A galera acima já ressaltou tudo, mas gostaria de dar uma opinião. Inicialmente, o que você entende por "valor" real? Digo isso porque custo de produção corresponde a uma parcela apenas no custo de um produto, em produtos de luxo então... Muito se gasta hoje em marketing, por exemplo.
Porém, algumas coisas são fatos:
Relógios suíços nunca foram baratos, mas também nunca foram tão caros como hoje. Um Omega Speedmaster custava, em 1970, cerca de 200 dólares. Parece pouco, mas não é... Estamos falando de 50 anos atrás, se simplesmente jogarem a inflação nesse preço, verão o porquê de um relógio suíço ter sido sempre considerado um bem a passar de pai para filho.
A produção de um relógio, por mais "mágica" que pareça, é uma produção de um bem de tecnologia como outro qualquer, que exige ferramental especializado e pessoas idem. E seus custos diluem-se na produção em massa, como qualquer outra produção de bem. Portanto, não me causa espanto a Patek cobrar 2 milhões de francos no seu relógio de "linha" mais complicado, fabricados apenas 6, todos artesanalmente, numa escala de protótipo, usando dezenas de profissionais por anos, o que nunca diluiria seu custo. Aliás, ouso dizer que a Patek não deve ganhar muita coisa (não diretamente, e sim indiretamente em marketing, etc) nesses produtos... Ela ganha nos seus produtos de "entrada" feitos em escala semi industrial e produzidos aos milhares, onde o custo de produção vs preço cobrado é muito menor. Espanta-me, repito, não a Patek cobrar milhões de francos em algo que foi produzido em escala de protótipo... Espanta-me fábricas que produzem aos milhões cobrarem a preços de protótipo.
Como o Adriano ressaltou, preço de relógio, SE E SOMENTE SE podemos quantificar o mero custo benefício da coisa (e isso é deveras difícil em produtos que mexem com a "emoção" do comprador), parece carta de vinho de restaurante: as boas opções estão nos extremos, por incrível que pareça: os produtos muito baratos ou muito caros. Sério! Claro, você pode até pensar que um relógio Roger Smith não valha, comparativamente, por "tecnologia embarcada", os 150 mil dólares que custa. Mas apenas 10 são fabricados por ano e, se você pondera, numa divisão de "horas trabalhadas" que cada um deve demorar um mês ou mais para ser feito, o custo se justifica.
Em síntese, é difícil quantificar quanto "vale" um produto. Mas se estamos falando em custo de produção, certamente parece-me muito mais "injustificável" a Rolex cobrar 30 mil dólares num relógio de ouro que deve gastar minutos na sua produção a um Roger Smith cobrando 150, gastando um mês de recursos para tal...
Flávio