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A marca de relógios mais interessante e subestimada do mundo

Iniciado por mmmcosta, 10 Outubro 2016 às 10:35:48

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mmmcosta

Citação de: Shostners online 13 Outubro 2016 às 13:52:08Aqui no Brasil criaram essa expressão "marqueteiro", pra se referir aos (muitas vezes) picaretas que se dispõem a vender, com promessas atraentes e manipulativas, um produto que na verdade é inepto.

Tipo... prefeitos, governadores e presidentes?
Marcelo

fugas


raulfragoso

Excelentes contribuições, principalmente as postagens do Adriano e do Shostners.

E já que se falou nos marqueteiros, podemos até traçar um paralelo entre o político brasileiro com a "réplica AAA" de alguma marca swiss-made: na aparência, são lindos, exuberantes e prometem cumprir as mesmas funções, mas em verdade são mal feitos, custam 10x mais do que realmente valem e não vêm com garantia alguma de funcionamento ;D
"It's easy to make something complicated, but much less easy to make it simple." - François-Paul Journe

Dicbetts

Citação de: Shostners online 13 Outubro 2016 às 13:52:08
Bem... tem sempre a diferença entre o marketing bem feito e o mal feito :) Mentiras e asneiras nem precisa dizer que não dá pra engolir mas, muitas vezes, algo que provoca esta mesma sensação é o marketing feito só de propaganda, sem entregar um produto e/ou uma experiência que esteja à altura do oba-oba (think João Santana/Dilma). Então às vezes o problema é a propaganda e às vezes é a execução do produto/serviço que dá uma rasteira na propaganda.

Cabeças brilhantes de marketing são muito raras no mundo, porque são caras que vão pensar não só no argumento de venda do produto, mas que também tem de ter a capacidade de acertar a promoção, projeto, fabricação, distribuição, venda e pós venda pra garantir que a propaganda que ele fez não se torne uma promessa vazia. Não adianta só pensar na promessa, tem de botar a mão na massa e fazer acontecer (think Comandante Rolim/TAM [ou ao menos a fama dele]). Aqui no Brasil criaram essa expressão "marqueteiro", pra se referir aos (muitas vezes) picaretas que se dispõem a vender, com promessas atraentes e manipulativas, um produto que na verdade é inepto. E isso é a exata antítese do que deveria ser o marketing e o "marqueteiro".

Pelo jeito tem "marqueteiro" na Suíça também (guardadas as devidas proporções).  :)

Aproveitando o gancho do debate, que se ampliou um pouco.

Quem já teve a oportunidade de morar na Europa sabe que ainda impera uma cultura de 60 anos atrás sobre o chamado "Made in Japan". A explicação é simples.

Depois da II Guerra, a Europa era uma miséria só. Era caríssimo produzir no continente e o produto americano era proibitivo. Na Alemanha Ocidental, ou se fazia casas ou aço. Basta estudar o Plano Marshall e ver que a capacidade industrial europeia do Oeste (o Leste mergulhou na tragédia do comunismo) só atingiu a plenitude 25 anos depois de terminado o conflito.

Uma das soluções comerciais foi estreitar laços com o derrotado Japão, cuja capacidade industrial não chegou ao ponto de dizimação da Europa. E também porque, para os americanos, era mais barato injetar dinheiro lá que na Europa. Isso o general MacArthur percebeu antes de Truman ou Eisenhower - não estou incluindo aqui o avanço do comunismo na China e a refundação do governo chinês de Chiang Kai Chek em Formosa.

Assim, começaram a desembarcar no Ocidente marcas como National, Mitsubishi, Hitachi, Toshiba, Pentax, Nikomat, Seiko, Citizen, Yamaha, Honda... Mas, na Europa, eram consideradas de baixa qualidade. "Made in Japan" era um palavrão.

Se de início a ideia dos japoneses era suprir a demanda de qualquer jeito para fazer divisa, com o tempo foram suprindo mas com aumento da qualidade. Nisso, o preconceito estava instalado.

Qualquer semelhança com a China hoje não é mera coincidência.

Alguém já se deu conta que o melhor tenista do mundo é patrocinado pela Seiko? E que a Citizen cronometra o Aberto dos Estados Unidos (estou citando de memória, pode ser que aqui tenha errado; se errei, corrijam por favor.) Isso num ambiente esnobe, em que imperam marcas como Rolex, Rado e Longines, que me ocorrem agora.

E sabem o que a Seiko pensa desse preconceito? Deve achar a maior graça...

Aliás, só a Seiko não. A Yamaha, a Nikon, a Toyota, a Onitsuka, a Tama - todas tão tecnologicamente avançadas e poderosas quanto as principais marcas europeias e americanas.

Um dado final: um dos maiores álbuns de rock gravados ao vivo, o "Made in Japan", do Deep Purple, tem esse nome exatamente porque os integrantes da banda não botavam muita fé nos shows que fariam em Osaka e Tóquio. Uma brincadeira preconceituosa com algo que ia ser lançado somente no Japão.

Nem preciso dizer que aconteceu exatamente o contrário.

Dic



waldirmello

Citação de: Dicbetts online 13 Outubro 2016 às 15:08:59
Aproveitando o gancho do debate, que se ampliou um pouco.

Quem já teve a oportunidade de morar na Europa sabe que ainda impera uma cultura de 60 anos atrás sobre o chamado "Made in Japan". A explicação é simples.

Depois da II Guerra, a Europa era uma miséria só. Era caríssimo produzir no continente e o produto americano era proibitivo. Na Alemanha Ocidental, ou se fazia casas ou aço. Basta estudar o Plano Marshall e ver que a capacidade industrial europeia do Oeste (o Leste mergulhou na tragédia do comunismo) só atingiu a plenitude 25 anos depois de terminado o conflito.

Uma das soluções comerciais foi estreitar laços com o derrotado Japão, cuja capacidade industrial não chegou ao ponto de dizimação da Europa. E também porque, para os americanos, era mais barato injetar dinheiro lá que na Europa. Isso o general MacArthur percebeu antes de Truman ou Eisenhower - não estou incluindo aqui o avanço do comunismo na China e a refundação do governo chinês de Chiang Kai Chek em Formosa.

Assim, começaram a desembarcar no Ocidente marcas como National, Mitsubishi, Hitachi, Toshiba, Pentax, Nikomat, Seiko, Citizen, Yamaha, Honda... Mas, na Europa, eram consideradas de baixa qualidade. "Made in Japan" era um palavrão.

Se de início a ideia dos japoneses era suprir a demanda de qualquer jeito para fazer divisa, com o tempo foram suprindo mas com aumento da qualidade. Nisso, o preconceito estava instalado.

Qualquer semelhança com a China hoje não é mera coincidência.

Alguém já se deu conta que o melhor tenista do mundo é patrocinado pela Seiko? E que a Citizen cronometra o Aberto dos Estados Unidos (estou citando de memória, pode ser que aqui tenha errado; se errei, corrijam por favor.) Isso num ambiente esnobe, em que imperam marcas como Rolex, Rado e Longines, que me ocorrem agora.

E sabem o que a Seiko pensa desse preconceito? Deve achar a maior graça...

Aliás, só a Seiko não. A Yamaha, a Nikon, a Toyota, a Onitsuka, a Tama - todas tão tecnologicamente avançadas e poderosas quanto as principais marcas europeias e americanas.

Um dado final: um dos maiores álbuns de rock gravados ao vivo, o "Made in Japan", do Deep Purple, tem esse nome exatamente porque os integrantes da banda não botavam muita fé nos shows que fariam em Osaka e Tóquio. Uma brincadeira preconceituosa com algo que ia ser lançado somente no Japão.

Nem preciso dizer que aconteceu exatamente o contrário.

Dic

Bem lembrado, Dicbetts.

O Japão já foi a China de hoje, viviam copiando os produtos americanos e europeus.

A grande virada deu-se na eletrônica: foram os primeiros a investir na recém criada (à época) tecnologia dos transistores, criando os famosos radinhos de pilha, entre outros.


Dicbetts

Waldir,

Quem nunca ouviu jogo de futebol num daqueles radinhos de pilha National, de duas cores, não sabe o que é futebol - hehehe.

E apesar de respeitar a Seiko, tenho admiração mesmo é pela Yamaha. Sou macaca de auditório dos produtos, sobretudo os eletrônicos e os instrumentos musicais. Os quais, aliás, conheço bem.

Dic

flávio

Aliás, nessa conversa lembrei-me de um filme de minha infância, chamado Fábrica de Loucuras, na qual japoneses tomam controle de uma fábrica de carros americana e tentam, em vão, impor seus métodos de precisão.

Em suma. Os japoneses tem tradição em fazer tudo certinho: olham cautelosos, aprendem, copiam, reprojetam do seu modo e... Acabam fazendo melhor do que os ocidentais.

Flávio

mmmcosta

Citação de: Dicbetts online 13 Outubro 2016 às 15:08:59
Um dado final: um dos maiores álbuns de rock gravados ao vivo, o "Made in Japan", do Deep Purple, tem esse nome exatamente porque os integrantes da banda não botavam muita fé nos shows que fariam em Osaka e Tóquio. Uma brincadeira preconceituosa com algo que ia ser lançado somente no Japão.

Nem preciso dizer que aconteceu exatamente o contrário.

Dic

Dessa eu não fazia ideia, Dic. Demais!
Marcelo

waldirmello

E aproveitando que estamos falando de marketing, o National Kid, herói japonês da minha infância, cujos vilões eram os incas venusianos e o seres abissais (os do celacanto, que provoca maremoto), era puro marketing da National/Panasonic.

;D ;D ;D ;D


Dicbetts

Citação de: flavio online 13 Outubro 2016 às 15:42:10
Aliás, nessa conversa lembrei-me de um filme de minha infância, chamado Fábrica de Loucuras, na qual japoneses tomam controle de uma fábrica de carros americana e tentam, em vão, impor seus métodos de precisão.

Em suma. Os japoneses tem tradição em fazer tudo certinho: olham cautelosos, aprendem, copiam, reprojetam do seu modo e... Acabam fazendo melhor do que os ocidentais.

Flávio

Mas isso é deliberado!

Antes da OMC, que agora proíbe esse tipo de prática, um produto americano ou europeu para ser vendido regularmente no Japão aguardava anos de liberação pelas agências do governo. Uns cinco ou seis.

A burocracia era proposital para que, nesse meio tempo, o concorrente interno dissecasse o produto estrangeiro. Quando era finalmente liberado, o Japão já tinha no mercado interno algo melhor - em desempenho, em tamanho, em gasto de energia, em apresentação...

E o importado perdia o sentido.

Dic

GuilhermeAzeredo

Ótima explanação, Dic!! Muito bem lembrado!

  Na minha opinião, a grande sacada da Seiko é exatamente o que para muitos é seu "ponto fraco": Estar presente em várias faixas de preço. Mas não só isso, e sim ser, na maioria das vezes, imbatível naquele price range...

  Quanto ao Status da marca.. creio que com as novas boutiques isso aos poucos vá mudando, principalmente quando se pega um GS e "sente" o bicho!!

Abraços!

TUZ40

Viu que acabou de abrir uma boutique no destino favorito dos brasileiros?

Tem agora no Design District em Miami.  :)

"All your base are belong to us"

byronamaral

Caras,
Muito boas as postagens. O tópico ficou um dos melhores atualmente. Lembrou-me aqueles dos bons tempos.
Mas reparei que demos uma volta enorme para dizer o seguinte: a Seiko é fhoda.[emoji23]

Enviado de meu Lenovo A7010a48 usando Tapatalk


CSM

Citação de: Dicbetts online 13 Outubro 2016 às 15:08:59

Alguém já se deu conta que o melhor tenista do mundo é patrocinado pela Seiko?

Dic

tenho muita pena do djokovic.... tanto dinheiro na conta e tem que usar um seiko.....

abraços
Membro do RedBarBrazil

Dicbetts

Citação de: cesar online 13 Outubro 2016 às 17:19:09
tenho muita pena do djokovic.... tanto dinheiro na conta e tem que usar um seiko.....

abraços

Se me pagassem a mesma grana, usava até Invicta.

Mentira: não usava. Invicta não.

Dic

CSM

Membro do RedBarBrazil


FPiccinin

Boa Noite,
Interessante o texto e sendo honesto, não li nada que eu já não soubesse. E na minha opinião ela não é subestimada, ela só está posicionada de uma maneira que não será Patek e não será a Orient. Ela é a Seiko que deseja vender bons produtos para o Sr. Sakamoto, operário e para o Sr. José, CEO.
A abertura de boutiques em bairros descolados deve ter como objetivo criar uma imagem de descolada e talvez até exótica.
O GS é um baita relógio e posso falar porque já tive um sbgh005, mas há outras fabricas que fazem relógios tão bem quanto.
Abraço



mmmcosta

Citação de: Dicbetts online 13 Outubro 2016 às 17:22:17
Se me pagassem a mesma grana, usava até Invicta.

Mentira: não usava. Invicta não.

Dic

Hehehe...
Marcelo