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Após conquistar a Europa e os EUA, a suíça Hublot quer que os brasileiros ...

Iniciado por automatic, 26 Maio 2011 às 10:27:54

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fernando r

Não quero "por fogo" mas como alguém que escreve um português tão incorreto pode acusar as pessoas de não entenderem de arte e de serem "jejunos" em relojoaria??
Ofendeu a todos de maneira indistinta só pq acham o custo benefício da Hublot ruim ou não gostam do design da mesma??
Se vc colocasse lado a lado um Omega AT 8500 com caixa de aço, ou mesmo um De Ville Hour Vision com 8500, e colocasse um Hublot e eu pudesse pagar a mesma coisa por qualquer deles, com certeza eu levaria um dos Omega. Se fizesse a mesma coisa com um Milgauss, um Sub, um GMT II ou um Exmplorer I ou II, eu tb não teria dúvidas em ficar com qualquer dos Rolex.
Agora, se eu já tivesse todos os Omega que me interessam, todos os Rolex que me interessam, um Patek Nautilus e me oferecessem um Hublot por 5000 dólares aí eu... compraria de dois a três Nomos com o mesmo valor.
Para mim, o post do Flávio matou a pau.
Abraços.



Citação de: flavio online 01 Junho 2011 às 01:23:07
Bem, como no Brasil já são meia noite e 40, estou sob efeito de Rivotril, indo dormir, e falo demais, vamos lá.

Como disse acima, uma coisa são os calibres copiados pela Hublot, usados em todos os Big Bang normais, são 7750 normais. Não vejo sinceramente diferenças com os 7750 no padrão cronômetro da ETA.

Outra coisa são os movimentos feitos em casa deles, no caso da foto, o Unico. Mas na verdade o Unico não foi desenvolvido por eles, na verdade, trata-se de algo da BNP Concept, que quebrou e eles compraram a fábrica, que fica nos arredores de Genebra, como dizem em Minas, "de porta fechada" (com tudo dentro, inclusive relojoeiros). Na verdade, então, know how eles nunca tiveram.

Sobre o movimento, já começo com uma crítica: sua construção é modular. Ele não é um cronógrafo integrado. Por que? Volto mais uma vez às questões de custo. Com um movimento base, pode-se adicionar complicações a ele, de forma muito mais barata. Isso não é demérito, há relojoeiros inclusive independentes que usam construção modular em seus modelos, vários da AHCI. No entanto, o purista acha o crono não integrado esculhambação. Mas lembro-me de cabeça de cronos não integrados que foram usados por várias fábricas, com sucesso: o calibre 3000 da GP e seu módulo de crono com roda de colunas, nos moldes do Unico; a AP, que também usa o seu calibre feito em casa com um módulo Depraz (modificado por eles) 2020. Mas estão começando a fugir dos cronos não integrados.

O primeiro exemplo disso na história é o Heuer mostrado. Surgiu de uma joint venture notória, Buren, Heuer, etc (uma dezena de fábricas), também de construção modular. A solução da Zenith foi mais tradicional em todos os sentidos e, claro, mais bonita e eficaz: crono não modular, o El Primero.

Não há como comparar acabamento suíço estético com japonês. Os japoneses possuem uma visão - e isso é histórica - completamente diferente dos suíços, seguem mais os ingleses. Os ingleses queriam fazer os relógios mais precisos do mundo (tanto é que se tornaram conhecidos por isso...). Seus relógios não tinham frescuras em platinas, desenhos, etc. No entanto, nas partes onde se precisava de desempenho, como desenho de rodagem, e, principalmente, escapamentos, eles eram os melhores. Os japoneses seguem o mesmo estilo e, volto a dizer, isso é histórico e bastante abordado nos meus textos no "site mãe". Atualmente, os padrões de ajuste de precisão de qualquer seiko GS é bem superior aos dos Suíços. Isso não é especulação, é fato. Simples assim. Mas Seikos GS! Não digo Seikos comuns. A Seiko é tão grande que tem bala na agulha para fabricar do relógio mais vagabundo do mundo ao mais caro. Aliás, o ateliê deles tradicional é de lascar. As peças são feitas por CNC, mas o ajuste e acabamento todo à mão. Mas custam caro, bem caro...E só vendem no mercado japonês, onde possuem penetração, tópico discutido alhures.

No mundo da relojoaria, discute-se muito o que seja "alta relojoaria". Na obra recente Time of Change, Carlo Ceppi e Luana Carcano fizeram uma definição razoável, dividindo tudo em 4 nichos ( e não vou nem traduzir os termos, para ficar claro):

- Watchmaking Masters, que são os relojoeiros independentes, que fabricam artesanalmente todo o relógio, possuem uma clientela que não se importa com nome, mas sim com a capacidade técnica e arte envolvidas. Constituem, basicamente, os caras da AHCI, os cabeças de bacalhau. Não basta ter dinheiro para comprar um relógio desses caras, eles se sentiriam ultrajados: deve-se entender o conceito por trás, por isso a dificuldade de se adquirir um relógio deles, muitas vezes até mais baratos do que um Patek, Hublot, ou coisa que o valha. Exemplos? Darei dois, que estão em extremos: Philippe Dufour, considerado o relojoerio que faz o melhor acabamento de relógios no mundo, e em coisas simples (seu relógio chama-se Simplicity, cerca de 60 mil francos suíços, lista de espera de 3 anos, se ele for com sua cara. Fabrica cerca de 10 por ano, junto com mais 3 assistentes). O acabamento dele chega a ser exagerado, basicamente suíço; Roger Smith, discípulo do maior relojoeiro dos últimos 50 anos, George Daniels, que vende seus relógios por cerca de 50 mil libras, nos mesmos moldes também de encomenda, espera, resenha...Tudo feito à mão, nada de CNC. Munheca e torno, como já mostramos vídeos aqui. O acabamento dele, a princípio, parece simples, mas não é, pois extremamente funcional. E, pior, ele se preocupa com o equilíbrio estético, algo que os Suíços às vezes mascaram com acabamentos decorativos. Ele se preocupa mais com formato do movimento, pontes, etc.

Pois bem, esses caras estão em outro patamar. Só quem conhece compra.

No segundo nicho, abaixo (pois os masters são carta branca no baralho), estão as empresas de high watchmaking, ou alta relojoaria, pois possuem tradição, cultura relojoeira, e que normalmente focam em produtos icônicos e de fácil percepção no mercado. Aqui, a importância da marca já começa a fazer diferença, mas a técnica e tradição também são observadas. Exemplos? Rolex, Omega, GP e a maioria das marcas.

Relógios de luxo vem abaixo.

Ainda são considerados alta relojoaria, mas aqui, a importância técnica da marca já é menor, assim como tradição. A Tissot claramente está neste nicho. Foca seu marketing em produtos icônicos, mas possui uma grande gama de "suporte" ao redor, para atingir públicos diversos. Eles, então, fazem às vezes edições limitadas insipiradas em modelos icônicos, na faixa de até 3000 dólares, mas atuam mesmo nos outros produtos, mais baratos, que trazem inovação (exemplo, o Tissot Touch).

Por fim, temos as marcas de luxo (premium watches), que baseiam-se na moda, troca contínua de coleção e tendências. Normalmente fazem parte de grupos grandes de luxo que tem a relojoaria apenas como algo a mais. Exemplo? Versace, Ralph Lauren, Montblanc, no início.

A colocação da Montblanc foi proposital. Ela começou no mercado de luxo, pela qualidade e preço de produtos, mas com fatores basicamente dos relógios premium. Após comprar a Minerva, pulou - mas ainda não chegou lá, pois lhe falta tradição, o que ela tenta tomar emprestado da Minerva  - do high watchmaking.

Mas nunca passará disso, pois os Masters impersonam (está correto o termo?) sua personalidade no relógio, tanto é que não há nem marca, a marca é o nome dos caras.

Enfim, há uma diferença brutal entre os independentes e as grandes empresas tradicionais, de high watchmaking. A Patek é high watchmaking e produz relógios talvez mais caros do que o mais caro de um master. No entanto, são nichos diferentes.

E, no mercado, a tendência é sempre a subida, a partir DO CONHECIMENTO do que se compra: começa-se com modismos, pula-se para algo com certa tradição, mas ainda numa faixa de preço razoável, pula-se para as empresas tradicionais, que tem preços para todos os gostos e, fatalmente, se o conhecimento adquirido permitir, aos masters.

Atualmente, e isso é minha opinião, não me impressiono com, por exemplo, um movimento base Hublot 9000, que nada mais é do que o algo modular feito pela BNP que, diga-se, não possui características estéticas que me agradam, mas que servem a um público ainda sedento por excesso de coisas num relógio, como repetição, turbilhão, etc, que hoje inclusive se banalizou, pois o CNC facilitou muita coisa.

Hoje busco a simplicidade. Mas a aparente simplicidade.

Como estou indo para Dresden agora, lembrei do Marco Lang (master). O relógio dele é fabricado artesanalmente, do início ao fim, pelo próprio. O padrão alemão era muito parecido com o Inglês, platinas 3/4, equilíbrio, nada de frescura mas...Funcionalmente falando, são de arrebentar.

http://www.tp178.com/ct/langheyne.htm

Em outro espectro, mas também "simples", o Dufour. Nunca, nunca uma fábrica conseguirá fazer o que um master faz.

http://people.timezone.com/mdisher/decorte/dufour/dufour_documentary.htm


Ou seja, são diferentes pontos de vista. Antes, há uns 10 anos, dava muito valor a complicações, etc.

Hoje, dou valor ao equilíbrio estético geral do relógio e, claro, custo benefício dele. Há colegas que, depois de adquirirem conhecimento, simplesmente resolveram pular fora do meio de "compra" de relógios e só leem, pois não encontrariam nada como os masters num preço razoável. They hit the wall, como dizem os gringos. E não tem para onde fugir.

Hoje, já há agum tempo, compro meus reloginhos (tenho uns 15, que em preços de loja variam de 100 a 8000 dólares), mas sei onde estou me metendo. Um bom livro me satisfaz muito mais. Visitar as fábricas e, mais, aprender com os grandes mestres (só quem já viu e CHOROU os relógios de John Harrison entende o que estou falando) é mais prazeiroso.

Portanto, a visão de alguém que repara relógios, como você, apenas complementa a visão de alguém que nunca reparou (já brincou de desmontar relógios), mas estuda demais o contexto histórico em que tudo relacionado a relojoaria está inserido.

Voltando ao início do texto, sim, escrevo demais. Escrevo demais porque estudo demais...Minha profissão por si só exige a leitura e escrita de pelo menos umas 50 laudas por dia.



Flávio

FALCO

FRM: contra argumentos, não há fatos !!!

flávio

Desenterrei o famoso tópico mais uma vez porque só hoje, depois do carnaval, parei para ler os blogs na net.
Deparei-me, então, com o seguinte tópico no The Purists:

http://hublot.watchprosite.com/show-forumpost/fi-871/pi-5723653/ti-844283/s-0/

Eu já achava uma bagaceira sem tamanho a Hublot usar um 7750 feito por eles nos seus relógios, cobrando, por isso, preço de Le Coultre. Porém, não sabia que usavam bases 2894. É isso mesmo produção? Alguém sabe dizer se, a exemplo do 7750, também é feito por eles? Pergunto isso porque, como é notório, na minha opinião o 2894 é a maior tosqueira já criada pela indústria nos últimos 1000 anos, e falo com conhecimento de causa, já que tenho um Longines Avigation que usa o mesmo movimento. Porém, o Longines me custou, na época, 1200 reais, não 12 mil euros!

Alguém sabe se esses 2894 são feitos por eles e, se forem, sofrem modificações?

By the way: não sou fã de relógios em fibra de carbono, etc, mas dentro da proposta da marca, esse lance industrial/fusion, ficaram bem bacanas. São relógios que o Exterminador do Futuro usaria, sério! :o

Flávio

Alberto Ferreira

Tudo bem.
E eu também aceito, e bem, a coisa do "industrial/fusion".

Mas aquela "proposta" das pulseiras "zoológicas", para o meu gosto ficou "fora".
Talvez um pouco Madagascar (o filme de animação gráfica) demais para o meu gosto.
:o

Alberto

flávio

Ah Alberto, não resmungue senão desenterro o tópico Rolex Wando Leopard!  ;)


Flávio

Alberto Ferreira

#105
 ;D

Ah!
Um registro, para os mais "novatos" por aqui.
Não nos entendam mal...  O Wando nunca usou um relógio daqueles, Sô!
Na verdade, este termo "folclórico", Relógio do Wando,  que nós usamos aqui é tudo coisa da nossa imaginação e, principalmente, das nossas "más línguas".
;)

Bem,...
Eu acho que nós devemos este esclarecimento em nome da memória ao bom gosto do cara.
E antes que alguém nos "processe"....   :D

Calcinhas e tal... É uma coisa...



Mas usar um relógio daqueles, eu acho que ele não usaria, não...





Por mais "latino" que o cara fosse.
Afff!
;D ;D ;D

Alberto