Menu principal

Relógios automáticos e necessidade de revisões

Iniciado por admin, 26 Novembro 2014 às 14:20:28

tópico anterior - próximo tópico

flávio

Deu no ABTW

http://www.ablogtowatch.com/how-manually-wound-watch-movements-compare-automatic/

O título da matéria é um tanto quanto incorreto para seu conteúdo, que sinceramente não aborda diferenças técnicas entre relógios automáticos e manuais, mas a necessidade de cuidado e revisões daqueles.

Basicamente, informa que existe uma máxima em relojoaria de que quanto mais complexo for o relógio, maior será a possibilidade de defeitos e maiores os pontos de possível atrito, que podem vir a afetar a eficiência de todo mecanismo.

No fundo, é uma lembrança: não deixem de periodicamente revisar seus relógios, sobretudo os automáticos. Os sistemas de carga automáticos, é certo, com o tempo sofrem desgaste e passam a não mais carregar o relógio de forma adequada. De nada adianta possuir um relógio que em tese marca o tempo de forma adequada, mas somente quando carregado.

Eu adiciono algumas impressões pessoais ao texto. De fato, não há nada pior na relojoaria do que relógio que carrega mal. Aliás, todos os colecionadores com quem converso preocupam-se muito com os boletins de marcha dos seus relógios, algo que eu raramente olho. Sim, costumo olhar amplitude de funcionamento do balanço, porque seu decréscimo normalmente significa que o óleo está secando e em breve irá afetar o relógio. Mas para mim, tanto faz se o relógio está funcionando a um segundo de adiantamento ao dia ou um minuto. Como uso vários relógios, ainda que algum deles adiantasse ou atrasasse um minuto ao dia, ao final de uma semana eu pouco me importaria com o acúmulo.

Mas carga ruim...

Carga ruim é uma MERDA! Você acaba sendo obrigado a não mais usar o relógio que, deixado de noite no criado mudo, de manhã já não tem mais carga.

Eu tenho dois modelos que já me deram (e me dão...) dor de cabeça neste sentido, um Longines Avigation Chrono, equipado com Eta 2894, e um Ebel E Type, equipado com calibre 137, o famoso El Modulor.

No ETA 2894, a culpa pode ser atribuída ao sistema de carga do 2892, que é notoriamente ruim e, inclusive, é totalmente modificado em algumas fábricas para não estorvar (vide Omega).

Ele é bom enquanto funciona, mas provavelmente devido ao sistema das rodas reversas e diminuta tolerância do sistema (o movimento inteiro não tem mais do que 3 mm de altura), o troço repentinamente para de funcionar e te estorva.

O EBEL possui "magic lever", que pelo menos nele, nunca funciona de forma adequada (o que, por exemplo, ocorre nos Seikos mais tabajaras). Aliás, neste momento que escrevo penso que o relógio, que foi revisado há menos de 4 anos e sequer possui arranhados, provavelmente precisará de outra revisão em breve, porque não carrega mais do que 20 horas de corda NEM A PAU, mesmo colocado para girar o dia inteiro em watch winders.

Acredito, portanto, que as fábricas, ao invés de criarem mecanismos para postergar a revisão do ESCAPAMENTO, como, por exemplo, a Omega com o Coaxial, deveriam ser preocupar com os sistemas de carga, que de fato tiram o relógio de "combate".

Hoje vejo com bons olhos, por exemplo, os rolamentos cerâmicos autolubrificantes que a UN usa nos seus relógios (acho que a Patek também, em alguns modelos).

E essa preocupação deve ocorrer quanto mais "fino" ou complexo for o relógio, porque minha experiência diz que, nestes modelos, a primeira coisa que arrega é o sistema de carga. Nos relógios mais robustos, como os Rolex, por exemplo, essa questão passa a ser de somenos importância (aliás, a Rolex nem usa rolamentos nos seus relógios, mas mancais de rubi, que de vez em quando também arregam, até mesmo porque o povo esquece de revisar e, quando o fazem, já era).

Em resumo, não esqueçam as revisões dos seus relógios. Aliás, acredito efetivamente que as fábricas deveriam criar uma cultura de manutenção periódica, ofertando de graça a primeira revisão, como as empresas de automóveis.

Por outro lado, as fábricas poderiam nos poupar de projetos que, no médio prazo, notoriamente nos deixam na mão, como exemplos que citei acima.



Flávio

jfestrelabr

Rolex ou Rolex.

Fórum Genérico, respostas genéricas.

EduBr

Muito boa a matéria e excelentes as suas colocações Flávio.

TUZ40

Gostei bastante de matéria, de linguagem simples e didática, bem como as colocações do Flávio.

Penso em revisar duas peças minhas, mas para mim o problema, mais do que o preço, é o prazo que pedem para ficar com o relógio. Outra preocupação minha é a substituição de ponteiros com tritium ainda, creio que o resultado ia destoar muito do dial.
"All your base are belong to us"

ascarneiro

O meu medo de revisão é o manuseio do relógio - desde a entrega na recepção até a revisão feita pelo técnico.

Eu cuido muito bem dos meus relógios, nao tem arranhoes, nao tem nada - e espero que em uma das revisões não apareça algo que não existia antes.

Sei que se aparecer um risco, uma marquinha no relogio, vai ser aquela conversa:  "ah mas isso já estava aí"  e provavelmente a assistencia nao vai se responsabilizar.





Alvaro Carneiro

Rafael_DF

Matéria muito boa. Mas acho que falta um pouco mais de orientação sobre o tema por parte das marcas ...
Sinceramente, não sei quando deve ser o momento exato de revisar meus relógios ...

aguiar

             Boa matéria , valeu por compartilhar.

                             Abs

                 

jfestrelabr

Um dos meus maiores medos em uma revisão é o famigerado polimento, se houvesse uma maneira de revisar e não polir eu preferiria, já vi cada cagada em polimento.
Rolex ou Rolex.

Fórum Genérico, respostas genéricas.

flávio

Citação de: Rafael_DF online 26 Novembro 2014 às 15:54:10
Matéria muito boa. Mas acho que falta um pouco mais de orientação sobre o tema por parte das marcas ...
Sinceramente, não sei quando deve ser o momento exato de revisar meus relógios ...


O assunto já foi muito discutido aqui e não chegamos a um consenso. As fábricas têm aumentado o período de garantia e, presume-se, um relógio, mesmo abusado no referido período, não deveria apresentar problemas. E normalmente não apresentam, diga-se de passagem. Um Omega Coaxial com calibre 8500 e garantia de 4 anos normalmente não deixa ninguém na mão neste período, o Adriano pode confirmar.

De qualquer modo, criou-se um "mantra" dentro da indústria no sentido de que os relógios deveriam ser revisados a cada 5 anos. Acho isso uma balela. Acredito que alguns relógios irão arregar antes disso, outros, irem muito além.

Mas como já ressaltei alhures, há dado objetivo que indica a "saúde" de um relógio, e é a amplitude do balanço. Se a amplitude está baixa demais, normalmente significa que os lubrificantes já arregaram e o relógio precisa de revisão. Isso já aconteceu comigo, sabe-se-lá porque, com relógios com menos de dois anos de uso, como, por exemplo, um Nomos Tangente e um Omega Speemaster Reduced. E vejam: nenhum deles foi submetido a uso constante, mas algo aleatório, digamos, uma semana de uso a cada dois meses. Não deveria, pois, sequer estarem detonados a este ponto. Voltamos aqui a velha questão dos watch winders, sendo que também não tenho uma opinião clara sobre tais aparelhos.

Enfim, falta mesmo muito esclarecimento por parte das fábricas que, acredito, se fossem de fato HONESTAS em relação ao que vendem, provavalmente venderiam menos. Sério! Afinal, se fosse explicado para um comprador de um relógio de 30 mil que este precisaria de revisão a cada 3 ou 5 anos, ele provavelmente não o compraria. Parece bobagem? Não. Eu, por exemplo, já comentei aqui que RECUSO-ME a comprar qualquer veículo que não tenha revisões programadas com pelo menos 15 mil km de diferença entre elas, para não me irritar com idas a concessionárias, gastos, etc. Já chegam meus relógios, acho que já é complicação suficiente na minha vida.

Acredito, porém, que as pessoas deveriam ser instruídas - não apenas com uma nota de pé de páginas em manuais - a irem à autorizada uma vez por ano para conferir a saúde do relógio. Competiria aos relojoeiros determinar se seria ou não caso de revisão. Mas as empresar ainda são muito "júniors" nesse aspecto.

Quanto aos demais aspectos, confesso que aí já é problema de nóia do consumidor. Ora, você não envia algo para ser reparado presumindo que este vá voltar pior. Quanto ao polimento, por exemplo, desconheço autorizada que obrigue a pessoa a fazer polimentos. Acredito que nem mesmo a Rolex. A Breitling, Omega e Longines, que eu saiba, por exemplo, só fazem o polimento se a pessoa pedir (muito embora a Omega, sabe-se-lá porque, não dê desconto se você não quiser. A Longines, como indiquei aqui, dá). Esse lance de polimento é algo ULTRA PESSOAL. Há pessoas, como o Sr Estrela que acima tocou no assunto, que gostam de seus relógios absolutamente imaculados. Outras não, os arranhões são inclusve parte do charme do relógio, que carrega, assim como o dono, as marcas da vida. Não há aquela história de um endorser da Breitling (esqueci o nome do ator) que mandou o relógio para revisão, este voltou como zero e ele ficou puto? FIcou puto porque apagaram os arranhões para os quais ele tinha história para cada, depois de anos de uso.

Flávio

jfestrelabr

Flavio em revisões completas a ROLEX só faz se executar o polimento, acredito que se for uma intervençãozinha tipo troca de safira ou ponteiros ou ajuste de braceletes  :P ai não, mais REVISOU poliu. Só se abrem alguma exceção a quem vai diretamente ao balcão deles, pois se for enviado a SP há o polimento sim.

Essa de Polimento ON ou OFF não existe por lá não viu. ;D
Rolex ou Rolex.

Fórum Genérico, respostas genéricas.

TUZ40

Independente do apontado pelo Flávio, imagino que deve ser registrado por meio de fotos o estado completo do relógio, e, se não o fazem, creio ser interessante o proprietário fazer no local com o próprio celular.

Falo isso por um problema que ocorreu com meu irmão no mês passado, onde ele enviou um produto de valor alto para um serviço na autorizada, e o mesmo voltou com um profundo risco no corpo, inicialmente deram de "joão sem braço", mas no final tudo se resolveu.

Seguro morreu de velho. ;D
"All your base are belong to us"

Adriano

A questão do polimento é que a marca entende que o relógio tem que voltar com boa apresentação depois de uma manutenção. Isso é uma cortesia para o cliente quando o relógio passar por uma manutenção completa. Ser uma cortesia é diferente de estar incluso, por isso, se você não quiser, não sofrerá abatimento. É assim como toda marca que eu conheço ou já trabalhei.

A parte trabalhosa e demorada do polimento, em quase todos os casos, é a desmontagem e remontagem, e não o polimento em si. Na revisão geral, tudo tem que ser desmontado do mesmo jeito e o polimento não consome tempo extra de trabalho (é feito enquanto o mecanismo é revisado). Por isso não adianta imaginar que se, digamos, o polimento sozinho custa 300 e a revisão com polimento em cortesia custa 1000, você terá abatimento de 300 se pedir para não polirem. Não é assim.

Além disso, o polimento também gera uma segurança para o prestador de serviços. Os serviços têm garantia e obviamente essa garantia não cobre acidentes de uso. E esses acidentes de uso normalmente deixam marcas. Ao você polir um relógio na revisão, você sabe que devolverá um relógio sem riscos profundos, sem amassados. Se ele volta com uma peça quebrada no mecanismo e um amassado na caixa, bingo. Se você não polir um relógio cheio de amassados, fica difícil. Nunca passei por isso, mas creio ser complicado pois simplesmente não dá para provar nada factualmente.

Agora, se um cliente fica surpreso (negativamente) porque seu relógio foi polido na revisão, foi falha de quem passou o orçamento pois isso tem que ser avisado para o consumidor, de que o relógio vai ser polido. Justamente porque pode haver casos ("rarissíssimos") do cliente não querer o polimento.

E sobre optar ou não pelo polimento (coisa que defendo totalmente, e às vezes, até recomendo que não seja nada polido) não se baseiem por nós: somos exceção, em tudo. O público geral adora a idéia de que seu relógio será polido. Garanto para vocês que dos 7 a 9 mil consertos que passam na minha mão por ano, no máximo dois ou três pedem para que o relógio não seja polido.

Abraços!

Adriano

Adriano

Citação de: Schütz online 26 Novembro 2014 às 16:55:55
...

Falo isso por um problema que ocorreu com meu irmão no mês passado, onde ele enviou um produto de valor alto para um serviço na autorizada, e o mesmo voltou com um profundo risco no corpo, inicialmente deram de "joão sem braço", mas no final tudo se resolveu.

Seguro morreu de velho. ;D

Aí o negócio é o seguinte: se o negócio chegou com o risco profundo no corpo, tem que mostrar na hora para o cliente. Se chegou assim e a assistência não anotou, lascou-se, tem que assumir. Se eu contar para vocês a quantidade de peças e serviços de graça que consumidores ganham porque um defeito já presente não foi anotado na entrada do produto, mesmo que todos tenham certeza de que entrou assim...

Abraços!

Adriano

ESTRELADEDAVI

Mais aí que tá a minha dúvida, qual é o padrão do polimento? Vou ser mais direto, é correto polir tudo sem respeitar inscrições e número de série?

Tem revisões em que o polidor vai "passando por cima", confesso que é mais fácil e prático pro profissional, mais e o resultado? Inscrições apagadas, números de série que se vão, infelizmente. E pergunto, e daí???

Qual a norma da indústria em revisões? É correto polir sem respeitar inscrições, figuras e nada.

Ou existe alguma forma de polir e proteger essas inscrições? Sei lá, algum adesivo anti-abrasivo ou alguma tinta ou verniz que se passe por cima do local a ser protegido e realmente ficaria assim depois do serviço feito?

Alguém com mais experiência poderia responder?

Atenciosamente.

Weber
"A felicidade de sua vida depende do caráter dos seus pensamentos." (Marco Aurélio)

Adriano

Se for uma inscrição que dá para mascarar (com fita adesiva especial), tem que ser mascarada. Se não, é melhor não polir ou só dar lustre (que só dá brilho e praticamente não remove material). Apagar algo é a pior situação que pode ocorrer. Nunca a remoção de um risco pode ser priorizada sobre a preservação de uma forma ou inscrição.

Abraços!

Adriano

TUZ40

Desculpem o nível da pergunta, mas sou um iniciante ainda neste hobby. A amplitude não da para se verificar rapidamente em um vibrograph? Pelo menos um resultado simples sem se aprofundar muito.

Se sim, não sei se isso já existe, não seria legal as boutiques oferecerem esse serviço de forma gratuita durante a visita do cliente, enquanto este mesmo toma um café e verifica as novidades da marca, fica gentil, cria mais um motivo para a visita do cliente e talvez até uma venda, e se constatar que não esta legal, fica fácil já oferecer o serviço, explicando o porque do mesmo e as vantagens de fazer ali.

Como falei, sou leigo, não sei se é algo de fácil aferição.
"All your base are belong to us"

Veiga

Excelente tópico !
Penso que com os relógios ocorre o mesmo que acontece com os automóveis . A manutenção eh fundamental.
No entanto a mecânica dos relógios eh muito mais delicada e exige profissionais mais habilitados, preparados.
Em São Paulo conheço ,por experiência pessoal , tanto a manutenção da Rolex como a da Swatch Group, a Watch Time.
Ambas excelentes e profissionais.
O tendão de Achiles da Longines reside exatamente na manutenção , pois não utiliza a WT.
Minha maior preocupação com o meu excelente LLD reside nisso.
Os nossos relógios, nossos amados companheiros merecem o melhor!  
Meu abraço , Veiga .

igorschutz

Citação de: Schütz online 27 Novembro 2014 às 10:49:36
(...) não seria legal as boutiques oferecerem esse serviço de forma gratuita durante a visita do cliente [?]...

A Witschi já desenvolveu um aparelho específico para essa demanda, o Chrono Cube:




Só falta as boutiques e ADs usarem.


Em tempo, link para o produto: http://www.chronoline.com/product_info.php?products_id=2
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

TUZ40

Então é simples? Algum vendedor com pouco treino consegue utilizar, por exemplo, este Chrono Cube?

Porque ninguém pensou nisso ainda? Ou isto é feito em alguma boutique?
"All your base are belong to us"

igorschutz

Esse aparelho não exige qualquer treino. É só ligá-lo, colocar o relógio e esperar a medição. Depois, gire o cubo para a próxima posição e repita o procedimento até ter a medição em todas as posições.
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES