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Marcas de prestígio com ETA, alguém se incomoda com isso?

Iniciado por automatic for the people, 07 Dezembro 2012 às 16:03:18

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automatic for the people

Pessoal

Alguém se importa em comprar um determinado relógio das chamadas marcas "high end" ou "marcas de prestígio", e ter lá dentro um etazinho pulsando? Resgato esta velha e polêmica discussão, depois de saber que a IWC irá lançar a nova linha do seu clássico Ingenieur, sem um calibre in house e sim o 30110, que nada mais é do que um ETA 2892-A2, fornecido com especificações para a IWC.

Olha, para mim é como comprar um BMW M3, lindo, com acabamento excelente, mas ao abrir o capô, tem dentro um digamos confiável Ford 2.0....por fora prestígio, mas no fundo, você tem um produto MUITO parecido, com muitos outros que cobram 1/3 do valor deste produto.

Deixo aqui claro, que não coloco nessa discussão, o calibre 2500 da Omega, pois este é quase "in house", de tanto que ele é diferente e exclusivo, seja do ponto de vista técnico, quanto visualmente. Mas tantas outras, com muito prestígio, famosas, caras e desejadas, que utilizam os ETA como "base"?

Eu não compraria, a não ser por uma condição muito diferenciada. Prefiro comprar uma opção mais honesta, sob o ponto de vista de valor agregado, ou economizar e comprar todo um CONJUNTO exclusivo.
E vocês? Se incomodam com isso?

Abs

AFTP

Jmm

Não me incomodo.

Quando decido por um novo relógio não considero apenas o movimento, só tem que ser mecânico (e em boas condições). A única vez que comprei relógio por causa do movimento foi um relógio feminino. Comprei porque tem escapamento de cilindro e nunca tinha visto pessoalmente, queria ver funcionando, e como estava parado, comprei para mandar consertar.
No geral, o que considero é o design do relógio, tem que casar com meu gosto, meu estilo.
Mas mesmo sendo indiferente à utilização de máquinas ETA por marcas de prestígio, sem dúvida, ficaria muito mais satisfeito em usar um relógio completamente feito pela marca. Teria a impressão de um produto mais exclusivo, embora não fosse.
Contudo isso não impede que admire e deseje produtos que levam um "motor comum".

Abraço!

JotaA

Citação de: automatic for the people online 07 Dezembro 2012 às 16:03:18
...

Olha, para mim é como comprar um BMW M3, lindo, com acabamento excelente, mas ao abrir o capô, tem dentro um digamos confiável Ford 2.0....por fora prestígio, mas no fundo, você tem um produto MUITO parecido, com muitos outros que cobram 1/3 do valor deste produto.


Excelente definição, eu concordo completamente.

lucius

A partir destes empréstimos de alma, quem estaria sendo mais prestigiado seria a ETA, correto?!

Na mairoria dos casos, tirando-se os aficcionados, quem vê cara não vê coração e vale mais a marca no mostrador (grande se possível).

No caso dos carros há coisas parecidas, o motor do MINI é um digamos "ebauche" da BMW e que também habita alguns citroen, cada um pega o "prestigio" que entende ter.

Lucius
Corruptissima re publica plurimae leges

Adriano

Não me incomodo. Primeiro porque existem ETA's e ETA's. Não dá para comparar a 2824 que vem num Tissot de US$ 500,00 com a que vem num Breitling de US$ 5.000,00. É um engano pensar que se vai comprar o Tissot muito mais barato para levar o mesmo movimento. Não é o mesmo movimento. O preço de uma ETA 2824-2 pode ir de CHF 100,00 a CHF 500,00 ou mais. Não dá para dizer que é a mesma coisa, que é tudo o mesmo movimento.

Tampouco o 2892-A2 de um Victorinox de US$ 900,00 com a 2892-A2 do IWC, da Ulysse Nardin, etc. etc. etc. Denovo, não é o mesmo movimento. É se enganar achar que é mais negócio comprar o mais barato, porque é o mesmo movimento.

A única coisa que se ganha, ao ter um mecanismo in-house, é exclusividade. Nem em qualidade se ganha, pois a ETA sabe fazer mecanismos melhor que muita manufatura.

E sim, claro que aprecio a exclusividade. Acho bacaníssimo um mecanismo in-house. Mas não deprecio o uso das ETA, nem torço o nariz, nem acho que um relógio deveria ser mais barato por causa disso, pois não é um mecanismo inferior sob nenhum aspecto, a não ser o sentimental. E aí, é de cada um.

Além do que, eu sempre comprei relógios, não movimentos.

Abraços!

Adriano


Richard

Bela questão em AFTP

Se você pensar de forma lógica e direta, todos os ETAs cumprem com o seu objetivo, porém essa questão é muito boa porque envolve não apenas o movimento e sim a exclusividade quando falamos em high end.

Tanto no acabamento e principalmente no movimento,  a primeira coisa que eu penso é que esses relógios cheio de prestígio, foram feitos com extremo cuidado, da forma mais artesanal possível e com produtos únicos.

Brincadeiras a parte, imagino até naquela equipe de senhores suíços bem velhinhos que trabalharam com relógios a vida inteira e que por dias e meses cuidaram única e exclusivamente do MEU RELÓGIO. hehehehhe, pior que é verdade, a sensação de comprar um relógio com o nível de complicação elevada é essa.

Por outro lado, muitas pessoas pensam que os ETAs são praticamente feitos em escala industrial sem essa magia, que na verdade não é bem por ai.

Pra mim a diferença é clara, como também é clara que relógios de marcas top que usam ETA não serão tão exclusivos como os totalmente feitos in-house, e tá ai o grande detalhe, pra mim não tiram o seu valor, são ótimos, maravilhosos e nunca deixarei de comprar um relógio por ser ETA, mas se fizermos comparações dos dois movimentos de forma direta, eu prefiro os feitos in-house.

Legal AFTP, sempre com questões legais.

Abraço a todos


naio21

Citação de: Adriano online 07 Dezembro 2012 às 17:09:06
Mas não deprecio o uso das ETA, nem torço o nariz, nem acho que um relógio deveria ser mais barato por causa disso, pois não é um mecanismo inferior sob nenhum aspecto, a não ser o sentimental. E aí, é de cada um.

Não é inferior, mas por ser feito em série (e não "artesanalmente") TEM de ser mais barato. Mesmo que seja "tunado" (Elaboré, COSC etc). É a definição de economia de escala.

Tou com o automatic, só compraria se fosse mais barato que modelos semelhantes da mesma linha mas com calibre in-house...
Abs,

Ivan B. Prado

JotaA

Citação de: Adriano online 07 Dezembro 2012 às 17:09:06
... Primeiro porque existem ETA's e ETA's. Não dá para comparar a 2824 que vem num Tissot de US$ 500,00 com a que vem num Breitling de US$ 5.000,00. É um engano pensar que se vai comprar o Tissot muito mais barato para levar o mesmo movimento. Não é o mesmo movimento. O preço de uma ETA 2824-2 pode ir de CHF 100,00 a CHF 500,00 ou mais. Não dá para dizer que é a mesma coisa, que é tudo o mesmo movimento.

...

Quanto a diferenças, eu não tenho dúvida alguma. Uma 2824 COSC por si só já é muito diferente de uma standard.

Mas tomando como exemplo os carros, para que eu possa me explicar melhor, seria algo como a Ferrari usando um bloco de motor V8 Ford. Ruim o Ford não é, do MEU ponto de vista é até mais fiável. Mas não tão exclusivo. Penso assim.

Se o Ingenieur novo usa uma ETA, pela meu ponto de vista ele deveria custar mais barato que o antigo que usava movimento in-house.

Betocd

Citação de: Adriano online 07 Dezembro 2012 às 17:09:06

Além do que, eu sempre comprei relógios, não movimentos.

Abraços!

Adriano


Para mim essa frase resume tudo.

Abs

teofaouaz

Ah, essa polêmica do "movimento in house"...

Muitas marcas hoje passaram a ser simples grifes que vendem o design do relógio e deixam a questão do desenvolvimento e produção do movimento para empresas especializadas. Isso faz com que o custo de produção do relógio caia drasticamente. Como o relógio fica mais acessível, aumenta a venda e o faturamento da empresa. A ETA fabrica excelentes movimentos em escala de produção em massa, por isso tornam-se competitivos no mercado. Portanto, tem-se relógios bons, bonitos e baratos (esse último às vezes nem tanto...).

Entretanto, parte do valor do relógio deve-se aos custos de pesquisa e desenvolvimento, tanto na área científica, quanto no sistema de produção. Ter uma máquina exclusiva trabalhando a 1.000Hz custa muito dinheiro para desenvolver. É por isso que estima-se o preço do Tag Heuer Mikrogirder em torno de $80k. Ter uma exclusividade dessa no pulso é privilégio de poucos.

Mas confesso que o Mikrogirder para mim é proibitivo. Me contento e não ligo de usar ETA, Miyota ou outra máquina de boa qualidade no pulso.

automatic for the people

Ótimos pontos de vista!

Mas vamos colocar a mesma pergunta, fazendo a seguinte conjectura: pensem em um Rolex, um Rolex com o melhor , mais caro e mais elaborado ETA 2824 ou 2892 existente na terra, seria um Rolex na sua plenitude ou diferenciação? Creio que não...

Talvez estrategicamente pensando em preservar seu valor como marca exclusiva, que eles tem uma segunda "linha", com ETA, mas com outro nome.

Abs

AFTP

automatic


Julio Celes

Deve ser muito frustrante vc entrar na loja adorar o relógio mais aí vc descobre que não é um inhouse e deixar de comprar por isso.  Estou com Adriano compro relógio e não movimento.

Grande abraço
Júlio Celes

Adriano

#13
Citação de: naio21 online 07 Dezembro 2012 às 18:03:45
Citação de: Adriano online 07 Dezembro 2012 às 17:09:06
Mas não deprecio o uso das ETA, nem torço o nariz, nem acho que um relógio deveria ser mais barato por causa disso, pois não é um mecanismo inferior sob nenhum aspecto, a não ser o sentimental. E aí, é de cada um.
9
Não é inferior, mas por ser feito em série (e não "artesanalmente") TEM de ser mais barato. Mesmo que seja i"tunado" (Elaboré, COSC etc). É a definição de economia de escala.

Tou com o automatic, só compraria se fosse mais barato que modelos semelhantes da mesma linha mas com calibre in-house...9

Opa, mas lamento informar, que você e muitos outros, estão misturando "in-house" com "artesanal". Lamento informar que essa visão é toalmente equivocada. Quase todo in-house é tão industrial quanto qualquer ETA. Acham mesmo que um Omega calibre 8500 é feito de maneira artesanal? Um Hublot unico? Um IWC? Na boa, esses mecanismos mal são montados a mão, que dirá fabricados. Muitos não são nem lubrificados nem regulados a mão.

O conceito de in-house não tem relação nenhuma com o volume de produção nem  automatização da produção. Produção em larga escala, em série, TEM que ser barato? Porra, então os Rolex TINHAM que custar 200 dólares no máximo, é isso mesmo que pensa? Afinal, fazem um milhão deles por ano. Ou para facilitar a conta, uns 3.500 POR DIA! Isso é artesanal ou é produção em massa? É in-house. E aí? Quanto deveria custar? Deveriam custar uma merda porque são feitos aos milhares por dia?

A Ulysse Nardin deve fazer uns 50.000 relógios, no máximo, por ano, baseados em ETA 2892-A2, por um processo muito mais manual que muito in-house. Deveriam custar uma merda, só porque é ETA?

Abraços!

Adriano

Adriano

Citação de: JotaA online 07 Dezembro 2012 às 18:14:12
Citação de: Adriano online 07 Dezembro 2012 às 17:09:06
... Primeiro porque existem ETA's e ETA's. Não dá para comparar a 2824 que vem num Tissot de US$ 500,00 com a que vem num Breitling de US$ 5.000,00. É um engano pensar que se vai comprar o Tissot muito mais barato para levar o mesmo movimento. Não é o mesmo movimento. O preço de uma ETA 2824-2 pode ir de CHF 100,00 a CHF 500,00 ou mais. Não dá para dizer que é a mesma coisa, que é tudo o mesmo movimento.

...

Quanto a diferenças, eu não tenho dúvida alguma. Uma 2824 COSC por si só já é muito diferente de uma standard.

Mas tomando como exemplo os carros, para que eu possa me explicar melhor, seria algo como a Ferrari usando um bloco de motor V8 Ford. Ruim o Ford não é, do MEU ponto de vista é até mais fiável. Mas não tão exclusivo. Penso assim.

Se o Ingenieur novo usa uma ETA, pela meu ponto de vista ele deveria custar mais barato que o antigo que usava movimento in-house.

Então denovo aqui vejo uma distorção do que significa ser in-house. No post anterior, falei que ser in-house não tem nada a ver com ter produção artesanal ou automatizada. Agora, também digo que nada tem a ver com volume de produção ou exclusividade.

Rolex é in-house, mas existe mais que bunda. O que é mais exclusivo? Rolex com calibre 3135 ou um Ulysse Nardin com base ETA 2892-A2 azul?

Esse é o problema: a indústria criou uma aura falsíssima sobre o conceito de in-house. Como se fosse algo superior, em conceito e em qualidade, quando não é necessariamente assim. Nem é superior, nem é exclusivo, nem nada. E nem vou entrar no mérito de que metade do que é vendido por aí como in-house, não passa de um mecanismo apenas exclusivo, feito por terceiros, subcontratados ou no máximo pertencentes ao mesmo grupo, a centenas de quilometros da sede da marca. Isso é in-house? Bem, esse é outro assunto.

Enfim, esse tópico é a prova de que o marketing do in-house colou bem colado. Quando descobrirem como realmente são feitos seus exclusivos in-house, vão se decepcionar bastante...

Abraços!

Adriano

Adriano

Ah, que fique bem claro: não é crítica à maneira de pensar nem opinião pessoal de ninguém. Apenas que, na verdade, quem tem uma visão distorcida da coisa sou eu, que por trabalhar nessa indústria, descobri que vários Papais Noéis não existem.

O que existe mesmo de in-house e artesanal nessa indústria, não é vendido em vitrines...

Abraços!

Adriano

Adriano

Ah, esqueçam os velhinhos também. Vão descobrir rapazes e moças mais jovens que eu montando ultra-complicados nas manufaturas...

A indústria está conseguindo fazer com que pessoas pensem que esses relógios são montados por Umpa-Lumpas ou Leprechauns...

Abraços!

Adriano

Betocd

Apesar de não entender nem 1/100 do que vc entende Adriano, concordo 100% com vc.

Curioso que mesmo com vídeos de fabricação de relógios, as pessoas ainda achem que tem um senhorzinho, sentado sozinho em uma sala, de onde ele nunca sai, fabricando 100% do relógio sozinho.....

Aba

João de Deus

Eu mesmo tinha a ideia distorcida sobre movimentos "in house" e "artesanal".
Concordo 100% com o Adriano.
João

heracles

Compra um Seiko...é mais in house que todas as marcas citadas antes..
infinitamente mais...e nem por isso cobram por um Moster milhares de dólares
e nem tem sua produção "artesanal" mesmo sendo in house.


Abraço ;)
Heracles