Mas que fique claro: a engenhosidade existente num relógio mecânico, que consegue, num pequeno espaço, reunir absolutamente todos os ramos da ciência, bem como seus criadores (nos tempos passados), que não apenas eram relojoeiros, como cientistas, é o que demonstra minha paixão pelo instrumento.
Mas este lance de artesanato é sério. Quem já leu qualquer obra sobre a história da relojoaria (e para quem saca inglês mas não tem lá muita paciência com livros longos e sem figuras, recomendo o Timepieces), sabe que esta tão falada visão artesanal da construção do relógio inteiramente por uma pessoa, do começo ao fim, só teve lugar, talvez, até o século 16 e olhe lá!
Depois, sim, cada peça ainda era feita artesanalmente, mas no sistema de divisão de tarefas que, na Suíça do século 19, alcançou seu auge até ser totalmente desmoronado por um melhor sistema, o de manufaturas, desenvolvido pelos Americanos.
O resto é história.
Sim, com o sistema de manufaturas, cada fábrica passou a fazer tudo do começo ao fim (quase tudo...), mas de forma bem industrializada. E daí? O que me importa e sempre importou é a engenhosidade do aparato, tão simples na sua função precípua (ora, só serve para marcar a passagem do tempo), mas com uma história mais rica do que a da indústria dos automóveis, por exemplo.
Talvez por isso, de uns tempos para cá, eu tenha dado mais valor, sem perder a visão técnica da coisa, claro, aos aspectos históricos da relojoaria, que são de deixar qualquer um de boca aberta!
E que terminem as férias, pois ainda tenho dois livros da saga de relógios de pêndulo lá em casa para ler! kkkkkk
Flávio