Pontos:
- Sim, o movimento Seiko e o Heuer são os mesmos, isso foi a bomba da indústria de dois anos atrás, quando a Heuer lançou o modelo com o preço nas alturas e alguns caras de fóruns - entenda-se, daqui mesmo, começou com o Bruno, salvo engano - olhou, achou o projeto muito parecido, eles vieram a público (o CEO) deles e abriram o jogo: efetivamente adquirimos os direitos de produção da Seiko. As modificações são meramente estéticas, o movimento é o mesmo;
- "Nem Rolex de aço". Quando visitei a Rolex ano passado, considerava-a não "alta relojoaria". Por quê? Por que não fabricava complicações...Aí mudei meu ponto de vista totalmente. Como uma fábrica pode fazer 800 mil relógios por ano, TOTALMENTE integrada, e ainda conseguir níveis de qualidade tão altos? Os caras são fodas, e olha que nem sou fã da marca, apesar de possuir dois modelos novos (um Explorer I 2008 e um Milgauss GV 2010). Então o "nem Rolex em aço" - se é que a frase tinha conotação pejorativa, não se aplica. Melhor seria "nem Hublot de aço", que usam movimentos de terceiros, quando se enveredam por alguma complicação, terceirizam a produção e, pasme, só fazem 25 mil relógios por ano. Tem obrigação de fazer tudo certinho: e mesmo assim não conseguem, como o relógio do meu amigo de Londres é exemplo, apresentou um problema atrás do outro.
- Tissot "low grade"? Bem, a Tissot tem 150 anos de tradição, a Hublot tem 30...A Tissot simplesmente se posicionou no "pool" da Swatch Group de tal maneira porque senão geraria competição dentro do grupo. Vide, por exemplo, há alguns anos, a Union e a Glassute Original, sendo que a primeira foi reposicionada em nível abaixo (e, claro, abandonaram os ebauches Glasutte em prol dos...7750! Mas eles custam 2000 euros, não 20 mil). Mas a Tissot de vez em quando lança algumas séries limitadas, um exemplo e o Janeiro, que vem de fábrica com a melhor conformação do 7750 possível, e ainda decorada de acordo com o padrão que pediram. Esse relógio e meu Ebel Type E eram os mais precisos no Witschi Timer que eu tinha. A comparação é efetivamente válida. Só não ver quem não quer. Ela foi proposital, até mesmo porque a Tissot é posicionada em um grau abaixo mesmo dentro do Swatch Group.
- A imagem da Hublot não foi "abalada" por falsificações ou coisas do tipo. Acompanho a indústria relojoeira desde 1997 e, inclusive, o renascimento da marca, que estava esquecida até o lançamento do Biver, mesmo os conceitos idiotas "criados" por ele já serem a base do projeto do Crocco nos anos 80 (a mistura de materiais. Aliás, duvido que o Crocco pensou nisso quando lançou a marca...O Biver criou o termo, ponto final). Sempre achei a marca overpriced, e parece que não sou o único, basta olhar nos fóruns internacionais: o efetivo "entendedor" de relógios simplesmente não gosta da marca. Ela não tem tradição, não segue padrões tradicionais e o apreciador de relógios - não o comprador por modismos - simplesmente não gosta disso. Não há que se falar em falsificações ou coisas do tipo, até mesmo porque, até a semana passada, eu nunca havia visto uma falsificação em minha vida.
- "As pontes não são tão bem decoradas, mas bem acabadas". Frase do Adriano e Fábio. O que isso significa? Digo isso porque o valor agregado em um relógio vem do acabamento funcional - entenda-se, furos, alinhamento, etc, o que sinceramente não vejo diferença entre ETAs e outras fábricas - e decoração. Eu sinceramente não acho o acabamento decorativo nem funcional da Hublot lá grandes coisas. Na verdade, pegando meu Zenith Elite, que custa 1/5 do preço, vejo isso.
Trago aqui uma discussão ocorrida no TZ - e eu a acompanhei na época - sobre um movimento se transformar em outro, um ebauche não ser mais o que era a ponto de não mais se saber o que tem na sua frente:
http://www.timezone.com/library/comarticles/comarticles631681571896618891Velha, velha, muito velha! Isso é do meu tempo de faculdade, quando ainda acompanhava o TZ. Não leio há séculos, mas o texto veio na minha mente. Serve para discussão, e o traduzido no site Relógios Mecânicos "mãe" sobre ebauches também.
Podem ter certeza: não há mais bobos entre os conhecedores de relógios. Continuo com minha opinião que, como opinião, é apenas isso, uma opinião: compro o Hublot mais simples por 5 paus no máximo, é o que ele vale.
Ah, e encerrando, como também já disse aqui. Depois que os participantes de fóruns descobriram a presepada da Heuer, o preço do relógio caiu (preço de lista mesmo) para cerca de 2000 dólares. Ei, podem comprar! Apesar de o projeto ser japonês, é muito superior ao do Heuer tradicional. Vale a pena.
Flávio