Olha, as rodas reversoras não são o problema, o sistema está aí desde que Adão rodava peão. Os problemas dizem respeito a alguns modelos e, sobretudo, manutenção. A lubrificação dessas rodas é algo muito delicado e precisa de fixodrop. A questão é que muitos relojoeiros lubrificam demais essas rodas reversoras e, com o tempo, os cliqués "colam" e a eficiência já era. Há, também, a questão de projeto mal feito. Os ETA 2890, por exemplo, eram péeeeeeeeeeeeessimos na carga, algo crônico, que advinha da pouca massa do rotor. Isso foi parcialmente resolvido com a atualização do 2890, o 2892 e, depois, com o 2892a2 que, diga-se de passagem, é MUITO diferente dos primeiros 2892. Eu os acho horríveis na carga mas... Devo ser um azarado.
Mas veja... O sistema Magic Lever da Seiko, que também é usado por alguns suíços, como a Lemania (Breguet) e UN, também costuma dar seus paus... O que costuma acontecer nestes relógios é que a lubrificação da ponta da alavanca vai para o espaço, fica aço no latão no "pelo" e, depois, tudo acaba carcomido.
O sistema Magic Lever funciona bem como as rodas reversoras, mas quando desgasta...
Flávio
Não estou "contestando" sua informação, mas não me lembro de nenhum manual da ETA ou de nenhuma marca que solicite/recomende Fixodrop no 289x ou similares, nem Sellita.
O que é recomendável sim é usar o Lubeta, que é um líquido, que essencialmente é óleo diluido em muito solvente. Você mergulha a roda inversora inteira nele, retira e espera secar. O solvente vai embora e fica uma camada oleosa permeada na roda. Mais eficiente do que tentar aplicar pontualmente qualquer óleo. Na falta dele, pode-se diluir 9010 em hexano (benzina) em uma proporção que não me lembro agora. Serve para rodas inversoras de 282x, 289x e 775x (ou seus equivalentes Sellita e etc.) Um segundo líquido serve para ser aplicado no rolamento do 289x. Na falta dele, pode-se usar 9010 em quantidade bem pequena.
Porém, dito tudo isso, e depois de eu ter corroborado essa teoria todos esses anos de que a lubrificação é delicada e etc., hoje mudei de idéia. Estou com quase 2 anos de bancada agora. O que é nada e faz da minha opinião irrelevante. Mas nesse tempo já perdi a conta de quantos 289x já revisei e o que percebi nesse tempo, tanto inspecionando antes da revisão, como efetivamente lubrificando essas peças, é que a lubrificação não é difícil nem complicada, e precisa ser muito, mas muito mal feita para implicar em prejuízo na eficiência de carregamento.
Assim como percebi que essa deficiência, ainda que mais comum do que em outras máquinas, ainda assim é rara e as queixas de clientes com relação a isso são igualmente raras.
Mas o mais importante que percebi: variações enormes de qualidade de confecção e principalmente de materiais empregados em todas as peças envolvidas, se comparadas 289x de diferentes marcas e diferentes idades, resultando em níveis de desgaste muito diferentes em mecanismos sujeitos ao mesmo tipo de uso. Tenho hoje comigo a idéia de que esses problemas de carregamento são oriundos de desgastes e que por sua vez são oriundos dessas variações.
O que explica inclusive o motivo de haver 289x da década de 1990 totalmente maltratada mas funcionando com eficiência (quando revisada, claro) enquanto uma enxurrada dessa mesma máquina de uma certa marca durante meados ao fim dos anos 2000 iam para manutenção ainda dentro da garantia com o sistema todo moído como se tivesse sido usado com areia dentro por 80 anos ininterruptos.
Posso talvez voltar aqui daqui uns anos e dizer tudo o contrário de novo. Mas hoje eu não apoio mais a teoria da lubrificação complicada, delicada e etc. É problema de material de algumas marcas/épocas somado a manutenções tardias e que não corrigiram desgastes (com substituição de peças) logo que qualquer sinal aparecesse.
PS 1: não muda o fato de que o carregamento deles é em geral menos eficiente que da maioria dos outros mecanismos contemporâneos. Mas isso é diferente de ser ineficiente ou arregar.
PS 2: 289x com módulo de cronógrafo que eventualmente usem cordas com mais tensão podem eventualmente exacerbar os problemas.
PS 3: aí vão perguntar "como assim materiais e acabamentos diferentes? Não é tudo ETA?". Sim, mas descobri nesses 2 anos que além de uma diferença muito notável entre mecanismos de diferentes idades, aparentemente existe um "cardápio" de qualidade de componentes que é bem amplo e vai muito, muito além daqueles "grades" como standard, top, etc.
Meus 2 cents, como sempre.
Abs.,
Adriano