocupação com os detalhes realmente fazem certas peças de arte como essas valerem cada centavo cobrado.
Uma jóia com diversas partes integradas dentro de uma caixa em sinergia no pulso. Ver um skeleton, divulga sua beleza para além das vistas dos relojoeiros.
Relógio mais lindo que eu ja vi na minha vida com o trabalho mais espetacular..!!
Gostei do trabalho e da música, do relógio nem tanto
Abs gabo ;)
Parabéns Flávio,
Esse tópico é uma aula de anatomia, uma verdadeira dissecação.
Showzaço!!
Il Capo
Mais uma vez desenterrei o tópico em virtude de duas fotos macro que vi hoje no The Purists. O Movimento em macro é o Lemania do Speedy, na sua melhor versão, aquela usada para os displays back. Volto a repetir o que já disse acima, esse relógio, pelo padrão de acabamento que possui, é uma barganha. Vejam só os detalhes do acabamento, expostos agora nessas duas fotos. Todas as platinas, alavancas, freios, etc, são chanfrados. Ok, não foram feitos de forma manual, pois "arredondado" demais e sem vincos nas transições, mas qual fábrica faz isso hoje, ainda mais nessa faixa de preço? Todos os parafusos, ainda, são muito bem polidos e chanfrados e este acabamento " a favor do grão" nas partes em aço (a platina recebe listras de genebra), bem bacana. Os dentes das engrenagens são bem feitos e, conquanto todas apresentem acabamento quase nulo, ao não ser um eventual polimento no entorno do centro do raio (próximo aos eixos), muito interessantes. Sério, isso era o padrão no passado, mas hoje? Nem em sonho tenho visto relógios nessa faixa de preço com esse acabamento. Isso confirma que a Lemania, mesmo nos seus movimento mais "básicos", tem um padrão bem alto, assim como a Frederic Piguet.
Vejam:
http://www.watchprosite.com/?page=wf.forumpost&fi=17&ti=1033428&pi=7368848
Bons tópicos nunca são desenterrados, Flávio! São resgatados!!!
Lembra da minha capa do facebook? Do lemania preto. Aquele sim tem acabamento primoroso!!! 8)
Flavião, eu lembro deste post que aparece o acabamento do El Primero:
http://www.ablogtowatch.com/zenith-el-primero-original-1969-watch-review/ (http://www.ablogtowatch.com/zenith-el-primero-original-1969-watch-review/)
é outro relógio desta faixa de preço que acho que entrega muito pelo que custa (ou custava lá na época do dólar a 2 real) pena que não aproveitei.....
Citação de: michelim online 25 Janeiro 2016 às 16:41:13
Flavião, eu lembro deste post que aparece o acabamento do El Primero:
http://www.ablogtowatch.com/zenith-el-primero-original-1969-watch-review/ (http://www.ablogtowatch.com/zenith-el-primero-original-1969-watch-review/)
é outro relógio desta faixa de preço que acho que entrega muito pelo que custa (ou custava lá na época do dólar a 2 real) pena que não aproveitei.....
Bem, como tenho um, posso comentar. Disse a mesma coisa ao Fábio (Dicbetts) semana passada num encontro: há muitas partes chanfradas no movimento, que possui um acabamento bastante honesto, aliás, como todos da Zenith. Mas ainda acho que, "na lupa", o acabamento dos Lemania é melhor... Mas o El Primo de fato é bem acabado. Sabe o que gosto nesses cronos? Das alavancas em aço com acabamento lixado no sentido do grão e chanfradas nas bordas. Elas mudam de cor dependendo da incidência de luz.
Flávio
Boa tarde!
Muito bom mesmo, Flavio!
Sempre interessante e muito didático nós podermos acompanhar os seus comentários sobre os detalhes do acabamento enquanto acompanhando com as excelentes imagens ampliadas.
Valeu!
Mas eu tenho uma pergunta...
Na sua opinião, o que nós vemos aqui...
(http://img.photobucket.com/albums/v655/alobr/FORUM/Desnivel%201_zpsd0taxwpb.jpg)
...este "desnível" existente na face superior, naquelas superfícies "usinadas".
É uma inerência do método de fabricação "não manual", ou haveria outra razão?
Abraços!
Alberto
Alberto, na verdade esse desnível é impressão em virtude da proximidade. É que esse modelo usa listras de Genebra, o desnível é o corte entre uma linha e outra. Flávio
Obrigado, Flavio!
"Há que ter olhos de ver..." 8)
Abraços!
Alberto
Realmente esse nível de acabamento em um relógio desse preço é algo fantástico! Por isso optei pelo speedy safirado... Pois um patek ainda está longe ;D
Abraços!
Flávio,
Muito obrigado por ter "desenterrado" o tópico. Para mim, que sou novo no fórum, foi uma verdadeira aula sobre o acabamento de movimentos. O acabamento do movimento Lemania dos Speedmaster é realmente fantástico para a sua faixa de preço.
Abraços
Citação de: flavio online 25 Janeiro 2016 às 16:54:06
Bem, como tenho um, posso comentar. Disse a mesma coisa ao Fábio (Dicbetts) semana passada num encontro: há muitas partes chanfradas no movimento, que possui um acabamento bastante honesto, aliás, como todos da Zenith. Mas ainda acho que, "na lupa", o acabamento dos Lemania é melhor... Mas o El Primo de fato é bem acabado. Sabe o que gosto nesses cronos? Das alavancas em aço com acabamento lixado no sentido do grão e chanfradas nas bordas. Elas mudam de cor dependendo da incidência de luz.
Flávio
Flavinho,
Os Speedy Pro são os relógios mais honestos que conheço. Por isso perfeitos.
Comparo-o aos Porsche 911: um projeto definitivo, que somente é aperfeiçoado, sem perder a alma.
É "O" crono, como já tivemos a chance de debater.
Dic
(http://www.phase-de-lune.net/speed_choc/mouv9_g.jpg)
Citação de: Dicbetts online 26 Janeiro 2016 às 11:42:43
Flavinho,
Os Speedy Pro são os relógios mais honestos que conheço. Por isso perfeitos.
Comparo-o aos Porsche 911: um projeto definitivo, que somente é aperfeiçoado, sem perder a alma.
É "O" crono, como já tivemos a chance de debater.
Dic
"Comparo-o aos Porsche 911: um projeto definitivo, que somente é aperfeiçoado, sem perder a alma."
Foi a melhor analogia com o Speedmaster que já ouvi até hoje.
E esta versão exposta é um espetáculo a parte.
Saiu um artigo hoje no Hodinkee abordando a origem das Listras de Genebra.
Como já havia ressaltado aqui, a decoração tinha função não apenas estética, coletar poeira nos movimentos. Mas a explicação para o surgimento da decoração, dada por Giulio Papi que, claro, deve ser levada em consideração, soa-me como lenda. Segundo ele, os gravadores de motivos nos movimentos entraram em greve e as empresas rapidamente desenvolveram uma decoração para substituir as pessoas, que pudesse ser feita mais ou menos industrialmente. Então, demitiram os gravadores.
Vejam
https://www.hodinkee.com/articles/the-possibly-apocryphal-story-of-who-invented-geneva-stripes-heard-at-audemars-piguet-renaud-and-papi
Desenterrando o tópico.
O Dufour é considerado o relojoeiro que faz os melhores acabamentos na indústria, e tudo de forma artesanal, às vezes sequer sem usar eletricidade, mas com máquinas antigas. Máquinas antigas que, é claro, poucas pessoas sabem utilizar no mundo. Já imaginaram se George Daniels não tivesse pegado o Roger Smith "para criar"? Tirando seus conhecimentos colocados na obra Watchmaking, o resto estaria perdido para sempre.
A Greubel Forsey, então, está filmando as técnicas de Dufour para a posteridade, já que o cabra tem certa idade e, se morresse hoje, tudo se perderia.
Nesse vídeo ele explica de forma sucinta a base de técnicas como chanfragem, polimento de bacias de parafusos, dos próprios parafusos e criação de furos na platina. Mesmo para quem não saca o inglês, vale a pena ver.
https://www.youtube.com/watch?v=sZqNrGDk3q8
Quando vejo isso, impressiona-me não o quanto Dufour cobra pelos seus relógios, que possuem lista de espera de anos, mas quanto várias empresas, ditas "manufaturas", cobram pelos seus modelos, após tudo ser chanfrado, polido e decorado em máquinas...
Flávio
Desenterro o tópico mais uma vez por conta de uma foto que vi nesse artigo recente do SJX sobre o novo Patek Calendário Anual.
http://watchesbysjx.com/2017/02/up-close-with-the-patek-philippe-breguet-numeral-annual-calendar-ref-5396.html
Outro dia li uma entrevista com o Thierry Stern na qual ele disse que na Patek não há esse preciosismo de ser fazer tudo artesanalmente: se a máquina faz melhor do que o humano, usam as máquinas. Por quê não? Isso não só reduz custos como pode fazer acabamentos perfeitos, visualmente falando, muito embora às vezes se tornem "frios" demais, se me fiz entender. Por exemplo, eis a foto:
(http://i125.photobucket.com/albums/p79/flaviop/Patek-Philippe-annual-calendar-ref.-5396G-012.8_zpsbepnts9w.jpg) (http://s125.photobucket.com/user/flaviop/media/Patek-Philippe-annual-calendar-ref.-5396G-012.8_zpsbepnts9w.jpg.html)
Notem que os chanfrados na platina parecem ter sido feitos a mão. Por quê? Porque são arredondados, o que fatalmente denota o uso de politriz giratória, igual a uma maquininha de dentista, para arredondar os cantos. Dá para ver claramente que a linha interna não é absolutamente uniforme, mas muito bem feita. Lima não foi usada, porque nas transições, ângulos internos, essas "arredondam". Se houvesse sido usada lima, os ângulos estariam bem pronunciados. Por outro lado, sou capaz de apostar que nos chanfros do contorno da massa oscilante alguma máquina computadorizada o fez: não são arredondados e estão certinhos demais.
Mas aí chego onde queria: prestem atenção na pearlage do centro da massa oscilante. Feita artesanalmente... E o artesão errou a mão, calculando mal o quanto deveria ter feito a interseção entre os círculos, de modo que o último ficou sem. Vejam. Ninguém notaria isso a olho nu, mas numa foto gigantesca como essa, dá até um certo desequilíbrio nos olhos.
Flávio
Mais uma foto interessante que me leva a desenterrar o tópico. Detalhe das âncoras usadas nos relógios de Marco Lang, feitas em ouro, polidas e chanfradas em todo perímetro e com uso de "bigodes" para equilíbrio (a Patek usava isso nos Gondolo de bolso). Agora imaginem o trabalho para fabricar com tal precisão apenas essa peça... Por isso costumo ressaltar às vezes: espanta me não o custo de um relógio feito artesanalmente, mas o preço daqueles feitos em massa que custam o mesmo.
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20170926/6cdffdb8da78f77476165194a1910601.jpg)
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Citação de: flavio online 26 Setembro 2017 às 10:30:43
..... Agora imaginem o trabalho para fabricar com tal precisão apenas essa peça... Por isso costumo ressaltar às vezes: espanta me não o custo de um relógio feito artesanalmente, mas o preço daqueles feitos em massa que custam o mesmo.
Simples assim.
Mais uma vez retomo o assunto em virtude de excelentes fotos publicadas pelo SJX
A história é a seguinte. Nos anos 90, quando o Investicorp ainda era dono da Breguet, que depois foi comprada pelo Swatch Group, a marca era algo mais artesanal e de "fundo de quintal" do que é hoje. Aliás, do que não é hoje... Hoje a Breguet fabrica 40 mil relógios por ano, tem a manufatura Lemania à sua disposição (antes eles contratavam seus serviços) e todo know how do Swatch Group. Até os anos 90, a Breguet fabricava 4000 relógios ao ano, praticamente de forma artesanal. Não que a marca não use muito artesanato nos dias atuais, mas antes era de fato artesanal.
300 sets, consistentes em um calendário perpétuo com repetição de minutos e uma réplica dos Perpetuelle de Breguet foram vendidos durante todos os anos 90 e de vez em quando aparecem em leilões, esse abordado pelo SJX tem preço sugerido de 70 mil dólares (acredito que saia por mais...), o que é uma barganha: um calendário perpétuo da marca com repetição não custa isso hoje...
Mas o interessante aí é o relógio de bolso, que na época a Breguet subcontratava a construção, para ninguém mais do que Michel Parmigiani. Como se trata de um relógio de bolso, é fácil observar detalhes de acabamento, pois tudo muito grande (e com as fotos em macro do SJX...).
Prestem atenção, está tudo aí, do acabamento frosted dourado ao black polish das partes em aço, passando pelos chanfros em todas as superfícies, com vários ângulos internos. Coisa de primeira...
Mas o melhor é a comparação com a última foto: um Perpetuelle original, do próprio Breguet. Na época de Breguet, não havia máquinas de corte, tornos, etc, tão precisos como nos anos de 1990. É certo que Breguet ditou o estilo e padrão do que era um relógio top de linha no século 18 e início do 19, sendo copiado até hoje. Mas... Uma coisa é certa: o Breguet feito pelo Parmigiani está num nível de acabamento muito, mas muito superior ao do próprio Breguet. Vejam
http://watchesbysjx.com/2017/11/hands-on-with-a-breguet-masterpiece-made-by-michel-parmigiani.html
Quando o relógio vem com uma lupa você sabe que o negócio é bem feito...
Quem faz isso hoje? A foto é de um eixo de balanço de um relógio de bolso Jurgensen de 1890. Prestem atenção no polimento! E o chanfro no platô de segurança? Para que isso, numa peça que ninguém nunca verá.
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20180512/afafe4ebf7692a8adfa7a1100e508d39.jpg)
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Pois é. É a diferença entre um Audi e um Hyundai. Entre um PP e um JLC.
Mais uma vez desenterro o tópico com um artigo sobre o novo Berthoud. Ok, o visual não me agrada, a ideia de recriar a marca idem, muito embora tenham honrado o cara com produtos tão bem feitos, etc. Por outro lado, não lembro de ter visto recentemente NADA com um acabamento tão exageradamente detalhista como esse, que chega ao ponto de chanfrar, polir e detalhar até pecinhas que ninguém presta atenção. A construção do movimento é singular, usando pilares, como nos cronômetros de marinha antigos. E... Vá lá, o visual meio steampunk do troço é diferente, mas como já disse, não faz minha cabeça. E o preço... Bem, tem que abstrair.
https://www.ablogtowatch.com/ferdinand-berthoud-fb-1r-6-1-watch/2/
Mas é a cara do sujeito isso aí: fazia cronômetros que eram um desastre em sua complexidade e regularidade, mas eram máquinas incrivelmente belas e bem feitas. Tipo carro italiano.
Uma foto rápida que vi hoje, do Marco Lang. De um lado, a ponte recém saída da fresa CNC. Do outro, com acabamento
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20190228/30ccac6d1b552aea575192012309b899.jpg)
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tem que lembrar que é só uma peça, imagina o movimento todo sem acabamento, vai ficar igual um orient 469
Citação de: flávio online 26 Julho 2014 às 19:23:32
Não é tão simples definir, como alguns autores às vezes dizem como se fosse verdade absoluta, os motivos que levaram os suíços a passar a de fato embelezar seus movimentos. Os ingleses, como é notório, faziam relógios com um espírito muito maior de "utilidade" e, por isso, aparentemente seus acabamentos eram espartanos. Aparentemente... Digo isso porque, como é notório, até meados do século XIX, os ingleses eram conhecidos por fazer os relógios que marcavam a passagem do tempo com mais precisão. Mas ao olho do leigo, eram aparentemente simples, com suas platinas folheadas a ouro e acabamento "frosted". Quem admira o trabalho de George Daniels e Roger Smith sabe do que estou falando...
Flávio
Muito bacana e didático suas considerações. Espero com o tempo poder refinar cada vez mais minha percepção estética e capacidade de observação. Obrigado por compartilhar!
Citação de: flávio online 29 Maio 2018 às 14:47:00
Mais uma vez desenterro o tópico com um artigo sobre o novo Berthoud. Ok, o visual não me agrada, a ideia de recriar a marca idem, muito embora tenham honrado o cara com produtos tão bem feitos, etc. Por outro lado, não lembro de ter visto recentemente NADA com um acabamento tão exageradamente detalhista como esse, que chega ao ponto de chanfrar, polir e detalhar até pecinhas que ninguém presta atenção. A construção do movimento é singular, usando pilares, como nos cronômetros de marinha antigos. E... Vá lá, o visual meio steampunk do troço é diferente, mas como já disse, não faz minha cabeça. E o preço... Bem, tem que abstrair.
https://www.ablogtowatch.com/ferdinand-berthoud-fb-1r-6-1-watch/2/
Gostei muito, belíssimo. E agora, depois de toda a aula sobre acabamento, também posso ter uma visão mais apurada.
Flavio, mais uma vez, muito obrigado...
Parabens Flavio, só hoje tive tempo para ler com calma o topico, excelente
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Quando você usa um macro desse e o que vê é a perfeição, como a parte do cannon e ponteiros da Urban Jurgensen, você compreende o que é um bom acabamento...
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20190413/529e78c9faf97ed79619d2eef1fa20c3.jpg)
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Um vídeo rápido da Cornehl do feitio manual da perlage
https://youtu.be/A2MpR0LtzEY
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Alguns vídeos interessantes de como algumas técnicas são realizadas nos Akrivia (a pronúncia correta é Akrivía, não Akrívia, como imaginava), pelo seu fundador e relojoeiro, Rexhep Rexhepi.
Aqui, polimento e chanfrados
https://www.youtube.com/watch?v=jSLiKmWQEok
Martelamento e azulamento
https://www.youtube.com/watch?v=tYyuyx14lQE
Perlage (perolização) e Listras de Genebra
https://www.youtube.com/watch?v=OQNtaN0A1Js
novo o sujeito!!! E lindos seus relógios e seu atelier ...
Muito legal [emoji41] um artista [emoji1938]
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Citação de: flávio online 01 Agosto 2019 às 15:45:08
Alguns vídeos interessantes de como algumas técnicas são realizadas nos Akrivia (a pronúncia correta é Akrivía, não Akrívia, como imaginava), pelo seu fundador e relojoeiro, Rexhep Rexhepi.
Aqui, polimento e chanfrados
https://www.youtube.com/watch?v=jSLiKmWQEok
Martelamento e azulamento
https://www.youtube.com/watch?v=tYyuyx14lQE
Perlage (perolização) e Listras de Genebra
https://www.youtube.com/watch?v=OQNtaN0A1Js
Flavio,
Muito legal! Espero que, com seu conhecimento, possa manter este tópico sempre ativo com novidades. Obrigado!
sds,
Jefferson.
https://watchesbysjx.com/2011/08/traditional-movement-finishing-techniques-explained-by-lange.html
Citação de: Andrevms online 06 Agosto 2019 às 18:12:38
https://watchesbysjx.com/2011/08/traditional-movement-finishing-techniques-explained-by-lange.html
Essas fotos destes caras são ótimas. Com o relógio em mãos, aí... só com lupa mesmo.
Parabéns Flavio! Ótimo texto e excelente iniciativa. Coisas assim fazem esse lugar mais especial.
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Vi essa foto agora da roda de escape de um relógio de mesa do Mathias Naetsche que impressionou me pela qualidade de polimento, desenho e, sobretudo, exagero, pois foram nela incrustrados 108 diamantes, totalizando 4 quilates.
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20191120/6e07b76bed8c80a4b87a7a7d679c6df1.jpg)
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Esse esqueleto da Breguet tem tanta técnica de decoração dentro que fica até difícil indicar: chanfros, com ângulos internos e externos, black polish, guilhoche, etc. Vale a pena perder um tempo nas grandes fotos
https://watchesbysjx.com/2019/12/breguet-classique-tourbillon-extra-plat-squelette-5395-review.html
ótima matéria sobre acabamento nos relógios, da monochrome (em inglês): https://monochrome-watches.com/a-technical-perspective-all-you-want-to-know-about-finishing-in-haute-horlogerie/
Citação de: flávio online 10 Dezembro 2019 às 15:02:35
Esse esqueleto da Breguet tem tanta técnica de decoração dentro que fica até difícil indicar: chanfros, com ângulos internos e externos, black polish, guilhoche, etc. Vale a pena perder um tempo nas grandes fotos
https://watchesbysjx.com/2019/12/breguet-classique-tourbillon-extra-plat-squelette-5395-review.html
Ainda não tinha visto estas fotos... Muito massa e a riqueza de detalhes, variedade, etc. Adoro esqueletos porque amo mecânica e este relógio está lindo.
Adoro este tópico, porque acho a beleza do trabalho artesanal e estético nos relógios pura arte, linda de ver e admirar. Espero que este tópico sempre se mantenha ativo com novas contribuições, como este ótimo artigo detalhando várias técnicas horológicas. Massa!!!
Mais um estupro proporcionado pela Akrivia
https://watchesbysjx.com/2020/04/akrivia-ak-06-review.html
Citação de: flávio online 07 Abril 2020 às 19:26:45
Mais um estupro proporcionado pela Akrivia
Fiquei um bom tempo olhando as fotos ampliadas. É uma obra-prima!
https://watchesbysjx.com/2020/04/akrivia-ak-06-review.html
Citação de: flávio online 07 Abril 2020 às 19:26:45
Mais um estupro proporcionado pela Akrivia
https://watchesbysjx.com/2020/04/akrivia-ak-06-review.html
Vamos jogar este tópico, que para mim é o melhor e mais belo do FRM, novamente para seu lugar lá em cima e com grande estilo... Que relógio maravilhoso! Um absurdo de lindo. Para quem é apaixonado por mecânica, como este que vos escreve, todos aquelas peças aparentes no mostrador e com acabamento impecável é um deleite para os olhos e coração. Flávio, valeu!!!
Em tempo, como nesta vida nem tudo é perfeito... Meu único lamento é só poder manter estes belos relógios apenas no campo da admiração e do desejo, mas, rapidamente, penso que estou a admirar algo como uma obra de arte de um grande pintor impressionista e que também não posso ter para mim e aí toda a frustração vai embora, ficando só o deleite e alegria. ;)
Um vídeo da Berthoud que mostra, de forma bem rápida, o acabamento no sentido do grão, polimento dos apoios dos rubis e chanfros.
https://www.youtube.com/watch?v=YomFrN_nrQc&feature=youtu.be
Quando aquele movimento Eta acaba virando algo fantástico...
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20200429/0cbaa052b73986dad0015963c5756cb5.jpg)
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Um detalhe dos numerais da Urban, que são polidos individualmente e manualmente.
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20200618/4e4956fee63cf5a283f1124178753a89.jpg)
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Detalhe dos chanfrados da Kudoke: como máquina arredonda as transições, e neste caso há ângulos internos definidos, é possível saber que foi feito manualmente com lima.
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20200619/61cc896255d5b0e985e34468b9ce64d7.jpg)
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Detalhe dos ponteiros de relógio de pedestal da Erwin Satler, logo após serem cortados e, depois, já limados, polidos e azulados.
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20200619/1df499177c3706d4ac7ac937aa4e8237.jpg)
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Flavio, estas fotos de detalhes do acabamento de componentes, estão ótimas. Obrigado por compartilhar...
Belíssimo mostrador esmaltado da Vacheron. Tenham em mente que a figura é formada a partir do derretimento do vidro, e cada cor tem um ponto de fusão diferente. Ou seja, são necessárias várias fornadas e em várias temperaturas. Ao que parece, também micropintura aí, além do esmaltado.
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20200707/429f86f452de3f267c31c643bf08deb4.jpg)(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20200707/96587c2cade65f6859a880f7398c4920.jpg)
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Um vídeo da UN sobre a técnica de esmaltado
https://youtu.be/yAbhmq2j4m0
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Citação de: flávio online 07 Julho 2020 às 09:32:24
Belíssimo mostrador esmaltado da Vacheron. Tenham em mente que a figura é formada a partir do derretimento do vidro, e cada cor tem um ponto de fusão diferente. Ou seja, são necessárias várias fornadas e em várias temperaturas. Ao que parece, também micropintura aí, além do esmaltado.
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Flávio,
Belíssimo trabalho... Agora só não entendi como funciona a indicação de horas neste relógio. O numero 12 aparentemente está sozinho, como muda para as outras indicações de horas. Já os minutos não tem ponteiros ou indicação? Estou confuso!!!
Saudações,
Jefferson.
Existe um conjunto de engrenagens satélite em constante movimento circular em torno do eixo central e em torno do próprio eixo. Como o mecanismo fica oculto, somente o numeral correspondente àquela hora específica fica visível na abertura pelo período de uma hora, quando então outro "satélite" entra no seu lugar. É engenhoso, complexo, bem legal mas o princípio é relativamente simples. A fotografia do módulo diz muita coisa, saca só.
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20200708/96501b3e71549e6da04f8efd6211031c.jpg)
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Citação de: flávio online 08 Julho 2020 às 20:18:34
Existe um conjunto de engrenagens satélite em constante movimento circular em torno do eixo central e em torno do próprio eixo. Como o mecanismo fica oculto, somente o numeral correspondente àquela hora específica fica visível na abertura pelo período de uma hora, quando então outro "satélite" entra no seu lugar. É engenhoso, complexo, bem legal mas o princípio é relativamente simples. A fotografia do módulo diz muita coisa, saca só.
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Flavio,
Mesmo com sua explicação clara e a foto, ainda precisei analisar um pouco, mas finalmente entendi. O problema era que eu esteja preso numa ilusão da foto em duas dimensões e não percebia que os números das horas e minutos ficam numa posição mais baixa em relação a decoração. Realmente engenhoso, porém simples, mas causou em mim o efeito desejado de ilusão. Muito legal. Obrigado!
Saudações,
Jefferson.
Tá aí um tipo de arte que não tinha visto ainda aplicada a relógios, marchetaria feita com pedras! A imagem é do parque Yosemite e o relógio da RGM
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20200810/bd931df30ef3c236b09ff4c88cc64e6f.jpg)
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Belíssimo trabalho de arte. Parece um quadro...
E não é? Queria ver um vídeo do cabra fazendo, não encontrei. Há vídeos sobre marchetaria em relógios, como esse da Patek abaixo mas... Depois de ver o trabalho em pedra acima, achei o da Patek tão simplesinho...
https://www.youtube.com/watch?v=7YvArKVRMOw
Citação de: flávio online 13 Agosto 2020 às 14:22:20
E não é? Queria ver um vídeo do cabra fazendo, não encontrei. Há vídeos sobre marchetaria em relógios, como esse da Patek abaixo mas... Depois de ver o trabalho em pedra acima, achei o da Patek tão simplesinho...
Esse é de um relógio Corum, não é tão intrincado quanto o RGM, mas imagina o trampo ...
https://www.youtube.com/watch?v=a5pfkPxAp-k
Que foda! Se bobear o cabra que fez o RMG é esse aí, pois no site da marca diz que o trabalho foi subcontratado para um "artesão da Europa Central", sem entrar muito em detalhes. Não deve ter muitos no planeta que fazem isso...
Vendo estes vídeos percebe-se todo o trabalho e habilidade necessários para produzir estes mostradores em marchetaria. E olha que o resultado da arte no RGM parece ter bem mais detalhes e acabamento mais refinado. Muito bom os vídeos, valeu!
Uma foto retirada agora do The Naked Watchmaker, e não foi indicado qual é o movimento, de uma platina recém usinada através de fresa CNC. A fresa computadorizada permitiu que relojoeiros independentes conseguissem usinar peças de uma forma precisa, rápida e com baixo custo, mesmo em produções pequenas. Vejam, uma fresa CNC industrial custa cerca de 500 mil dólares, quantia absurda, mas muito menor ao ferramental grandioso e caro das grandes empresas do passado. A fresa controlada por computador permitiu que um bom projeto fosse transportado para a realidade por um custo relativamente baixo, causando a proliferação dos independentes das duas últimas décadas. Com o chassis pronto, "basta" o acabamento. "Basta"...
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20210401/bbae1aee94bfa8e4762bc2ee1ea58ecd.jpg)
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Que pena, pensei que teria também a foto da platina após o acabamento.
Um antes e depois publicado agora pelo Stefan Ketelaars. Há várias técnicas aí, como chanfrado côncavo, algo que dá muito mais trabalho, pois necessariamente tem que ser feito com limas (percebam como o chanfrado não está plano a 45 graus, mas côncavo); furação e polimento dos apoios dos mancais futuros de rubi, jateamento "frosted" e folheado.
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20210514/c63f877571683841e070b05ca7af00eb.jpg)(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20210514/69c81e7c6fe8de604b2260edd1aecc36.jpg)
Um antes e depois...
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20211111/a74e84bebae7ef86d866f1cdf27eed88.jpg)
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Uma imagem diz mais que palavras...
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20220127/d4704e8a92762a9b672de1e6186bd131.jpg)
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Antes e depois
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20220421/f514ce10bbc7b37ab3fb8956ee61b3da.jpg)
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Belas fotos amigo!!! ;) ;) ;)
Mas não entendo uma coisa... essas peças são polidas, depois cromadas (ou outro banho),
e têm novo polimento??? ::) ::) ::)
Pra ter esse acabamento black polish, é necessário que a peça seja de aço inox, portanto, não há banho nem antes, nem depois.
Em outros tipos de acabamento, feitos em peças de latão, o banho é sempre a última etapa.
Citação de: igorschutz online 28 Abril 2022 às 22:05:12
Pra ter esse acabamento black polish, é necessário que a peça seja de aço inox, portanto, não há banho nem antes, nem depois.
Em outros tipos de acabamento, feitos em peças de latão, o banho é sempre a última etapa.
Mas acho que não precisa ser inox, não? Até porque praticamente nunca as peças de aço de mecanismos são de inox. É um aço meio "ordinário" mesmo. E inclusive parte da ideia original do black polishing era justamente para dificultar a oxidação da superfície. Sem "rugosidades", a superfície torna-se menos "reativa" ao oxigênio.
O efeito estético no fim das contas era, originalmente, apenas uma consequência.
Abs.,
Adriano
Sim. Só um comentário sobre os aços "comuns". Eu assisti a uma entrevista com o Dan Spitz há alguns dias, muito boa, aliás, no qual ele comenta a dificuldade absurda de se comprar aço para relojoaria nos EUA. O aço, segundo ele (para pivôs) vem numa bitola específica, com composição específica (padrão na indústria, ele falou a especificação, esqueci completamente...) só é vendido em centenas (as varetas) e... Ele não faz centenas, muito menos milhares de relógios. E são caras pra caramba para quem pretende, como ele, fazer apenas 3 relógios por ano. No final das contas, me deu a entender, muito embora não tenha ficado tão claro, que os independentes acabam fazendo atualmente uma "vaquinha virtual", comprando a centena e distribuindo entre todos (ele tem contato direto com o... Meu Deus, estou fodido de memória, dois relojoeiros, que até sigo...). Enfim, essa entrevista é muito legal, vale a pena assistir
https://www.youtube.com/watch?v=O8TILPabzxs
Mas o aço que ele se refere é ao que ELE escolheu usar nos relógios dele. O fino do fino. Para fazer eixos e pinhões. Não é só a liga, mas o "gauge" das varetas que ele necessita (para peças planas, usa-se pequenos lingotes).
E isso não é "padrão" da indústria. É padrão da alta relojoaria e olhe lá. O "padrão-padrão" é cada vez mais baixo, cada vez material de pior qualidade. Aliás tem gente aí que deve estar pegando latinha de cerveja no lixo e derretendo para fazer peça de mecanismo...
:-X :-X :-X
E o que não falta é trouxa para abrir a carteira...
Abs.,
Adriano
Aliás esses dias peguei uma peça que supostamente era de aço... Não vou dizer qual peça nem qual calibre nem qual fabricante. Uma peça que sempre foi de aço. Foi projetada desde o início como de aço. Pelo mestre Edmond Capt (fica a dica...) Começou a soltar a "cromeação" depois da lavagem. Do que era feita na verdade? Não tenho a menor idéia. Foi para o lixo e substituí por uma feita de aço de verdade (do estoque de outro fabricante que ainda não se prostituiu).
Abs.,
Adriano
Antes e depois
(https://uploads.tapatalk-cdn.com/20230303/89b8263e0174fc49852ab66feb646757.jpg)
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Citação de: Adriano online 30 Abril 2022 às 22:58:03
Aliás esses dias peguei uma peça que supostamente era de aço... Não vou dizer qual peça nem qual calibre nem qual fabricante. Uma peça que sempre foi de aço. Foi projetada desde o início como de aço. Pelo mestre Edmond Capt (fica a dica...) Começou a soltar a "cromeação" depois da lavagem. Do que era feita na verdade? Não tenho a menor idéia. Foi para o lixo e substituí por uma feita de aço de verdade (do estoque de outro fabricante que ainda não se prostituiu).
Abs.,
Adriano
Adriano, essa troca de tipo de materiais nas peças dos relógios, como no caso do crono que citou acima, não afeta a precisão do mesmo?
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Depende. Se for em peças que não tem relação com o trem de rodagem ou escapamento, não afeta. Vai afetar a durabilidade, mas a precisão não.
Agora, mesmo que forem em peças como uma roda de escape, desde que a geometria/dimensões da peça sejam as mesmas, também não vai afetar, em um primeiro momento. Mas quando começar a se desgastar, vai afetar.
É o que tem acontecido com umas rodas de escape por aí que tem sido "comidas" pelas levées em poucos anos de uso. Às vezes até dentro da garantia. :-X
Abs.,
Adriano