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Eta 2836-2 VS Powermatic 80 Taxa de Batida/Peças Plásticas

Iniciado por tudodigitalizado, 23 Abril 2019 às 14:21:07

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tudodigitalizado

O movimento Eta 2836-2 tem tx batida de 28.800, enquanto o Powermatic 80 (que é uma atualização do Eta-2836-2) tem tx de batida de 21.600? Minha dúvida: esta alteração afeta a durabilidade, qualidade e tempo de manutenção???

Neste caso, ganha-se no tempo de reserva, porém perde em termo de qualidade (parece que houve redução no número de rubis e adição de componentes plásticos)?

paulobalsan

Pessoal, não entendo nada disso mas vou me arriscar dessa vez:

Citação de: tudodigitalizado online 23 Abril 2019 às 14:21:07
Neste caso, ganha-se no tempo de reserva, porém perde em termo de qualidade (parece que houve redução no número de rubis e adição de componentes plásticos)?

Entendo que a redução no número de rubis pode se dar devido à nova arquitetura do movimento e não é necessariamente algo ruim. Sobre a adição de componentes plásticos, já ouvi argumentos contra e a favor por questões como durabilidade e resistência.

Outra dúvida é se o 21600 seria menos preciso que o 28800 uma vez que se trata do mesmo movimento ETA e supostamente a mesma qualidade.

igorschutz

A redução do número de rubis dá-se justamente pelas adoção de peças de plástico. Por exemplo, quando você usa um conjunto roda de escape + âncora, ambos em plástico, economiza-se os dois rubis da âncora, além de evitar a lubrificação, já que plástico com plástico é autolubrificante.

Já em relação ao trinômio durabilidade/qualidade/manutenção do plástico vs. o não-plástico, faço uma analogia com componentes mecânicos vs. componentes eletrônicos: os primeiros exigem mais manutenção que os segundos, porém, quando os eletrônicos pifam, pode ser que o reparo se torne inviável ou impossível, enquanto os componentes mecânicos quase sempre podem ser reparados.

Em relógios mecânicos, onde tradicionalmente se espera funcionamento por 50 anos ou mais, um mecanismo feito no método tradicional atende perfeitamente este prazo, enquanto em um mecanismo recheado de peças plásticas, se uma dessas peças quebrar ou se desgastar, pode ser que ele nunca mais funcione, se não houver peças de reposição disponíveis no mercado.

Resumidamente é isso aí, mas você pode se questionar também "Mas se quebrar uma âncora [tradicional] do meu Seiko 6119, dá pra consertar?"
Resposta: que dá, até dá, mas existe âncora para 6119 de reposição? Ou terá de canibalizar de outro movimento?...... Dá pra construir uma do zero, mas vale o custo?
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

flávio

Sobre frequência, retomo aqui o primeiro, sim, o primeiro texto que escrevi sobre relojoaria, talvez no ano 2000. Ou seja, o texto é meio "pobrinho", mas os conceitos persistem.

https://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/a-evolucao-da-frequencia/

Aí coloco algo para pensarem... O movimento base no qual o novo de 80 horas foi desenvolvido tinha cerca de 40... Vocês acham que eles conseguiram extrair essa reserva de marcha maior de onde, ainda que não totalmente? Diminuindo a "litragem" do motor... Pense nesse movimento como um carro que usava um motor 2.0 e fazia 10 km com o litro e a marca o substitui para um 1.4 que faz 15 km com o litro...

paulobalsan

E a questão da precisão, flavio? Esse hert de diferença  diminui a precisão?


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tudodigitalizado

Citação de: paulobalsan online 23 Abril 2019 às 16:48:42
E a questão da precisão, flavio? Esse hert de diferença  diminui a precisão?


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Hert ou tx de batimento? Acho que taxa de batimento não influencia, pois tem muitos modelos top com batimentos 21.600. Agora com relação a hert não sei ...

flávio

Citação de: paulobalsan online 23 Abril 2019 às 16:48:42
E a questão da precisão, flavio? Esse hert de diferença  diminui a precisão?


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Se você leu meu texto, depende... Os relógios mais foda do passado vibravam a 18 mil, para ter uma base. No Powermatic 80 eu não saberia dizer se, para cada determinado horário, houve perda. Digo isso porque a ETA foi meio malandrinha nesse movimento: é justamente para fugir das flutuações de torque que ela usou um movimento com tamanha corda, 80 horas. Um troço desse, carregado totalmente, ainda que você chegue em casa às 6 da tarde, tire o relógios, e só volte a trabalhar meio dia do dia seguinte, o recolocando, ainda estará lá no comecinho da corda, onde essa tem maior torque. É um golpe do João sem Braço da ETA que funciona na prática, mas é como se fosse um... Golpe do João sem Braço.


Flávio

tudodigitalizado

Citação de: flávio online 23 Abril 2019 às 16:57:20

Se você leu meu texto, depende... Os relógios mais foda do passado vibravam a 18 mil, para ter uma base. No Powermatic 80 eu não saberia dizer se, para cada determinado horário, houve perda. Digo isso porque a ETA foi meio malandrinha nesse movimento: é justamente para fugir das flutuações de torque que ela usou um movimento com tamanha corda, 80 horas. Um troço desse, carregado totalmente, ainda que você chegue em casa às 6 da tarde, tire o relógios, e só volte a trabalhar meio dia do dia seguinte, o recolocando, ainda estará lá no comecinho da corda, onde essa tem maior torque. É um golpe do João sem Braço da ETA que funciona na prática, mas é como se fosse um... Golpe do João sem Braço.


Flávio

Sendo assim, na sua opinião, seria melhor então ainda continuar adquirindo relogios com eta 2836-2 ou 2824-2 do que o powermatic?? Certamente o 2836 e 2824 tem anos de estrada, já o powermatic ainda esta no começo e sabe se lá o que vai acontecer com eles nos próximos 20 anos..... ;D ;D ;D


paulobalsan

Citação de: flávio online 23 Abril 2019 às 16:57:20

Se você leu meu texto, depende... Os relógios mais foda do passado vibravam a 18 mil, para ter uma base. No Powermatic 80 eu não saberia dizer se, para cada determinado horário, houve perda. Digo isso porque a ETA foi meio malandrinha nesse movimento: é justamente para fugir das flutuações de torque que ela usou um movimento com tamanha corda, 80 horas. Um troço desse, carregado totalmente, ainda que você chegue em casa às 6 da tarde, tire o relógios, e só volte a trabalhar meio dia do dia seguinte, o recolocando, ainda estará lá no comecinho da corda, onde essa tem maior torque. É um golpe do João sem Braço da ETA que funciona na prática, mas é como se fosse um... Golpe do João sem Braço.


Flávio
Obrigado pela resposta Flávio e pelo ótimo texto


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flávio

Citação de: tudodigitalizado online 23 Abril 2019 às 17:04:06
Sendo assim, na sua opinião, seria melhor então ainda continuar adquirindo relogios com eta 2836-2 ou 2824-2 do que o powermatic?? Certamente o 2836 e 2824 tem anos de estrada, já o powermatic ainda esta no começo e sabe se lá o que vai acontecer com eles nos próximos 20 anos..... ;D ;D ;D


Eu não disse isso... Eu prefiro um relógio com alta reserva de marcha. Mas eu preferia muito mais um com menor reserva de marcha e excelente precisão (por acabamento nas peças "úteis"). Porém, os 2836 base não são lá essas Brastemp, pelo menos os básicos.

Adriano

Considerem que apesar da redução de frequência, que teoricamente pode ser menos preciso, o Powermatic 80 usa balanço de inércia variável ("free-sprung"), teoricamente mais preciso.

Digo "teoricamente" pois a qualidade de execução é fundamental para exacerbar ou esconder essas vantagens e desvantagens.

Considerem também que Mido e Hamilton têm esses mesmos calibres mas com escapamento convencional. São belas máquinas.

E nessa mesma linha tem a Longines que "tunou" o 2892 e agora tem reserva de marcha estendida, balanço de inércia variável, automático aprimorado (tipo Omega 1120), e até espiral de silício em algumas versões. É um calibre "fudêncio". Impressionante. Longines L888, dêem um Google aí.

Abs.,

Adriano

flávio

Nem sabia... Pesquisando agora...

Antes



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Depois


tudodigitalizado

Citação de: Adriano online 23 Abril 2019 às 18:35:20
Considerem que apesar da redução de frequência, que teoricamente pode ser menos preciso, o Powermatic 80 usa balanço de inércia variável ("free-sprung"), teoricamente mais preciso.

Digo "teoricamente" pois a qualidade de execução é fundamental para exacerbar ou esconder essas vantagens e desvantagens.

Considerem também que Mido e Hamilton têm esses mesmos calibres mas com escapamento convencional. São belas máquinas.

E nessa mesma linha tem a Longines que "tunou" o 2892 e agora tem reserva de marcha estendida, balanço de inércia variável, automático aprimorado (tipo Omega 1120), e até espiral de silício em algumas versões. É um calibre "fudêncio". Impressionante. Longines L888, dêem um Google aí.

Abs.,

Adriano
Adriano, e quanto a aferição realizada a lazer?? Não é qualquer relojoeiro que tem conhecimento/equipamento para dar manutenção....


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Adriano

Esse negócio de laser é o tipo de informação jogada nas campanhas, porque parece "legal", mas sem informação, é bastante confuso.

Na indústria, em larga escala, usa-se a aferição a laser porque é uma aferição ótica de altíssima precisão. Na verdade isso é usado ao ao longo de toda a linha de montagem para posicionamento preciso das peças mas matrizes da linha. Na hora da regulagem a aferição, usa-se o mesmo sistema. É basicamente um cronocomparador, porém ótico, ao invés de acústico. O sistema é muito rápido e livre de interferências, por isso é ideal para aferição em larga escala e a regulagem automatizada. E o laser faz também o equilíbrio dinâmico, removendo material do balanço, onde necessário. Só não sei se tudo isso é feito simultaneamente ou etapas separadas.

De todo modo isso não é novidade.

Abs.,

Adriano