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Carta aberta do John Mayer à IWC

Iniciado por admin, 15 Janeiro 2015 às 22:47:22

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flávio

Como já sabem, o John Mayer é articulista do Hodinkee e de fato conhecedor de relojoaria. Ao contrário de muitos patrões do meio, que simplesmente usam os relógios como funk ostentação, ele sabe do riscado. E gosta do riscado. E sempre admirou a IWC e, portanto, mandou na lata uma carta aberta à marca, no seguinte sentido: PAREM DE FAZER O QUE ESTÃO FAZENDO!

A melhor frase que li na carta foi:

Over the next several years, the IWC I had come to know and love had all but disappeared. In its place stood a company that seemed at times more like a luxury hotel chain than a watch manufacturer.

Numa tradução rápida, "nos últimos anos a IWC que que eu aprendi a conhecer e amar desapareceu. No seu lugar está uma fábrica que muitas vezes parece mais com uma cadeia de hotel de luxo do que uma fabricante de relógios.


O que o Mayer quis dizer é que passaram a fazer zilhões de edições limitadas, usar endorsers que certamente não tem nada a ver com a cultura relojoeira e não estão nem aí para o que usam, e relógios chamativos demais.

Num rápido comentário que coloquei no Hodinkee, sugeri que uma carta semelhante fosse enviada a TODOS os fabricantes, para que evitasse o que chamei de "hublotização" das marcas.

Toda empresa tem uma tradição e visuais que facilmente identificam a marca pelo que ela é. Neste momento, por incrível que pareça, a Nomos foi a primeira que me veio à mente. Você vê um Nomos a mil quilômetros de distância e reconhece a marca no ato! Tem o DNA Nomos em cada relógio.

Concordo com o Mayer que esse lance de edições limitadas que acabam "vilipendiando" a história de um modelo particular já encheu o saco. Essa história de vincular fábricas ultra tradicionais a pessoas que não tem nada a ver com o meio, como rappers e jogadores de não sei o quê, idem.

Não sou bobo. É claro que existe uma "dor de cotovelo" no Mayer por vislumbrar que a sua zona de conforto - usar relógios como se fosse especialista- acaba sendo jogada por terra quando TODOS estão usando. Mas o que ele falou é verdade.

Tenho pânico da atual Audemars Piguet, que de uma fábrica super tradicional de produtos de genebra, voltada apenas a conhecedores, que adquiriam seus produtos porque sabiam da sua qualidade, virou algo que o "playboy" quer ter, simplesmente para mostrar aos outros o quanto possui na carteira.

Aliás, é impressionante como a Vacheron trilhou por um tempo esse mesmo caminho e, agora, busca retornar às origens. Talvez o "money is money" da AP não seja tão persuasivo assim...

Mas não só... Essa pletora de modelos que muitas marcas fabricam, fugindo do seu DNA. Nesse ponto a Rolex sempre foi muito sagaz, é aquela mesma tranqueira há mil anos, você compra um, tem todos... Nem por isso estão quebrados, pelo contrário.

Repito mais uma vez: há sim um quê de "mimimi" na carta do Mayer, mas ele está certo: PAREM DE HUBLOTIZAR SEUS RELÓGIOS!

http://www.hodinkee.com/blog/an-open-letter-to-iwc-from-john-mayer



Flávio

Rafael_DF

Com todo o respeito devido ao autor do texto e como fã da marca (proprietário de um pilot e um portuguese), falar em Hublotização da IWC é brincadeira....  Discordo veementemente da posição adotada pelo texto.

Dsvilhena

Flavio

Concordei em todos os pontos de seu post. Perfeito.

Até entendo que em algum momento o MKT seja mais forte, mas a qualidade do produto tem que prevalecer junto com uma certa previsibilidade na oferta das linhas principais e sem desrespeitar a tradição. Qual o nome do novo portuguese mesmo, portugesch???

TUZ40

#3
Achei bem legal a carta, ainda mais por que vem de alguém que realmente tem uma conexão com a marca.

Gostei do que ele comentou da linha enginieur, que sempre achei muito papagaida, na minha opinião parece ser o laboratório da marca, onde novas idéias e materiais são testados.

Hoje três coisas me desagradam nesta manufatura que tanto admiro.

Primeiro, os preços, houve um aumento não condizente com o aumento na qualidade dos mesmo, embora o uso dos calibres próprios e emprego de materiais mais nobres possam justificar um reajuste, a forma como eles mensuram os valores das peças parecem mais baseados em posicionamento de mercado e estratégias de marketing do que qualquer outra coisa.

Segundo, o aumento das caixas, parece que eles continuam a apostar nesta "moda", enquanto toda a indústria sinaliza já o movimento inverso, o lançamento este ano do novo Portofino, um relógio clássico e elegante, no tamanho de um diver é uma clara indicação do que falo.

Terceiro, o lançamento destes PortoFino mid size com gemas, POXA! A IWC não era a marca engineered for men??? Tem algo errado aí...

Quanto ao uso dos endorsers, isso é uma faca de dois gumes, mas ultimamente parece que os fabricantes tem errado muito a mão na escolha destes. O melhor endorser é o que o J M cita, o que faz de forma espontânea, esses contam muitos pontos, a Rolex já bebeu muito nessa água no passado.

Também não sei se da para culpar inteiramente o Grupo "Rich Moron" pela estratégia adotada ao longos dos anos pela IWC, e não acho que a marca se apresenta como uma Hublot da vida, mas certamente mudanças de alinhamento são facilmente detectadas.

"All your base are belong to us"

heracles

Perfeito Schütz. Concordo com você. .....é bem claro esse caminho
Tomado pela IWC.
Minha opinião.

Heracles

TUZ40

Esse vídeo é interessante para quem quiser entender melhor a cabeça por trás da IWC hoje.
[youtube=425,350]IOGlRNrdHQs[/youtube]
"All your base are belong to us"

igorschutz

Porra, faz tempo que a IWC tem me decepcionado.

Lá pelo começo dos anos 2000, era uma das minhas marcas favoritas, hoje em dia são poucos os relógios deles que me agradam; cada vez maiores e mais espalhafatosos!

Quando a IWC, JLC e Lange eram dos alemães, cada marca tinha nitidamente seu nicho. Depois que foram pro Richemont ("Rich Moron" é ótima!), virou um samba do crioulo doido; hoje concorrem entre si.
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

flávio

Citação de: Rafael_DF online 16 Janeiro 2015 às 00:43:59
Com todo o respeito devido ao autor do texto e como fã da marca (proprietário de um pilot e um portuguese), falar em Hublotização da IWC é brincadeira....  Discordo veementemente da posição adotada pelo texto.



Rafael, por incrível que pareça, não discordo de você, o que pode parecer um contrassenso, mas não é, e por isso ressaltei no meu texto que havia muito "mimimi" por parte do Mayer.

Sabe por quê? O texto dele parece a "revolta" daquele que julgava pertencer a um grupo "exclusivo", os caras que usavam IWCs, marca apenas para "entendidos" e "puristas", e hoje não mais, porque a marca se tornou "acessível" (do ponto de vista de exclusividade "cultural") a todos.

Digo isso porque concordo com a argumentação da carta que, como ressaltei, poderia ser ENVIADA, de forma genérica, para todos os fabricantes. A IWC, de fato, é daquelas que menos se afastou do seu DNA. A linha clássica deles continua muito "IWC", e as exceções são os novos Ingenieur Chrono, mas que mesmo assim se perdem dentro da linha.

Para dizer a verdade, a única marca que em tempos recentes de "hublotizou" de forma completa - e deu com os burros n´água - foi a Zenith, da época Tierry Nataf (que Deus o tenha, amém).

Mas os argumentos lançados pelo Mayer, se desvinculados de marca específica como, no caso, a IWC, servem para todas. Em resumo, parem de inventar modas nas linhas, sigam seu DNA. Parem de vincular sua propaganda a pessoas que não tem nada a ver. Parem de querer vincular seus produtos como se fossem algo exclusivo e unicamente voltado para ricos, invistam na imagem de tradição que possuem. Diminuam o tamanho das linhas. Parem de lançar edições "limitadas" que de limitadas não tem nada. Enfim...

Flávio

Correia

A IWC, como (quase) todas as marcas, alargam o leque para chegar a mais homens. E cada vez há mais homens "modernos" ;D ;D ;D

Umas mais, outras, menos, mas todas as marcas o fazem.

Abro o catalogo da marca e continuo a vê-la como uma marca tendencialmente máscula.

A única mácula é não reeditarem o Deep One :P :P ;D Este muito macho mesmo :-*

Mas compreendo o alcance das palavras do Mayer.

Abraços,
Correia
Convém evitar 3 acidentes geométricos nesta vida : círculos viciosos, triângulos amorosos e bestas quadradas.

Dicbetts

Citação de: flavio online 16 Janeiro 2015 às 10:07:30
Citação de: Rafael_DF online 16 Janeiro 2015 às 00:43:59
Com todo o respeito devido ao autor do texto e como fã da marca (proprietário de um pilot e um portuguese), falar em Hublotização da IWC é brincadeira....  Discordo veementemente da posição adotada pelo texto.

Sabe por quê? O texto dele parece a "revolta" daquele que julgava pertencer a um grupo "exclusivo", os caras que usavam IWCs, marca apenas para "entendidos" e "puristas", e hoje não mais, porque a marca se tornou "acessível" (do ponto de vista de exclusividade "cultural") a todos.


Acho que o âmago da questão da carta do JM é exatamente esse. Mais ou menos como se dissesse: "Até cinco anos atrás, só eu tinha IWC. Hoje qualquer botocudo tem".

À parte o preconceito, o mundo é capitalista, em sua maioria. Até Cuba percebeu isso.

O negócio de qualquer fábrica é vender. Para quem, pouco importa. Basta que tenha dinheiro. Se DNA e atestado de bons antecedentes fosse considerado nessas horas, se veriam poucos Pateks no Brasil.

Com o mercado russo e o chinês, evidentemente que as fabricantes de relógios foram adaptando ao gosto desse gente que consome barbaramente. Mais pedras preciosas, mais ouro, tamanho maior, e por aí vai.

Faço aqui uma ironia: de que adianta para o mafioso russo se ele não pode ostentar o IWC tamanho gigante, em ouro maciço e amarelaço, e cravejado de brilhantes, que custou o preço de umas centenas de Corollas e Civics? E para o rapper? E para o jogador de basquete? E para o craque da seleção brasileira?

No fundo, penso que o JM acha que os relógios devem continuar seguindo os padrões que ele tem de estética exatamente porque continuarão restritos a um nicho de consumidores. Não serão "populares", por assim dizer.

Poderia eu dizer o mesmo da música dele. Por que não continuou tocando em barzinho, com guitarrinha de segunda categoria, quando o som era mais honesto, menos popular?

Se um dia a Patek seguir na mesma direção da IWC, o JM dá um tiro na cabeça.

Dic

TUZ40

#10
Pois é, é exatamente este o ponto.

Essas mudanças provavelmente tem o interesse financeiro, que vai contra o romantismo do hobbie, e a forma como as pessoas projetam a sua imagem "almejada".

Acho a reclamação válida no sentido das expectativas que ele tem da marca, mas se a IWC tomou este rumo, o que ele tem a fazer é a escolha natural, deixar aquela marca de lado.

Neste mercado o que mais existe são empresas de nicho, que buscam esse diferencial, onde você pode encontrar um produto fiel as suas prioridades e expectativas, é só querer achar.

O próprio CEO citou em um email para um cliente: "Please note also that the watch market did dramatically change over the last years with the strong emergence of the Asian clientele and their specific needs." ~G. Kern, IWC, o grupo RM visa acima de tudo o lucro, e para tornar um negócio dessa magnitude rentável, alguns sacríficos devem ser feitos.

Eu não gosto do caminho, nem concordo em "pagar a conta" desta nova clientela, apenas vou "sonhar" em outro local e não ficar de mimimi.
"All your base are belong to us"

flávio

Perfeito o que o Dic disse. Mas conquanto a estratégia tenha se mostrado em regra vencedora, já que os suíços conseguiram até crescimento em períodos de baixa econômica, a faca tem dois gumes. O purista - e aqui leia-se "europeu" - não curte "vilipêndios" em marcas. Uma marca, portanto, pode adaptar seu gosto aos asiáticos e vir a perder clientes já "maduros". E algumas marcas, por alterarem não apenas alguns produtos, mas toda sua linha, podem "perigar" perder seu DNA e ir para o espaço, como a Zenith quase foi na época do Nataf.

Enfim, acho que há espaço para todos, mas cada macaco no seu galho. Já imaginaram se a Patek lançasse uma relógio com fibra de carbono, visual moderno, etc? Não dá...


Flávio

TUZ40

Citação de: flavio online 16 Janeiro 2015 às 11:49:03
Perfeito o que o Dic disse. Mas conquanto a estratégia tenha se mostrado em regra vencedora, já que os suíços conseguiram até crescimento em períodos de baixa econômica, a faca tem dois gumes. O purista - e aqui leia-se "europeu" - não curte "vilipêndios" em marcas. Uma marca, portanto, pode adaptar seu gosto aos asiáticos e vir a perder clientes já "maduros". E algumas marcas, por alterarem não apenas alguns produtos, mas toda sua linha, podem "perigar" perder seu DNA e ir para o espaço, como a Zenith quase foi na época do Nataf.

Enfim, acho que há espaço para todos, mas cada macaco no seu galho. Já imaginaram se a Patek lançasse uma relógio com fibra de carbono, visual moderno, etc? Não dá...


Flávio

Vale imitar a fibra?

"All your base are belong to us"

flávio

Pensei nele na hora, mas foi um apenas, não uma mudança de paradigma. E virou cool não é? Quanto pagaram mesmo no leilão?


Flávio

TUZ40

"All your base are belong to us"

CSM

achei esta carata do JM um mimimi fudido.... tirando umas escorregadas que eu andei vendo deles com uns ingenieurs coloridos, bigpilots tambem coloridos, minhas únicas criticas à IWC são os preços que aumentaram muito principalmente nos relógios de entrada equipados com uma ETA mequetrefe, e à falta de identidade da linha aquatimer que muda sei la a cada 3 anos, mas isto não é nenhuma novidade, desde que os caras criaram o aquatimer ele ja mudou varias vezes, porém, inclusive, acho que eles acertaram a mão nesta ultima mudança, os relógios ficaram bem maneiros. Os portugueses continuam lindos, desde os de entrada até os calendários perpétuos por exemplo.

abraços
Membro do RedBarBrazil

vinniearques

Tem a escorregada do tamanho Cesar.

Essa a pior de todas pra mim.

Dicbetts


[/quote]

Vale imitar a fibra?


[/quote]

Esse aí o JM só bateu palmas porque foi feito um único, e vendido por uma fortuna.

Se ele tivesse tanto, creio que dava um lance.

Dic

lucius

JM - Vá chorar na cama que é lugar quente.

Lucius
Corruptissima re publica plurimae leges

TUZ40

hahahaha...

Gente, não pode pegar no pé do cara agora só porque ele é famoso, o que a gente mais faz por aqui é descer lenha em N marcas por N motivos.

Achei sincero sim o que ele escreveu, acho que essa história dele não querer ter relógio porque todo mundo tem é querer especular demais já.

Eu continuo fiel a minha trinca reclamada, preço, tamanho e relógio para "mina". ;D Quanto a beleza, eu gosto de quase toda linda.
"All your base are belong to us"