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Iniciado por mmmcosta, 15 Novembro 2015 às 10:32:31

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mmmcosta

#40
Concordo com o Spring que as vidas de 100 africanos ou árabes não valem a de um europeu, americano, canadense ou australiano. Isso me incomoda profundamente e principalmente quando penso nas crianças.

Quanto à riqueza histórica que se perdeu no Iraque e vem sendo destruida na Síria, também fico muito incomodado. Se havia um lugar a leste do Egito e a Oeste da Califórnia que eu tinha vontade de conhecer era a velha Bagdad.
Marcelo

RCComes

Citação de: mmmcosta online 17 Novembro 2015 às 15:28:37
Concordo com o Spring que as vidas de 100 africanos ou árabes não valem a de um europeu, americano, canadense ou australiano. Isso me incomoda profundamente e principalmente quando penso nas crianças.

Quanto à riqueza histórica que se perdeu no Iraque e vem sendo destruida na Síria, também fico muito incomodado. Se havia um lugar a leste do Egito e a Oeste da Califórnia que eu tinha vontade de conhecer era a velha Bagdad.

Pois é, Costa, o berço do homem moderno já era. Enquanto na Europa ainda haviam neandertais, cutucando os orifícios e cheirando, nessa região já se construíam templos. (posso ter exagerado em alguns anos, mas a premissa é essa).

Membro do RedBarBrazil

RCComes

#42
E só fazendo um adendo, se voltarmos no tempo, vamos ver que o islã é uma religião muito tolerante. com outras religiões. Esse extremismo radical é relativamente recente. mas até compreensível. Ninguem, em sã consciência, vai passar 2000 anos com um dedo no cu e um sorriso no rosto. Eu até entendo o lado dos extremistas, mas não me permito simpatizar. Quem gosta de sangue é o GI Joe.
Hoje, por exemplo, a UE disse que vai apoiar militarmente a frança na guerra ao terror. Caras, vai faltar terra pra enterrar tanta gente e isso me deixa doente. Não porque eu realmente me importe com um punhado de franceses ou mussulmanos, para mim são números (para deixar claro, fico muito triste, mas é gente que não temos relação). O que me mata é justamente isso. O patrimônio cultural que acho interessante e sei que jamais terei oportunidade de ver, todo um povo desperdiçando potencial. Porra, o cara que pode ter a chave para as viagens interestelares deve estar perdendo os dedos fazendo bombas nesse instante. Esse é o pior lado. Esses dias mesmo prenderam um guri de 14 anos nos EUA que construiu um relógio com umas sucatas que tinha atirada em casa. o mohamed pretinho constrói um relógio e é um terrorista - que diga-se, nunca mais na puta vida vai fazer nada, absolutamente nada. aquele guri se perdeu, ninguem mais vai ouvir falar dele, agora o Billy Bob bebe cerveja  por um furo no fundo da lata e chapa o miolo fumando maconha medicinal e é um herói. É isso que quase, mas juro, quase, me faz esboçar um sorriso cada vez que uma merda dessas acontece.
Membro do RedBarBrazil

Correia

Citação de: RCComes online 17 Novembro 2015 às 15:46:23
Pois é, Costa, o berço do homem moderno já era. Enquanto na Europa ainda haviam neandertais, cutucando os orifícios e cheirando, nessa região já se construíam templos. (posso ter exagerado em alguns anos, mas a premissa é essa).


Sem dúvida.

Agora os  descedentes desses míticos povos destroem esses templos, quais neandertais, e, entretanto, nos entrefolhos desses milhares de anos após o cutuco dos orifícios, os europeus tiveram o engenho de evoluir e dar evolução a quem, milhares de anos e algumas centenas depois da construção desses engenhosos templos continuava, e no tempo em que  a pólvora já havia sido descoberta e mal usada, a matar com pau e pedra.
Convém evitar 3 acidentes geométricos nesta vida : círculos viciosos, triângulos amorosos e bestas quadradas.

RCComes

Citação de: Correia online 17 Novembro 2015 às 18:58:30

Sem dúvida.

Agora os  descedentes desses míticos povos destroem esses templos, quais neandertais, e, entretanto, nos entrefolhos desses milhares de anos após o cutuco dos orifícios, os europeus tiveram o engenho de evoluir e dar evolução a quem, milhares de anos e algumas centenas depois da construção desses engenhosos templos continuava, e no tempo em que  a pólvora já havia sido descoberta e mal usada, a matar com pau e pedra.

Eu não estou defendendo condutas, até porque foi a Ísis que destruiu os templos e relíquias.
Membro do RedBarBrazil

Dicbetts

Apenas para pensar sobre alguns atores dessa confusão, porque ninguém vai chegar a conclusão alguma, nem terá qualquer solução para apresentar. Porque se fosse fácil, e os interesses individuais não fossem tão divergentes, a paz seria um objetivo fácil de atingir.

Estado Islâmico – Congrega vários "estadinhos islâmicos", cujo único traço de união é a contradição em si mesma. Vejamos: parte deles é de ex-combatentes das guerrilhas xiitas que ajudaram a derrubar o regime de Saddam Hussein, que era sunita e os esmagava, no Iraque (eram bancadas pelo Irã, berço xiita); outra parte também é de ex-militares do próprio Saddam!

Não, não se converteram para o braço sunita do Islã. Estão nisso somente por grana. São os caras que controlam a venda do petróleo contrabandeado, a venda das obras de arte roubadas de sítios históricos e museus, a compra de armas no mercado negro e os treinamentos militares dos recrutas.

As escravizações de yazidis, de curdos, os estupros, os assassinatos, as decapitações, isso fica para o ramo mais aparente do Estado Islâmico, composto de inúmeros europeus (sobretudo franceses, belgas e britânicos) e asiáticos (chechenos principalmente).

Sobre os asiáticos, já há registro de chineses da região de Xinjiang nas fileiras do EI – o que vem deixando Pequim de cabelo em pé, temerosa de a etnia uigur (muçulmana) importar jihadistas para o projeto de independência.

Síria – O coronel Hafez Assad tomou o poder em Damasco, em 1971, apoiado pela antiga União Soviética. Era o principal personagem, no mundo árabe, que contestava a liderança de Gamal Nasser – tanto que se insurgiu contra o projeto da República Árabe Unida, que dava protagonismo apenas ao egípcio.

Muçulmano alauíta, reduziu ao mínimo a participação política de sunitas e xiitas. Foi comandante supremo das forças armadas e era implacável com qualquer um que contestasse seu poder. Fez do filho, Bashar, seu sucessor, o que desagradou amplos setores militares.

Inicialmente, Bashar tentou enfrentar os militares que o contestavam aumentando os espaços políticos dos sunitas e dos xiitas (aqui abriu as portas para o Hezbollah, que fez do território sírio parte da base de congregação de xiitas do Líbano, da Jordânia, do Iraque e da própria Síria).

Quando viu que a manobra deu errado, fechou novamente com os militares e voltou a perseguir sunitas e xiitas. Eclode, então, a guerra civil. Detalhe: Bashar sempre contou com o apoio de Moscou.

Estados Unidos – Achava que Bashar cairia de podre e bancou vários grupos rebeldes sírios, com armas, dinheiro e assessoria técnica (leia-se: treinamento militar pelas forças especiais). Fechou os olhos para o Estado Islâmico, acreditando que faria parte do serviço.

Mais um erro de cálculo, de vários, da política externa norte-americana. Vejam a merda que deu.

Rússia – Com a China, dava sustentação financeira, técnica e militar a Bashar al Assad. Quando resolveu entrar no conflito da Síria, atacava somente grupos rebeldes que lutavam contra o governo de Damasco. Via o Estado Islâmico com complacência, mas, no momento em que alguns dos seus militantes passaram a fazer o caminho de volta às origens para ataques terroristas no Oeste Europeu, colheu informações que chechenos se preparavam para algo semelhante. Um tanto por interesse próprio e outro tanto porque a França pediu, se juntou na corrente de ataque ao Estado.

França – A pátria da "liberdade, igualdade e fraternidade" tem um histórico de perseguições e de racismo. São vários os instrumentos de cultura que falam sobre isso e alguns estão à disposição de todos. Destacaria o filme "A batalha de Argel", de Gillo Pontecorvo, que chegou a ser proscrito no Brasil nos tempos da ditadura; e os livros "Diários completos do capitão Dreyfuss" (traduzido aqui pelo Alberto Dines) e "Eu acuso", do Zola.

Também vale a pena ler qualquer coisa sobre a derrota francesa em Dien Bien Phu. Ou sobre o colaboracionismo da República de Vichy e do Marechal Pétain com os nazistas.

Outro grande livro é "Meu pai, o último dos fuzilados", escrito por Agnes Bastien-Thiry, filha do coronel Jean-Marie – que tentou assassinar De Gaule por conceder a independência à Argélia. Traça um panorama interessante do colonialismo e do desprezo que a França tem pelos africanos (não apenas os argelinos, mas todos os países francófonos do continente).

O francês médio é católico apostólico convicto (herança do imperador Clóvis, considerado o fundador do país). E tem imensa dificuldade em assimilar o protestantismo (Calvino, francês, radicou-se na Suíça), o judaísmo e até o espiritismo (Allan Kardek era francês).

Tem mais gente para colocar nesse caldeirão. Mas, por ora, fiquemos apenas nestes.

Dic

Lobo do Mar

Excelente, Dicbetts!
Abs, Rodrigo.
"Treinar intensamente o corpo para absorver o espírito, diz a tradição." (Musashi, Miyamoto)

Carbonieri

O curioso é que os temidos terroristas árabes que atacaram em Paris ou são franceses ou belgas.
sic transit gloria mundi

mmmcosta

#48
Citação de: Carbonieri online 18 Novembro 2015 às 21:40:34
O curioso é que os temidos terroristas árabes que atacaram em Paris ou são franceses ou belgas.
Mas todos de origem árabe. Favor e honestamente corrigir se eu estiver errado.

A propósito, sei que há malucos associados ao EI que não têm origem árabe, mas, pelo que eu acabei de ver na CNN, não é o caso dos perpetradores dos ataques a Paris.
Marcelo

mmmcosta

Beleza de análise, Dic! Eu não sabia sobre muito do que você expôs.
Marcelo

mmmcosta

A propósito, é possível baixar a revista publicada pelo EI:
http://jihadology.net/category/dabiq-magazine/

A última edição (12) é de hoje e traz no prefácio uma análise acerca dos ataques a Paris.
Marcelo

Dicbetts

Citação de: mmmcosta online 18 Novembro 2015 às 22:45:27
Beleza de análise, Dic! Eu não sabia sobre muito do que você expôs.

Marcelão,

Tentei mostrar que, nessa suruba, os civis entram sempre com a bunda.

São os únicos inocentes. Os demais, são culpados.

A moral dos estados é flexível desde que o primeiro foi criado.

O que aconteceu em Paris, sexta passada, foi uma barbaridade, sob qualquer ponto de vista. Indefensável, injustificável, intolerável, inaceitável. Não acho que a matança na França mobilize mais que uma na Nigéria, praticada pelo Boko Haram.

Crimes contra a humanidade não podem ser comparados. Têm que ser, todos, sem exceção, lamentados, sentidos, chorados.

Sob pena de nos nivelarmos aos estados em flexibilidade moral.

Dic

RCComes

Ninguem lembrou da bomba no avião russo, poucos dias antes... deve ser porque os russos não chiam ::)
Membro do RedBarBrazil

mmmcosta

Não é que os russos não chiam. A midia russa é controlada e não chia.
Marcelo

jfestrelabr

Jaja é a nossa mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmcosta.
Rolex ou Rolex.

Fórum Genérico, respostas genéricas.

RCComes

Citação de: mmmcosta online 19 Novembro 2015 às 13:27:01
Não é que os russos não chiam. A midia russa é controlada e não chia.

a mídia mundial não deu a mínima, a isso que me refiro. Ninguem se compadece dos pobres Russinhos.

Bom, de toda forma os franceses estão batendo um novo tipo de recorde, pois ainda não se renderam e se converteram ao islã.

Agora, se eu fosse do IE eu faria o seguinte: lançava um comunicado dizendo para ninguém atacar outros países exceto a frança, isolando eles do resto da comunidade internacional (torcendo, claro, para que os outros países se distanciacem "uhm, já que a bronca não é minha vou ficar quietinha" - Merkel 2016)
Membro do RedBarBrazil

Dicbetts

Citação de: mmmcosta online 18 Novembro 2015 às 22:59:31
A propósito, é possível baixar a revista publicada pelo EI:
http://jihadology.net/category/dabiq-magazine/

A última edição (12) é de hoje e traz no prefácio uma análise acerca dos ataques a Paris.

Isso é uma infâmia. É como se o PCC ou o Comando Vermelho tivessem um jornalzinho, pelo qual justificassem o tráfico de cocaína, a venda de crack, o assassinato de policiais, as execuções no "micro-ondas"...

É a banalidade do mal, como já escreveu Hannah Arendt (muito citada, mas pouco lida).

Apologia do assassinato, do obscurantismo? Não dá para achar isso natural.

Dic

Dicbetts

Citação de: mmmcosta online 19 Novembro 2015 às 13:27:01
Não é que os russos não chiam. A midia russa é controlada e não chia.

Nem um, nem outro.

O Putin deve ter mandado segurar a informação sobre a origem da bomba que derrubou o Airbus no Egito porque não queria entrar em guerra com o Estado Islâmico. Nunca foi o foco dele.

O que ele queria era descer a porrada nos rebeldes que lutam contra o Bashar al Assad. Porque esses rebeldes também lutam contra o EI. O Putin apostava numa espécie de Mutually Assured Destruction em pequena escala.

Nesse emaranhado, o Bashar vai ficando. Agora, com aquiescência da França (o apoio russo contra o EI passa pela manutenção do ditador sírio) e beneplácito dos EUA (que já sabiam há muito tempo que ruim com Bashar, pior com os rebeldes e péssimo com o EI).

Pelo tanto de muçulmano que tem no território russo, e pela questão mal resolvida da Chechênia, o Putin não queria um teleguiado do EI detonando explosivos no metrô de Moscou.

Mas agora...

Dic


mmmcosta

#58
Citação de: Dicbetts online 19 Novembro 2015 às 14:45:52
Isso é uma infâmia. É como se o PCC ou o Comando Vermelho tivessem um jornalzinho, pelo qual justificassem o tráfico de cocaína, a venda de crack, o assassinato de policiais, as execuções no "micro-ondas"...

É a banalidade do mal, como já escreveu Hannah Arendt (muito citada, mas pouco lida).

Apologia do assassinato, do obscurantismo? Não dá para achar isso natural.

Dic
Eu li a Hannah Arendt em setembro. Excelente!

Quanto à revista, reparou na qualidade da diagramação? Fiquei besta!
Marcelo

Dicbetts

Citação de: mmmcosta online 19 Novembro 2015 às 15:14:50
Eu li a Hannah Arendt em setembro. Excelente!

Quanto à revista, reparou na qualidade da diagramação? Fiquei besta!

Marcelão,

Isso me assusta: o requinte dos caras para falar da maldade. Dão ares de normalidade às maiores barbaridades, fazem crer que há alguma beleza nisso.

Talvez depois que o Estado Islâmico for dizimado (e algo pior fique em seu lugar), os teóricos da comunicação estudem esses "produtos". Já faz tempo que ouço comentários sobre o profissionalismo da propaganda desses malucos.

Foi preciso a II Guerra acabar para que a propaganda nazista fosse esmiuçada. Muita coisa que veio dali é ser vista no marketing político que existe atualmente. Existe até no Estado Islâmico.

Sobre a banalidade do mal, Hannah Arendt o definiu em "Eichmann em Jerusalém". Em qualquer sebo você o encontra.

Dic