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Sobre os movimentos "feitos em casa" ou in house

Iniciado por admin, 19 Janeiro 2016 às 16:04:12

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Matt5

#40
Esta muito bom de se ver mesmo.

Sobre a piada que não colou, a indignação de vários é com o marketing ludibriante de algumas marcas. Me lembrou a tag heuer com seu movimento inhouse da seiko. E deu aquele bafafá, esse é um exemplo perfeito de como essa onda do inhouse muitas vezes é puramente competição de marketing.

E outro lado da moeda, a questão de ser ETA (ou fusca) também não é garantia de durabilidade e funcionamento sem dores de cabeça.

Quando estava pesquisando sobre o longines Moonphases, vi muita gente reclamando de problemas, e massivamente com o sistema de cronógrafo, algumas vezes no "day zero" com os relógios.

davidd

Citação de: Schütz online 19 Janeiro 2016 às 23:20:57
Mas eu acabei de dizer, eu prefiro o P5000 por ter 8 dias de reserva.

Quanto a durabilidade, o tempo dirá, não dá para ter uma idéia agora, fora os testes acelerados que a casas efetuam. Mas se eu depender disso, nunca vou experimentar nada novo.

A unica vantagem que consigo enxergar no uso do Unitas, é que posso largar o meu relógio em qualquer lugar, fora o preço de entrada. Mas mesmo assim, não pretendo deixar relógios de 7k de dólar no "relojoeiro do bairro", pelo menos não com o tanto de histórias boas que ouvimos por aqui...

+1

davidd

Citação de: Schütz online 20 Janeiro 2016 às 08:59:11
Com certeza Flávio, tudo nesta indústria tem "floreios".

Entendo a linha de vendas deles, é meio complicado explicar detalhes técnicos, então vamos com a abordagem se é feito em casa é melhor. rsrsrs... Vocês tem que lembrar que somos minoria no mercado.

Quanto ao custo, acho natural ser mais caro, um por geralmente agregar funcionalidades ou qualidades extras, e dois por ter que diluir o valor do investimento no desenvolvimento. Um Unitas já foi pago umas 10.000 vezes já.

Mas entendo perfeitamente a colocação de todos, só acho que pegam mais no pé dos inhouse do que deveriam.  ;)

+1

Voto com o relator!!!

aguiar

Citação de: Dicbetts online 20 Janeiro 2016 às 10:08:05
Vamos deixar claro: em momento algum me coloco contra o in-house. Seria pedir que as coisas não evoluíssem. Fosse por aí, os V8 de hoje ainda seriam flathead (por mais apaixonantes que sejam).

A questão é marquetagem, a empulhação.

É como anúncio de cigarros da década de 1970: carrões, barcões, mulheres lindas, casas deslumbrantes... Aquilo não era para mim, que sabia que acendendo um cigarro não me transformaria no Roger Moore (para citar um ícone de beleza masculina de 40 anos atrás).

Era para aquele cara que nutria uma esperança que, fumando aquele cigarro, se destinguiria da plebe. Afinal, diz a propaganda, aquele cigarro é fumado pelo pessoal bem sucedido, rico, famoso, que tem... carrões, barcões, mulheres lindas, casas deslumbrantes!

Mentira, propaganda enganosa.

Voltando ao in-house. Seu apelo publicitário é muito maior por se tratar de algo feito pela própria manufatura do que pelas melhorias que traz. Confiram. Façam uma sondagem mesmo entre os aficcionados. Poucos ressaltarão a tecnologia embutida. Provavelmente nem conseguirão citar todos (ou muitos) dos avanços contidos no relógio que traz no pulso.

Mas na rodinha... O cara fica com quatro metros de altura.

Dic

              Concordo 100 %.

              Adriano valeu por compartilhar seus conhecimentos.

              Òtimo tópico, opiniões distintas , mas com embasamento.

              Abs.

             

flávio

#44
Algumas considerações "do mundo" real para pensarem...

O calibre Seiko/Heuer citado acima era... Bem, estritamente falando ele era feito em casa, porque apesar de o projeto ser da Seiko, toda sua fabricação era realizada pela Tag Heuer. Foi bom citarem isso, porque cuida-se de mais uma discussão sobre legitimidade, entre as várias levantadas acima. Aliás, situação análoga, mas nem tanto, pode ser atribuída à Ulysse Nardin e seu "novo" cronógrafo, cheio de frescuras na decoração, mas que no fundo... É o calibre 137 da Ebel que, não podendo mais se dar ao luxo de fabricar tais relógios, vendeu o projeto há dois anos, inclusive com ferramental para fabricá-lo, para a Ulysse, que agora propala aos sete ventos que se trata de algo feito em casa. Sim, realmente é feito em casa, na fábrica da Ulysse em Le Locle... Mas com o ferramental que foi comprado da Ebel, inclusive projeto. Aliás, dizem as más línguas que até os relojoeiros da Ebel foram para a Ulysse.

Mas não só! Até pouco tempo atrás, uns dez anos, a Patek não queria se dar ao luxo de fabricar cronógrafos, coisa que nunca fez na sua existência, pelo menos não para relógios de pulso. Usava, então, calibres da Lemania totalmente decorados por eles. Aliás, a Lemania forneceu durante quase um século movimentos de cronógrafos para a maioria das fábricas suíças, e ninguém estava nem aí se eram ou não fabricados pelas próprias. Era assim que ocorria: eu não tenho expertise para fabricar cronos ou dinheiro para gastar em algo que não vende muito (cronos nunca venderam muito na indústria, isso é algo novo), melhor comprar de quem sabe fazer. E assim fizeram Patek, Rolex, Omega, Vacheron, etc, durante quase um século. Claro, sempre há as exceções, e normalmente se situavam na Zenith e Longines que, tenho como mote a produção totalmente integrada e sendo as gigantescas fábricas que eram, muito a frente do tempo de Rolexes e cia, também faziam cronos.

Mas há situações curiosas que persistem até hoje... Sabem qual é considerado, até hoje, o mais exclusivo calibre automático do mundo, seja pelo acabamento como pelas sacadas tecnológicas que possui? Os calibres da Patek usados nos Nautilus até bem pouco tempo atrás, os Vacheron atualmente usados nos Overseas e os usados pela Audemars Piguet  nos Royal Oak Jumbo. Detalhe: todos são o mesmo movimento, apenas com acabamentos DECORATIVOS diferentes. Isso mesmo, são o mesmo movimento, só muda a decoração! Pior: nem são eles que fabricam, mas a JLC. E ninguém nunca sequer discutiu serem ou não fodásticos. Aliás, as três fábricas citadas enaltecem a todo momento serem reais manufaturas e terem os melhores relógios (e mais caros) do mundo. E compartilham o mesmo movimento que, diga-se de passagem, nem são eles que fabricam.

Sobre o tal movimento, uma análise há muito pelo Walt Odets, cujos pau no toba do Timezone, na atualização do site, fizeram o favor de reduzir o tamanho das fotografias e impossibilitar a análise dos detalhes. Ei, a JLC fornece para todas as tais fábricas o movimento completo, pronto para usar, mas sem acabamento decorativo. Este é aplicado a mão por Vacheron, Patek e AP. E como nesse exemplo da Vacheron, não, você não vai encontrar perolizado em partes não visíveis em Omegas e Rolexes...



http://www.timezone.com/2002/10/03/the-most-exclusive-automatic-the-vacheron-caliber-1120/



Flávio



TUZ40

Esses são casos realmente famosos no meio.

Mas creio que a situação atual e a percepção do consumidor em relação aos calibres inhouse vai acabar forçando todos a tomar o mesmo caminho.

A Patek, em relação ao chrono citado, teve como "empurrãozinho" provavelmente o calibre do Lange. E o caso do calibre JLC, tanto a VC quanto a Patek já tem os seus próprios nas peças citadas, só ficou a AP.

"All your base are belong to us"

Dicbetts

Citação de: Matt5 online 20 Janeiro 2016 às 12:30:31
Esta muito bom de se ver mesmo.

Sobre a piada que não colou, a indignação de vários é com o marketing ludibriante de algumas marcas. Me lembrou a tag heuer com seu movimento inhouse da seiko. E deu aquele bafafá, esse é um exemplo perfeito de como essa onda do inhouse muitas vezes é puramente competição de marketing.


O marketing não é necessariamente negativo. Mas o publicitário sabe, e estimula, por vias sub-liminares, que quem recebe a mensagem tende a enxergar mais atributos que os realmente existentes no produto.

E um dos pontos-chave para o sucesso de qualquer produto é a capacidade que ele tem de, supostamente, te distinguir na multidão.

A indústria do luxo joga esse elemento muito bem. Ostenta embaixadores, aventuras, patrocínios, ligações históricas - e por aí vai.

Quantas vezes você não ouviu, na mesa de aficcionados, um dos participantes dizer que a marca X de relógio patrocina o torneio de tênis tal, ou a corrida Y, ou a regata Z?

Essa é a maior prova de que o cara foi capturado pelo marketing da empresa que fabrica o relógio que ele usa. Faz dele um tenista, um piloto de carros ou um navegador? Não.

Mas ele se sente maravilhosamente bem em saber que tem um relógio, por exemplo, semelhante ao que o Federer ou o Massa usam.

Vive a fantasia de que isso o separa da plebe ignara.

Os subconjuntos do produto cartesiano são as relações binárias. Saindo da matemática, é mais ou menos o seguinte: gosto disso por causa daquilo. Gosto do relógio X porque ele é: bonito, grande, de ouro, redondo, preciso, suíço... As relações são inúmeras.

Mas existe sempre uma primeira relação que vem antes de todas as outras: gosto do relógio X porque é preciso - e também porque é suíço, redondo, de ouro...

Só não esqueça que muitos respondem que gostam do relógio X porque, primeiramente, ele distingue, diferencia, eleva...

Está aí a força do marketing.

Dic


flávio

Arthur, com certeza, pois, como ressaltei acima, se o mercado hoje preza por exclusividade como forma de separar maçãs de laranjas, cada um tem que diferenciar-se completamente. Falando especificamente do novo calibre de crono da Patek, TEORICAMENTE, para não fugir do que dissemos acima, ele é muito mais bem sacado do que os Lemania, produtos de no mínimo uns 60 anos atrás (acho que só os Lemania do Speedmaster são tão "cápsulas do tempo" assim do passado) usados antes. Sem deixar de serem tradicionais, aprimoraram muita coisa.

Já os JLC usados pela Patek (já os abandonou), AP (ainda usa no Jumbo, por preciosismo, assim como a Omega usa o Lemania no Speedy) e VC (ainda usa, nem sei o motivo...), sei lá...

E vou dizer algo das internas aqui, talvez o Adriano possa confirmar. Quando a AP abandonou o JLC em toda linha, deixando-o apenas no Jumbo, tinha que apresentar algo fodástico. Eh... Sei lá se apresentou... Os novos 3120 possuem um belo rotor, em ouro maciço, patati, patatá, mas apresentam um acabamento industrial que não estava presente (e não está...) nos JLC modificados por eles. E o JLC, que tinha tudo para dar pau, por ser um dos mais finos movimentos do mercado (são diminutos 2.5 mm, mas com o rotor correndo na extremidade e não no topo), não tem histórico de "paus". Houve uma conversa há algum tempo sobre os 3120 no sentido de que arregavam carga com pouco uso... Adriano, confirma isso? Corrigiram?



Flávio

Adriano

Flávio, eu não cheguei a ver problemas de carregamento em 3120 não, não posso dizer nada a respeito. Mas sim, desde seu lançamento, ele já passou por algumas atualizações. Quase todo calibre passa, na verdade. Hoje passam até rápido. Pegue um 7750 e levaram muitos anos para aprimorar ele ao nível que é hoje. Hoje ocorre tudo mais rápido.

Ah, e eu já acho o 3120 bem mais bacana, esteticamente mesmo. Acho o nível de acabamento estético dele melhor que o dos JLC que o precedia.

Aliás o próprio 889 passou por várias modificações na mão da AP. Até o sistema de carregamento original, bidirecional (e de eficiência questionável) foi transformado em unidirecional.

Abraços!

Adriano

Spring

Estava pesquisando sobre o IWC 79320 e me deparei com um texto interessante no watchuseek, provavelmente já lido por muitos, até os exemplos citados parecem, mas fica a dica para quem nunca leu.

O texto é de 1998.

http://www.iwcforum.com/Uhrenjournal.html



No masterpiece was ever created by a lazy artist.

CSM

Uma coisa que me deu
uma brochada muito grande, mas pode ser a maior besteira, foi quando a ETA deixou de fornecer os ebauches para cada um fazer a modificação que quisesse, e começou a libera-los já com as modificações pedidas pelos fabricantes com as especificações técnicas exclusivas pedidas por cada um..... Sei lá perdeu um pouco o charme tais modificações.... Ou é lenda isso?!? Eu ao contrário da maioria aqui acho bacana cada um fazer o seu.... Mesmo que nos fodamos na manutenção que acaba morrendo na mão dos fabricantes por falta de peças etc. Acho que fui enganado pelo marketing deles direitinho...

Abraços
Membro do RedBarBrazil

Adriano

Não sei se é bem assim que funciona não, Cesar. Ainda tem marca que recebe ebauche da ETA e modifica como quer. Ulysse Nardin, salvo engano, é uma.

Abraços!

Adriano